sexta-feira, 23 de julho de 2010

LÚCIA HELENA (PALAVRAS E IMAGENS) publicou:

sexta-feira, 23 de julho de 2010
DO FUNDO DO BAÚ, O ESCRITOR CARLOS ROBERTO GOMES JUNTA AS LEMBRANÇAS DO SOGRO ROCCO ROSSO, PARA O "IL VECCHIO IMMIGRANTI" (O VELHO IMIGRANTE).

VISÃO PARCIAL DA CIDADE DE SALERNO / ITÁLIA.

THEREZINHA ROSSO GOMES E
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.

Rocco Rosso em trincheira italiana
durante a I Guerra Mundial.

Viagens de Rocco em navios durante a guerra

O Zepellin (Ribeira).
Exupéry com funcionário (Parnamirim)

Rocco Rosso e sua família:
Rosina (a esposa) e suas filhas: Therezinha e Rachelle.
“IL VECCHIO IMMIGRANTI”
É um livro que o escritor Carlos Roberto de Miranda Gomes pretende editar em homenagem ao seu sogro - o italiano ROCCO ROSSO, falecido nesta cidade, com idade quase centenária.
ROCCO ROSSO (*)

O sumário pretende abordar vários aspectos, em especial:
A TERRA-MÃE E SUA GENTE; O MUNDO EM GUERRA; O HOMEM;
A CHEGADA; A NOVA MORADA; A FAMÍLIA; OS AMIGOS; O RETORNO À TERRA-MÃE; A VOLTA AO BRASIL; A PAISAGEM E A VIDA; A PARTIDA FINAL; A SAUDADE.
Nascido no dia 07 de setembro de 1899, na Cidade de Casalleto Spartano, Província de Salerno, ao Sul da Itália, teve um destino traçado para viver bem longe, numa pequena e bela cidade litorânea, chamada Natal.
De família humilde e filho único, o jovem Rocco Rosso, trazia dentro de si um sonho quase impossível para a época: voar.
No ano de 1914 foi convocado pelo exército italiano para compor o quadro de combatentes da primeira grande guerra mundial.
Lutando em trincheira, nunca viu no inimigo de seu país um oponente, pois sempre argumentava que aquele que estava além da linha inimiga nunca lhe havia feito mal. Este fato fez com que o soldado aplicado, que apesar de vermelho no nome (Rosso em italiano significa vermelho, ou seja, cor de sangue), na verdade tinha em seu coração o branco da paz.
O sonho de voar, alçar as alturas, ser livre, estar tão perto de Deus, tocar às nuvens, fez com que Rosso passasse a viver o mundo dos deuses, que até então só conhecia através dos poucos livros a que teve acesso.
Deixou uma grande descendência no Brasil, pois aqui chegou em 1926. Tornou-se funcionário da Air France, conforme a sua Carteira de Trabalho nº 3905 - série 17ª com as anotações seguintes: primeiro registro de emprego S.A. AIR FRANCE 11.8.1933, depois Linhas Aéreas Transcontinentais Italianas. A partir de 1942 tornou-se rádio técnico autônomo, com oficina na tradicional Travessa Argentina, 45 (OFICINA RÁDIO BRASIL), na velha Ribeira.
Por não ser possuidor de bens materiais, tem sido esquecido pelos cronistas e escritores quando falam dos imigrantes italianos. Um dos seus ilustres fregueses foi Câmara Cascudo, com quem tinha particular relacionamento, a ponto de ter merecido dele a confiança para examinar os originais do seu livro intitulado “Os caminhos do Avião”, cujos originais foram encontrados após sua morte e entregue a Anna Maria Cascudo, que o publicou há pouco tempo.
Viveu sempre humildemente, recebendo uma aposentadoria de um salário mínimo no Brasil e uma pensão do Governo Italiano, que lhe reconheceu a bravura e lhe fez titular de uma Comenda - “Cavaliere de Vittório Veneto”.
A velha Ribeira foi seu cotidiano e peregrinou com sua máquina fotográfica registrando as paisagens das nossas praias e de cidades do Grande Natal, como Extremoz e Parnamirim. Era uma figura lendária, testemunha de incontáveis acontecimentos históricos, como a passagem de renomados pilotos estrangeiros por Natal, como Jean Mermoz, Exupèry e Balbo.
Graft Zepellin(Ribeira) Exupéry com funcionários (Parnamirim)
Durante todos esses anos forneceu dados e fotografias a quem deles precisasse, para a memória do Estado, sem ônus algum, às vezes, apenas, com o reconhecimento dos autores, registrada no livro essa colaboração, outras vezes recebendo dúvidas sobre a verdade de suas informações em razão de sua idade, mas nunca sendo comprovado em contrário, como no caso de Saint-Exupèry, assunto que merecerá um capítulo especial.

Carlos Roberto de Miranda Gomes
Advogado e escritor

(*) ROCCO ROSSO - Imigrante italiano (in memória)

quinta-feira, 22 de julho de 2010



DIA DO ESCRITOR
(25 DE JULHO)
PROGRAMAÇÃO
16h – Do ofício de Escrever
Moderador: Eduardo Gosson – UBE/RN
(Tarcísio Gurgel – UBE/RN , Geralda Efigênia - SPVA e Iara Maria – Casarão de Poesia)

Realização: UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RIO GRANDE DO NORTE - UBERN
Patrocínio: Livraria Siciliano
Data: 25 de julho (Domingo)
Hora: 16h
Local: Livraria Siciliano do Midway Mall

DIA DO ESCRITOR

Eduardo Gosson(1)

A data de 25 de julho, é o Dia do Escritor. Afinal, todos têm o seu dia. No entanto, é oportuno fazermos uma reflexão do seu papel na sociedade. O filósofo italiano Antonio Gramsci, em seu livro Os Intelectuais e a Organização da Cultura, dá-nos algumas pistas: “Todos os homens são intelectuais, poder-se-ia dizer então; mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”. Ao fazer tal afirmativa, o pensador italiano estava a dizer das especificidades desse segmento. O autor estabelece os vários tipos de intelectuais, em diversas sociedades; o grau de compromisso de cada um e a serviço de quem os intelectuais estão. O fato, por exemplo, de alguém ter habilidade para serviços hidráulicos ou elétricos não quer dizer que aquela pessoa seja um encanador ou um eletricista.
Um outro poeta e pensador T.S. Eliot afirma: “sua tarefa direta é com sua língua, primeiro para preservá-la, segundo para distendê-la e aperfeiçoá-la”. No caso concreto brasileiro, nunca essa afirmativa foi tão verdadeira. A língua portuguesa nunca esteve tão maltratada como nos dias atuais. É só lermos os jornais, assistirmos aos canais de TV, ouvirmos a música que se produz, para constatarmos uma decadência. Senão vejamos: “-a nível de ministério”. Ora, em nenhum dicionário se encontra “a nível” seguido da preposição “de”, para significar “à mesma altura”. Contudo, nem tudo está perdido. Iniciativas do parlamentar Aldo Rabelo no sentido de preservar a língua são valiosas; a postura combatente do escritor Ariano Suassuna (retirando-se, claro, um nacionalismo exagerado); o professor Pasquale Cipro Neto com o programa Nossa Língua Portuguesa veiculado na TV Cultura e as diversas instituições comprometidas.
No Rio Grande do Norte, a União Brasileira de Escritores – UBERN tem, após a sua reorganização em 2006, elaborado algumas ações : 1. organizou o I e II Encontro Potiguar de Escritores (em andamento, o III EPE de 26 a 28 de outubro próximo); 2. enviou ao Poder Legislativo um projeto de lei do Livro, ficando conhecida como Lei Henrique Castriciano (9.10.2008), em homenagem ao intelectual macaibense, autor da primeira Lei de incentivo à cultura (agosto de 1900) da América Latina; 3.participou da Audiência Pública que resultou na lei 9.169 (Promoção das leituras literárias nas Escolas); 4. editou recentemente duas resoluções (Resolução 01/2010 – recria o jornal O Galo e Resolução 02/2010 cria o selo editorial Nave da Palavra) Os objetivos são os mais nobres, a destacar: 1- dinamizar e democratizar o livro e seu uso mais amplo; 2- incrementar a produção editorial estadual; 3- estimular a produção dos autores naturais do RN; 4 – promover atividades com vistas ao desenvolvimento do hábito de leitura; 5- estimular o mercado editorial do Estado para que possamos competir em melhores condições; 6 – preservar o patrimônio literário, bibliográfico e documental; 7 – implantar e ampliar bibliotecas públicas em todo o Estado; 8- estimular o surgimento de novas livrarias e postos de vendas de livros; 9- proteger os direitos intelectuais e patrimoniais dos autores e editores; 10- apoiar iniciativas de entidades que tenham por objetivo a divulgação do livro.
Nos Dez Mandamentos supracitados, o leitor poderá ter uma idéia de quanto trabalho os nossos escritores têm por fazer. Aí é que entra uma outra questão: a do engajamento. Se o escritor não tiver uma visão política da cultura, com certeza não andará nesta longa estrada e o seu papel ficará comprometido: escrever é lutar por um mundo melhor.
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(1) Eduardo Gosson é membro do Instituto Histórico e Geográfico e Presidente da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte – UBERN.