sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


INAUGURAÇÃO DO CASTELÃO (*)

Em maio de 1972 João Havelange visita Natal e inspeciona as obras para verificar da possibilidade de sua utilização para a Taça Independência (Mini-Copa) aprazada para o dia 11 de junho, que seria a data da inauguração do estádio. De última hora houve a determinação de antecipá-la para antes daquele Campeonato e assim acontecendo no dia 04 de junho, dividindo o espaço útil com pedaços de andaimes e material restante de construção.
Chega o dia ansiado – inauguração do “Castelão”, homenagem apressada ao Ilustre Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, sem tradição no campo esportivo, mas o principal articulador do movimento de 31 de março de 1964 e oficial de incontestável valor.
Antes disso o estádio foi apelidado de “Agnelão”, que seria homenagem ao Prefeito que teve a coragem de iniciar a concretização do sonho, mas que caiu na desgraça do governo militar e, sequer foi convidado para a festa.
Posteriormente, num lance de extrema felicidade, resolveram os desportistas em batizá-lo como Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, o “Machadão”.
A solenidade foi presidida pelo Governador Cortez Pereira que, ao fazer alusão sobre o estádio o proclamou como um “poema de concreto armado”, ladeado pelo Prefeito Jorge Ivan Cascudo Rodrigues e muitos convidados ilustres. Era o dia 04 de junho de 1972 o batismo efetivo daquela obra.
Paraquedistas descem sobre o gramado, foguetões e a presença do povo a testemunhar aquele feito – uma festa.
O primeiro clássico ABC 1 X 0 AMÉRICA. Primeiro gol – William. Em seguida VASCO DA GAMA 0 X 0 SELEÇÃO OLÍMPICA DO BRASIL. O estádio era uma realidade.
Vale aqui reproduzir trechos de depoimento prestado pelo Arquiteto Moacyr Gomes, porque detalha lances da história do “Machadão”:

"1.... foi exclusivamente por força do grande prestigio de João Machado perante àquele presidente da então CBF, conforme relato a seguir: Fui ao Rio em agosto de 1971 portando um simples bilhete de apresentação de João Machado àquele importante paredro, o qual me recebeu de imediato, com todo cavalheirismo que lhe era peculiar, demonstrando toda a amizade e consideração pelo nosso "Joca Macho". Confessando a sua impossibilidade de nos ajudar financeiramente na conclusão do estádio, me fez portador de um recado a Cortez e Jorge Ivan, prometendo incluir Natal no torneio do Sesquicentenário da Independência (mini-copa do mundo, muito mais expressiva do que as duas ou tres peladas que a FIFA promete para a Copa 2014), e. ainda mais, em consideração ao fato da origem portuguesa do amigo, mandaria pra cá a notável seleção portuguesa comandada pelo grande Eusébio, o que de fato aconteceu, tendo esta se sagrado vice campeã do torneio, no Maracanã, sendo o Brasil Campeão com um gol de Jairzinho, partida que fomos assistir no Rio, eu, com minha mulher, e os amigos Mario Sergio Garcia de Viveiros e sua Lucia de Fátima;
2 - A atitude do Sr. Havelange mudou todo o quadro de dificuldades e a obra tomou novo impulso, toda a cidade acreditando e aplaudindo, todos querendo ajudar, clima de expectativa e credibilidade (naquele tempo não havia PPP, a não ser como desaforo chulo) a imprensa acreditando em nós (alguns hoje , ex-colegas, ex-discípulos e ex-admiradores de João Machado são apologistas da demolição do Machadão em nome da "modernidade do legado" de um mundo novo prometido pela FIFA,... Freud explica) . Cabe destacar que o esforço do desportista Humberto Nesi para nos ajudar naquele momento decisivo, reconhecido posteriormente em justa homenagem com a aposição do seu nome ao ginásio '"Machadinho", estará condenado a somar-se aos escombros do "Machadão" e da creche Katia Garcia (...a mão que afaga é a mesma que apedreja" ... já dizia Augusto dos Anjos);
3 - Cabe ainda o relato de alguns fatos curiosos como por exemplo: a inauguração do estádio estava prevista para 11/6/1972 quando jogariam Portugal x Equador, porém foi antecipado para o dia 4, o que nos causou angustiosa correria, pois na véspera até Humberto Nesi estava ajudando na marcação de cal no campo de futebol, na madrugada tivemos, Mário Sergio e eu, que ajudamos a carregar os pesados móveis dos vestiários, chegados num momento em que não havia mais ninguém no recinto, e no dia do jogo saímos para almoçar e pegar nossas esposas quase em cima da hora de começar o espetáculo; outro fato curioso é que negaram convite a Agnelo para as solenidades oficiais, por isso devolvi o meu, no que fui acompanhado pelos colegas presentes, em solidariedade àquele que era o verdadeiro pai do estádio e que recebia o voto da ingratidão. Encontrei-o anônimo no meio da multidão, dei-lhe o abraço que se dá aos vitoriosos, com os votos da gratidão que lhe devia, e desde então consolidamos uma longa e afetuosa amizade."


Logo em seguida (11 de junho) teríamos o início da Mini-Copa (Taça Independência), comemorativa dos 150 anos do Grito do Ipiranga, o que comentaremos no próximo artigo.
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(*) CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Blog do MIRANDA GOMES

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


A EXECUÇÃO DO SONHO (*)

Com incomensurável esforço o então Prefeito Agnelo Alves deu início às obras do Castelão, sendo responsável pela instalação do canteiro de obras, alocação de recursos, e serviços de preparação do terreno. Podemos dizer, que foi a implantação do clima da construção de um estádio, coisa que estava apenas nos devaneios de alguns desportistas.
Circunstâncias de natureza política retiraram Agnelo da Prefeitura, mas o seu substituto Ernani Silveira, um dos abnegados desportistas, tudo fez para dar continuidade ao trabalho iniciado, sempre incentivado de perto por Humberto Nesi e José Alexandre Garcia e ainda com o suporte da imprensa nas pessoas de João Machado, Aluízio Menezes, Everaldo Lopes, Luiz G.M.Bezerra e Erildo L´Erestre, além de outros que a memória não guardou.
A parte técnica foi iniciada com as tomadas topográficas de João Alves Santana, logo chegando a fase dos traçados arquitetônicos de Moacyr Gomes, Hélio Varela e José Pereira, com a colaboração de outros engenheiros que já mencionei no artigo anterior.
A dimensão do gramado foi a medida máxima oficial, além da existência de pistas de atletismo, tendo sido o estádio dimensionado para, ao final, comportar um público de 52 mil pessoas. Na verdade o maior público que já compareceu ao estádio chegou aos 42 mil, que é o máximo da lotação bem acomodada.
O impulso definitivo foi quando Ubiratan Galvão assumiu a Prefeitura de Natal, deixando a obra irreversível, sendo colocada em condições de uso com o Prefeito Jorge Ivan Cascudo Rodrigues, que o inaugurou em junho de 1972, assunto do meu próximo comentário.
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(*)CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - Blog do MIRANDA GOMES

domingo, 12 de dezembro de 2010


DE QUANDO EM VEZ TENHO A SATISFAÇÃO DE RECEBER BELAS MENSAGENS, COMO ESTA DE AUTORIA DO AMIGO LUIZ GONZAGA CORTEZ, A QUAL, COM PARTICULAR ORGULHO, TRANSCREVO NO MEU BLOG:

E agora é sorrir.
Luiz Gonzaga Cortez.


Para quem vive numa sociedade desumana, injusta, consumista e materialista, como a subdesenvolvida brasileira, nos seus aspectos morais, espirituais, culturais e sociais, vale a pena ler e conhecer as idéias de Guy de Larigaudie (18.01.1908 – 11.04.1940), autor de “Estrela de Alto Mar”, um católico escoteiro francês, precocemente falecido na II Guerra Mundial. Queria ser frade franciscano, após uma experiência em reide automobilístico de Paris a Saigon, no Vietnã, Índia e Birmânia, numa “extraordinária odisséia de julho de 1937 a junho de 1938, durante o qual seu sorriso, seu famoso sorriso jovem e puro, acaba derrubando os mais incríveis obstáculos”, segundo Frei Pedro Secondi, autor do prefácio do livro publicado no Brasil, pela editora AGIR.
Bom, caríssimos, decidi transcrever trechos de “Estrela do Mar” com o objetivo de levar a mensagem de Larigaudie a todos os que desejam ficar alegres, descontraídos e felizes diante das conturbações e violências do mundo de hoje, além das alterações comportamentais e de respeito e solidariedade humana. Hoje, quando se banaliza a vida humana, o egoísmo avança e quando um dos mais antigos comportamentos humanos – o cumprimento, o bom dia, o boa tarde, etc., está em desuso para uma parcela da população, concluí ser necessário fazer essa divulgação.
“Existe um meio excelente de criar em si mesmo uma alma amiga: o sorriso.
Não o sorriso irônico e zombeteiro, o sorriso de esguelha que julga e rebaixa. Mas o sorriso rasgado, claro, o sorriso escoteiro, quase uma risada.
Saber sorrir: que força! Força de apaziguamento, de doçura, de calma, força de irradiação...
Um sujeito solta uma piada à tua passagem... estás apressado... passas... porém sorri, sorri amplamente. Se teu sorriso é franco, alegre, o sujeito sorrirá também... e o incidente se encerrará em paz... Experimenta.
Pretendes fazer a um camarada uma crítica que imaginas necessária, dar-lhe um conselho que julgas útil. Crítica, conselho, coisas duras de aceitar...
Sorri, pois; compensa a dureza das palavras com a afeição do olhar, com o riso dos lábios, com toda a tua fisionomia alegre.
E tua crítica, teu conselho, surtirão melhor efeito... porque não irão ferir.
Há momentos em que, diante de certas aflições, faltam-nos as palavras, não encontramos as expressões de consolo. Sorri então de todo o teu coração, com toda a tua alma compadecida. Sofreste um dia e o sorriso mudo de um amigo te reconfortou. Impossível que não tenhas feito esta experiência. Age do mesmo modo para com os outros.
“Cristo”, dizia Jacques d’Arnoux, “quando teu madeiro sagrado me prostrar e despedaçar, dá-me, apesar disso, a força de fazer a caridade do sorriso”.
Porque o sorriso é uma caridade.
Sorri ao pobre a quem acabas de dar dois tostões... à senhora a quem cedeste o lugar... ao cavalheiro que pede desculpas porque, ao passar, te pisou no pé.
Às vezes é difícil encontrar a palavra exata, a atitude verdadeira, o gesto apropriado. Mas sorrir? É tão fácil... e com isso se consegue tanta coisa!
Por que não usar e abusar desse meio tão simples?
O sorriso é um reflexo da alegria. É a sua fonte. E onde reina a alegria—quero referir-me à alegria verdadeira, profunda e pura --- também aí se acha aquela “alma amiga” de que tão bem falava Schaeffer.
Caminhantes, sejamos portadores de sorrisos, e com isso semeadores de alegria”. (*)
• Estrela de alto mar, Guy Larigaudie, páginas 27, 28 e 29, 8ª edição, 1964, Livraria AGIR Editora, Rio de Janeiro. Prefácio de Frei Pedro Secondi, O.P., tradução de Teresa Araújo Pena.
• Observação: este livro eu achei há uns seis anos no meio de um monte de livros de colégio católico do bairro do Tirol, extirpados da biblioteca e jogados no chão para serem destinados a coleta do lixo. Foram salvos porque um empregado do instituto me informou e fui buscá-lo, transportando-os no meu carro para a minha casa, depois de ouvir um gracejo de um rapaz que perguntou “vai montar um sebo, amigo?”.
CASA DE CASCUDO EM FESTA
DIA 15 - 19 HORAS
LOCAL: "LUDOVICUS - Instituto Câmara Cascudo"