sábado, 9 de abril de 2011


ARTIGO

Pannem et circenses (pão e circo)
Geraldo Batista de Araújo (*)


Mesmo me lembrando do recado de Charles Chaplin: “Nunca faça do amanhã sinônimo do nunca” ando muito desconfiado que o meu país não vai mais tomar jeito.

Sou daqueles que acreditam que a Igreja Católica deve evangelizar e ao mesmo tempo abrir os olhos dos seus fiéis para que eles aprendam a distinguir o certo e o errado, o que é conveniente para o povo e o que é enganação.

Os imperadores romanos, quando o império já mostrava sinais de decadência, ao invés de tomarem medidas para beneficiar o bem comum, preferiram optar pela política do “Pannem et circenses”, ou seja, oferecer pão e circo para o povo. Nesta prática quem pagou a conta foram os cristãos que eram devorados pelos leões, diante do delírio do povo.

O governo brasileiro está seguido o mesmo caminho. Em lugar de gastar o dinheiro arrecadado através dos impostos, em educação, saúde, saneamento e transporte vai financiar uma Copa do Mundo de Futebol.

O que é mais útil para o povo? Sediar uma Copa do Mundo ou segurança, saúde, educação e tranporte? O que é melhor para o país e para as futuras gerações? Um campeonato de futebol que dura menos de um mês ou o indispensável saneamento de nossas cidades?

Quando convidaram Lula e os personagens que dirigem o nosso futebol para a Suíça para assistirem o veredicto de Joseph Blatter, presidente da FIFA, cuja honestidade não resiste a menor investição, sobre a escolha do país que deverá sediar a Copa do Mundo de futebol, em 2014, eu tive a certeza de que o Brasil já estava escolhido. Eu torci para que o Brasil não fosse escolhido. Os leitores têm todo direito de perguntar? Qual a razão dessa torcida maluca? É muito simples: não quero assistir a repetição da roubalheira que se viu na preparação do PAN. E não venham dizer que não sabem. O TCU está investigando o óbvio. Todo mundo tomou conhecimento dos absurdos cometidos pelo Sr. Carlos Arthur Nuzman e sua camarilha. Disse daqui deste espaço que vibrei muito com nossos atletas durante o PAN. Mas tenho certeza que cada medalha não custou apenas muita dedicação e suor dos nossos atletas vencedores, custou também os olhos da cara para o Brasil. Agora, estou certo de que a reforma e a construção de nossos estádios vão ser superfaturadas de uma maneira vergonhosa. Já deve ter uma comissão formada por espertalhões pronta para botar a mão no dinheiro da viúva.

Assisti a reportagem sobre a solenidade do anúncio de que o Brasil iria sediar a Copa do Mundo. Ouvi Lula dizer que o Brasil de 1949 foi capaz de receber o campeonato mundial de futebol, mas se esqueceu de esclarecer que o Brasil da metade do século passado não era corrupto como o de hoje.

Meus pacientes leitores sabem que na zona canavieira de Pernambuco, as crianças estão deixando de assistir aula? E por qual razão? Os bandidos assaltam, quase todos os dias, o transporte escolar e tira delas as contadas moedas que alguns levam para comprar um picolé ou uma pipoca e os que não levam dinheiro apanham dos assaltantes. Um país que não é capaz de oferecer segurança às crianças pobres para assistirem aulas, pode se dar ao luxo de sediar uma Copa do Mundo?]

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(*) Este artigo foi escrito e publicado no jornal de uma paróquia de Natal quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2.104.
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FONTE: Jornal Virtual de ROBERTO GUEDES

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