domingo, 2 de outubro de 2011

A POESIA DOS ANÔNIMOS, DOS ROMÂNTICOS E DOS FAMOSOS.
CADA UM EM SEU DEVIDO ESPAÇO, MAS TODOS ALÇANDO O INFINITO DA SUA EMOÇÃO.


NORDESTINO DO CABUGI
(Antônio, meu jardineiro)

Sou nordestino lá do cabugi
criado dentro do cerrado azul
bebendo água salgada nas rochas
comendo fruto do mandacaru.

Nessa aventura passei uns vinte anos
fazendo planos de sair de lá
Mamãe com medo que eu viesse mesmo
dizia filho vai que o mundo ensina.

Bem a verdade Mamãe tem razão
Conselho de mãe filho tem que tomar
chega a idade e a gente se amontoa
os passos lentos até pedra caminhar.

Mas tenho fé no meu Padrinho Cícero
e sou devoto de Frei Damião
não vejo a hora de voltar de novo
juntar-me ao povo lá do meu sertão.
(fiz adaptações)
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ANJO SALVADOR DE ALMAS
Málvia Vasconcelos Maia

Queria voar alto nas estrelas
Queria navegar nos horizontes
Queria poder sentir a neblina
Queria subir nas montanhas azuis
Queria abraçar crianças felizes
Queria doar corações
Quero amor
Quero união
Quero paz no coração
Quero luz
Quero anjos azuis
Quero os anjos salvadores de almas que trazem luz.


NÁUFRAGO
Anchella Monte

Do conforto que me doo
tenho fôlego de náufrago:
viver com as ondas e com as sombras
longe e perto, mínimas perturbações.

O náufrago vive cercado de si.

Tenho fôlego de náufrago:
há um mar gigante que se projeta
em todos os sentidos, os mortos
e os vivos do mar trazem discursos.

O náufrago vive cercado de sinais.

Do mundo os seus absurdos:
crianças,animais, árvores e flor
empurrados pelas tormentas
chegam sem barcos e perdidos.

Tenho fôlego de náufrago:
o que mais distante projeto
é um afago posto no olhar.


Estavam ali parados.
Marido e mulher.
Esperavam o carro.

E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.

Contou que o fogo, lá longe,
tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.

Estava ali no comércio pedindo um
auxílio para levantar novo rancho
e comprar suas pobrezinhas.

O homem ouviu.

Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.

A mulher ouviu, perguntou, indagou, especulou,
aconselhou, se comoveu e disse que
Nossa Senhora havia de ajudar
e não abriu a bolsa.

Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda
sem participar
sem ajudar.

Da mesma forma aquela sentença:

"A quem te pedir um peixe, dá
uma vara de pescar."

Pensando bem, não só a vara de pescar, também
a linhada, o anzol, a chumbada, a isca,
apontar um poço piscoso e ensinar
a paciência do pescador.

Você faria isso, Leitor?

Antes que tudo isso se fizesse o
desvalido não morreria de fome?

Conclusão:

Na prática, a teoria é outra
e a mulher participa.
Cora Coralina

...dá uma religião ao faminto, e ele
morrerá de fome esperando o pão
chegar enquanto reza.
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Colaboraçãodo leitor n.nasser

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