domingo, 20 de novembro de 2011

DOMINGO DE FLORES E ROSAS



ANINHA E SUAS PEDRAS
Cora Coralina

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)

FLORES
Auta de Souza

(A Leopoldina e Rosa Monteiro)

Quando começa a raiar
O dia cheio de amor,
Eu gosto de contemplar
O coração de uma flor,

Desmaiada e tremulante,
Pendendo triste no galho,
Tendo o pistilo brilhante
Embalsamado de orvalho:

A rosa só me parece,
Assim tão casta e sem véu,
Um anjo rezando a prece
Um’alma voando ao Céu.

Do jasmim puro e mimoso,
A corola embranquecida,
É como um seio formoso
De criança adormecida.

Esqueço-me, então, das horas
A contemplar estas flores,
As violetas, auroras,
Saudades, lindos amores.

1894

 
Poema de MYRIAM COELI
Ai, flores de meu verde prado


Ai,flores de meu verde prado,
Fazei acordo comigo.
Que das manhas do amor sentido
Vistes vós o desalmado.
Ai, flores, procurai o amado,
Ao rouxinol perguntai.
Bem asinha logo aprazai
Tempo de estar ao meu lado.
Ai, flores de meu verde prado,
Tanta ausência jaz comigo
sem grito de esperança, ázigo
canto da amante e do amado.
Desse amor que descaminha
por quem só vivendo ama,
Ai, flores de verde rama,
triste sina estar sozinha.

( cantigas de amigo / 1980)


ATÉ ONDE ME LEVEM AS FLORES
Lúcia Helena Pereira


Sigo a sombra daquela floreira do quintal de minha casa,
Onde pétalas se abriam ao amanhecer, espargindo aromas mil,
Lá, eu via flores azuis, amarelas - crisântemos dourados,
Voando ao léu em pétalas partidas, esvoaçadas.

Até onde me levem as flores, quero alcançar o vôo da águia cinza,
Num horizonte cheio de gaivotas perdidas,
Criando azuis num infinito de solidão,
Aportando numa praia qualquer,
Desesperadamente doentes.

Preciso curar as aves, remendar as pétalas das flores
Que se esgarçam ao vento e se debatem,
Como asas de pássaros infelizes,
Sem árvores, rios, sem espaço!

Até onde me levem as flores quero conhecer montanhas
Escalar nuvens e grandes cumes,
Conhecer e amar as planícies esquecidas
E não enxergar mais nada, só o azul celeste
Banhando-me em nuvens cristalinas e perfumadas.

Quero o vento do norte apontando caminhos,
Quero o cheiro da madrugada despindo meus desejos,
Quero a linguagem silenciosa das mariposas - acasalando,
Proliferando a espécie.

Até onde me levem as flores quero um punhado de luz,
Incandescente, avermelhada, espalhando fagulhas
Sobre minhas feridas e curando os meus ais!


"São rosas e cravos as flores do meu jardim"
Beatriz Barroso


São rosas as flores do amor,
São cravos as flores da liberdade.
São as rosas, flores deliciosas,
Fonte de grande inspiração.

Dão-nos as rosas, um agradável perfume,
Que nos traz o cheiro do afecto,
Que com carinho, vem implorar abrigo,
Ao nosso coração.

Dão-nos os cravos vermelhos,
Um místico gosto, a queixume,
trazido que foi pelos ventos,
varrido que foi pelo tempo,
Que nos trouxe, a nossa revolução.

São rosas,
São cravos,
As flores do meu jardim,
Trago-as plantadas na alma.
Não quero perder as sementes,
que eu faço crescer em mim...

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Fotos tiradas do jardim da nossa casa por Therezinha Rosso Gomes
 

Um comentário:

  1. NÃO SEI MESMO QUAIS AS MAIS BELAS, SE AS FLORES OU AS POETISAS (ONDE ME INCLUO COMO ESSÊNCIA POÉTICA).
    VOCÊ, QUE FALA DE FLORES, QUE MOSTRA AS LINDAS ROSEIRAS DE THEREZINHA, MOSTRA SUA SENSIBILIDADE, SUA POESIA QUE EMERGE DE CADA UMA DESSAS FLORES-ROSAS-POESIAS.

    GRATA.

    L.HELENA

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