sábado, 14 de maio de 2011


É HOJE O GRANDE DIA DA SOLIDARIEDADE CONTRA A DEMOLIÇÃO DO MACHADÃO

"QUANDO A GENTE GOSTA É CLARO QUE A GENTE CUIDA! ..."

ACREDITO MUITO NAS MANIFESTAÇÕES POPULARES, SÃO LEGÍTIMAS E DIZEM SOBRE O DESEJO DE UMA SOCIEDADE(Satisfação/Insatisfação). NESTE CASO, QUE POSSAM SE EXPRESSAR AQUELES QUE, AMARGURADOS, NÃO TÊM DIREITO A VOZ E VOTO NESSA CAUSA INGLÓRIA (Será?)PELA DERRUBADA DO COMPLEXO MACHADÃO, LIDERADA PELOS "PODEROSOS CHEFÕES" DO NOSSO ESTADO.

NADA CONTRA A VINDA DA COPA, CONTRA A DERRUBADA DOS ESTÁDIOS, SIM!!!!

- VAMOS DAR UMA OLHADA NAS ESCOLAS, HOSPITAIS, ESTRADAS, SANEAMENTO BÁSICO DA NOSSA CIDADE/ESTADO. ESTES SIM! SÃO ÓRGÃOS PÚBLICOS/SERVIÇOS ESSENCIAIS Á POPULAÇÃO. COMO ESTAMOS (POPOLUÇÃO GERAL) SERVIDOS DESSES APARATOS???

EU NÃO TENHO RABO PRESO E FAÇO QUESTÃO DE MOSTRAR A CARA. MINHA ADESÃO TOTAL E IRRESTRITA A MARCHA DE AMANHÃ[hoje] - MANIFESTAR O MEU VOTO DE REPÚDIO E A MINHA SOLIDARIEDADE AOS QUE TÊM MEMÓRIA, QUE CUIDAM E ZELAM PELA COISA PÚBLICA E PELA PRESERVAÇÃO DA SUA HISTÓRIA E QUE, ACIMA DE TUDO, TÊM CONSCIÊNCIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL.

"QUANDO A GENTE GOSTA É CLARO QUE A GENTE CUIDA!"

INTÉ AMANHÃ[mais tarde] SE DEUS QUIZER! E ELE QUER!!!

CRISTINA.
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Publicado com correções por ter sido postado onte.

VALE A PENA ASSISTIR ESTE VÍDEO:

PARA VER A ENTREVISTA DA JORNALISTA NADJA CARDOSO, CAPTURE O LINK ABAIXO E COLOQUE NO GOOGLE:
http://www.youtube.com/watch?v=gfJ5liliR_U&feature=player_embedded#at=17

sexta-feira, 13 de maio de 2011


AMANHÃ É O DIA DA ATITUDE CONTRA A DERRUBADA DO COMPLEXO DESPORTIO DO MACHADÃO


NÃO SE TRATA DE SAUDOSISMO, MAS DE SENSATEZ, LEVANDO-SE EM CONTA TUDO O QUE JÁ FOI DEMONSTRADO DE NEGATIVO QUE A DEMOLIÇÃO VAI TRAZER.
VAMOS TER LUCIDEZ PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA. PROTESTE, NÃO CONTRA A VINDA DA COPA, MAS QUE A ARENA SEJA ERGUIDA EM OUTRO LOCAL, MAIS RÁPIDO E MAIS ECONOMICO, PRESERVANDO-SE O PATRIMÔNIO QUE JÁ EXISTE E TEM CONDIÇÕES DE USO, AINDA POR MUITOS ANOS.

quinta-feira, 12 de maio de 2011



NA MESMA SOLENIDADE RECEBERÃO HOMENAGENS:
COM OS DIPLOMAS DE SÓCIOS BENEMÉRITOS:
PEDRO SIMÕES NETO;
RENARD PEREZ;
ROSSINE PEREZ.

COMO SÓCIOS HONORÁRIOS
LUIZ GONZAGA MEIRA BEZERRA;
CLAUDOMIRO BATISTA DE OLIVEIRA (DOZINHO);
ADEMILDE FONSECA DELFINO.
OS AGRACIADOS SERÃO SAUDADOS PELO ACADÊMICO E HISTORIADOR ANDERSON TAVARES

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Os rumos da saúde pública em Natal

Thiago Gomes da Trindade
Médico e Professor (UFRN e UNP)


Caros conterrâneos, o que está acontecendo com nossa cidade?

E nosso povo, está anestesiado com tanto descaso?

Temos assistido a consecutivas tentativas frustras da nossa gestora municipal em desenvolver alguma ação no campo da saúde para Natal, e infelizmente nos surpreendemos com as ações desgovernadas e sem foco.

Será que esta gestão já ouviu falar sobre planejamento estratégico baseado em necessidades de saúde, políticas de estado no campo da saúde pública, e o respeito aos princípios constitucionais no que se refere à gestão de pessoas do serviço público?

E em termos de programas de saúde, será que a mesma tem conhecimento que existe um conjunto de evidências baseadas em pesquisas brasileiras e mundiais que apontam para qual sistema de saúde precisamos?

E porque estamos retrocedendo para oferta de serviços desarticulados e pouco efetivos?

Há mais de 30 anos, desde a Conferência Mundial de Saúde, em 1978 em Alma Ata, o mundo todo decidiu qual modelo de saúde se quer para seus países, aqueles baseados em uma atenção primária/atenção básica forte e central. Estudos do Brasil e do mundo mostram que serviços de atenção primária bem qualificados são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde da população.

No Brasil escolhemos há 17 anos o Programa Saúde da Família (PSF), como modelo prioritário da Atenção Primária. E nestes anos foi provado por uma série de pesquisas a superioridade deste modelo em relação aos demais. Mostrou-se que as populações cobertas por PSF têm maiores chances de reduzir a mortalidade infantil, diminuir internações por diarreia e pneumonias em crianças, aumentar cobertura vacinal, além de diminuir internações das mais variadas em adultos e idosos, e por último capaz de reduzir desigualdades em saúde das populações.

E por que isto ocorre? Primeiro porque o PSF trabalha com área de responsabilidade territorial e com equipe multidisciplinar – formada por médico generalista/médico de família, enfermeiro, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde, além da equipe de saúde bucal. Segundo porque trabalha na lógica da integralidade, prestando ações de promoção à saúde, prevenção de doenças e assistência às pessoas, cuidando de problemas agudos e crônicos. E por último o cuidado continuado ao longo da vida das pessoas, o que favorece o vínculo dos indivíduos com sua equipe de saúde, trazendo além de um cuidado mais humanizado e resolutivo, a melhor satisfação para ambas às partes.

Hoje o País tem 50% da sua população coberta pelo PSF, são quase 100 milhões de brasileiros. Em Natal não chegamos a estes 50%, e das 115 equipes existentes, tem várias equipes desfalcadas de profissionais, são mais de 40 delas sem médico.

Além dessa baixa cobertura, observamos um completo descaso com o PSF em Natal, unidades com suas estruturas precárias, faltando insumos diversos, o que compromete o trabalho dos profissionais, e sua capacidade resolutiva.

A atenção primária como porta de entrada do usuário no sistema também é responsável em coordenar seu cuidado para os demais níveis, como centros de saúde de especialidades e hospitais. Ou seja, ser o coordenador da rede de atenção à saúde. Mas, como podemos falar em rede se nossos cidadãos não tem acesso nem ao nível primário do sistema.

E qual é a “política” que observamos nesta gestão? Uma criação de parcas estruturas com duplicidade de ações como as AME´s, além de duplicidade de financiamento já que são serviços terceirizados, gerando uma completa desigualdade na oferta de serviços e no pagamento dos profissionais.

Outra questão é que esta “política” não tem nada de novo – UPA e AME, sempre existiram com outros nomes. Em cada distrito (Norte 1 e 2, Leste, Oeste e Sul) havia seus centros clínicos, com as Unidades Mistas, com pronto-atendimento 24h, e também com especialidades médicas eletivas. O problema é que a maioria ficou sucateada, e poucas foram repaginadas com novos nomes.

O que precisamos é qualificar todos os serviços existentes. Não criar novos.

Em saúde precisamos ter foco e prioridade, porque como sabemos os recursos são finitos. Assim os investimentos do município deveriam estar sendo priorizados para a expansão e qualificação da Estratégia Saúde da Família.

Assim poderíamos ter outro rumo na saúde pública. Fico abismado quando assisto as pessoas querendo inventar a roda para saúde em Natal, a roda já está dada.
Penso que se tivéssemos 270 equipes de saúde da família, o que cobriria os 800.000 habitantes da cidade, alocadas em 100 Unidades de Saúde bem equipadas, com profissionais bem qualificados, apoiados por 30 NASF´s (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) e pelos Centros Clínicos dos distritos, associados ao suporte dos Pronto-atendimentos por distrito, conseguiríamos ter uma saúde pública de alta qualidade em Natal. E por fim bem articulada com a rede hospitalar estadual e federal. Obviamente, isto não resolve todos os problemas de saúde, mas seria uma grande reestruturação da rede. E concomitante deveria ser trabalhados outros gargalos clássicos como a saúde mental, a demanda reprimida por cirurgias eletivas e exames da média complexidade e ainda a falta de leitos para cuidados intensivos.

Podemos nos perguntar com que recursos se fariam isto. Vejam, tudo é questão de prioridade, aquela que só aparece nos discursos eleitorais. Para se ter um exemplo, com os 400 milhões previstos inicialmente, que se transformarão ao final em mais de 1 bilhão para as obras do Machadão para a Copa, daria para reestruturar toda rede de saúde que Natal precisa. E com esses oito milhões, que serão gastos com a contratação desta OS Pernambucana para combater a dengue em três meses, dava para construir pelo menos mais 20 Unidades de Saúde, ou reestruturar as 60 existentes. Assim não precisava de tempos em tempos lançar mão dessas estratégias pirotécnicas, caras e pouco efetivas.

Mas porque não se investe no PSF em Natal? Qual é a dificuldade de entendimento desta gestão em relação a isto?

Deixamos aqui nossos questionamentos, indignação e também nossa humilde opinião do momento. Espero que possamos ainda assistir mudanças positivas nos rumos desta gestão, será?

terça-feira, 10 de maio de 2011


Estádio Machadão completa 37 anos

O "Poema de Concreto Armado", até aqui, tem resistido bravamente ao tempo, mas este deve ser seu penúltimo aniversário.

Por Rogério Torquato
(4-6-2009)

Hoje é dia de festa em Lagoa Nova: o estádio Machadão, a principal praça de esportes de Natal e do estado, completa 37 anos de existência - mas talvez nem chegue aos 40, por conta da possibilidade de ser demolido no ano que vem para dar lugar à chamada Arena das Dunas.

Para entender a história do Machadão, é preciso voltar um pouco no tempo e no espaço - mais exatamente a Natal da década de 1950...

Era uma vez

...naquele tempo, o principal estádio de futebol da cidade - e quase certo do Rio Grande do Norte - era o Juvenal Lamartine, erguido em fins da década de 1920 e que comportava até 4 mil pessoas, numa época que Natal tinha pouco mais que 30 mil habitantes. Só que, àquela altura do calendário, passada a Segunda Guera Mundial (e a batelada de gente que veio para estes lados), a capital potiguar já contava com umas 50 mil pessoas. O JL estava pequeno. E agora?

Era hora de buscar um novo lugar. Uma primeira opção foi um campo situado ao lado do atual Círculo Militar - campo conhecido por Tapetão ou Tapete Verde de Brasília Teimosa. Mas houve um porém: a maresia. Depois, optou-se por um espaço em Bom Pastor - desaconselhado por conta da distância (à época, era o "fim do mundo").

Em dezembro de 1960 acabou a busca: o então governador Dinarte Mariz doou à FND (hoje FNF) um terreno triangular à Avenida 20 (atual Lima e Silva) que pertencia ao Saneamento (hoje Caern). A FND até iniciou alguma obra, mas logo se mostrou impraticável - e na antevéspera do Ano-Novo de 1968 o terreno foi passado para o Município, por meio da recém-criada Fundação de Esportes do Natal (Fenat, hoje PMN-SEL).

Surge o estádio

A partir daí, enfim deu-se andamento à obra - com projeto de Moacyr Gomes da Costa e cálculos de José Pereira da Silva, entre outros nomes - ainda que aos trancos e barrancos (várias vezes foi interrompida) até ser "concluída" às pressas em 1972 para sediar um evento denominado Mini-Copa. Concluída entre aspas mesmo: o então Castelão foi inaugurado sem a marquise superior (que foi concluída em 1974) e com as luminárias instaladas em torres (uma "gambiarra" que resistiu até 1997!). Detalhe: até hoje o estádio permanece inconcluso, faltando um ou outro detalhe.

E a capacidade inicial? "Já disseram 40 mil, outros 42, 45, 48, 50 mil... Não!!! É 38 mil!" - resumiu certa vez ao repórter o arquiteto Moacyr Gomes, antes da última grande reforma que eliminou o antigo setor das gerais, há poucos anos - reduzindo a capacidade para cerca de 33 mil pessoas.

Até meados de 1989 o Machadão tinha outro nome - estádio Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o Castelão; a mudança se deu em homenagem ao desportrista João Cláudio Machado (que foi dirigente do Atlético Potiguar e presidente da FNF), morto em 1976.

Muitas emoções

Nestes 37 anos, o Machadão foi o palco de muitas emoções. Em termos de futebol, o "Poema de Concreto Armado" já recebeu equipes como o Santos - ainda com Pelé - e o Flamengo - sob o comando de Zagallo. Isso sem contar uma apresentação única da Seleção Brasileira, um amistoso internacional em janeiro de 1982 - diante de umas 52 mil pessoas!

Fora o futebol, o local já sediou os desfiles de abertura dos JERNs de 1998 a 2000 e de 2003 a 2005; pelo menos duas edições dos Jogos da Solidariedade; e até alguns bingos, só para ficar em três eventos.

segunda-feira, 9 de maio de 2011


A DERRUBADA DO MACHADÃO E A VOLTA AO JUVENAL LAMARTINE?
Vou publicar depoimentos sobre o assunto, até o dia 14 próximo, quando teremos a "Marcha da Solidariedade ao Estádio-Poema"

Um minuto de silêncio
De Kerubino Procópio, para Moacyr Gomes


Não é a primeira vez que escrevo sobre a demolição do Machadão e do Centro Administrativo do Estado. Naquele outro momento, alguns meses atrás, a decisão do desmanche do Machadão e adjacências era tida como uma hipótese distante, uma espécie de transfusão de risco para um corpo são. Ninguém acreditava que fosse verdade a alternativa da destruição, até porque se sabe que Dom Quixote é coisa de ficção Entretanto, a notícia corria solta, fazendo um contraponto com as baladas do Poder.

Eu dizia e repetia, Moacyr, que não tinha sentido uma demolição em série de obras úteis e vultosas com a finalidade única de conhecer atletas sem tradição ou receber autógrafo em língua estrangeira. Assim, eu pensava porque o desmanche, além de inútil, parecia uma agressão às vestes da nossa pobreza, já tão cheias de demolições. Não havia lógica nesta nova calamidade numa cidade tão rica em calamidades públicas.

Contudo, o certo é que agora o fato está consumado. O desmanche não é mais uma quimera ou fantasia política. A sorte está lançada e o crupiê já recolheu as cartas e as fichas. De nada valeram os esforços de técnicos e especialistas em artigos e exposições, fundados em números, equações e equilíbrios orçamentários. Tudo isto passou ao largo do ponto de ebulição do problema porque uma coisa, Moacyr, é a matemática de números e outra é a matemática que decide. São concepções incompatíveis. Estou querendo dizer que a poeira da demolição não é apenas poluição, ela também suja as mãos.

Apesar de tudo, quem sabe, Moacyr, se neste clima de perdidos e achados não estejam eles, os responsáveis, guardando uma homenagem secreta para o arquiteto que envaideceu a cidade com desenhos e emoções. Quem sabe? Será que você não será chamado, discordâncias a parte, para protagonista do pontapé inicial da partida de fechamento do estádio, antes que as luzes da ribalta se apaguem? Não duvido tanto, porque gostaria bastante. Imagino tudo isto com a visão de divina comédia, onde o trágico se perde nos gestos de superação. Um chute lento, olhos na multidão, com uma mensagem de quem devolve uma medalha olímpica, chutando a história. Neste instante, o seu jogo terminou, a paga está feita e quem sabe, a platéia entenda e possa aplaudir em pé o silêncio de um retirante, "um minuto de silêncio".

Na realidade, sei que nada disto vai acontecer. O Estádio vai desabar sem qualquer suspiro de reconhecimento ou retardo de melancolias. O que passou é sumiço, é gol perdido que não conta para os abraços.
Por isso, não vale a pena continuar a pensar em escombros ou restos mortais. O que eu queria era entender os pobres mortais e a dor da lucidez.

domingo, 8 de maio de 2011



DIA DAS MÃES - DIA DA ALEGRIA E DA SAUDADE
Em mim o dia é de saudade, muita saudade. Entretanto, não quero influenciar os sentimentos dos meus leitores e preferi publicar colabrações deles recebidas.



MÃE

A solidão
daquela mãe
no dia do casamento
do seu filho caçula
comoveu
a todos.

Aquela senhora
não tinha a liberdade
maior – a luz do Sol –
e as lágrimas que vertiam
em seu rosto
também eram nossos!

Todavia, ela trazia na alma a esperança:
Jesus de Nazaré!

(Eduardo Gosson)
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Para Sempre - Poema para o Dia das Mães

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

(Carlos Drummond de Andrade)
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MÃE

Mãe
devo-te este poema
que sempre
seguirei querendo
escrever

esperei fazê-lo
em toda a minha vida

esperei o sol
e a lua

e ambos passaram
e voltaram
com palavras mudas
douradas e
pálidas

versos
trouxeram-me as estrelas
o mar
e os rios

versos que devolvi
aos livros
e ao tempo
que os prendia

mas o teu poema
estava sempre
aquém e além do tempo

e a voz para escrevê-lo
não me pertencia

mas vi-o
em teu ventre

onde vi nascerem
as dimensões da vida

e as dimensões
de Deus

e se o amor triunfa
em caminhos infinitos

não pode haver começo
ou fim
para o teu poema

(Horácio Paiva)

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POEMA DAS MÃES (Giuseppe Ghiaroni)

Mãe! hoje eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar e depois perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la.
Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.
Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.
O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:”Sou eu!”
Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.
Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.
Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:
“Meu filho!”, e chora.
E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.
Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo

toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.
Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!
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Enviada por Moacyr Gomes e Odúlio Botelho

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Mãe

Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe.
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.

(Cora Coralina)
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À ALMA DE MINHA MÃE
Partiu-se o fio branco e delicado
Dos sonhos de minh’alma desditosa...
E as contas do rosário assim quebrado
Caíram como folhas de uma rosa.

Debalde eu as procuro lacrimosa,
Estas doces relíquias do Passado,
Para guardá-las na urna perfumosa,
Do meu seio no cofre imaculado.

Aí! se eu ao menos uma só pudesse
D’estas contas achar que me fizesse
Lembrar um mundo de alegrias doidas...

Feliz seria... Mas minh’alma atenta
Em vão procura uma continha benta:
Quando partiste m’as levaste todas!

(Auta de Souza)

Natal - Março de 1895.