sábado, 23 de julho de 2011


REFLEXOS DE TEMPOS PASSADOS . . .

Jean Baptiste Colbert – ministro de estado de Luis XIV
Reims, 29 de Agosto de 1619 – Paris, 06 de Setembro de 1683
Jules Mazarin – nascido na Itália foi cardeal e primeiro ministro da França
(Pescina, 14 de julho de 1602 — 9 de março de 1661)

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não
é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é
possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço...

Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se
parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado
para a prisão. Então, ele continua a endividar-se...todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como
é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então...os ricos?

Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver
centenas de pobres.

Colbert: Então, como havemos de fazer?

Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente!
Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos.
É um reservatório inesgotável!
Extraído de “Diálogos de Estado”___________________
Colaboração de Ivoncisio M. Medeiros

sexta-feira, 22 de julho de 2011


Olímpio: medalha igual à do ministro Garibaldi Filho.

Homenagem

A exemplo do que o comando nacional da aeronáutica fez nesta quarta-feira, 20, ontem, em Brasília, distinguindo o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), ministro da Previdência Social, e outros destaques nacionais com a Medalha Mérito Santos Dumont, em função do 138° aniversário do cientista, a Base Aérea de Natal fez o mesmo com expoentes do Rio Grande do Norte em Parnamirim. Só um civil estava entre os agraciados com a medalha. Foi o médico Olímpio Maciel.
___________________________
Fonte: Jornal virtual de Roberto Guedes

CONVITE
O presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN convida Vossa Senhoria para participar do Dia do Escritor (25 Julho), ocasião em que será debatido com a deputada Fátima Bezerra as propostas do Governo Federal para a Cultura com ênfase na nova lei dos direitos autorais e o lançamento do Prêmio Escritor Eulício Farias de Lacerda, seguido de um debate com os escritores Francisco Alves, Jarbas Martins e Nelson Patriota acerca de sua importância literária.
Eduardo Gosson
Presidente

PROGRAMAÇÃO

25.07.2011, segunda-feira
19h - Propostas do Governo Federal para a Cultura e a nova lei dos direitos autorais
(Deputada Federal Fátima Bezerra)
20h30 – Prêmio Escritor Eulício Farias de Lacerda
(Jarbas Martins, Francisco Alves e Nelson Patriota)
Moderador: Eduardo Gosson
Local: auditório da Aliança Francesa, rua Potengi,459, Petrópolis
Informações: 9983-6081

quinta-feira, 21 de julho de 2011

HÁ 75 ANOS

THEREZINHA ROSSO GOMES, filha de Rocco Rosso e Rosa Maria Lovisi Rosso, estes de origem italiana, minha vizinha da Rua Meira e Sá 118, namoro de infância pelos idos de 1959, noivado no dia 6 de janeiro de 1962 e casamento em 16 de março de 1963, na Igreja de Santo Antonio - Praça Batista Campos, da Paróquia da Trindade - Belém do Pará. Mãe dedicada de Rosa Ligia, Thereza Raquel, Carlos Rosso e Rocco José, avó devotada de Lucas Antônio, Carlos Victor, Raphael Rosso, Gabriela Rosso, Maria Clara e Carlos Neto, na expectativa da chegada de Isabela, amiga de todos os familiares, conciliadora, devota como sua mãe, minha pastora dos olhos castanhos e de tranças, minha primeira paixão. O que dizer sobre você? Te amo, pois tudo o que pudesse falar cairia no lugar comum da bondade, do carinho, da fidelidade e da dedicação, às vezes da paciência e da tolerância. Nesta data, entrego o meu coração já combalido, mas é o que de mais precioso que tenho. Compartilho o meu amor e a minha fidelidade. DEUS TE PROTEJA. BEIJOS, BEIJOS, BEEEEIIIJJJOOOSSS MIL. São os desejos do seu "Preto".

PASTORA DOS OLHOS CASTANHOS
(Horondino Silva/Alberto Ribeiroio)

Ó pastora dos olhos castanhos
Sempre a guardar teus rebanhos
De manhã eu de longe te aceno
Sonho teu olhar
Nem me vê chamar
Ó pastora dos olhos castanhos
Meu pensamento é só teu
Quando quiseres amor
Sabes que teu pastor Sou eu.

A tardinha tu voltas e as tranças tu soltas
Ao vento que te beija
Vais lavar teus pezinhos no rio
E eu pastor, maldoso te espio
Vendo o céu constelado
Eu sonho acordado
E chego a pensar
Que a lua é uma pastora
Nos campos do céu Rebanhos a guardar.

(Gravações imortais de Silvio Caldas e Paulinho da Viola)

CONVITE DOS PARTICIPANTES DO SEXTO VOLUME DA ANTOLOGIA LITERÁRIA SPVA/RN COM LANÇAMENTO PARA 29/07/2011 NO IF/RN DA AV. DEODORO, NATAL/RN

A SPVA/RN sempre pensa e realiza com muito amor poético, literário e artístico toda sua produção de eventos e de publicações. Sempre é uma grande luta contínua, principalmente por falta de recursos para o auto-financiamente, esse é inexistente. Assim, torna-se de primordial importância o engajamento dos autores em sistema de coprodução editorial e financeira em suas obras impressas. Hoje, já é realidade o selo editorial da SPVA/RN, fato que motiva mais ainda seus sócios a continuarem na árdua labuta literária.
A coletânea foi plantada na época em que o jornalista poeta Paulo Augusto presidia a entidade e delegou à sócia Jania Souza a tarefa de organizar a primeira Antologia Literária sem pretensão de continuidade. Contudo, o resultado foi laureado com enorme sucesso que mobilizou o interesse dos filiados e admiradores, promovendo cinco volumes em sistema de autofinanciamento dos participantes para tornar possível o sonho da publicação.
Em 2007, decidiu-se angariar recursos públicos para a edição do sexto volume em comemoração aos 10 anos de existência da entidade, já reconhecida de utilidade pública nos níveis municipal e estadual através de leis específicas pelo seu trabalho em prol da cultura como ponto de afirmação da identidade do povo potiguar. Esse projeto foi aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Município de Natal - Lei Djalma Maranhão, tendo certificado de captação liberado, todavia a entidade não conseguiu empresas onde captar os recursos da renúncia fiscal do município. Porém, com a criação e dotação do FUNDO MUNICIPAL DE CULTURA, em 2010, com nova roupagem, a ANTOLOGIA LITERÁRIA SPVA foi aprovada para satisfação dos seus participantes e, principalmente, para alegria da rede municipal de ensino, onde os exemplares serão distribuídos gratuitamente para compor o acervo das bibliotecas das escolas com recitais dos poetas, músicos e atores da entidade. Cada biblioteca escolar deverá receber três exemplares para seus alunos deliciarem-se nas leituras.
A título de Direito Autoral cada autor receberá um exemplar e terá sua obra sendo apreciada pelas novas gerações, participando na formação de novas platéias, no incentivo à leitura, no incentivo ao surgimento de novos talentos.
O sexto volume percorreu quatro anos de dificuldades para se realizar concretamente, demonstrando que a força da união e a fé no objetivo final são fundamentais para a execução de um sonho sonhado por tantos. Atravessou três gestões administrativas: primeiro (Lei Djalma Maranhão) e segundo (BNB) projetos lançados na administração do poeta e artista plástico Pedro Grilo Neto; o terceiro para o Fundo Municipal de Cultura, na gestão da poeta professora Geralda Efigênia, sendo efetivamente lançada e distribuída gratuitamente nas escolas municipais na gestão do poeta filósofo Maurício Cardoso Garcia.
PARABÉNS AOS AUTORES QUE SEMPRE ACREDITARAM
São 258 páginas escritas por 70 autores, sócios da entidade e convidados.
Revisão dos escritores: Diulinda Garcia, José de Castro e autores.
Fotografias de Emmanoel Iohanan; autores; Antonius Manso assina fotografia do escritor Paulo Augusto.
A capa tem por tema a obra visual em óleo sobre tela com título PAZ de autoria do poeta e artista plástico Paulo Alves de Souza.
Impressão realizada pela GRÁFICA PRINT de Natal, localizada na Rua Felipe Camarão com muito profissionalismo e atenção.
A Editoração Eletrônica, Projeto Gráfico e design da Capa, além da Apresentação são assinados pelo poeta, escritor e mestrando Márcio Ribeiro, sempre perfeccionista, responsável e de ímpar eficiência permeada por singular paciência na execução de atividades tão estressantes, mas prazerosas.
A mim, coube o prazer de reunir os participantes, organizar e coordenar nosso projeto, decepcionar-me com os percalços da burocracia e da vida e não desistir jamais do resultado final com o apoio do Conselho Municipal de Cultura da Cidade de Natal decisivo para a realização dessa enorme e maravilhosa empreitada.
Muito obrigada à confiança depositada em nosso trabalho.

PARTICIPANTES DO SEXTO VOLUME DA ANTOLOGIA LITERÁRIA SPVA/RN, EDIÇÃO 2011

Agslene Martins
Alexandre Abrantes
Américo Pita
Ana Clara de Araújo Nogueira
Antoniel Campos
Arlete Santos
Auzêh Freitas
Ciano
Cintia Gushiken
Cláudio Everton Martins
Clébia da Costa Pereira
Conde Abbate
Dean de Sena
Deth Haak
Diulinda Garcia
Dorinha Timóteo
Eliane Moreira Dias
Elias do Egito
Elizeu Pereira da Silva
Emmanoel Iohanan
Fernando Towar
Francisco de Assis Silva dos Santos
Francisco de Paula Pinto
Franklin Capistrano
Geralda Efigênia
Graça Faro
Graziela Costa Fonseca
Henrique Eduardo de Oliveira
Hilda Furacão
Hilton da Cruz Gouveia
Ivete Ramalho
Jania Souza
Janilson Dias de Oliveira
Jeovânia P
Jesuína Wanderley
João Andrade
João Carlos da Silva Lopes
João Paulo
Jorgenete Florentino da Silva Chaves
Jorgete Florentino da Silva Leite
José Acaci Rodrigues
José de Castro
Josenildo Brasil
Lêda Maciel
Lúcia Helena Pereira
Luiz Gonzaga de Freitas
Luiz Monte Guimarães Nobre
M. C. Garcia
Manoel dos Santos e Silva
Márcio Fernandes Ribeiro
Marcos Cavalcanti
Maria do Céo Costa
Maria de Fátima Bezerra da Silva
Maria Rosineide Otaviano da Silva
Maria Vilmaci Viana (Vivi)
Mário Mousinho Pereira
Mery Medeiros Pereira
Noelma Marcina Nogueira Souza de Oliveira Vale
Paulo Alves de Souza
Paulo Augusto
Pedro Grilo Neto
Rosa Firmo Bezerra Gomes
Rosa Ramos Regis da Silva
Rubens Barros de Azevedo
Sheyla Maria Ramalho Batista
Socorro Evangelista
Vital Nogueira de Souza
Zé Martins
Zélia Faria Corrêa
Zenildo Cezar Costa Ferreira

Lançamento dia 29/07/2011 das 19 às 22h

Local: INSTITUTO FEDERAL da Avenida Rio Branco, Centro, Natal, RN

Evento: CESTA CULTURAL

Comemoração dos 14 anos da SPVA/RN

Entrada livre

terça-feira, 19 de julho de 2011


CENTENÁRIO DA LIGA DE ENSINO DO RN
PROGRAMAÇÃO DE HOJE


19 de julho - Missa em Ação de Graças pelo centenário da LIGA e DE 7º dia do felecimento da Professora Margarida Morgantini, às 9h, no Centro de Convivência Clara Camarão, celebrada pelo arcebisbo Dom Matias Macedo.

Homenagem a Noilde Ramalho pelos 91 anos que completaria e pela sua dedicação à frente da Escola Doméstica durante 63 anos, além de ter sido a idealizadora do Complexo Educacional Henrique Castriciano e da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (FARN).

Descerramento de um busto da educadora, nos jardins do HC/FARN, trabalho do artista plástico Eri Medeiros.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011


DE PAIS E FILHOS
Publico neste domingo dois trabalhos que mostram a importância do tema, da autoria de uma escritora da nossa terra, Sheyla Maria Ramalho Batista e da premiada escritora e jornalista Eliane Brum, para a meditação dos meus leitores neste domingo.

CARTA DE UM FILHO ABORTADO
Sheyla Maria Ramalho Batista
Mãe,

Refeito de todo o sofrimento, escrevo para lhe dizer que já sinto saudades do aconchego do seu ventre, onde me sentia seguro enquanto aguardava a hora de nascer.
Confesso que, antes de aqui chegar, senti medo de ser mais uma vez rejeitado por não ter sido ainda batizado. Mas me enganei; a família que me acolheu não tem nenhum preconceito. Aqui, a toda hora, chegam bebês de todo jeito e cada um conta a sua história e, todas elas, quem escuta é Nossa Senhora; e como Ela chora! ...
Somos muitos, mãe, somos uma multidão. Como passamos pela mesma aflição e fomos resgatados pelo mesmo Amor, nos sentimos como uma família e, por brincadeira, nos intitulamos "a família daqueles que seriam". Uns teriam sido sacerdotes, rabinos, pastores, irmãs de caridade para servirem a Deus com piedade, outros teriam sido dentistas, médicos, enfermeiros, para curarem as dores dos enfermos. Outros, ainda, seriam eletricistas, bombeiros, artistas. Cada um cumpriria a missão por Deus a ele confiada. Eram tantos os projetos que nós tínhamos, mas as nossas vidas foram, tão cedo, ceifadas.
Sabe mãe, quando Nossa Senhora nos falou que um filho é o maior tesouro que se pode ter, mesmo que por ele se venha a padecer, e nos falou da infância de Jesus; eu tive pena de você porque você não vai poder me ver crescer; cantar uma canção para embalar meu sono, ver meu primeiro sorriso, me ouvir pronunciar seu nome; nem vai, mais tarde, poder entrar comigo na igreja no dia em que eu for me casar e nem receber de mim o "canudo de papel" no dia que eu me formar onde estaria escrito no rodapé:
- Pela força e incentivo que me deu, o "canudo", mãe, é todo seu. - Sinto muito, também, pelo meu pai, pois, a missão que Deus me reservou foi ser, para ele, amparo na velhice e dele cuidar com muito amor.
Quero dizer-lhes, porém, que os perdôo; não guardo mágoas nem ressentimentos; mas quero lhes pedir: se, por acaso, vier um irmãozinho não cortem, por favor, o seu caminho. Deixem que ele possa nascer.
Não dêem ouvidos àqueles que apregoam que a mulher é dona do seu corpo; livre para trucidar o próprio filho por falsa moral, vaidade, comodismo. Não se deixe dominar pela covardia, pois Deus, na Sua imensa sabedoria, não despreza uma mãe em dificuldade.
Não escutem "cientistas" desvairados que manipulam a mente dos incautos; pois, a vida começa, na verdade, no momento da fecundação, seja por amor ou por paixão.
E para aqueles que não sabem a vida respeitar, mando o conselho de Nossa
Senhora: "Se, um dia, uma vida se fizer em sua vida; mesmo que tenha sido por acaso, mesmo tenha sido a contra gosto, mesmo que aquele "artigo" não corresponde ao seu gosto, há tantas mãos estendidas esperando um filho receber, há tantos corações transbordando de ternura para adotar uma inocente criatura; entreguem a elas o que foi por Deus a você concedido".
Adeus, mamãe, até o nosso reencontro; beijo seu rosto que, talvez, agora, em pranto, eleva os olhos para o céu e pede clemência.

Seu filho


________________________
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.