sábado, 10 de dezembro de 2011

Na noite de ontem, 9 de dezembro de 2011, foi realizada, no INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, a SOLENIDADE DE POSSE DE 24 NOVOS SÓCIOS

O grande homenageado da noite foi o Presidente licenciado ENÉLIO LIMA PETROVICH.
A sessão foi muito bem conduzida pelo Presidente JURANDYR NAVARRO e contou com os pronunciamentos dos sócios Marcus Cavalcanti, Severino Vicente, João Felipe e Cláudio Galvão.
Em seguida, alguns flagrantes do evento, retirados bo Blog da confreira LÚCIA HELENA PEREIRA:

 Luciano, Adalberto, Jurandyr e Odúlio
 Umbelino, Carlos Gomes, Marcus e João Felipe
 Lúcio, Ivan Lira e Lívio
 Lúcia, Cláudio Galvão, Maria Lúcia, Silvana e Umbelino
 Therezinha Rosso, Carlos e Lúcia Helena
 Ormuz, Geysa, Gracinha e João Felipe
 Antonio Luiz, Clotilde Tavares e familiares
Carlos Adel e esposa, Ten.Cel. Ângelo e Odúlio
Escritores Carlos Morais e EduardoGosson
O Dia Internacional Contra a Corrupção mereceu solenidade especial na UFRN


A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Movimento Articulado de Combate à Corrupção do Rio Grande do Norte (MARCCO/RN), realizou na manhã desta sexta-feira, 9, no Auditório da Reitoria, uma solenidade comemorativa dedicada ao registro do DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO.

O evento foi presidido pela vice-reitora da UFRN, professora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, que destacou a importância da data comemorativa de combate à corrupção no RN, no Brasil e no mundo. Por isso, completou a vide-reitora, a UFRN sentia-se honrada em participar do movimento como parceira e acolher aquela solenidade.

No desenvolvimento dos trabalhos tivemos a exposição dos trabalhos realizados pelo MARCCO (RN) no campo de combate à corrupção,através do pronunciamento da sua represntante Flávia Camilla Pascoal (PF/AGU), seguindo-se com a palestra do Procurador de Justiça : Rinaldo Reis (AMPERN). Na sequência foi feita a exposição e a apresentação da proposta da “Ficha Limpa Potiguar”, pelo Procurador Geral de Justiça no Estado, Manoel Onofre Neto.

Segundo o Procurador-Geral de Justiça, o projeto da Ficha Limpa vai proibir no âmbito do Ministério Público Estadual nomeações para cargos comissionados de pessoas que tenham sido condenadas judicialmente, com participação da platéia, dentre os quais os Professores Carlos Gomes, representando a OAB/RN  e Jeová Soares, representando do CRC. Ainda, Marcos Dionísio, liderança local no movimento em defesa dos direitos humanos.

O evento no Auditório da Reitoria reuniu representantes de diversas instituições, saber, a Superintendência da Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado do RN, Controladorias Gerais da União do Estado do RN e do Município de Natal, Governo do RN, Prefeitura de Natal, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, Ministério Público Estadual, Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do RN, Conselho de Contabilidade do RN, professores e alunos das instituições: UFRN, IFRN, FARN, FACEX, FAL, UNP, Maurício de Nassau.

Encerramento e convite dos presentes para participar da 1º Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


H O J E
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE



C o n v i t e

A Presidência em exercício do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, convida Vossa Excelência e Família, para Sessão solene, em que tomarão posse na categoria de Sócio Efetivo, desta Instituição, os integrantes da lista inclusa, devidamente aprovados pela Diretoria.

Saudará os novos sócios, representando este Instituto, o historiador e escritor,

Marcus César Cavalcanti de Morais. E, em nome dos empossados, falará o historiador João Felipe da Trindade.

Em seguida, fará o juramento em nome dos Sócios, ora empossados, o historiador e folclorista Severino Vicente, e tecerá outras considerações.

Após, em breve alocução, farão apreciação sobre seus novos livros, os sócios Cláudio Galvão e João Felipe da Trindade, respectivamente.

A sua presença abrilhantará o evento

Natal (RN), Dezembro de 2011

Jurandyr Navarro
Presidente em exercício

RELAÇÃO DOS NOVOS SÓCIOS

1. AUGUSTO MARANHÃO
2. AURICÉIA ANTUNES DE LIMA
3. CARLOS ADEL TEIXEIRA DE SOUZA
4. CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
5. GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS
6. GILENO GUANABARA
7. HOMERO DE OLIVEIRA COSTA
8. IVAN LIRA DE CARVALHO
9. JAIR FIGUEIREDO
10. JOÃO FELIPE DA TRINDADE
11. JOSÉ ADALBERTO TARGINO DE ARAÚJO
12. LÍVIO ALVES DE ARAÚJO DE OLIVEIRA
13. LÚCIA HELENA PEREIRA
14. LUIZ EDUARDO BRANDÃO SUASSUNA
15. MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS
16. MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO
17. MARIA JANDIR CANDÉAS
18. ODÚLIO BOTELHO
19. ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
20. PEDRO VICENTE COSTA SOBRINHO
21. RACINE SANTOS
22. SEVERINO VICENTE
23. UBIRATAN QUEIROZ DE OLIVEIRA
24. UILAME UMBELINO GOMES

H O J E
DIA INTERNACIONAL CONTRA A CORRUPÇÃO


Organização e realização: Controladoria-Geral da União no Estado do Rio Grande do Norte – CGU-R/RN, Movimento Articulado de Combate à Corrupção – Marcco e Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CCSA/UFRN.

Cidade/Estado onde se realizará o Evento:
Natal/RN
Local: Auditório da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Data:
09/12/02011
Hora e duração:
O evento terá duração de 04 (quatro) horas, com início previsto para as 8h30min

Modelo do Evento:
Cerimônia Solene;

Programação para o Evento:

08h30 – Abertura (mesa composta pela CGU-R/RN, Marcco, UFRN e demais autoridades presentes).

09h20 – Palestra Marcco: Atuação do Movimento durante o ano de 2011. Palestrantes: Rinaldo Reis (AMPERN) e Flávia Camilla Pascoal (PF/AGU).

10h20 – Coffee Break

10h50 – Apresentação do Projeto de Lei do “Ficha Limpa” potiguar. Palestrante: Manuel Onofre de Souza Neto (Procurador-Geral de Justiça no Estado).

11h50 – Encerramento e convite dos presentes para participar da 1º Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social.

Público a ser convidado:
O evento pretende reunir 200 a 250 pessoas, dentre elas:
a) Poder público:unidades auditadas pela CGU, parceiros da CGU, Governo do RN, Prefeitura de Natal, Controladoria-Geral do Estado e do Município, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados.
b) professores e alunos das seguintes instituições: UFRN, IFRN, FARN, FACEX, FAL, UNP, Maurício de Nassau.
c) cidadãos: o convite será estendido à comunidade local, através de divulgação no rádio, na TV e na internet.
d) conselheiros: O convite será estendido aos conselhos municipais e estaduais da região metropolitana de Natal.
e) instituições civis: Participantes do Projeto “Jogos Limpos”.
f) outros: Entidades participantes do MARCCO.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


C O N V I T E

Caros e Caras Acadêmicos.


Com relação a nossa Confraternização de Natal, informo que será realizado um almoço na Churrascaria Fogo e Chama, na Ponta do Morcego (após a Peixada da Comadre, na Praia do Meio)na próxima SEXTA FEIRA, DIA 09/12, A PARTIR DAS 12:00 HORAS. O preço será de R$ 60,00 (sessenta reais) por pessoa, incluindo água, refigerante, suco e sobremesa.

Na ocasião, estaremos apresentando um roteiro de trabalho para o próximo ano, as ações que a Direção pretende realizar, a criação de nossa página na internet e a possibilidade de edição de uma revista, um jornal ou outra publicação, além de outros assuntos importantes. Pedimos a todo(a) colegas que façam um esforço para comparecer, pois será nossa última reunião deste ano, e o assuntos pautados precisam ser decididos com a participação de todos. Peço que confirmem a presença até o dia 08/12. Desde já agradecemos a presença e a colaboração de todos.
Grande abraço.
Cícero Macedo Filho - Presidente AML
Com a lembrança e a saudade - uma homenagem ao Dr. Sérgio Guedes da Costa, que tantas vezes assisti executar "Sons de Carrilhão"

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


O Lucro é deles, mas a conta nós pagamos
João Batista Machado – Jbmjor@yahoo.com.br

Mais uma vez, o bairro de Lagoa Nova será transformado em quintal da Destaque, reservado para realização de festa privada com fins lucrativos patrocinada pelo governo do Estado e Prefeitura de Natal, maiores parceiros dessa coisa feita com o dinheiro do contribuinte. Ao longo de mais de 20 anos, governo e prefeitura participam da farsa sob argumento de que o tal evento incrementa o turismo no Rio Grande Norte. A vocação natural de Natal independe disso, pois já estamos em plena alta estação.

O bairro é prisioneiro da empresa promotora e os cidadãos são credenciados para ter acesso à própria residência. Apesar do direito de ir e vir assegurado pela Constituição. Em nome do tal evento alteram o trajeto do trânsito, removem obstáculos (deslocamento de postes da iluminação pública), infernizam a vida dos moradores para um grupo de empresários privilegiados faturarem, sem nenhum compromisso social com obras filantrópicas. A dinheirama arrecadada é divida com a patota promotora e a turma da Bahia. Nós ficamos com a conta, conforme ocorre todos os anos.

A mídia enaltece o evento como sendo a salvação do turismo no Rio Grande do Norte e assim procedendo justificar os gastos oficiais. Divulga até a farsa estapafúrdia de que um milhão de pessoas chega a Natal nessa época para a curtição. A população da capital é de 750 mil habitantes aproximadamente. Com um milhão de pessoas a mais durante quatro dias, Natal entraria em colapso total de maneira irreversível.

Faltariam leitos em hotéis, pousadas e alimentos. Seria uma tragédia imprevisível. Repetir-se-ia o que o ocorreu em 1943, quando tropas americanas desembarcaram durante a Segunda Guerra Mundial provocando a escassez de alimentos. E passou-se a conviver com o racionamento de produtos essenciais a manutenção das famílias. A prioridade na aquisição de alimentos era das tropas acampadas em Parnamirim.

Indiferença

Na condição de cidadão comum, mas com direitos assegurados pela Constituição, cobrei ao Ministério Público estadual que investigasse quanto o governo do Estado e prefeitura de Natal já gastaram com o carnatal durante os últimos 20 anos. Até agora nunca recebi resposta em nome da cidadania, nem tenho conhecimento de alguma iniciativa do MP neste sentido.

Essa instituição tão ciosa nos critérios de zelosa defensora do erário deve um esclarecimento à opinião pública do Rio Grande do Norte, pois dinheiro público jogado pelo ralo é crime, principalmente quando destinado a empresa privada com fins lucrativos, sem nenhum retorno. É o caso típico da promiscuidade entre o público e privado. Enquanto isso, o ex-presidente da Fundação José Augusto, François Silvestre tem sido importunado e responde a processo por minudências burocráticas. Conhecemos sua decência no trato com o dinheiro público, além dos relevantes serviços prestados à cultura do Rio Grande do Norte.

Diante da indiferença do Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado deveria tomar providências neste aspecto. Afinal, são recursos desviados de sua finalidade precípua para eventos privados aleatórios. Se esse dinheiro retornasse ao erário estadual e municipal, devidamente corrigido, melhoraria sensivelmente as condições de funcionamento do Hospital Walfredo Gurgel e dos postos de saúde da capital, onde faltam melhores condições de atendimento à população carente.

Apoio oficial

Numa das muitas vezes em que veio a Natal, o cantor da banda Chiclete com Banana, Bel Marques, em entrevista a um matutino local explicitou o êxito da micareta local afirmando que o carnatal contava com o apoio do poder público, ao contrário do que acontecia em outros Estados. É contra essa parceria inadmissível que sempre me insurgi. Não sou contra ninguém ganhar dinheiro com idéia criativa, mas contesto a promiscuidade entre público com o privado, para fins meramente lucrativos. É salutar separar o joio do trigo.

Se o Estado continua em situação financeira precária e a Prefeitura de Natal literalmente quebrada, qualquer concessão desse tipo é um absurdo. A cidadania plena precisa saber quanto o Estado e a Prefeitura investiram no carnatal e qual o retorno desse dinheiro. Qual a contribuição do axé baiano à nossa cultura? Acho que essa farra com o dinheiro público deve acabar agora, antes que surja um comprometimento maior.

O governo precisa cuidar da educação, saúde, segurança e saneamento básico. A prefeitura das ruas esburacadas, da limpeza pública que está um lixo e dos logradouros de sua alçada. Deixe a Destaque cuidar da sua festa com seus recursos privados. Já completou maioridade e pode caminhar com os próprios pés. Acabem, portanto, com essa parceria ilegal e indevida, em defesa da moralidade na vida pública.

HÁ MAIS INOCENTES. SOMOS TODOS CULPADOS E PODEREMOS SOFRER LINCHAMENTO. ATÉ A MORTE FÍSICA E MORAL.


A midia noticiou o caso de motorista de ônibus que teve um mal estar súbito, desfaleceu e abalroou o seu veículo contra diversos outros. Ninguém morreu, apenas o motorista, que foi linchado por uma turba que se divertia num local próximo ao acidente.
Não me atrevo a julgar a atitude dos linchadores, certamente conduzidos por violenta emoção, mas ao ato em si.
Tenho me batido algumas vezes sobre os rumos de uma prática que envergonha o país e produz centenas de vítimas: o justicialismo. O hábito que começa a se arraigar na consciência dos brasileiros de se autonomear juiz sem toga. E se explica essa tendência de dois modos diferentes: estimulado e influenciado pela midia, o cidadão canaliza as suas frustrações, ou legitimas indignações, para aquele que está no "index" dos indiciados pela imprensa como culpado. Não interessa se de fato o seja, é suficiente que tenha a "aparência" de sê-lo, ou que corroborem essa "suspeita", duas ou três péssoas, mesmo que desqualificadas moralmente ou apenas "palíteiros" de plantão.Seria mais fácil o julgamento de exceção, porque mais rápido e descomplicado. O segundo, é a própria extravasão do cidadão, durante longos anos sufocado pelo garrote de um regime ditatorial que o impedia de manifestar a sua opinião. Agora, a "síndrome do garroteamento" o impele a uma desenfreada manifestação de expressão que desconhece limites, chegando até mesmo ao denuncismo irresponsável.
Não creio que seja este o melhor caminho, embora entenda as razões porque a maioria se conduz dessa forma, como demonstrado.
Muito mais precioso e resguardável foi a longa conquista por um estado democrático de direito, em que o própria estado se expressa através do juiz para dirimir os conflitos e fazer a justiça através do conjunto de regras positivas, elaboradas pelo próprio povo, que por sua vez se faz representar pelos legisladores. Desprezar essa ficção funcional é retornar à bárbarie, em que prevalecia a pena do talião - o olho por olho e dente por dente, ou retornar a justiça dos poderosos senhores feudais, dos tribunais de exceção e dos editos inquisitorias.
O linchamento faz parte desse sistema de justiça sumária, dispensa inquérito, denúncia, instrução e uma sentença que põe termo às dúvidas e ao processo. É prática, rápida e não permite recurso. Os seus efeitos são irreversíveis. E isso é bom, a irreversibilidade da "sentença". Ou equivale à pena de morte, expurgada nos países civilizadas por ser exatamente irreversível os seus efeitos. Se houver erro judicial, não há como reverter a decisão, como no caso do motorista.
O devido processo legal (due process of law) é a única certeza que temos de que a justiça foi perseguida obsessivamente e que, teóricamente, o julgamento está isento de erro, embora muitas vezes o erro esteja presente, mas a deternminação, o objetivo, o desejo e o compromisso foi exatamente o de evitá-lo com exaustivas pesquisas e a intervenção de dezenas de agentes que, com a diversidade de opiniões, enriquecem a busca da verdade factual e jurídica.
E é corolário desse contexto, a presunção de inocência. Enquanto não se tiver convicção da culpa do acusado, lastreada por evidências, provas cabais - inclusive confissão - perícias e demais recursos investigativos, o cidadão é inocente. Não cabe ao indiciado provar a sua inocência, mas ao sistema judiciário, nele incluido a instância policial, provar a sua culpa.
É minha convicção, como professor de direito, militante democrático e cidadão inserido no processo civilizatório.
O resto é herança nazi-fascista ou a genética da Santa Inquisição.
Quem souber mais, que conte mais uma.
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PEDRO SIMÕES
Professor, Advogado e Escritor



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"Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso.
Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."

(Mt 11, 28-30)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A GRANDE BIBI FERREIRA

NATAL – UMA CIDADE DE REMENDOS

Públio José – jornalista

Trafegando pelas ruas de Natal você se depara com um problema que poucos enxergam, mas que traz inúmeros prejuízos a todos os seus habitantes. Falo do pavimento que recobre as ruas da cidade. O asfalto de Natal, que tempos atrás era um dos itens positivos no tocante à malha viária da cidade, está todo remendado. Dificilmente você encontra uma rua com o asfalto em boa situação. O que você vê – e o que seu carro enfrenta, com as lógicas conseqüências decorrentes – é uma cidade com a grande maioria de suas ruas com o asfalto em péssimas condições de uso. Como ninguém reclama, os responsáveis pelo assunto no âmbito municipal vão também se acomodando, se acomodando, e o retrato que se observa da cidade é de um remendo só. Circular de carro em Natal é um exercício interessante: o corpo treme e o veículo sofre – além da conta.

Em certos trechos já se observa que o capeamento perdeu, há muito tempo, seu tempo de vida útil. De tanto uso alongado, a mistura está se esfarelando, não resistindo mais ao constante passar dos pneus. E quando um novo buraco se apresenta, a providência imediata é providenciar mais um remendo. Parece que os administradores municipais estão sempre dando um tempo, com seus remendos, para a chegada de um novo tempo, que, enquanto não chega, é esperado com medidas paliativas, ou seja, com mais remendos. E de tanto vê remendo pela cidade inteira, comecei a meditar em torno de outras questões. Medita daqui, medita dacolá, e as peças vão se encaixando na minha mente. O que você constata, na realidade, é que Natal é uma cidade cheia de remendos. Remendos na saúde, na educação – remendos, remendos e mais remendos.

Você vai se aprofundando nesse sentido, lendo os noticiários diários, sentindo e ouvindo as dores do povo, as suas mágoas, as suas desilusões, e vai concluindo que de inteiro temos atualmente muito pouco. Pouca coisa a comemorar. E que, na verdade, nossa vida está cheia de remendos. O meio ambiente é uma questão que vem sendo remendada; a saúde também, a educação idem, o sistema viário, a previdência, o nosso rendimento. Os temas de competência municipal, estadual e federal, todos enfim são tratados à base de remendo. Os remendos vão se constituindo em partes tão sólidas em nossas vidas que vão assumindo a condição de titularidade, de regra, quando deveriam ser tratados como exceção. De repente até os nossos sonhos vão ficando remendados, diante de uma realidade física que nos circunda cheia de remendos.

Há remendos também nos valores. Existe no ar uma onda de relatividade em tudo, ensejando que o que era ontem não seja mais hoje. E o que não era ontem seja devidamente remendado para passar a ser atualmente. Por onde você anda o desencanto é a pedra de toque. A esperança está se esgarçando, se estendendo, se alongando – e, conseqüentemente, perdendo consistência. A incerteza se instala a cada momento de maneira mais forte no seu dia a dia. E para não perder o rumo de vez, você vai adotando os devidos remendos em sua existência. O emprego torna-se um baita de um remendo, ao invés de um sonho perseguido, buscado, trabalhado ao longo de boa parte de sua vida. Como não alcança o que quer, o que acalentou durante tanto tempo, você vai remendando sua vida profissional com uma ocupação que, na maioria das vezes, não preenche a expectativa que você criou.

Mas fazer o que? Sobreviver é preciso! Volto os olhos para trás e vejo se exaurindo toda esperança de uma geração que está passando – e com a vida cheia de remendos. Homens e mulheres de talentos inaproveitados, inteligências dispersas, mentes privilegiadas caminhando para o ocaso. Olho para frente e vislumbro outra geração chegando, porém carregando nos ombros um tempo difícil, um tempo que requer força de vontade e determinação além da conta. Tomara que seja uma geração que resista aos remendos, que não faça dos remendos o caminho mais fácil para o encontro das soluções, para a superação dos seus problemas. Não é o que pensam os gestores municipais com seus remendos. Ah, os gestores municipais... O carro balança no enfrentamento do asfalto. Que tal procurarmos outro caminho?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

NILO PEREIRA - DEPOIMENTO DE FRANKLIN JORGE 

ESCRITOR FRANKLIN JORGE

NILO DE OLIVEIRA PEREIRA

NILO PEREIRA
Transcrito do NOVO JORNAL [Natal, 4 de Dezembro de 2011]
Por Franklin Jorge
http://www.osantooficio.com/

Quando regressava ao Rio Grande do Norte - após viver na Amazônia -, ao fazer uma daquelas conexões em Brasília, a aeromoça ofereceu-me, para distrair-me do cansativo trajeto desde Rio Branco, um exemplar do “Jornal do Brasil”, no qual instintivamente busquei a colaboração semanal de Josué Montello, que assim, ao escrever-lhe admiravelmente o elogio fúnebre, deu-me notícias de que o nosso amigo Nilo Pereira já não mais se achava entre nós.

Consternado, lembrei-me do ilustre conterrâneo do Ceará-Mirim e do quanto lhe devia em apreço e estímulos, do escritor mais velho e já consagrado por seus pares para com o jovem literato ansioso que, sem nenhuma garantia de êxito e sem aspirar a prêmios, dava os seus primeiros passos no árduo caminho das letras, que costumam cobrar aos seus cultores humilhações e renúncia.

Escritor duma categoria intelectual que se foi tornando cada vez mais rara, na mesma proporção em que entre nós triunfava a mediocridade, Doutor Nilo - como o chamávamos – conhecera-me ainda mal entrado na adolescência e desde então sempre me tratou como um companheiro, um talento realizado e não uma promessa, o que me cativou e fez de mim um fiel discípulo que só desejava honrar-lhe a confiança prodigada sem regateios, criando uma obra que me justificasse no futuro.

Formava, com Edgar Barbosa, a díade dos escritores mais insignes da nossa terra natal, o velho e aristocrático Ceará-Mirim que, por ele imortalizado como um desses burgos medievais, continua vivendo nas páginas compostas por um verdadeiro artífice da literatura; a literatura que era então e continuou sendo a luz de minha vida mal começada.

Além disso, estávamos e estaríamos sempre, os três – Nilo, Edgar e eu -, umbilicalmente unidos a terra onde vimos a luz pela primeira vez, e aos sortilégios de uma infância que remontava às brumas mitológicas da manhã da criação. Nilo, porém, compôs toda a sua obra polifônica sobre um único tema, a infância leve e alada, que para ele foi um dos nomes da Poesia. Ninguém, em tempo algum, o excedeu em seu amor ao Ceará-Mirim.

Pertenciam ao mais seleto grupo de escritores da sua geração. Amigos desde a escola primária no Ceará-Mirim, seriam por afinidade de estilo e visão do mundo, dois proustianos, cada um à sua maneira inesquecível. Dois mestres distintos, embebidos de pensamentos e de humanismo, enfim.

Nilo, numa linha de auto-análise e lirismo viril.

Edgar, um ático cujas sentenças lapidares eram incisões no ato de pensar.

Ambos, leitores hipercríticos e criadores literários vacinados contra a neutralidade do estilo, nem bom nem mau, que caracteriza os medíocres que ousam encarar o desafio da escritura.

Durante anos, até a sua morte, nos correspondemos e dele guardo algumas cartas que resumem toda uma cultura e um estar no mundo. E, nesse dilatado espaço de tempo, algumas vezes tive a honra de ser objeto de suas crônicas, dessas crônicas que por mais de sessenta anos escreveu e publicou no secular “Jornal do Comércio”, um dos mais prestigiosos periódicos pernambucanos, numa época em que o jornal era um padrão e constituía referência para o mundo letrado.

Também distinguiu-me, citando-me em alguns de seus principais livros - a começar pela reedição de “Imagens do Ceará-Mirim”, passando por sua única tentativa de romance, “A Rosa Verde” e o livro que escreveu sobre Jornalismo Literário, obras atualmente esgotadas e, por seu mérito, dignas de reedição.

Como Edgar Barbosa, seduzia-nos Nilo Pereira pela erudição e síntese com que dava-nos a conhecer o seu talento, expresso em obras evocatórias que delatam sua mestria de artífice da palavra.

Uma erudição, enfim, que nada tinha de rebarbativa ou dogmática. Relendo-o, agora, delicio-me com a criação de um escritor autentico que escrevia com leveza de forma e profundidade de conteúdo, ao circunscrever, no âmbito da crônica, toda uma enciclopédia de sugestões embebidas em contagiante humanismo literário.

domingo, 4 de dezembro de 2011

MACAIBA - A Festa da Conceição
(Comunhão de Fé)
(Setissílabos em “pé-quebrado”)


A Virgem da Conceição
Foi pelo Povo escolhida
A Santa para dar “vida”
À Cidade.

MACAIBA, de verdade,
Com a fé mais verdadeira,
Foi louvar a Padroeira,
No seu dia.

Com seresta e cantoria,
E samba, se não me engano,
Num ritual mais profano
D’um lado.

Do outro, o mais sagrado,
Teve missa todo o dia.
Há muito tempo eu não via
Isso.

Hoje assumo o compromisso:
No dia da Conceição
Renovo esta comunhão
De fé.

Jamais arredei o pé
D’um compromisso assumido.
Escreva, está decidido:
Virei.

Veja o que vivenciei:
O povo ao redor da Santa,
Foi tanta emoção, foi tanta...
...e eu chorei...

](03 de dezembro de 2011)
Wellington Leiros
wleiros169@yahoo.com.br











Uma inspiração em dois momentos


É da natureza humana procurar defeitos ou querer atribuir fatos que reprovem condutas, como é o caso de plágios. Prefiro partir do princípio bíblico de que “Nada existe de novo debaixo do sol” e dizer da coincidência de uma mesma inspiração poética em dois momentos diferentes, sem que os autores conhecessem os trabalhos um do outro.

Temos aqui o exemplo de Ferreira Gullar e Oswaldo Montenegro.

TRADUZIR-SE

Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?
O poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar, também trata de “dualidade do ser” e foi publicado somente em 1980.

Metade

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…
também.

Esse poema é, de Oswaldo Montenegro. Foi composto em 1975, e faz parte do texto da peça João sem Nome, do mesmo autor, encenada em 1975 em Brasília e Rio de Janeiro. Foi gravada no primeiro LP do cantor, em 1977 – Trilhas.

                 

O QUE IMPORTA É A BELEZA DOS VERSOS, EMOCIONANTES EM QUALQUER TEMPO.