domingo, 8 de janeiro de 2012

OUTRAS CARTAS DE COTOVELO 02 (O8/01/2012)
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, advogado e escritor


Antes do cair da noite neste sábado preguiçoso, já se ouvia estridente, os sistemas de som do Circo da Folia. Eram os preparativos para a abertura dos seus “lucrentos” festejos de verão, que anuncia a presença do afamado conjunto “exaltasamba”.

O inferno começou, com filas intermináveis de veículos com destino a Pirangi, em permanente businaço, intercalado de carros do som em decibéis proibitivos, mas nem por isso incomodados por qualquer autoridade da fiscalização do meio-ambiente.

E os preparativos continuaram, com inserção de uma sirene, a lembrar os alarmes dos bombardeios nos idos da segunda guerra.

A coisa começou com muito barulho e nenhuma qualidade artística até pela meia-noite, já adentrando no domingo, quando se inicia a apresentação do “exaltasamba”, de boa qualidade, ornado por um estrondoso equipamento de som que, de Pirangi, incomodava em Cotovelo e abalava o cemitério de Pium.

Já viu! Nada de se poder dormir, até que, já noite velha, o galo entoasse as suas primeiras cantigas.

Uma chuva providencial refrescou um pouco os foliões no regresso da festa, que não oportunizaram os já costumeiros alaridos resultantes do misto – falta de educação e restos dos embalos da farra, para não dizer “ressaca”, iniciando o dia anunciado pelos gorjeios dos passarinhos.

De olhos inchados pela noite insone, procuro os jornais do dia e me deparo com a paradoxal reportagem do JH a respeito da “Operação Paredão”, ensaiando coibir a poluição sonora superior aos 40-60 decibéis à noite, sob a invocação da vetusta Lei 3.688, de 1941, que elenca como contravenções à paz pública, perturbação do trabalho ou do sossego alheio (art. 42):

I – com gritaria ou algazarra;

III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;”. O inciso seguinte diz respeito ao barulho produzido pelos animais domésticos, coitados, que passaram a noite incomodados e latiram sem cessar. (Será que serão os punidos?)

Onde estava o policiamento para fazer cumprir a lei do silêncio? Virou Conceição ou tomou Doril?

E viva a falta de educação; o desrespeito às famílias; a bagunça; a omissão dos órgãos públicos em nome da liberdade de expressão.

A terra potiguar continua linda, com os seus políticos mandando brasa e os donos abastados das casas de diversões, comandando a massa.

Durma-se com um barulho desses!!!!!!

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