terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O CIDADÃO TAMBÉM TEM O DIREITO DE SE DEFENDER! 

Reportagem de o  "NOVO JORNAL / NATAL" (em 08/02/2012)



O clube
O Clube do Tiro Atitude (CTA) é uma associação civil sem fins lucrativos, de finalidade desportiva e social, com personalidade jurídica distinta de seus
associados. Fica no Sítio Recanto Beira Rio, na Rua Luiz Gerônimo da Silva, nº 22, praia de Pirangi do Norte. Atualmente, são mais de 30 associados. Para
fazer parte, o interessado é avaliado por uma assembléia, formada pelos
sócios fundadores.
O primeiro critério a ser analisado é a vida pregressa. Com impedimento imediato se a pessoa possuir algum antecedente criminal. “Aqui só entra gente de bem, de caráter”, avisou Marcelo Porpino.
Em breve, ainda segundo o instrutor e proprietário, o CTA pretende
promover a sua primeira competição esportiva. E para participar, obviamente,
é preciso se filiar. O ingresso, como já foi dito, depende da avaliação dos
fundadores. Uma vez aceito, existe uma taxa de admissão chamada de “joia”.
Para quem não é policial, a joia custa R$ 600, com mensalidades de R$
60. Para os policiais civis, militares da PM, Corpo de Bombeiros, federais e
rodoviários federais, ou então militares das forças armadas (Marinha, Exército
e Aeronáutica), a inscrição custa metade do preço, o mesmo valendo para as
mensalidades. O dinheiro pago é usado para as despesas com a manutenção
das instalações e aquisição de equipamentos de segurança.
Outras informações pelo www.clubedotiro.com.br ou pelos telefones
8118-5008 e 9152-7105.
Antes mesmo de explicar o paço a paço de uma aula de tiros, vale aqui registrar algumas frases pontuais ditas por Marcelo Porpino.
“Todo mundo, quando segura uma arma, se sente poderoso.
É da natureza humana. Quem nunca teve vontade de atirar?”. E
não é que o policial tem mesmo razão. Pelo menos para este repórter,
que não perdeu a oportunidade de empunhar uma arma e puxar o gatilho. A sensação, realmente, é ótima.
A primeira lição foi conhecer a arma que seria utilizada na pista
de tiros. No caso, uma pistola americana calibre ponto 40, fabricada pela Taurus. Leve, confortável, poderosa. De uso exclusivo das forças policiais, é uma das preferidas, pois o projétil dificilmente transfixa o corpo. E essa é uma característica importante em ações policiais, pois quando o chumbo entra e sai do corpo, existe o perigo de o tiro seguir sua rota e acabar atingindo outra pessoa que não tenha nada a ver com o ocorrido.
Depois de pôr os óculos e os protetores de ouvido, o passo seguinte
foi conhecer os mecanismos de trava, carga e descarga da arma. Tudo ok. Em seguida, vieram orientações para montar uma boa base – a posição correta do
corpo para um tiro firme e seguro.
Pernas flexionadas, com a esquerda um pouco a frete da direita.
Isso vale para os destros. Para os canhotos, a posição é inversa. Braços
esticados na altura dos olhos (mas não muito por causa do coice) e mãos fechadas em torno do cabo da arma. O dedo, como recomendado,
só vai ao gatilho quando o alvo está na mira.
Por fim, foi só aguardar o comando do instrutor. “Em guarda
(posição). Enquadrar alça e massa (apontar a arma para o alvo e mirar). Atirador pronto? (pergunta que o instrutor faz para se certificar que o aluno está preparado).
Pista quente! (significa que o disparo já pode ser feito, pois não há obstáculos entre o atirador e o alvo). Fogo. É bala!
Vale ressaltar que a munição utilizada no Clube do Tiro. Atitude é por conta dos associados.
Cada um leva a sua. As armas também. Apenas para os iniciantes, aqueles que não possuem autorização de porte ou posse, é que o clube disponibiliza
o armamento, mas sempre com o auxílio e o acompanhamento de um dos cinco instrutores do clube.
A maioria dos associados é composta por policiais e militares, homens e mulheres que trabalham em rádio patrulhas, BOPE, programas de prevenção
às drogas, delegacias especializadas.
No entanto, também tem muita gente, cidadãos comuns, que frequentam o local em busca de conhecimento para se defenderem da criminalidade.
Um destes pacatos cidadãos é o empresário do ramo imobiliário Marcelo Oliveira de Lima.
“Estou aqui desde o início. Já tenho todas as noções gerais sobre
manuseio e defesa”, disse ele.
Mas, afinal, o que leva um chefe de família a participar de um clube
de tiros? A resposta foi mais rápida que um disparo. “A violência
tá crescendo. Eu preciso defender a mim e a minha família”, pontuou. “Torço para nunca precisar, para nunca ter que usar minha arma. Mas, se precisar, estou preparado”, resumiu.
A segurança no Clube do Tiro Atitude é total. Segundo o próprio Marcelo Porpino, em todo o país não há notícias sobre acidentes ou incidentes nos últimos 50 anos. “Aqui, a segurança é prioridade. Isso eu garanto”, afirmou.
De fato. Até para se aproximar das baias, é preciso seguir à risca uma série de normas e regras.
Tudo para garantir a integridade dos instrutores, dos praticantes e também dos aprendizes.
Placas espalhadas por todos os cantos não deixam ninguém esquecer as obrigações.
Tá tudo escrito: “Trate sua arma como se ela estivesse carregada, mantendo sempre o dedo fora do gatilho e o cano da arma apontado para o chão; Só coloque o dedo no gatilho quando estiver apontando sua arma para o alvo e pronto para atirar; Use sempre óculos de segurança e protetor auricular; Não tome bebidas alcoólicas antes ou durante os tiros; Nunca tente atirar com uma
arma que você não conheça o funcionamento ou manejo da mesma;
Em caso de nega (falha no disparo), mantenha a arma apontada para o alvo e aguarde alguns segundos antes de descarregá-la, evitando exposição com a culatra; Se o tiro for fraco, antes de efetuar outro disparo, descarregue a arma
e verifi que se o cano está obstruído; Nunca atire em objetos no chão, água, rocha ou qualquer superfície onde o projétil possa ricochetear; Atire sempre em direção ao alvo; Em caso de dúvidas, tire o dedo do gatilho, abaixe sua arma e chame o instrutor”.
Tomadas as devidas precauções, o passo seguinte é abrir fogo. Porém, para puxar o gatilho pela primeira vez, o aluno iniciante precisa antes passar
por uma etapa de aprendizado teórico. São aulas que tratam das munições, dos calibres, do manuseio e do carregamento.
E o mais importante: a posição correta para empunhar a arma.
“Aqui eu consegui aperfeiçoar o que aprendi na academia.
Conheci novas técnicas de tiro e de defesa. Adoro”, contou Hélio Martins, soldado lotado no 5º Batalhão da Polícia Militar. Com 11 anos de carreira, o policial disse que só não vai ao clube quando não dá mesmo. “Pelo menos
duas vezes no mês estou aqui, atirando”, acrescentou.
Para Abimael da Cunha Lima, agente do 1º Distrito Policial de Mossoró, não basta ter formação policial para ser um bom atirador.
Segundo ele, o tempo na academia é muito curto. Depois de formado, dificilmente um policial passa por algum curso de reciclagem.
“Por isso a importância do Clube do Tiro Atitude. Estou aqui para aprender. Acabei de me formar como policial civil. Quer saber quantos tiros eu dei? Apenas 20 em quatro meses de capacitação.
É muito pouco. Aqui no clube é diferente. Aqui eu atiro à vontade”, revelou Abimael, acrescentando que só em um dia de treinos no Clube do Tiro ele realiza mais de 50 disparos.
“EM GUARDA. ENQUADRAR alça e massa. Atirador pronto? Pista quente!”. Deu pra entender? Não? Vamos tentar outra vez:
“Em posição. Apontar e mirar. Pronto pra atirar? Fogo!”.
De uma maneira ou de outra, é muito simples o que deseja o instrutor: que o aluno aprenda a manusear uma arma de fogo. E que ele, caso ocorra uma situação de extrema necessidade, saiba como utilizá--la com segurança e presteza.
É este o propósito do Clube do Tiro Atitude, uma associação criada há dois anos pelo advogado e agente Marcelo Porpino, de 45 anos, metade deles
dedicado à Polícia Civil.
“Começamos com um clube exclusivo para policiais civis e militares, um local onde os colegas pudessem treinar e aprimorar as técnicas que aprenderam durante o curso de formação. Agora, além disso, também estamos abertos
para receber qualquer pessoa que queira praticar ou mesmo aprender a atirar, seja para proteção pessoal, familiar, patrimonial ou, para quem preferir, apenas como um exercício esportivo”, explicou Porpino.
O Clube do Tiro Atitude fica no Sítio Recanto Beira Rio, na Rua Luiz Gerônimo da Silva, na praia de Pirangi do Norte.
Abre apenas aos sábados e domingos, das 8h às 11h30. E foi num destes finais de semana que a reportagem encontrou o instrutor, que foi logo dizendo: “Eu tenho muito gosto pela profissão que abracei.
Uma vontade enorme de contribuir com a segurança pública.
Aqui nós fazemos isso”, disse ele, apontando para as baias e pistas onde são efetuados os disparos.
São nestas pistas que o pessoal aproveita, também, para aliviar o estresse do dia a dia. Segundo Porpino, o clube possui hoje mais de 30 associados.
A maioria é de policiais e de militares das forças armadas.
Contudo, como estes já sabem manusear e atiram com certa frequência – seja
nas atividades profissionais ou em treinamentos – a presença no clube durante os finais de semana também serve como válvula de escape.
“Criamos o clube também como um espaço para confraternização, bate-papo, encontro de amigos. O dia a dia de um policial é muito puxado. Por isso, muitos vêm aqui para descarregar os problemas. Atirar alivia as preocupações, desobstrui a mente e depois, pode acreditar, deixa uma sensação de paz e
tranquilidade”, ressaltou.
Paz e tranquilidade. Foi justamente o que sentiu a jovem advogada Nathália Gurgel, de 23 anos. Recentemente aprovada na OAB, ela insistiu para que
seu pai a levasse ao clube. Tiro certo. Mesmo apreensiva e um pouco nervosa, logo ela já estava com uma pistola calibre 380 entre as mãos. No primeiro tiro, medo. Mas foi apenas pelo susto com o barulho. Do segundo disparo em diante, Nathália já mostrava confiança e sorrisos.

“Eu fiquei nervosa, angustiada.
Depois eu relaxei e gostei. É muito legal”, disse ela, ao falar sobre sua primeira experiência com uma arma de fogo.

APONTAR!

CLUBE DO TIRO INSTALADO NA PRAIA DE PIRANGI, ASSOCIAÇÃO REÚNE POLICIAIS E CIVIS QUE QUEREM TREINAR OU APRENDER A USAR UMA ARMA PARA SE DEFENDER DA VIOLÊNCIA

FOGO!

Nathália Gurgel, advogada, teve sua primeira experiência com arma de fogo: “Eu fiquei nervosa, angustiada. Depois eu relaxei e gostei”

ANDERSON BARBOSA
DO NOVO JORNAL

SEGURANÇA GARANTIDA PARA INSTRUTORES E APRENDIZES REPÓRTER EXPERIMENTA PISTOLA PONTO 40 E APROVA PACATOS

CIDADÃOS SE PREVINEM

A VIOLÊNCIA TÁ CRESCENDO.
EU PRECISO DEFENDER A MIM E A MINHA FAMÍLIA”

Marcelo Oliveira de Lima, Empresário

Marcelo Porpino, advogado e agente da Polícia Civil: fundador do clube  Clube do Tiro Atitude reúne cerca de 30 associados nos finais de semana
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Repórter Anderson Barbosa: “A sensação, realmente, é ótima”
FOTOS: MAGNUS NASCIMENTO / NJ (aqui não reproduzidas).

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