sábado, 28 de julho de 2012


(ENTRE PARÊNTESES)
Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

         Cumprindo exigência legal, os Poderes e Órgãos Públicos estão publicando, em nome da transparência, os valores dos ganhos dos seus servidores.
          A medida, ainda que acertada, vem oferecendo distorções nas informações prestadas, haja vista que alcançando ganhos não permanentes, isto é, decorrentes de atrasados, parte do 13º salário e parcelas provisórias, provoca junto à população uma visão equivocada do tema e aos beneficiários uma situação incômoda.
           É fundamental que se observe esses valores a partir de agosto, por exemplo, quando então teremos a certeza dos ganhos reais dos servidores em geral.
          De qualquer forma, a divulgação oferece um quadro de esdrúxula disparidade remuneratória entre  categorias funcionais e o descontrole de servidores cedidos e comissionados.
         Uma coisa, porém, não fica transparente, é o desempenho e a eficiência desses servidores, que nos conceda certeza de que atendem aos reclamos da população, ou mesmo perante os superiores, a real eficiência na prestação dos seus serviços, de forma que os "Chefes" tenham a noção das injustiças cometidas, remunerando-se pessoas que não produzem, sem assiduidade.
         Fui servidor público por mais de 40 anos e sei o drama de ser injustiçado. A minha história contabiliza episódios que me marcaram - um deles quando trabalhava no TRE, do qual pedi exoneração por não suportar tamanha ingratidão. Há cerca de oito anos passados foi no TCE, de onde fui exonerado de uma forma deselegante, em contraste com a atuação desempenhada à frente da Escola de Contas.
         Contudo, também registro o lado positivo dessa labuta, pelo reconhecimento dos meus pares, como aconteceu no próprio TCE, na condição de Auditor concursado e de Procurador do Ministério Público Especial, sobretudo nas gestões dos Professores Múcio Vilar Ribeiro Dantas e Edgar Smith Filho. Também na UFRN, onde trabalhei até a aposentadoria com 35 anos de serviço, onde sempre gozei do prestígio e amizade de colegas, alunos e funcionários e, ainda hoje, quando por lá apareço, sou festejado, apesar de não ter o reconhecimento da cúpula, que não me concedeu o título tão ansiado de "Professor Emérito". Nas outras Universidades, como a UnP e FARN (UNI-RN), sempre fui considerado.
         Não se trata de vaidade, mas qualquer ser humano anseia receber a recompensa por uma vida doada, com dedicação e amor.
        Outra passagem gratificante foi nas diversas missões da OAB/RN, onde atravessei inúmeros mandatos como Conselheiro, sempre mantendo firme os propósitos maiores dessa exemplar Instituição.
        Agora, quando o destino me obriga a um afastamento das lides públicas, por motivo de saúde, ainda tenho a alegria de poder servir, sem recompensa remuneratória, junto ao Órgão dos Advogados, à Liga de Ensino do RN e a diversas instituições culturais, com as quais divido o tempo que me resta.
       Parabéns ao Poder Público por esse novo momento de transparência. Mas é preciso pensar um pouco mais, para informar, também, quanto ao desempenho funcional!  

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