segunda-feira, 20 de agosto de 2012



Por Rafael Duarte, do NOVO JORNAL
A coletiva de imprensa convocada no final da semana passada pelo presidente do América, Alex Padang, foi uma das iniciativas mais patéticas de que se tem notícia neste Rio Grande do Norte. Chorar as pitangas acusando o maior rival e até o Governo do Estado de ter expulsado o América de casa porque a CBF não permite estádios no segundo turno com a capacidade tão reduzida, como é o caso do campo de Goianinha, é um atentado contra a inteligência do cidadão potiguar.
O América não tem lugar para jogar por culpa exclusiva da falta de planejamento das diretorias que vêm se sucedendo no poder do clube. O Machadão sumiu do mapa sem que os cartolas do alvirubro dessem um pio sobre a demolição do maior patrimônio da torcida local desde 1972, mesmo sabendo que, sem o finado ‘Poema de Concreto’, o América teria que se submeter às exigências do ABC ou arrumar muita grana para construir um novo estádio em tempo recorde. Como dinheiro não dá em árvore e o América chegou a uma situação limite, Alex Padang faz o que a maioria dos cartolas brasileiros sabe fazer como ninguém: joga para a torcida.
É muito mais fácil acirrar a rivalidade entre dois clubes cujas diretorias vivem numa eterna briga de vizinhos do que parar para pensar e planejar um clube que vem sendo tratado, tal qual o ABC, de forma amadora pelos dirigentes. Exigir do Governo do Estado ajuda para um clube que cobra que os jogadores lutem dentro de campo mas fora das quatro linhas é incapaz de brigar para manter um teto que desapareceu de forma criminosa do cenário da cidade por um capricho da Fifa é, por baixo, uma incoerência.
O poder público não tem obrigação nem deve dar dinheiro para clube de futebol nenhum do mundo. A timemania, por si só, já é um dos maiores escárnios do esporte nacional aprovado de forma populista pelo ex-presidente Lula. Serviu apenas para dar oxigênio a administrações desastrosas que, diga-se de passagem, não são exclusividades do Rio Grande do Norte.
Onde o governo tinha que investir não investe. O esporte de base, de alto-rendimento, é um deserto. Essa semana, o secretário estadual de Esporte, Joacy Bastos, teve a coragem de dizer à repórter Nardjara Martins, desteNovo Jornal, que o governo tem muitos projetos, mas está esperando o momento certo. É impossível levar um governo desse a sério.
O arquiteto Moacyr Gomes foi incansável no alerta para o que poderia acontecer com os clubes quando o Machadão viesse abaixo. Para não ser injusto, o ex-presidente do América, Jussier Santos, foi outro que berrou contra a forma como se jogou dinheiro público no ralo por aqui. O Machadão, ironicamente, é o fantasma que veio puxar o pé de Alex Padang. O engraçado é descobrir que se o velho e acabado poema de concreto incomodava muita gente, a ausência dele, hoje, incomoda muito mais.

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