segunda-feira, 12 de novembro de 2012


                        MEMÓRIA

            Encho-me de preocupações ao ler o artigo do meu amigo Carlos Roberto de Miranda Gomes sobre a necessidade de salvarmos a memória da cidade do Natal.  Enviei-lhe mensagem eletrônica dizendo que o texto lembrou-me, guardadas as devidas proporções, as palavras do célebre discurso de Winston Churchill, na BBC, quando da queda de Paris, na segunda guerra. ”As notícias da França não são boas”, inicia ele para, em seguida, convocar o povo inglês à luta, afirmando: “Nós lutaremos nas cidades, nas ruas, nos campos, nós nunca nos renderemos”.
Há muito que esse processo irresponsável e negligente vem acontecendo sem que vejamos a menor ação positiva do Poder Público. O quadro agravou-se nesses últimos quatro anos, quando uma estrangeira expatriada do oeste (coadjuvada por maléfico séquito) e uma borboleta ensandecida, ocuparam por total equívoco eleitoral, as chefias dos dois mais importantes cargos públicos do Rio Grande do Norte, o do Governo do Estado, a primeira, e a Prefeitura da Capital, a outra.
Ambas obtiveram seus mandatos por força de espúrios acordos políticos, os mesmos que há muito comandam despudoradamente os destinos da brava gente potiguar, constantemente engrupida por falsas promessas.
A gênese das crisálidas, por seu lado, vinha de uma história falida na iniciativa privada que herdou e a sociedade não observou a inexperiência do seu passado, levando-a á vitória contra Fátima Bezerra. Resultado: Ela transformou a cidade num enorme buraco para castigo de todos. Quanto a descendente das rosáceas de hastes de gelo e sal, abandonou pétalas para oferecer espinhos. Consequentemente: Ela, que é profissional da área deixou, com sua preguiça, que a saúde pública entrasse num colapso dantesco e indesejável; Também que a educação e a cultura se deteriorassem; que o povo do interior, por conta da longa estiagem, cambaleasse de sede e fome sob o sol.
No entanto, um rio de dinheiro corre cercando a decantada Arena das Dunas fruto de indescritível vaidade e da estúpida derrubada do nosso poema de concreto.
E o que nos resta diante desse despautério. Nós que não participamos das indecências, que não acumularemos riqueza em virtude de das manobras desonestas. Nós que somos as notas desse adágio potiguar? Apenas lutar sem jamais pensar na rendição.  


CIRO TAVARES, escritor - Brasília/DF

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