segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Falecido recentemente em Natal, pesquisador e memorialista da cidade de Mossoró, deixa um legado que engrandece a cultura norte-rio-grandense
Por Franklin Jorge l Fragmento do livro “Leituras Potiguares” [inédito]
Patriarca das letras mossoroenses, Raimundo Soares de Brito – Raibrito para os íntimos –, tornou-se ao longo do tempo uma importante referência cultural do Rio Grande do Norte, por seu trabalho de pesquisador e exegeta dos faustos da História, deusa exigente a quem tem servido, recolhendo-lhe a crônica, sem paga e sem descanso, há mais de oitenta anos.
Autor de um texto rico de informações, dourado por seu talento de escritor, não há quem não o conheça em Mossoró, sua segunda e última pátria que o acolheu e prestigiou, dele recebendo, em gratidão, os frutos sumarentos do seu saber todo votado à exaltação dos nossos valores.
É Raibrito, para Mossoró, o mesmo que Cascudo foi para Natal, ou seja, um professor e um mestre a prodigar, generosamente, as s lições de toda uma vida de pesquisa e estudo, em diversos âmbitos do conhecimento. Por isso, ainda em vida, tornaram-se em farol e bússola para muitos, como monumentos imateriais do nosso povo, em especial dos jovens, que se beneficiam dos tesouros que amealharam com sacrifício e dedicação, na paz de suas bibliotecas, sem presunção de paga ou de reconhecimento.
Vivendo modestamente à Rua Historiador Henry Koster –, viajante e escritor inglês que passou por Mossoró em 1810, deixando-nos uma curiosa página sobre o então irrelevante arraial que se transformaria na cidade portentosa de hoje –, enfrenta corajosamente o crepúsculo que coroa toda existência, sem desespero nem queixumes, na plenitude da certeza de que, através do trabalho humilde e criterioso, vencerá a morte.
Assim, no fim da vida, recebeu com indiferença o golpe que lhe desferiu a Petrobrás, paralisando as atividades da Biblioteca Virtual que recebeu o seu nome, num ato impensado dessa empresa que estava apenas interessada em fazer obra de fachada, pois que utilidade terá para a comunidade uma biblioteca a que não temos acesso? Parece ate coisa própria dos governos que, para fingir que estão trabalhando, promovem inaugurações de instituições e projetos que não funcionam, apenas com o intuito de espicaçar a curiosidade da mídia, obtendo, por esse expediente, o aplauso de pessoas desinformadas.
Mossoró e, especialmente os seus jovens, foram duramente atingidos por essa decisão da Petrobras. O fechamento da Biblioteca Virtual Professor Raimundo Soares de Brito sonega aos cidadãos o acesso democrático a uma preciosa fonte de conhecimento, que cria, para a cidade de Mossoró, um diferencial rico de simbolismo, pois evidencia, através do exemplo de vida do homenageado, o valor do trabalho humano. Que, no caso do mestre da Rua Henry Koster, venceu a indiferença e as humilhações que geralmente constituem uma coroa de martírios para esses abnegados.


Nenhum comentário:

Postar um comentário