sábado, 8 de dezembro de 2012

Repassando, Um artigo sobre o qual vale uma reflexão


O silêncio da oposição
Ruy Fabiano - 8 de dezembro de 2012
Tão espantosa quanto a reação do PT à condenação dos mensaleiros pelo STF é a contrapartida da oposição: nenhuma palavra em defesa do Judiciário, acusado (em uma das imputações mais moderadas) de ser um tribunal de exceção.
José Dirceu, que se tornou o mais loquaz condenado da história – e o que encontra mais canais empenhados em reverberar suas palavras – comparou o Supremo ao tribunal da Inquisição.
Insiste em que foi condenado sem provas, muito embora elas tenham sido expostas à exaustão nos julgamentos televisionados. Seria, pois, um condenado político. Uma vítima.
Enquanto o PT anuncia manifestações públicas (que não ocorrem por falta de público), divulga notas agressivas e providência desagravos, a oposição se omite – como, aliás, tem feito ao longo da chamada Era Lula.
Há dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma espantosa entrevista à Folha de S. Paulo, em que procurou justificar essa atitude. Um dos argumentos chega a ser prosaico: a população não teria interesse nesse tipo de assunto.
Ainda que isso fosse verdade – e se fosse revelaria uma anomalia -, caberia aos políticos mostrar o equívoco e dimensionar o que esteve em pauta com o julgamento.
Não se trata de explorar o revés do adversário, ainda que, em política, isso seja legítimo e necessário.
Trata-se de mostrar o dano efetivo que a corrupção provoca na sociedade - e não apenas do ponto de vista contábil, mas sobretudo no que tange à profanação de valores.
Não bastasse, FHC não poupou elogios a José Dirceu, que o STF condenou como o mentor do Mensalão, considerado por diversos ministros não apenas como o maior assalto ao Estado, mas uma tentativa de golpe contra a democracia.
FHC considerou José Dirceu “um quadro”, termo que, na militância de esquerda, designa uma liderança preparada para assumir as maiores responsabilidades. Para FHC, um quadro como Dirceu não deveria ser desperdiçado.
O inusitado dessas declarações faz crer que o ex-presidente, cujo talento e folha de serviços prestados ao país ninguém de boa fé contesta, tem um lado masoquista. José Dirceu jamais o poupou, nem mesmo lhe concedeu o benefício de reconhecê-lo “um quadro”.
Dirceu, goste-se ou não, cumpre, ainda que com implacáveis excessos, o papel de adversário, coisa que FHC e os tucanos parecem desconhecer.
O ex-presidente acha que o PSDB precisa rever seu comportamento, ir ao povo e conceber novas propostas. Até aí, tudo bem. Mas, ao imaginá-las, recai no velho equívoco tucano: o de querer ser mais esquerda do que o PT.
Por aí, não haverá novidades. O campo da esquerda jamais será do PSDB. É do PT e dos minúsculos partidos, como o PSOL, que dele se originaram. O campo que está órfão de representação é exatamente o centro e a ala conservadora.
Quando assim se posicionou, na década de 90, o PSDB, aliado ao PFL e ao PMDB, elegeu por duas vezes, no primeiro turno, o presidente da República – a propósito, o próprio FHC.
Depois da ascensão do PT, o partido tem se empenhado, sem êxito, em rejeitar sua índole moderada e centrista, colhendo os resultados conhecidos.
Não basta se antecipar e lançar um candidato à Presidência para 2014. É preciso entender o seu papel no processo político e reencontrar-se com seu eleitorado centrista.
E aí terá que se libertar da agenda comportamental imposta pelo PT, que não é compartilhada pela maioria do eleitorado brasileiro, conforme atestam numerosas pesquisas.
Mas, enquanto o partido for refém do progressismo e do politicamente correto, não lhe restará outro lugar senão a reboque do PT.
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Colaboração do José Carlos Leite

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