segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


SEXTA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2012


UMA VIAGEM INESQUECÍVEL – Terceira Parte

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI



         . . . Por fim, chegamos ao hotel e após retirada
 a bagagem, fomos à recepção para as providências 
de praxe. Naquela ocasião já sonhando com 
um banho quente que certamente nos traria alguns
 momentos de merecido relaxamento. Passados 
alguns instantes, notamos a ansiedade da 
recepcionista que, não obstante intensa procura, 
não conseguia encontrar nossos vouchers. Mais 
uma vez, fomos tomados pela preocupação. 
Alguns minutos depois, a recepcionista nos 
informava que infelizmente estávamos no hotel 
errado. Ao questionar quanto ao nome do hotel 
que constava em nossos vouchers, descobrimos 
que o taxista havia nos deixado no endereço 
solicitado: Hotel Neruda. Entretanto, para nossa 
surpresa, a reserva havia sido feita para o hotel 
Neruda Express, localizado do outro lado da 
cidade.
         Em nossos rostos, o semblante da 
decepção. A recepcionista muito gentilmente, 
providenciou outro taxi, e finalmente 
conseguimos chegar ao hotel correto. 
     
    














No dia seguinte, saímos pra o único local que, como 
já disse, encontrava-se em pleno funcionamento. 
O Costanera Center, um shopping moderno e 
com muitas lojas, entre elas a famosa 
Falabella, a maior loja de departamento do país. 
Além de se situar próximo ao hotel em que 
estávamos hospedados, sua localização era 
facilitada, pois faz parte do complexo que inclui 
um centro comercial, dois hotéis e 2 torres de 
escritórios. A maior delas, denominada Gran 
Costaneral, que encontra-se em fase de 
acabamento é considerada a mais alta da 
América Latina, com mais de 300 metros 
de alturas e setenta andares, e pode ser vista
de quase toda a cidade.
                                             
















Complexo Costanera
  
      De volta para o hotel, encontramos um barzinho, 
que contrariando todas nossas expectativas, 
encontrava-se funcionando. Aproveitamos para 
“afogar” nossas mágoas com um bom chope 
da marca Cristal, de ótimo sabor e leveza. 
Naquele momento, o bendito barzinho nos 
pareceu, um oásis em pleno deserto de Atacama, 
ou mesmo aquela tábua de salvação do naufrago 
em desespero.

                                         














Deserto de Atacama-Chile

         Após conversas amenas e algumas incertezas 
quanto ao dia seguinte, solicitei ao simpático 
garçom que nos atendia, a “dolorosa”, 
que também é utilizada naquele país. Em seguida, 
dirigi-me ao caixa onde pretendia pagar a conta, 
utilizaria cartão de crédito. Ao receber a nota para 
pagamento, notei que ele havia me entregue dois
papeis. Verificando um deles, tive um susto! 
Estava escrito em grandes letras PROPINA. 
Imediatamente pensei! Será que voltei para o 
Brasil e não percebi? Ou será que foram as 
canecas de chope avidamente consumidas que 
me deixaram aturdido? Mas eu não havia bebido 
tanto assim. Lembrei que alguém havia dito 
que o álcool consumido a grandes altitude, 
potencializa o seu efeito. Como a cidade de 
Santiago fica a 576 metros, acima do nível 
do mar, seria uma explicação razoável. 
Enquanto me questionava com aquele papel
 na mão, o garçom se apressa em informar:
Señhor, isso é a taxa de serviço. 
Então, aliviado, percebi que ainda 
continuava no Chile e que a tal PROPINA,
 tão praticada em nosso Brasil, era apenas 
o nome usado pelos chilenos, para definir
taxa de serviço.

                                        














Restaurante do Hotel Neruda Express

        No outro dia, tomávamos o café da manhã 
quando notei que minha esposa esmerava-se em 
gestos,  na tentativa de fazer o garçom entender 
o que ela procurava em meio à diversidade de 
guloseimas dispostas na mesa do restaurante. 
A procura era por um simples saquinho de chá. 
Após alguns trejeitos, contudo sem obter sucesso,
 eis que surge uma brasileira, que estava no 
restaurante, e  acompanhava de sua mesa, todo 
o esforço de minha esposa, na tentativa de se 
fazer entender. Logo a acode com seus 
conhecimentos lingüísticos e lhe explica a 
pronuncia correta. 
No espanhol o “ch” se pronuncia “tche”. 
Impasse resolvido, mais um conhecimento 
que lhe foi útil quando desembarcou na Argentina.

                                                















Maurício - o guia

    A intervenção dessa mineira de Uberlândia, que 
estava acompanhada de mais três outras amigas 
em viagem de turismo, terminou por nos prestou 
uma grande ajuda. Com a continuação da 
conversa e as devidas apresentações, ela nos 
informa que havia contratado, quando ainda 
estava no Brasil, um guia turístico que fora 
recomendado por outras amigas, que 
utilizaram seus serviços quando estiveram 
em Santiago. Foram muito bem atendidas e 
por esse motivo o recomendara. Foi então que 
conhecemos o Maurício, um simpático chileno, 
proprietário de uma van, que há vários anos 
trabalha por conta própria, como guia turístico. 
O mais importante é que era de total confiança.

                                    














Estrada para a comuna de Pirque

    Acertamos com ele, para o dia seguinte, já que 
as amigas embarcariam de volta ao Brasil naquela 
madrugada, uma visita a vinícola Concha y Toro,
um dos passeios mais solicitados pelos turistas 
em visita aquele país. No dia seguinte após o café 
da manhã, desta feita sem nenhum atropelo 
quanto à solicitação do chá, partimos para 
o passeio. O caminho que nos leva até a 
vinícola é muito interessante. Primeiro tivemos 
a oportunidade de conhecer as “comunas”,
mais pobres de Santiago.      

                                                   













Comuna de Pirque
     Quando saímos dessa área, o cenário mudou 
radicalmente. A todo instante nos deparamos com
 belíssimas paisagens que se sucedem durante 
todo o percurso. Após 45 minutos de viagem, 
chegamos em Pirque, uma “comuna”- como são 
denominados os bairros naquele país -, situada 
na região metropolitana de Santiago, no Valle 
del Maipo, residência da família Concha y Toro.
hoje é a maior companhia vinícola do Chile.  
Foi nesta localidade que se deu a redescoberta 
da uva Carménère, originária da região de 
Bordéus, França, considerada extinta nos 
parreirais europeus, dizimados por praga. 
Sua condição de sanidade no Chile, onde hoje é 
exclusividade, deveu-se a situação geográfica 
do país, cercado por cordilheiras e o oceano 
pacífico.

                                     















Entrada da vinícola Concha Y Toro 

       Durante a visita, fomos acompanhados por 
uma guia, que primeiro nos conduz a uma reserva 
florestal de propriedade da vinícola e em 
seguida aos parreirais onde tivemos a oportunidade 
de ver as uvas ainda em formação. A guia nos 
explicava em um “portunhol” bastante compreensivo,
todo o processo de confecção do vinho, desde o
 plantio das parreiras, que inclusive tivemos a 
oportunidade de caminhar entre elas, até o seu
 armazenamento nas grandes adegas.
         Após o esmagamento das uvas, a 
fermentação é feita em tanques de inox com 
remontagens regulares para conseguir a melhor 
cor, taninos e extração. A maturação é feito em 
pipas de carvalho americano ou francês, de acordo 
com o tipo de vinho que se deseja envelhecer. 
O Cabernet Sauvignon, por exemplo, 
descansa e amadurece por um período de oito
 a doze meses nos famosos tonéis de carvalho francês.

                                            















Adega - Concha Y Toro 

       Por ocasião da visita ao porão da adega, em
 meio a milhares de barris, dispostas sistematicamente 
lado a lado, em dado momento o visitante é
surpreendido com uma pequena história teatralizada,
no mais autêntico estilo fantasmagórico, da origem 
do vinho Casillero del Diabolo.

                                                      















Adega

   Após deixar o ambiente totalmente escuro, 
imagens são projetadas em um canto da adega. 
Acompanhadas de sons estereofônicos, uma 
gravação narra ao estilo, Mister M, personagem 
narrado por Cid Moreira, a lenda desse famoso 
vinho. A altura do som propagada naquele 
ambiente escuro e fechado foi capaz de assustar 
incautas senhoras.
(continua na próxima sexta-feira)

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