sábado, 8 de setembro de 2012




AO AMIGO FRANKLIN, COM CARINHO

           Com pequena estatura e extremada timidez, emerge no mundo das letras o talentoso sexagenário FRANKLIN JORGE.

              De berço fornido nas terras dos verdes canaviais, percorreu por estradas diversificadas neste torrão potiguar e se alongou pelas plagas do norte e centro do Brasil, espalhando a sua verve e a sua inspiração, com a firmeza que marca o seu caminho no mundo intelectual.

              Dizem que é um escritor polêmico e, às vezes, incompreendido. Realmente não sei, pois meu relacionamento com ele sempre foi muito cordial e afetivo e aprecio o seu estilo.

              Mesmo sem gozar da intimidade de Franklin, guardo dele boas referências e me regozijo com os seus sessenta anos de existência.

             Creio que, no momento, ele repousa em seu “nirvana”, ao lado dos seus gatinhos, livros, quadros e recordações, num condomínio aconchegante, que no passado conheci recoberto de árvores frondosas (Vila dos Espanhóis).

               Não é do meu costume, laudatórios sobre pessoas, mas sem constrangimento, apresento a você os parabéns de quem goza dos favores de Deus, com o excedente da idade bíblica.

           Chegou a hora de publicar os seus muitos e excelentes escritos e mostrar à sociedade norte-rio-grandense que continuamos a honrar as tradições que nos legaram os Antunes, Edgar Barbosa e Nilo Pereira. Não dá mais para esperar!

Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

sexta-feira, 7 de setembro de 2012


D I A    D A    P Á T R I A
História da Independência do Brasil - pintura, quadro de Pedro Américo
Independência ou Morte!
do pintor paraibano Pedro Américo(óleo sobre tela, 1888).
Dia da Independência do Brasil é chamado o Dia da Pátria, porque corresponde ao momento em que nos libertamos do jugo de Portugal - 7 de Setembro de 1822, mercê de um processo que culminou com a emancipação política do território brasileiro do Reino Unido de Portugal e Algarves (1815-1822).
Na condição de colônia portuguesa, sofríamos as pressões da Coroa, sugando nossas riquezas e negando nossos direitos básicos.
Antecedentes se inclinavam para um desfecho, posto que a situação do Brasil continuava indefinida até o ano de 1821, eis que no início desse ano chegavam ao Rio de Janeiro decretos de Portugal que determinavam a abolição da Regência e o imediato regresso de D. Pedro à terra-mãe e sua obediência aos proclames de Lisboa e a extinção dos Tribunais do Rio de Janeiro. O Príncipe Regente, inicialmente, estava tendente a atender o “apelo”, mas a inquietação dos brasileiros e a ação dos partidos políticos sensibilizaram D.Pedro a ficar no Brasil e a meditar sobre a independência.
“A decisão do príncipe de desafiar as Cortes decorreu de um amplo movimento, no qual se destacou José Bonifácio. Membro do governo provisório de São Paulo, escrevera em 24 de dezembro de 1821 uma carta a D. Pedro, na qual criticava a decisão das Cortes de Lisboa e chamava a atenção para o papel reservado ao Príncipe na crise. D. Pedro divulgou a carta, publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 8 de janeiro de 1822 com grande repercussão. Dez dias depois, chegou ao Rio uma comitiva paulista, integrada pelo próprio José Bonifácio, para entregar ao Príncipe a representação paulista. No mesmo dia, D. Pedro nomeou José Bonifácio ministro do Reino e dos Estrangeiros, cargo de forte significado simbólico: pela primeira vez na História o cargo era ocupado por um brasileiro.
No Rio de Janeiro também havia sido elaborada uma representação (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanência de D. Pedro de Alcântara no Brasil. O documento foi entregue ao Príncipe a 9 de janeiro de 1822 pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil, pronunciando a célebre frase "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!". O episódio tornou-se conhecido como "Dia do Fico".
Com a persistência das pressões, no dia 7 de setembro, ao retornar de Santos, diante de riacho chamado Ipiranga, o Príncipe recebia uma carta com ordens expressas do seu pai para que retornasse a Portugal. Outras duas cartas acompanhavam o emissário, uma de José Bonifácio, que aconselhava o rompimento dos laços com Portugal e a outra de sua esposa Maria Leopoldina, dando apoio às ponderações do Ministro e advertindo: "O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece".
Indignado com tal situação, o regente D. Pedro, que já iniciara uma série de atitudes de protesto, comportamento que causou desagrado a Portugal e,em represália ampliou as exigências aos brasileiros, atingira o seu ponto de tolerância,  rompido com a Corte Portuguesa, bradando:  “Independência ou Morte”, o chamado grito de Ipiranga, rompendo os laços de subordinação e expulsando das nossas terras as tropas portuguesas.
Nasce o Império do Brasil, tendo à frente D. Pedro I, tornando o nosso país uma monarquia, com o reconhecimento de outros países, como o México e os Estados Unidos.
No dia 12 de outubro o Príncipe foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1º de dezembro na Capital do Brasil..




Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade,
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil,
Houve mão mais poderosa,
Zombou deles o Brasil;
Houve mão mais poderosa
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil;
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Parabéns, ó brasileiros!
Já, com garbo varonil.
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil;
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.



Hino da Independência do Brasil
Letra: Evaristo Ferreira da Veiga
Música: D, Pedro I

quinta-feira, 6 de setembro de 2012


UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL


         



     













      Recebi, através da imprensa, a informação que nesse pleito teremos a oportunidade de escolher candidatos ainda não contaminados pelos vícios da política. Pessoas que podem apresentar um 

currículo de prestação de serviços à comunidade, com tempo suficiente para se dedicar totalmente 
às atividades parlamentares, curso superior, com 
boa situação financeira, fato esse de muita relevância, pois diminui o risco de cair em tentação 
e, principalmente, poder apresentar aos eleitores 
sua FICHA LIMPA, componente tão sonhado 
pelos cidadãos de bem deste país.

         O ideal seria que o cidadão quando se 
lançasse a um cargo eletivo, por um determinado partido político, procurasse, em primeiro lugar, conhecer e se identificar com ideologia do partido escolhido.

     Os dogmas partidários, ultimamente sempre relegados, consistem num conjunto de orientações políticas que o partido define por ocasião de sua fundação, que o torna de esquerda, de centro ou de direita. Essas idéias podem mudar de acordo com
o crescimento do próprio partido, decorrente de mudanças no contexto social.

       A ideologia dos partidos políticos em nosso país resume-se a um simples calhamaço de papéis, que
na maioria das vezes não é de conhecimento nem de seus dirigentes, tampouco dos seus filiados.

         E com a incrível quantidade de 30 partidos políticos atualmente existentes em nosso país, em 
sua maioria, “de aluguel”, a ideologia partidária 
transforma-se em um verdadeiro samba do crioulo doido.

    Os partidos menores tentam pegar carona se filiando a uma orientação política, que no meio de tantas legendas, terminam por não se definirem se, 
de centro, de direita ou de esquerda, o que para eles, não tem a menor importância, uma vez que as legendas são meras manifestações de interesse pessoais.

       Nos programas eleitorais apresentados, principalmente os televisivos, quase nada se aproveita como informação ou mesmo orientação 
verdadeira  lavagem de roupa suja recheada de acusações de corrupção, peculato, mau uso do dinheiro público, demonstrando que aqueles que 
lá estiveram exercendo seus mandatos foram maus administradores. Mesmo assim fazem de tudo para ludibriar a população, na pretensão de poder retornar. Para isso, os candidatos contam com 
a inegável famigerada falta de memória da população. E, pasmem, para justificar e conquistar 
a admiração do eleitor, costumam exibir, como principal troféu aos apáticos (INACAUTOS) eleitores, apenas uma administração pior que a 
sua, como se esse comparativo lhe credenciasse a novamente exercer o cargo, naquela velha máxima que diz:ruim por ruim, votem em mim.

     Além do mais, o que costumamos ver no horário eleitoral gratuito em sua maioria se assemelha a 
um espetáculo de circo mambembe. Os nomes acompanhados de apelidos grotescos dão o tom 
dos pretensos administradores.  Fulano do pão 
doce; cicrano borracheiro; beltrano prestanista, e assim por diante. Um absurdo!

     Portanto, se pretendemos mudanças no país, essas mudanças passam, inevitavelmente, pela política. Como não conseguimos mudar os políticos, vamos tentar mudar o sistema, elegendo pessoas descomprometidas e descontaminadas dos vícios que impregnam o nosso atual sistema político.

     Tenho esperança que num futuro próximo, 
nossas cidades sejam administradas por pessoas 
em condições de exercerem, na íntegra, as obrigações para as quais foram eleitas. Sem corporativismo, sem negociatas, sem troca de 
favores, enfim, respeitando aqueles que lhes confiaram o mandato.

        Nossa sociedade não precisa de políticos profissionais. Precisamos, sim, de homens de boa vontade que queiram lutar pela melhoria de seus concidadãos tornando a sociedade mais justa e igualitária.

       Atualmente, nosso sistema político assemelha-se ao passado sombrio ocorrido na Grécia Antiga quando, a sociedade ateniense padecia da total corrupção dos costumes. Fazia-se mister providências urgentes para salvar aquela alquebrada sociedade. Em discussão acalorada dos anciãos em busca de uma solução, surge a figura de Parrásio,(400 anos a.C.) que sacando das pregas da toga uma maçã podre, a esmaga contra o polido chão de mármore. E, à interrogação que se lia em todos os olhares, respondeu: a maçã está podre, porém boa estão as sementes. Cuidemos da juventude.

       Portanto, enquanto esperamos que se forme 
uma juventude livre da contaminação e dos maus costumes que assola de maneira avassaladora a nossa célula social, procuremos votar com responsabilidade, pois não temos o direito de continuar errando em nossas escolhas.

       Utopia? Devaneio? Talvez. Mas, o que seria de nós, pobres eleitores, constantemente ludibriados pelos falsos salvadores da pátria, se não tivéssemos, pelo menos, o simples direito de sonhar?

        A democracia talvez não seja o melhor dos sistemas políticos, porém nos permite, de tempos 
em tempos, continuar escolhendo nossos 
administradores, na eterna procura de homens honrados para dirigir com altivez e competência o nosso amado país.

Natal/RN setembro 2012.


      

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

VERNISSAGE DE NEWTON AVELINO

Tive a satisfação de visitar a vernissage 
"TRAÇOS E CORES" 
nos pincéis de Newton Avelino.

             
             O evento teve início no dia 04 de setembro e vai até o dia 7, no horário de 19 às 22 horas, no belíssimo prédio restaurado do IFRN (antiga Escola Industrial de Natal), localizada na Avenida Rio Branco, 743 - Cidade Alta, na sua Galeria de Arte.

       Coordenadoria: Mára Beatriz Pucci e Sonia Maria Ferreira da Silva Avolio.


          Newton Avelino é um artista de extraordinário valor, ainda não reconhecido como deveria, embora já consagrado fora do Estado.


          Esse artista é possuidor de um traço inconfundível, de qualidade indiscutível, que está a merecer a atenção dos apreciadores da boa arte dos pincéis, como já ocorreu com outros grandes artistas da terra, a exemplo de Newton Navarro, no passado, e Dorian Gray, ainda em atividade.

           Nosso Poder Público é devedor de apoio a esse e outros abnegados pintores, que a par da sua arte marcante, desenvolvem temas ligados aos costumes e paisagens do torrão potiguar.

PRESTIGIEM ESSE ARTISTA! COM CERTEZA VOCÊS VÃO SE SURPREENDER COM A BELEZA DAS SUAS TELAS. 


terça-feira, 4 de setembro de 2012

HOJE

Foto do perfil 


"TRAÇOS E CORES" 
nos pincéis de Newton Avelino

Vernissage: dia 04 de setembrode 2012, às 19 horas

Período: de 04 de setembro a 7 de outubro de 2012
Local: Galeria de Arte do Campus do IFRN - Natal Cidade Alta, Avenida Rio Branco, 743, Cidade Alta, Natal, Rio Grande do Norte 
Curadoria: Mára Beatriz Pucci de Mattos e Jonathan Francioli
Produção Cultural: Jocasta Andrade e Sonia Maria Ferreira da Silva Avolio


segunda-feira, 3 de setembro de 2012





JORNAL DE FRANKLIN JORGE | Diógenes e o Baobá

FRANKLIN JORGE
Jornalista
▶ franklinjorge@yahoo.com.br
Há pouco, visitando um velho e querido amigo na Rua São José, a pouca distância do “Baobá do Poeta” – a magna criação do poeta Diógenes Cunha Lima -, fiquei pensando quanto tenho em comum com o próprio. Ambos temos sido vitimas de preconceito: ele, por sua ostensiva e incontrolável vaidade; eu, por minha incapacidade de quedar-me, numa cocheira, como vaquinha de presépio, sem ter opinião nem a liberdade de expressar-me mesmo contra meus interesses, mas de acordo com minhas ideias.
Diógenes, por sua diligencia em fazer-se notar, às vezes de uma maneira que foge ao lugar comum, como engarrafar o ar de Natal – considerado o mais puro do Brasil – ou propor a uma gestão municipal enfadada e inócua uma audição de Pavarotti no Forte dos Reis Magos, a céu aberto e entre as ondas, comemorativa dos 400 anos da cidade onde todos são poetas e carregam reis na barriga, ou, ainda, transformar a humilde xanana que dá em qualquer beiço de caminho em símbolo de alguma coisa que neste momento não lembro mais o que seria, tantas coisas tem inventado o poeta em seu afã de contribuir para a cultura do nosso povo.
O baobá que me inspirou essa crônica está em desuso, ou seja, a área que o circunda e que poderia tornar-se um lugar de convívio e interação cultural, com banquinhos e talvez uma fonte e uma sala multifuncional, servindo à difusão da leitura ou a realização de oficinas de arte e literatura. Esse gesto de Diógenes, adquirindo o terreno encravado numa área nobre da cidade e cercando-o, para proteção da venerável espécie vegetal, revela, antes de mais nada, o homem sensível ao prodígio da natureza e trai assim o grande sonhador que veio de Nova Cruz. Só o fato de salvá-lo da morte certa, já credencia Diógenes ao reconhecimento público, no que somos lerdos, pois temos a cultura do reconhecimento só depois da morte. O Baobá da Rua São Jose, em Lagoa Seca, é um milagre e um presente de Diógenes para Natal.
A começar por mim, que nunca tinha pensado nisso, embora passando tantas vezes ali diante do Baobá que é um dos numes tutelares da cidade, jamais havia me ocorrido pensar sobre essa inusitada doação de Diógenes. Seu exemplo é admirável e, em se tratando do nosso combalido Rio Grande do Norte (o que inclui Natal), onde faltam as grandezas individuais, a generosidade e a consciência de que somos indiferentes ou refratários a tudo que não diga respeito aos nossos mais comezinhos e vulgares interesses pessoais. De fato, nunca havia pensado como pensei recentemente, em Diógenes, como um benfeitor de Natal.
Tendo ocupado tantos cargos importantes (secretário de governo, professor, reitor, presidente da Academia de Letras…), não terá feito o que esperávamos de alguém cheio de ideias e tão arrojado. Mas, salvou nosso único baobá da morte certa. Sua presidência da ANRL, há mais de vinte anos, por exemplo. Um espaço nobre de Natal, praticamente sem serventia, mas ainda de pé e que está se tornado aos poucos num centro de convivência dos que aqui produzem literatura. Vários grupos se reúnem lá, atualmente. Mas a Academia, mesma, é anódina. Não tem vida própria. Outro exemplo, a UFRN: não há nenhuma obra marcante com a grife de Diógenes; nem mesmo a literatura que ele nos quer fazer crer que ama, dele não mereceu nenhum incentivo. Não ha, da sua gestão como reitor, nenhuma publicação relevante. Nenhuma ação que contribuísse para a difusão da produção literária de qualidade, como já costumava fazer na época do seu reitorado a Universidade Federal da Paraíba, publicando todos os meses um livro de autor que não pertencesse ao mundo acadêmico. A pretexto de, assim fazendo, contribuir para o engrandecimento da literatura produzida no vizinho estado.
Contudo, há de salvá-lo essa doação – a doação do venerável baobá à cidade e ao povo de Natal. É, de fato, esse gesto inusitado e generoso, rico de significados, a sua grande obra. O legado de Diógenes à posteridade.
Devia tornar-se, agora, em um monumento vivo, o baobá que nos restou. Num lugar de convivência dos natalenses, numa cidade cujos governantes – dizia Cascudo – tem se revelado, sistematicamente, inimigos das árvores. Falta-lhe um projeto de urbanização e seu aproveitamento em equipamento cultural vivo e dinâmico.

CORA CORALINA e "O OURO DE GOIÁS"
POSTADO POR O SANTO OFÍCIO | SETEMBRO 1, 2012

Por Carlos Lúcio Gontijo
Há um ditado filosófico que diz que “um homem com um relógio sabe que horas são, mas um homem com dois relógios nunca tem certeza”. Seria como servir a dois senhores ou a Deus e ao diabo num só instante. É exatamente assim que vivem e se sentem as pessoas nos dias de hoje, quando a quantidade de informação é tão volumosa que elas não têm condições de apreender, decodificar ou processar escolhas com segurança, uma vez que o cérebro humano permanece escravo da experimentação e incapaz de atender ao imediatismo exigido pelos tempos modernos. Daí a sensação de insatisfação generalizada, os transtornos psicoemocionais, as pílulas antidepressivas e os divãs, sobre os quais nos jogamos impotentemente frágeis e fracos, aos cuidados de profissionais tão inseguros quanto os pacientes, pois também se acham integrados a esta época de virtualidades cada vez mais reais que a própria realidade.
Nem mesmo a literatura, na qual nos confessamos mergulhados há tantos anos, escapa da cobrança de sucesso no formato fast-food, apesar de toda obra literária e artística ser apenas semente, que na maioria das vezes é dependente da análise dos olhos do futuro, que a Deus pertence. Prova disso pode ser detectada na biografia de muita gente famosa: o pintor holandês Vicente van Gogh nunca vendeu um único quadro durante toda a sua trajetória de vida; o grande poeta português Fernando Pessoa era obrigado a trabalhar em diversas firmas comerciais de Lisboa para sobreviver.
As coisas no Brasil andam complicadas, com o partidarismo político, o preconceito, a intolerância, a desabrida opção pelo grotesco, o individualismo exacerbado e toda a espécie de radicalismo predominando nas instituições, nas entidades, na grande mídia e na indispensável convivência social, que marcada pela violência vem sendo substituída pelas salas de bate-papo na internet, como se tivéssemos medo do contato pessoal, do olho no olho.
Não cremos, desprovidos de sugestões e receitas ideológicas do passado, na possibilidade de podermos resolver tudo através do voto, dentro de um processo democrático caro o suficiente para gerar compromissos e comprometimentos inconfessáveis entre candidatos e financiadores de campanhas eleitorais. E como no capitalismo quem paga tem o comando, não há qualquer indicativo de mudanças profundas advindas do encaminhamento democrático da busca de soluções.
Recentemente, lançamos o nosso 14º livro, o romance “Quando a vez é do mar” e nos deparamos com problemas que somente se fizeram aumentar no decorrer dos últimos anos, mais precisamente desde 1977, quando publicamos o nosso primeiro livro. O lado intrigante da questão é que pessoas que quase nada leem e gente que se nos apresenta como escritor sem livros editados costumam nos indagar sobre exemplares comercializados, como se na literatura a qualidade de uma obra pudesse ser medida pelo número de exemplares vendidos, como ocorre em “lojas de 1,99”.
Descobrimos com o tempo (sempre o senhor da razão) que sem o dom verdadeiro sequer a farta disponibilidade de recursos leva escritor ou poeta a editar livro independente. Conheci juiz de Direito federal que nunca ousou aplicar seu dinheiro em obra de poesia (benfeita, diga-se de passagem) que mantinha guardada na gaveta empoeirada, pois jamais se deixou guiar pela luz maior que lhe iluminava os versos, permanecendo a vida toda prisioneiro da razão.
Recebemos pelo correio o excelente livro “O Ouro de Goiás”, do jornalista, escritor e poeta Franklin Jorge, no qual encontramos elucidativo e bem escrito texto sobre a poetisa Cora Coralina, do qual destacamos os dois últimos parágrafos, usando-os para terminar este artigo:
“Embora tenha se exprimido majoritariamente em versos, Cora Coralina não gostava de ser incluída entre as poetisas. Talvez temesse ser confundida com aquelas mulheres literatas que lançam suas efusões íntimas sobre o papel sem nenhum outro compromisso com a escrita, a não ser o de promover o sacrifício de árvores em prol duma vaidade incontentável. Certamente, Cora temia ser confundida com elas e, em consequência dessa promiscuidade, desvalorizada em sua essência poética. Preferia explicar o seu livro à sua maneira: Versos… Não/ Poesia… Não/ Um modo diferente de contar velhas estórias.”
E continua Franklin Jorge: “No fim da vida, cercada de glória, Cora Coralina fazia doces para sobreviver. Porém, mais do que qualquer político ou administrador, deve-lhe Goiás páginas imortais e aquele brilho que não é negociável e que distingue o verdadeiro artista, que não depende dos favores de ninguém e só conta, de fato, com o tempo que redimensiona tudo. Por isso, é que se diz que todo grande artista é póstumo”.
.Carlos Lúcio Gontijo é Poeta, escritor e jornalista
www.carlosluciogontijo.jor.br




Memorial flutuante ! Aqui está ele! O navio feito com aço do World Trade Center.


Foi construído com 24 toneladas de fragmentos de aço do World Trade Center .

Este é o 5º numa nova classe de navios de guerra - projetados para missões que incluem operações especiais contra terroristas. Carregará uma tripulação de 360 marinheiros e 700 marines combatentes prontos para sair e atuar através de helicópteros e embarcações de ataque.
O aço do World Trade Center foi derretido numa fundição em Amite, Los Angeles para moldar a parte curva do navio. Quando o aço derretido foi derramado nos moldes em 9 de setembro de 2003, "aqueles trabalhadores grandes e rústicos do aço trataram aquilo com total reverência", recordou o capitão da Marinha, Kevin Wensing, que estava lá. ' Foi um momento espiritual para todos lá. '

Junior Chavers, o gerente de operações da fundição, disse que assim que o aço do trade center chegou, ele o tocou com sua mão e "o cabelo da minha nuca se arrepiou". "Aquilo tinha um grande significado para todos nós" ele disse. " Eles nos golpearam. Eles não podem nos manter por baixo. Nós vamos voltar."
O lema do navio? Nunca Esqueceremos! 

__________________
Colaboração de Joventina Simões

domingo, 2 de setembro de 2012

VARIAÇÕES DE TEMAS EM FORMA DE POESIA

P O E M A   D A    G A R E  DE   
A R T E P O V O

Mário Quintana

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astropovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ... e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Este irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A Morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega  pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz : ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos de infância!



falso-profeta

"Mentiras"

Passei o tempo mentindo
menti que não sofria 
menti até que vivia
menti que não morria

E quando descobri a verdade

Menti que não te amava 
menti que não tinha saudade

(
Maia Pinto)




O TEMPO DE DEUS
A D. Nivaldo Monte, in memoriam

Eis o tempo que me resta:
nenhum.

A noite faz de minha voz
uma ilusão.

Mas há a Vossa eternidade
e nela, perene, caminho.

(Horácio PaivaDo Livro 
"Canto da Quase Aurora").



VIDA
Carlos Gomes para Félix Contreras


Profunda, quase abissal,

infinita, quase eterna,

alegre ou aflita.

Começa e, paradoxalmente,

em átimo de tempo, termina.

Retorna?

Mistério profundo, 

quase abissal!



 "Carta a Los Hijos"

 (Carta aos Filhos/Poema: Félix Contreras).
 Tradução: Horário Paiva

"Escrevo-lhes, filhos,
 para que não afastem de mim
 tão depressa a infância que lhes dei.
 Preciosos hóspedes de minhas manhãs, venham todos os dias
 aos recantos paternos de

 minha alma
 e às esquecidas venturas.
 Eu, que fui criança agonizando
 diante da aurora,
 eu, o filho
 daquele pai senhor da angústia.
Filhos que apartam o sal das feridas,
 sigam enchendo de alegria
 este coração de sonhos."