quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


CARTAS DE COTOVELO – 2013.6
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

E MUDOU ALGUMA COISA?

De uma só tirada li o livro “VERDADEIRO – a história do PSD potiguar”, do estimado médico e amigo Lauro Bezerra, que já transitou pelas lides políticas do nosso Estado e testemunhou fatos marcantes e pessoas notáveis.
Ao traçar o caminho do Partido Social Democrático, desde o seu nascedouro em 17 de julho de 1945, a nível nacional, no embalo da redemocratização do Brasil, até a sua extinção com o Ato Institucional nº 2, de 26 de outubro de 1965, resgata a biografia de personagens já esquecidas, mas que deixaram um legado para a nossa história.
Manteve-se no apogeu, elegendo dois Presidentes da República – o General Eurico Gaspar Dutra e o médico Juscelino Kubitschek, em 1945 e 1955, respectivamente, participando do segundo governo Vargas (1951-1954) e elegendo Tancredo Neves como Primeiro Ministro do efêmero Governo parlamentarista.
Suas origens ideológicas pendiam para características conservadoras, pragmáticas e realistas, congregando o clientelismo dos antigos interventores getulistas do Estado Novo, conciliando com os interesses das elites rurais e da burguesia industrial.
Registra os eventuais ressurgimentos da legenda, como aconteceu em 1987, no período de transição do regime militar para o civil, onde foi registrado com o nº 41, mas sem expressão e a terceira investida em 2011, com o nº 55, ainda em fase de formatação.
Em nosso Estado foi criado em 23 de maio de 1945, tendo em João Severiano da Câmara o seu expoente maior, embora por prazo diminuto, haja vista o seu prematuro falecimento, quando era apontado como o futuro governador.
As narrativas do autor me trouxeram lembranças vividas no seio da família, pois “Vanvão” era casado com Dona Maria, irmã mais velha de papai e, tempos depois, com Jessé Freire, casado com minha tia Elza Miranda.
Lembro-me da acirrada campanha que levou Aluízio Alves ao Palácio Potengi, em 1960, o qual foi logo trocado para Palácio da Esperança e, em que pese ter realizado uma gestão de grandes progressos, mas, igualmente, plantou uma semente de discórdia e radicalismo, que fez vítimas, uma das quais um cunhado meu, que era declaradamente  “Dinartista”.
O governador AA empolgava o eleitorado menos esclarecido, cognominado pejorativamente de “gentinha”, utilizando-se de uma dialética populista.
Na campanha eleitoral de 1962 dela se utilizou para promover um estado de tensão política, anunciando uma possível “brejeira” no resultado do pleito, caso não houvesse  a garantia de força federal, providência algumas vezes reivindicadas pelo TRE-RN e não respondida pelo TSE ao ponto de o Tribunal Regional, com o parecer do Procurador Manoel Varela de Albuquerque, ter determinado a suspensão das eleições no RN, oportunidade em que foi interpelado pelo Presidente do TSE sobre o assunto, sendo mantido o seguinte diálogo:
“Senhor Presidente, é verdade que o TRE suspendeu as eleições no RN? Sim, Excelência! Por que? Pela falta de resposta ao nosso pedido de força federal. Mas o General Muricy informou que o Governador do Estado tem condições de garantir o pleito! Senhor Ministro, neste exato momento, em frente ao Palácio da Esperança está sendo realizado um Comício e o Governador aponta para este Tribunal, que fica ao lado, afirmando que ele não quer tropa federal para admitir uma fraude eleitoral.” Termina o diálogo, tendo como conseqüência o chamamento da autoridade militar a Recife, assumindo em seu lugar o Ten-Cel. Rolindino Manso Maciel que determinou o deslocamento da tropa para o interior.
Registre-se que por medida de segurança, houve a determinação para que todas as cédulas fossem autenticadas pelos juízes eleitorais e o pleito transcorreu dentro da normalidade e o fogo foi apagado, mas não a história!

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