domingo, 20 de janeiro de 2013

NOSSA HOMENAGEM


A Academia Pernambucana de Letras escolheu o livro Anêmonas, de autoria de CIRO JOSÉ TAVARES, como o vencedor do prêmio EDMIR DOMINGUES DE POESIA, VERSÃO 2012.


ANTES QUE JANEIRO TERMINE


                      CANTIGA DE AMOR
                                Ciro José Tavares

            Ouço na noturna quietude do teu quarto
            a cantiga monocórdica da chuva nas vidraças.
            Aconchego-me na doçura dos teus braços,
             aspiro o néctar da pele  evolando-se,
             enquanto lábios modelados pelas sagradas mãos de Atena,
            ardentes de paixão vagueiam no meu rosto.
            Aos poucos meus dedos avançam nos mamilos
            dilatados dos teus seios, gemes de prazer,
            estertorante  pedes que eu  decifre a esfinge
            sedenta  escondida abaixo do teu ventre.
            Quero-te, lua de minhas noites sem ninguém,
            alongada acima do abandono do meu corpo,
            nua por inteiro transpirando fogo.
            Exauridos repousamos no silêncio da penumbra,
            foram para longe os cúmulos errantes,
            estão extintas as chamas da lareira,
            espaços invadidos por crepuscular sombrio.
             Aqui nós dois na lavada meia- luz deste vazio
            Cobertos pelo que restou. Além desta cantiga
            as cinzas do amor de Adônis e Afrodite.
                  
            CHILDE HAROLD’S PILGRIMAGE
                                   George Gordon Byron

CANTO III ESTROFE 22

Did ye not hear it? – no; ’twas but the wind,
Or the car rattling o’er the stony street;
On with the dance! Let joy unconfined;
No sleep till morm, when youth and pleasure meet
To chase the glowing hours with the flying feet –
But,  hark! – That heavy sound breaks in once more,
As if the clouds its echo would repeat;
And nearer, clearer, deadlier than before!
Arm! Arm! And out –it is – The cannon’s opening roar!


            PEREGRINAÇÃO DO MOÇO HAROLDO
                        Tradução de Ciro José Tavares
            
CANTO III ESTROFE 22

            OUVIRAM? – não vem da ventania esse ruído,
            Nem das rodas das carruagens transitando
  Sobre o pavimento de ruas empedradas;
            Siga a dança, siga a folia, dormir só amanhã,
            Quando nos escapam, mãos entrelaçadas,
            Prazer e juventude, dias que não regressarão.
Eis que já ressoa o lúgubre aviso, repetindo-se.
 Cada vez mais próxima cada vez mais clara
Como se trazida por nuvens a explosão mortal.
            “Às armas! Que é o canhão a rugir o tiro inicial”.
  
Nas estrofes 21 e 22, do Canto III, do seu longo e maravilhoso poema Byron, que estava em Bruxelas, capital da Bélgica, registra o momento dramático de Waterloo. Por um instante parecemos carregados pelo tempo passado e repentinamente estamos “ouvindo a música da festa no meio da noite”. De alguma forma participamos da indiferença dos convivas, belas mulheres rodopiando ofegantes pelos salões nos braços de galantes cavalheiros, olhares enamorados, promessas de amor fixadas nos olhares dos amantes, até quando somos sacudidos por algo ensurdecedor que faz tremer a terra sob os pés, repicar os sinos e devolver a realidade.

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Aproveito esta página para cumprimentar minha filha ROSA LIGIA ROSSO GOMES FLÔR pelo seu aniversário na data de hoje, desejando muita luz em seu caminho e sucesso em sua vida. Com o beijo do seu pai.

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