terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Por Yuno Silva l Viver/TN Online
A ida de Franklin Jorge para a Pinacoteca do Estado só foi cristalizada no mês de outubro, quando o gravurista potiguar Rossini Perez, 80, radicado há décadas no Rio de Janeiro, visitou o RN. Considerado um dos gravadores mais importantes do mundo da atualidade, Rossini esteve em Natal para sondar se havia alguma instituição com condição de abrigar obras que ele pretende doar. “Rossini ficou escandalizado com o que viu e não viu na reserva técnica. Redigi o relatório que ele fez sobre as condições da Pinacoteca e é esse documento que irá nortear minhas primeiras ações”.
Quando esteve no RN, Rossini Perez identificou uma série de gravuras ainda embaladas na reserva da Pinacoteca. “No acervo guardado há também gravuras que (o artista plástico baiano) Calazans Neto fez para ilustrar o livro ‘Tieta do Agreste’ de Jorge Amado. Quero expor isso ainda este ano”, planeja Franklin, que defende a adoção de uma política cultural voltada para ressaltar “um cosmopolitismo que nos falta, quero lutar para o fortalecimento da cultura popular urbana”.
Manutenção
Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 o Ministério da Cultura abriu linhas de crédito para melhorias em museus, e a Pinacoteca do Estado está entre as instituições do RN que serão contempladas com recursos federais. Segundo Franklin Jorge, a previsão é que sejam investidos cerca de R$ 40 milhões nos próximos dois anos. “Este é o primeiro grande investimento e não faltam demandas: restauração do piso, iluminação adequada, aquisição de equipamentos para a reserva técnica”.
O gestor descarta a climatização de todo o Palácio Potengi, “até porque o lugar é ventilado, e garantir a conservação de espaços culturais nunca foi o forte do poder público de um modo geral”, critica. Franklin Jorge acredita ser prudente evitar a criação de demandas desnecessárias como manutenção dos equipamentos de ar-condicionado e aumento na conta de luz. “São gastos que podem ser descontinuados”, antecipa, lembrando que quando a Pinacoteca foi criada há cerca de 30 anos, o projeto incluía o funcionamento de uma oficina de gravura – fechada por falta de insumos e reposição.
Tecnologia
Pequenos detalhes, mas de extrema importância, também estão na dianteira e sob os olhares de Franklin Jorge, como a troca da iluminação das galerias. Também faz parte do projeto de reestruturação da Pinacoteca a intenção de abrir o espaço para a promoção de seminários, palestras, cursos, oficinas, simpósios e debates. Nesse sentido, já estão certas palestras com o professor Antenor Laurentino Ramos, que abordará a plástica existente na obra do escritor José Lins do Rego.
Para o gestor, a política cultural no Rio Grande do Norte ainda está em um estágio “muito primitivo e é preciso dar passos mais ousados. Não digo que serei eu a fazer isso, mas vou buscar corrigir algumas coisas e não vejo mal nenhum em se espelhar em iniciativas que deram certo em outros lugares”.
Entre as ‘correções’ ressaltadas pelo novo diretor da Pinacoteca, está a necessidade de se criar um setor para incorporar a produção e difusão da arte tecnológica (ou ciberarte), linguagem capaz de despertar o interesse dos jovens e oxigenar o público. “Nosso papel também é de estímulo, de formação e educação”, garante.
Incrementar o fluxo de visitantes locais e alavancar o chamado turismo cultural são outros desafios considerados. “É necessário que a Pinacoteca se insira na comunidade, que contribua com a formação de público apreciador”, analisa.

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