terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


O ACERVO DO DN - 

POR VALÉRIO ALFREDO MESQUITA - ESCRITOR.



Jornal é como gente: nasce e morre. Tudo natural. 
Só aqui no estado posso enumerar dez ou mais 
que sucumbiram. O compromisso de um jornal 
noticioso é com a sociedade. Deve conquistar a 
credibilidade, o conceito e o respeito dos seus 
leitores, comprometido com a verdade. Isso o 
Diário de Natal teve e obteve desde a data de 
1939 com os seus pioneiros e os navegadores 
seguintes até a data do seu falecimento. Todo 
o Rio Grande do Norte deplorou o encerramento
de suas atividades e sente saudade do matutino
 que detinha nos seus quadros um admirável 
corpo de redatores, repórteres e jornalistas. 
Tudo nessa vida é circunstância e não quero 
nem devo entrar no mérito do “por que fechou?”. 
Acontece que a essência de qualquer jornal 
é narrar, informar, a história cotidiana do povo. 
Todas as manifestações do dia a dia são 
publicadas nos mínimos detalhes. O jornal 
conta com mais minúcias a história de um 
povo, de um município ou de um estado do 
que os próprios historiadores acadêmicos e 
oficiais, sem desmerecê-los. Mas, nas páginas
 de cada matutino ou vespertino estão 
registrados diariamente fatos e pessoas que 
constroem a vida social, cultural, científica, 
política e administrativa. Sem esquecer que 
ele é fonte natural de pesquisa, de estatística 
e de estudo dos acontecimentos da cidade, 
do estado e do país. Do que ocorreu nas ruas,
e stradas, delegacias, hospitais, instituições, 
etc., enfim a vida comum do cidadão. O jornal 
exprime o drama histórico da população com 
suas comédias e tragédias. E quando se fala 
em acervo, quer dizer tudo, inclusive, de forma 
superlativa: a fotografia, a imagem, do que 
aconteceu, ou quase tudo. Volto ao Diário 
que deixou de circular, deixando os seus 
leitores de perto e da distância bastante 
desapontados. Saiu dos lares e das ruas, 
não mais que de repente. Os assinantes 
ficaram surpresos. Era gerido pela sucursal 
de Recife. Empresa privada, detentora de 
imóveis e equipamentos da melhor qualidade 
que imprimiam o jornal. Naturalmente, eles 
estão disponíveis para serem alienados como 
bem aprouver a direção regional baseada em 
Pernambuco. Todavia, o que a sociedade 
questiona, unicamente, reside no destino 
do acervo histórico do Diário de Natal desde 
a sua fundação. É um relicário moral, telúrico, 
emocional e de potiguarania que somente ao 
povo do Rio Grande do Norte interessa. Este 
sim, é um bem inegociável porque é patrimônio 
cultural da gente. Com esse objetivo, a 
Academia Norte-Riograndense de Letras, 
o Instituto Histórico e Geográfico do Rio 
Grande do Norte, o Conselho Estadual de 
Cultura, irmanaram-se à Assembléia 
Legislativa e às entidades representativas 
da classe jornalística para sugerir ao governo 
do estado, através de sua secretaria de 
cultura, uma audiência pública, para discutir 
o assunto e encontrar a solução mais adequada. 
O Rio Grande do Norte não pode sofrer 
tamanha perda.



(*) valerio@gmail.com
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Crédito: Blog de Lúcia Helena

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