segunda-feira, 22 de abril de 2013

HOMENAGEM AO ÍNDIO

                ÍNDIO MENTIRA E PRECONCEITO
            Ciro José Tavares

            Quando Colombo e Cabral  aportaram  no Novo mundo eles já estavam aqui, senhores dos espaços, livres e saudáveis.o colonizador, ambicioso e truculento, trouxe-lhes a escravidão, as doenças e o abandono.Ao longo dos séculos busca-se a resposta de como descobriram esse lado do planeta e, provavelmente, a hipótese da emigração do Oriente para o Ocidente, numa longa e dura jornada, cruzando o estreito de Bering, parece a mais viável A interrogação permanece e também as suspeitas dos fenícios e vikings, audaciosos navegadores.É certo que espanhóis e os portugueses da Escola de Sagres sabiam da existência continental, embora desconhecessem o tamanho do paraíso e suas riquezas. O desejo de Portugal era chegar à Índia, contornando o Cabo da Boa Esperança,antes chamado das   Tormentas. Isso foi conseguido por Bartolomeu Dias, mas coube a Vasco da Gama estabelecer o caminho marítimo e completar o objetivo. A odisseia portuguesa da Índia legou-nos OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões, o mais belo, o mais bem escrito e único poema épico da nossa língua.
O objetivo da expedição cabralina foi o de encontrar outras terras. Colombo, com o mesmo objetivo já o antecedera ao descobrir a América. Mas era necessário explorar o sul esse território que indicava ser ciclópico. Sabiam os navegadores as informações de Francisco Orellana e as de Vicente Yañez Pinzón, razão pelas quais os lusitanos agilizaram as providências para ganhar a corrida.
A esquadra de Cabral que iria com destino ao Oceano Índico é obrigada a mudar de curso por conta de uma calmaria. A história que fantasiara quanto ao rumo, mente pela segunda vez inventando a falta do vento. Cabral navegou na esperança de atingir terras próximas do Rio das Amazonas, descoberto e explorado por Orellana, contudo inflitiu seus navios mais para o sul, não distante da costa brasileira até atingir o litoral da Bahia, que chamou de Porto Seguro. O aborígene foi denominado índio sem a menor razão e outra vez os historiadores omitiram a verdade, informando que foram assim chamados porque teria o português descoberto nova rota marítima e, através dela, chegado à Índia. A expressão passou de geração em geração até hoje. E é preconceituosa pela falta de respeito com a pessoa humana, considerado componente de sub-raça. Todos os adjetivos humilhantes podem ser sinônimos do termo. O que os portugueses desconheciam era a existência das nações aborígenes que é como prefiro chamá-los (aborígene: aquele que é habitante autóctone de um país, nativo, segundo o dicionário de Houaiss).
A palavra índio, miserável e secular recebeu, entre nós, a colaboração dos conquistadores dos Estados Unidos. Eram, no princípio, conhecidos como peles- vermelhas, mas os emigrantes ingleses, puritanos e ávidos pela riqueza da terra cunharam o termo selvagem, correspondente a bárbaro, rude, grosseiro animal não domesticado, índio ao final. Como os portugueses, também não sabiam das nações nativas, fortes e muito bem organizadas. Na marcha para o Oeste perpetraram genocídio brutal, dizimando impiedosamente Siouxs, Navajos e outras. Essa história é extraordinariamente relatada por Dee Brown no livro Enterrem meu Coração na Curva do Rio.
Não foi menor a mortandade no México, comandada pelos espanhóis, primeiro com os Astecas, depois os Maias. Insatisfeitos com a brutalidade foram além do Golfo do México, atingiram o Oceano Pacífico, subiram a Cordilheira dos Andes destruíram a bela civilização dos incas, no Peru e, ao Sul do continente sul-americano, no Chile, a dos Araucanos. Ainda assim, não obstante toda a estupidez, o conquistador respeitou o sagrado nome de suas nações. Eram astecas, maias, araucanos e na parte superior continental, moicanos, siouxs, navajos, cheyennes apaches, etc. Índio era a expressão do ódio. O aprofundamento dessa questão pode ser lida na obra Memória do Fogo, em três volumes, de Eduardo Galeano.
Lamentavelmente no Brasil as nacionalidades aborígenes foram relegadas e esquecidas. Mal sabemos dos Tupis e dos Tapuias. Creio ter chegado o momento do Ministério da Educação acabar com o embuste e a humilhação levando às salas de aula a verdade de nossa formação como povo, a partir do aborígene.

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