segunda-feira, 1 de julho de 2013

ÁGORA DO BRASIL

ÁGORA DO BRASIL
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

Mais uma vez cuidamos do assunto “movimentos populares”, que há 15 dias vem concentrando as atenções do povo brasileiro, mercê da força transformadora de costumes e da forma de reivindicar direitos.
Tais acontecimentos já existiam no esplendor da Grécia clássica, onde o povo, em praça pública (Ágora), decidia em assembleia o seu destino através do debate público e do voto direto e igualitário. Representava o legítimo espaço da cidadania no campo social, da cultura e da política.
Com o passar do tempo e aumento populacional das cidades, foi criada a figura do Estado na condição de pessoa moral, criatura gerada pela vontade popular para concentrar as ações em favor da coletividade, através de cidadãos eleitos com mandato representativo, como no Brasil, onde se pressupõe que os parlamentares agem na conformidade da vontade dos governados; em outros, prevalece o mandato imperativo, onde os parlamentares agem exclusivamente dentro do compromisso social assumido com o povo e, em caso de desvio, devolvem ao criador (povo) o mandato dele recebido. Este assunto é desenvolvido com mestria pelo Professor Paulo Bonavides, em sua consagrada obra “Ciência Política”.
Há um bom espaço de tempo que no Brasil existe a enganação de uma maioria dos nossos representantes que, uma vez eleitos, esquecem os seus compromissos, reduzindo as suas ações naquilo que lhes traga mais compensação individual, com gastos excessivos do dinheiro público (notícia recente de um Deputado Federal do RN), intermediando corrupção e apresentando projetos secundários, sem atentarem para as prioridades do povo e sob os olhares contemplativos dos seus respectivos partidos.
De tanto esperar, a população resolveu tomar as suas decisões e passou a ditar aos governantes os seus anseios, usando certo grau de agressividade, sem o qual em nada amedrontaria os mandatários e os que legislam as regras de conduta social.
Com isso, não há que se confundir com a violência, que somente aproveita aos desprovidos de ideologia e nacionalismo e alimentam os oportunistas que querem gerar o caos para desestabilizar governos em nome de mudanças que em verdade terminam no jogo do poder e assim vão se passando os anos e os mandatos, ficando apenas o lastro da enganação.
Agora a coisa começou a mudar, pois medidas emergenciais estão sendo tomadas com enorme rapidez, a teor da redução do preço das passagens nos transportes urbanos e interestaduais; locação de recursos certos para melhorar a educação e a saúde (royalties); procedimentos para a modernização da máquina administrativa; reforço material e humano para o aparato policial; exigência de parcimônia na distribuição dos recursos com viagens, diárias, pirotecnia (propaganda) e efetivamente mais pão, cultura e investimentos para os equipamentos urbanos essenciais à melhoria da qualidade de vida.
A par disso, há um clamor para a apuração dos gastos supérfluos com o luxo de arenas desportivas em contraste com o sucateamento dos serviços primários – saúde, educação e segurança.
Precisamos, de agora em diante, uma vez provada a força de arregimentação do povo, para a realização das assembleias populares (Ágoras), com deliberações fundamentadas e com objetivos sustentáveis para que tudo não termine em um “oba-oba” e se destrua por si mesmo. Cada um no seu espaço – profissionais liberais, estudantes, universidades, academias; instituições públicas. Corporações privadas, partidos políticos e sindicatos.
Vejam todos que até a seleção brasileira aprendeu a jogar com seriedade e terminou campeão da Copa das Confederações.
Comecemos a exigir uma reforma política no País para retirar de circulação os demagogos, da situação e oposição, forçando que os partidos políticos reformulem os seus estatutos sociais trazendo fortalecimento para a democracia e que 2014 não tenha a Copa do Mundo como o objetivo primordial, mas sim a sucessão dos mandatários. Temos vivido a maior parte de nossa vida republicana sob o comando de governos ditatoriais, civis, militares ou de partidos. Precisamos de uma verdadeira independência.
Terminamos com o pensador Thiago de Mello – “Agora só vale a verdade...”.
 V  I  V A      O   B R A S I L !

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