sábado, 21 de setembro de 2013


É impressionante, mas alguns estudantes ainda são capazes de lutar por algo que, com certeza, faz toda a diferença.....
  
REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA  UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES
Imperdível para amantes da língua  portuguesa, e claro também para Professores.
Isso é o que eu chamo de  jeito  mágico de juntar palavras simples para formar belas  frases.
REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE  CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES  
==============================================Tema:'Como vencer a  pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna  Silva
UFRJ -  Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro -  RJ

'PÁTRIA MADRASTA  VIL'
Onde já se viu tanto excesso de falta?
Abundância de inexistência...
Exagero de escassez...
Contraditórios?
Então aí está!
O novo nome do nosso país!
Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de  caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de  escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma  combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de  contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe  gentil', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o  Brasil,   está mais para madrasta vil.
A minha mãe não  'tapa o sol com a peneira.'
Não me daria, por exemplo, um lugar na  universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há  200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me  restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe  não iria querer me enganar, iludir.
Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse  efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação +  liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação  pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela  falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa.
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a  minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade.
Uma segue a outra...
Sem nenhuma contradição!
É disso que o  Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem  esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam  hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é  só mais uma contradição.
Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos,  mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí.
O povo está tão paralisado pela ignorância que  não sabe a que tem direito.
Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém,  ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade:  nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático  do Estado não modificam a estrutura.
As classes média e alta - tão confortavelmente  situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar  (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)...
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu  acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de  dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos,  possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de  que serve um governo que não administra?
De que serve uma mãe que não afaga?
E, finalmente, de que serve um Homem que não se  posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja  ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um  todo. Sem egoísmo.
Cada um por todos.
Algumas perguntas,  quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente... Ou como  bicho?

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Premiada pela UNESCO,  Clarice Zeitel Vianna Silva,  26,  estudante que terminaFaculdade de Direito da UFRJ em julho,  concorreu com outros 50 mil estudantes universitários. Ela acaba de voltar  de Paris, onde recebeu um prêmio daOrganização das Nações Unidas  para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma  redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade.'  A  redação de Clariceintitulada  'Pátria Madrasta Vil', foi incluída  num livro, com  outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca
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Comentário:
Este texto me foi enviado por um General do Exército brasileiro, pelo que me faz crer seja ele verdadeiro. Contudo, lamento que essa jovem brasileira esteja tão pessimista em relação ao Brasil. Ao contrário dela, ainda considero o Brasil uma Pátria Mãe, ainda que pouco gentil com os seus filhos em razão de ser um País de pouca idade, sofrido pela exploração no tempo do domínio lusitano, mas amado pelo sofrimento dos africanos que aqui aportaram como vítimas do contrabando e lhes foi depois conferida a liberdade e aqui deram grande parcela da sua força de trabalho e do seu amor à terra de Santa Cruz. País que abrigou o estrangeiro sem perspectiva do pós guerra, mas que nos ajudou a fazer a nossa evolução industrial, agrícola e humana. Brasil que permite que qualquer dos seus filhos o critique e até deboche. Brasil que viveu a maior parte da sua história oprimido pelas ditaduras de toda ordem, mas soube ressurgir das cinzas. Brasil que amo e transmiti esse amor aos meus filhos e netos e pelo qual luto por tempos melhores. Respeito, minha cara jovem, a sua revolta, talvez um tanto imediatista. Aconselho que ofereça o seu labor e a sua inteligência para melhorar este País e venha a ganhar novos prêmios, porém mostrando a nossa grandeza, o ardor da nossa hospitalidade. O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. A UNESCO já havia antes reconhecido a importância do trabalho de outros jovens como você, que deram tudo de si para erradicar o analfabetismo infantil e de adultos na Campanha "De pé no chão também se aprende a ler", através de Djalma Maranhão;  do Movimento de Natal, liderado pela Igreja Católica na pessoa de Dom Eugênio Sales e do trabalho de Aluizio Alves (que trouxe para este Estado o Professor Paulo Freire), todos incompreendidos e perseguidos por algum tempo, até que a verdade de restabeleceu. Temos muitos defeitos, mas o maior deles é não amar o seu País - Ama com Fé e Orgulho a terra em que nasceste -; é não lutar para melhorar a qualidade de vida. Existe a filosofia da palavra, mas também a filosofia da ação, como me dizia o meu saudoso tio Professor Paulo Gomes da Costa, esquecido pela história contemporânea. Fui longe demais. Desculpe jovem estudante. Que Deus a abençoe e reserve para você um papel marcante para a posteridade.
(Carlos de Miranda Gomes)

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