sábado, 26 de janeiro de 2013




CARTAS DE COTOVELO-2013-10
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

COINCIDÊNCIAS

Não sei explicar a atração que os mais velhos têm pelas coisas passadas, como guardadas no recôndito da alma, para aflorarem em momentos oportunos.

Outra vez, na placidez do meu alpendre da casa de Cotovelo, fico em devaneios com as minhas leituras, ligando os fatos de um tempo bom que passou.
Agora terminei de ler o livro sobre Dolores Duran, do jornalista Rodrigo Faour, que oferece passagens da vida daquela extraordinária cantora-compositora que coincidem com a minha passagem pelo rádio, no curto período de 1948-1954.
Primeiro, o gosto pelo repertório de Edith Piaf, Noel Rosas e os bolerões de Gregório Barrios,   Bienvenido Granda,  Fernando Fernandez e as canções de Frank Sinatra e Charles Aznavour.
Depois as emoções dos bastidores – a primeira temporada fora do seu lugar, ela e eu, no período 1950/1951, respectivamente para Vitória(ES) e Forteleza(CE), onde travamos conhecimento com pessoas notáveis e fundamentais para a carreira. Da minha parte registro o compositor Luiz Assunção, que me presenteou, com dedicatória, a partitura do samba-canção “Que linda manhã” e que guardo até hoje com muito carinho e que anos depois foi gravada por Rinaldo Calheiros; o maestro Mozart Brandão, com quem fiz algumas apresentações e foi também arranjador de Dolores, que então se transferira para a Tupi de São Paulo; o violonista Evaldo Gouveia, hoje estrela de primeira grandeza no cenário musical do Brasil.
Foi nessa época que fiz a minha primeira e única gravação, cujo resgate do disco desgastado pelo tempo e dado como imprestável, foi salvo pela competência do técnico carioca Fernando Acar, juntamente com outra relíquia gravada em um gravador de fio, nos idos de 1949 e transportado para um acetato, tendo de um lado um trio que veio a se chamar Irakitan, cantando a canção “Você não sabe amar” e no outro lado eu cantando “Sin ti”, acompanhado pelo trio. Os componentes do trio – João, Edinho e Gilvan jamais tomaram conhecimento dessa gravação, pois só a resgatei após a morte dos três.
Dolores dominava os idiomas inglês, francês e espanhol e eu arranhava o “castelhano” e o “italiano”, chegando a gravar um programa de aniversário da Rádio Poti nos idos de 1953 ou 1954, com as músicas “Novillero” e “Encantesimo”, nas línguas de origem e que delas nunca mais tive notícias. Lembro que o discotecário de então era o radialista Eugênio Neto.
Outras coincidências – nossa estatura de menos de 1,60m, que ensejaram apelidos - ela conhecida como “um pinguinho de gente” e eu era “o cantor mignon”, tanto que às vezes, para alcançar o microfone (cabeção), usava o  - banquinho do maestro.
Tudo o que ela cantava fazia parte do meu repertório eventual, pois o meu forte era o repertório de Silvio Caldas, Augusto Calheiros e Paulo Molin, este último chegou a fazer um programa com Dolores e Déo (o ditador de sucessos), denominado “três num só” e eu cheguei a cantar em programas com Molin e Déo, aqui em Natal.
Seus artistas preferidos também eram os meus – Sílvio Caldas, Angela Maria, Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Ivon Curi, Lúcio Alves e Caubi Peixoto.
Tivemos amigos comuns – os meninos do Trio Irakitan, fomos eleitores no mesmo ano, 1958. Éramos constantes leitores da Revista do Rádio e Radiolândia e do escritor escocês A.J.Cronin, que representou para mim o despertar pelo gosto pelos livros.
Fomos pintores amadores e alimentávamos temas ligados à solidão. Registro, da mesma época , sua composição "Fim de caso": Eu desconfio, que nosso caso está na hora de acabar" ...   enquanto eu compus "Tudo, terminou": "Afinal, terminou nosso amor, mas de um modo banal. Afinal acabou, esse nosso idílio irreal"...
Nossos grandes momentos aconteceram em 1954, mas com efeitos completamente opostos, pois Dolores deu impulso à sua carreira que duraria somente até 1959, com seu falecimento aos 29 anos e eu abandonei o rádio, quando já tinha contrato com a Rádio Tamandaré de Recife e possibilidade de gravação na Rosenblit, tendo sido o contrato cumprido por Agnaldo Rayol, optando eu pela dedicação aos estudos, o que me proporcionou incontáveis vitórias e me sustentam além dos 70 anos – coisas do destino!
Fica o lamento de nunca ter conhecido Dolores pessoalmente, pelo menos neste plano existencial, mas a sua voz ainda encanta os meus ouvidos e enleva a minha alma.
Está vendo Didi Avelino, o presente que você me deu de Papai Noel? 

Por José Romero Araújo Cardoso*



ALTEMAR DUTRA, O ETERNO

 "REI DOS BOLEROS"





A voz inigualável de Altemar Dutra imortalizou grandes sucessos musicais, principalmente diversos de autoria da genial dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, chegando a ser conhecido como o “rei dos boleros".



Impressiona a técnica musical que se tornou marca registrada de Altemar Dutra, pois a sonoridade precisa embalou paixões e amores perdidos ao longo de décadas, tornando-se um dos artistas preferidos de quem cultua os segredos da alma e do coração.



O passaporte para fama teve seu registro através da ajuda do amigo Jair Amorim, pois antes de completar a maioridade manteve contato com o consagrado compositor através de carta de apresentação, pois já apontava para o sucesso em Colatina (ES) quando encantou expectadores da Rádio Difusora interpretando sucesso de Francisco Alves.



Levado em 1963, por Jair Amorim, para se apresentar no programa Boleros Dentro da Noite, na Rádio Mundial, Altemar Dutra foi conduzido no mesmo ano, por Joãozinho, do Trio Irakitan, para a Odeon, onde foi contratado e logo se tornou sucesso nacional quando da gravação de Tudo de Mim, grande sucesso de autoria de Jair Amorim e Evaldo Braga.



O gênero musical que caracterizou Altemar Dutra logo se tornou febre nacional, pois romântico por excelência, as interpretações daquele que se transformou em um dos maiores artistas musicais brasileiros conseguiram atingir o imaginário de todos que buscam refúgio nos refrães de belas canções a fim de entronizar universos particulares marcados pela complexidade da própria psicologia humana, na qual o amor, a paixão e os devaneios ocupam lugares proeminentes.




Sublime interpretação de El bolero se canta así, contida em LP gravado em parceria com Lucho Gatica rendeu-lhe reconhecimento em toda a América Latina, tendo em vista que suas versões em espanhol chegaram a vender mais de 500 mil cópias. Altemar Dutra caiu no agrado popular nos países hispânicos em razão de sua voz belíssima e de suas canções que tocam fundo na alma das pessoas que valorizam sentimentos peculiares aos amantes da boa música.



A comunidade de origem latina, radicada nos Estados Unidos, também se agradou da voz e das canções do humilde e simpático brasileiro. A partir de 1969, Altemar Dutra conquistou milhares de fãs entre imigrantes que falam espanhol e seus descendentes radicados na maior potência do globo.  



Em 1977, gravou o LP “Sempre Romântico”, no qual se encontra a interpretação da versão de Margherita, música italiana popularíssima na península européia onde se originou as línguas latinas. Margarida, em minha opinião, transformou-se em símbolo do romantismo de Altemar Dutra, sendo cantada até hoje em serestas, as quais, invariavelmente, cultuam a memória do grande trovador brasileiro.



A música que ele pediu para que fosse lembrado tem o título de “Brigas”, de autoria de Evaldo Braga e Jair Amorim, pois ode maior ao amor e à reconciliação, em sua belíssima interpretação se tornou sinônimo de recomeço e apelo ao instinto racional que nem sempre envolve relações a dois.



No dia nove de novembro de 1983, pouco depois de ter completado a idade de quarenta e três anos, tendo em vista que nasceu no dia seis de outubro de 1940, Altemar Dutra sofreu um derrame cerebral em Nova York (EUA), quando se apresentava em um show para a comunidade latino-americana no clube noturno “El Continente”.



A sua morte foi sentida por todos que cultuam a beleza de interpretações singulares de clássicos imortalizados em sua voz, os quais nunca hão de se apagar da memória de quem sabe dar valor aos encantos da salutar sonoridade que o transformou em ícone da MPB.



*José Romero Araújo Cardoso é Geógrafo e Professor-adjunto IV da UERN.  

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


CARTAS DE COTOVELO – 2013.9

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

Neste 23 passado, foi um dia de graça para mim. Logo cedo, no Supermercado Nordestão encontro-me com o Dr. Ernani Rosado e D.Madalena, que me entregaram cópia do filme “Amor de Outono” (Le Blé en Herbe), produção da Franco London Filme, sob direção de Louis Wipf, a que fiz referência em uma das primeiras Cartas de Cotovelo, edição 2013.
O filme é de 1954 e devo tê-lo assistido nesse mesmo ano, quando ainda adolescente e, seu enredo, muito bem se amoldava aos meus anseios, daí o haver incorporado aos meus devaneios juvenis, haja vista se passar com um jovem (Pierre-Michel Beck), mais ou menos da minha idade e num período de veraneio, como era do meu costume, lugar onde as aventuras afloravam com maior intensidade.
No meu comentário confundi o ator que encarnava o personagem “Philippe”, como se fora Gino Leurini, de origem italiana, quando foi o francês Pierre-Michel, contracenando com Nicole Berger, personalizando “Vinca”, que nutria por Phil um amor platônico, com a indiferença deste, até travar, por acaso, conhecimento com a “Madame Dalleray”, interpretado pela atriz Edwige Feuillère, de idade já madura, que protagonizou la prima volta do amor carnal de Phil.
Consumado o idílio, o jovem adolescente é imbuído de sentimentos diferentes, quando se depara com uma dupla situação, entre um amor inocente da menina-moça, ainda não assumido, interrompido por uma louca paixão, consumada com o encontro da sexualidade, que lhe proporciona o amadurecimento inusitado, que até então não cogitara.
Naquele momento de amor ele se desconhece ao olhar no espelho e em seguida toma quase que um banho de água benta disponível costumeiramente em pequenos santuários de estrada, muito comuns nas cidades europeias de então, como para lavar o espírito conturbado.
Voltando à razão, reconhece que tudo não passara de uma aventura e então tem a sua atenção despertada para a pureza de Vinca, coincidindo com o retorno de Dalleray à Paris.
Verifiquei, então, que havia retornado quase 60 anos no tempo. Fiquei com a paz de criança dormindo e, diferentemente dos dias comuns, só acordei depois das 8 horas.
Que belo presente!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


G R A T I D Ã O




CARTAS DE COTOVELO – 2013.8
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

APOLOGIA DA PREGUIÇA

A preguiça, segundo os léxicos, é um estado de inação que inibe a apetência para o trabalho.
Na conceituação dada pelo costume, é um torpor que reduz a atividade laborativa.
Pode até ter todos esses significados e ser algo não condizente com o normal.
Contudo, quando se está num veraneio, diria que a preguiça vira um estado de graça para o corpo cansado de guerra  a merecer uma justa reparação, indiscutivelmente prazerosa e bemfaseja.
Assim diz um poeta, que Odúlio Botelho colheu o nome através de Gilson Barbosa, sobrinho  do grande Gil Barbosa, como sendo VERÍSSIMO DE MÉLO:


Coisa boa é querer bem
Ter alguém, namorar.
Coisa boa é um xodó,
um fobó, vadiar.
Coisa boa é o mar e o luar,
É caju com pitu,
Cafuné, cochilar.
.......
Esses versos são um prelúdio à preguiça, sobretudo em sua estrofe final:

Coisa boa é tudo isso que se diz e que se faz
Na hora que a gente quer.
Coisa boa é uma casa,
Numa praia, num alpendre,
Uma rede e uma mulher.

A lembrança me trouxe essas coisas e, preguiçosamente resolvi anotar em um caderno, pois após um bom churrasco e a brisa que sopra do mar não permitem que demore muito fora do ventre da minha rede.
Aaahhaaarrr ..... coisa boa é ...... 


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


o acervo do diário de natal


Mais uma vez O NOVO JORNAL sai na frente para reivindicar um destino correto para o acervo deixado pelo DIÁRIO DE NATAL, que encerrou sua edição impressa e também a virtual, entrevistando intelectuais e instituições potiguares.
Ainda ontem recebi telefonema de Valério Mesquita, futuro presidente do IHGRN preocupado com o assunto e propondo uma ação junto aos Poderes Executivo e Legislativo.
Com a edição de o NJ de ontem, lembro que fui um dos primeiros a abordar o assunto, em meu blog, edição que agora reproduzo:


SÁBADO, 6 DE OUTUBRO DE 2012

Um final pouco feliz
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, advogado e escritor

No último dia 2 deste mês de outubro do ano de 2012, a sociedade potiguar teve uma surpresa desagradável – a comunicação do encerramento da circulação impressa do tradicional DIÁRIO DE NATAL.
Fundado no momento histórico da eclosão da Segunda Guerra Mundial, esse jornal, mercê da importância estratégica da cidade de Natal, tornou-se um veículo consultado em todo o Brasil e em algumas partes do mundo, haja vista a sua conexão com o palco do conflito bélico.
Sua criação aconteceu no dia 18 do mês de setembro de 1939, contando,por conseguinte,com a vetusta idade de 73 anos, quase exatamente com o meu nascimento, oito dias antes.
Inicialmente foi denominado simplesmente “Diário”, por Valdemar Araújo, Aderbal de França, Djalma Maranhão e Rivaldo Pinheiro, mas em abril de 1942 foi vendido ao empresário Rui Moreira Paiva e, em 25 de janeiro de 1945 foi comprado pelo grupo Associado, de Assis Chateaubriand, que mudou o seu nome para O DIÁRIO DE NATAL em 4 de março de 1947, assim permanecendo até os dias presentes.
Sua sede, inicialmente, foi na Rua Dr.Barata, depois na Frei Miguelinho, em seguida na descida da ladeira da av. Rio Branco, já no começo da Ribeira, passando para as novas instalações da ladeira da av.Deodoro, onde também funcionava a Rádio Poti, sob o comando do destemido e controvertido jornalista Luiz Maria Alves e somente em 2010 transferiu-se para a nova sede do Centro da Zona Norte de Natal.
Foi considerada a maior escola de jornalismo do Estado, por ela passando articulistas da maior envergadura e que fizeram novas escolas e fundaram outros jornais, como no caso de Vicente Serejo e Cassiano Arruda. Escritores consagrados foram seus colaboradores e o jornal passou a compor o patrimônio cultural do Rio Grande do Norte.
Em 29 de julho de 1954 foi criado o jornal “O POTI”, que substituía a circulação de O Diário de Natal nos dias de domingo.
Pioneiro em modernização técnica de impressão, atravessou alguns momentos de dificuldades o que lhe obrigou a retirar de circulação “O Poti”, depois retornando, atendendo aos insistentes pedidos da população.
Fez publicações memoráveis sobre a história da cidade e de pessoas ilustres, em capítulos, depois condensados em livros.
Tive alguma vivência com o jornal, pois trabalhei na Rádio Poti e conduzia matérias de divulgação da parte artística, a pedido do jornalista Sebastião Carvalho e cheguei até a gravar músicas com a orquestra de Julio Granados, ao tempo do Dr.Edilson Varela, mantendo programa semanal com Agnaldo e Selma Rayol, além de participar dos programas de Luiz Cordeiro e Genar Wanderley.
Na qualidade de tradicional assinante e ainda com contrato válido, estranhei a falta de informação sobre o assunto, senão pela lacônica comunicação, que considero desrespeitosa e que põe em risco o conceito de um veículo que fez história e cujos arquivos devem ser recolhidos a um banco de dados acessível aos pesquisadores.
O Ministério Público deve atentar para alguma providência, pois se trata de material histórico que ganha foros de documentos de utilidade pública.
Ontem, na sessão plenária da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Norte, que tinha um espaço aos sábados, propus um voto de protesto pelo acontecimento.
Louvo a reportagem de O Novo Jornal sobre o assunto e a manifestação de inúmeros intelectuais e jornalistas. Seria de grande valia uma entrevista com o Dr.Eider Furtado, um dos pioneiros da imprensa potiguar.
ONDE ESTÁ O RESPEITO AO CIDADÃO?

Embora esteja ainda fora de Natal, oferto o meu integral apoio ao movimento e até renovo o apelo que fiz ao Ministério Público e à OAB/RN, em nome da preservação da nossa memória histórica:


O Ministério Público deve atentar para alguma providência, pois se trata de material histórico que ganha foros de documentos de utilidade pública.
Ontem, na sessão plenária da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Norte, que tinha um espaço aos sábados, propus um voto de protesto pelo acontecimento.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Quinto Constitucional: OAB/RN realiza audiência de instrução do processo de Verlano Medeiros

por anne Medeiros
Imagem Interna
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Norte realizou na tarde de hoje (21), na sede da Seccional Potiguar, audiência de instrução do Processo Nº 1218/2012, que dispõe sobre impugnação da lista sêxtupla do Quinto Constitucional. A audiência foi conduzida pelo conselheiro-relator do caso Alexander Gurgel, que ouviu as testemunhas Tiago Mafra Sinedino, Augusto Costa Maranhão Valle, Arnilton Cavalcanti Montenegro. Na oportunidade, estiveram presentes as partes interessadas, advogados Verlano Medeiros e Carlos Sérvulo, que devem apresentar as alegações finais em 48 horas.
Conforme Alexander Gurgel, as diligências do processo já foram realizadas e a próxima fase será o julgamento que acontecerá dia 29 de janeiro, às 17h30, na OAB/RN em sessão extraordinária.
A eleição para formação da lista sêxtupla do Quinto Constitucional da OAB/RN para vaga de Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte aconteceu no dia 22 de outubro de 2012. Dos vinte candidatos, os seis mais votados na eleição foram: Magna Letícia, Artêmio Azevedo, Marisa Rodrigues, Verlano de Queiroz Medeiros, Glauber Rêgo e Priscila Fonseca.
 

A todos,

Nesse ano de 2013 a Fundação Rampa pela quinto ano consecutivo e a Secret. Est. do Turismo do RN promoverão as comemorações do 70º aniversário do encontro dos Presidentes Vargas e Roosevelt, que teve lugar na Rampa em 28 de janeiro de 1943.
Como nesse ano de 2013 a data cai numa segunda-feira, faremos a comemoração no dia 26, sábado, às 10h, na Rampa.

A novidade é que a carreata de veículos históricos que percorre a cidade será aberta a quem quiser participar, e para tanto o participante deve doar um kg. de alimento não perecível que será entregue ao Juvino Barreto durante a carreata.

Anexo o e-convite, a planta da cidade mostrando o trajeto e um anexo com terminação .KMZ. Esse anexo, após ser salvo, clique duas vezes sobre ele e automaticamente ele abre o Google Earth e mostra o trajeto dentro do programa.
qq dúvida me avisem.

Conto com todos!

abraços
Fred

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013



CARTAS DE COTOVELO – 2013.7
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

 

Mal terminei “O Vendedor de Poesias e outros contos”, de Iveraldo Guimarães, entrei nas “Estórias Gerais”, de Jaime Hipólito Dantas.

Estilos de prosa com temáticas diferentes, condizentes com o meio em que viveram os seus autores.
Iveraldo explora muito bem os temas ligados ao eco-sistema, com exuberância de detalhes técnicos dos fenômenos da natureza, afinal ele é um biólogo marinho e tem vivência no assunto.

Jaime, por sua vez, foi um seridoense, com longa passagem por Mossoró e destino final na capital potiguar, com um desenho de vida no humanismo das pessoas mais simples, embora tivesse formação jurídica sólida, com passagem pelo estrangeiro.

Aliou toda a sua experiência profissional, que desaguou no jornalismo provinciano, habilidade de sua preferência, o que fez com maestria e efetiva vocação.

Os seus contos retratam estórias do cotidiano, com o gozo ou o sofrer dos personagens, sempre presentes no nordeste sofredor e dentro dos costumes submersos no cenário de sua existência.
Foram dois livros que muito acrescentaram aos meus conhecimentos da vida e preencheram bons momentos de preguiça praiana programada para este veraneio de Cotovelo, edição 2013, que já ultrapassa de sua metade, infelizmente.

Recebam os meus leitores, com estas considerações, uma indicação ou roteiro de leitura das coisas nossas, as quais serão facilmente adquiridas nos editores Sebo Vermelho, de Abimael Silva e Queima Bucha, para, igualmente como eu, abrandarem as mazelas do dia a dia e sobreviverem sem tédio.



CARTAS DE COTOVELO – 2013.8
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

APOLOGIA DA PREGUIÇA

A preguiça, segundo os léxicos, é um estado de inação que inibe a apetência para o trabalho.
Na conceituação dada pelo costume, é um torpor que reduz a atividade laborativa.
Pode até ter todos esses significados e ser algo não condizente com o normal.
Contudo, quando se está num veraneio, diria que a preguiça vira um estado de graça para o corpo cansado de guerra  a merecer uma justa reparação, indiscutivelmente prazerosa e bemfaseja.
Assim diz um poeta, que Odúlio Botelho colheu o nome através de Gilson Barbosa, sobrinho  do grande Gil Barbosa, como sendo VERÍSSIMO DE MÉLO:

Coisa boa é querer bem
Ter alguém, namorar.
Coisa boa é um xodó,
um fobó, vadiar.
Coisa boa é o mar e o luar,
É caju com pitu,
Cafuné, cochilar.
.......
Esses versos são um prelúdio à preguiça, sobretudo em sua estrofe final:

Coisa boa que se diz e que se faz
Na hora que a gente quer.
Coisa boa é uma casa,
Numa praia, num alpendre,
Uma rede e uma mulher.

A lembrança me trouxe essas coisas e, preguiçosamente resolvi anotar em um caderno, pois após um bom churrasco e a brisa que sopra do mar não permitem que demore muito fora do ventre da minha rede.
Aaahhaaarrr ..... coisa boa é ...... 

domingo, 20 de janeiro de 2013

NOSSA HOMENAGEM


A Academia Pernambucana de Letras escolheu o livro Anêmonas, de autoria de CIRO JOSÉ TAVARES, como o vencedor do prêmio EDMIR DOMINGUES DE POESIA, VERSÃO 2012.


ANTES QUE JANEIRO TERMINE


                      CANTIGA DE AMOR
                                Ciro José Tavares

            Ouço na noturna quietude do teu quarto
            a cantiga monocórdica da chuva nas vidraças.
            Aconchego-me na doçura dos teus braços,
             aspiro o néctar da pele  evolando-se,
             enquanto lábios modelados pelas sagradas mãos de Atena,
            ardentes de paixão vagueiam no meu rosto.
            Aos poucos meus dedos avançam nos mamilos
            dilatados dos teus seios, gemes de prazer,
            estertorante  pedes que eu  decifre a esfinge
            sedenta  escondida abaixo do teu ventre.
            Quero-te, lua de minhas noites sem ninguém,
            alongada acima do abandono do meu corpo,
            nua por inteiro transpirando fogo.
            Exauridos repousamos no silêncio da penumbra,
            foram para longe os cúmulos errantes,
            estão extintas as chamas da lareira,
            espaços invadidos por crepuscular sombrio.
             Aqui nós dois na lavada meia- luz deste vazio
            Cobertos pelo que restou. Além desta cantiga
            as cinzas do amor de Adônis e Afrodite.
                  
            CHILDE HAROLD’S PILGRIMAGE
                                   George Gordon Byron

CANTO III ESTROFE 22

Did ye not hear it? – no; ’twas but the wind,
Or the car rattling o’er the stony street;
On with the dance! Let joy unconfined;
No sleep till morm, when youth and pleasure meet
To chase the glowing hours with the flying feet –
But,  hark! – That heavy sound breaks in once more,
As if the clouds its echo would repeat;
And nearer, clearer, deadlier than before!
Arm! Arm! And out –it is – The cannon’s opening roar!


            PEREGRINAÇÃO DO MOÇO HAROLDO
                        Tradução de Ciro José Tavares
            
CANTO III ESTROFE 22

            OUVIRAM? – não vem da ventania esse ruído,
            Nem das rodas das carruagens transitando
  Sobre o pavimento de ruas empedradas;
            Siga a dança, siga a folia, dormir só amanhã,
            Quando nos escapam, mãos entrelaçadas,
            Prazer e juventude, dias que não regressarão.
Eis que já ressoa o lúgubre aviso, repetindo-se.
 Cada vez mais próxima cada vez mais clara
Como se trazida por nuvens a explosão mortal.
            “Às armas! Que é o canhão a rugir o tiro inicial”.
  
Nas estrofes 21 e 22, do Canto III, do seu longo e maravilhoso poema Byron, que estava em Bruxelas, capital da Bélgica, registra o momento dramático de Waterloo. Por um instante parecemos carregados pelo tempo passado e repentinamente estamos “ouvindo a música da festa no meio da noite”. De alguma forma participamos da indiferença dos convivas, belas mulheres rodopiando ofegantes pelos salões nos braços de galantes cavalheiros, olhares enamorados, promessas de amor fixadas nos olhares dos amantes, até quando somos sacudidos por algo ensurdecedor que faz tremer a terra sob os pés, repicar os sinos e devolver a realidade.

-----------------------------------------------------------------------------------------------
Aproveito esta página para cumprimentar minha filha ROSA LIGIA ROSSO GOMES FLÔR pelo seu aniversário na data de hoje, desejando muita luz em seu caminho e sucesso em sua vida. Com o beijo do seu pai.