sábado, 6 de abril de 2013

A UBE/RN CONVOCA PARA AS ASSEMBLÉIAS GERAIS EXTRAORDINÁRIAS:( 11 E 18-4-2013).

DR. EDUARDO ANTONIO GOSSON
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE/RN

 Edital para Assembléia Geral Extraordinária
 Fica Vossa Senhoria convocado a comparecer à Assembleia Geral Ordinária da UBE-RN às 16h, do dia 11 de Abril (quinta-feira) em primeira convocação e às 16h30 em segunda convocação e com qualquer número com a finalidade de deliberar a seguinte ordem do dia: 1. Aprovação de novos sócios; 2. Apresentação e deliberação da prestação de contas do exercício do ano de 2012; 3. Previsão orçamentária de 2013
 Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras,  à Rua Mipibu, 443 - Petrópolis.
  Data: 11 de Abril de 2013 (quinta-feira)
 Hora: 16h - 1ª Convocação e 16h30 em 2ª.

  Eduardo Antonio Gosson 
 Presidente
_______________________________________

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE/RN 
 Edital para Assembléia Geral Extraordinária

 Fica Vossa Senhoria convocado a comparecer à Assembleia Geral Extraordinário da UBE-RN às 16h, do dia 18 de Abril (quinta-feira) em primeira convocação e às 16h30 em segunda convocação e com qualquer número com a finalidade de deliberar a seguinte ordem do dia: 
 1. Aprovação de novos sócios;
 2. Reforma estatutária
 Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, à Rua Mipibu, 443 - Petrópolis.
  Data: 18 de Abril de 2013 (quinta-feira)
 Hora: 16h - 1ª Convocação e 16h30 em 2ª

Eduardo Antonio Gosson 
 Presidente

sexta-feira, 5 de abril de 2013

H O J E

Gilney Viana lança o livro “João Sem Terra – Veredas de uma luta” no próximo dia 05 de abril, sexta-feira, ás 15:00 horas, na Câmara Municipal do Natal
Sexta-Feira, 05 de abril será lançado o livro João Sem Terra – veredas de uma luta, primeiro título da Coleção Camponeses e o Regime Militar, edição conjunta do Ministério do Desenvolvimento Agrário e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, que será representado por Gilney Viana, Coordenador do Projeto Direito à Memória e à. Verdade da SDH
Na ocasião, o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular , juntamente com o Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Rio Grande do Norte, em parceria com organizações, partidos políticos, mandatos e centrais sindicais, lançam as bases de uma pesquisa sobre o Retrato da Repressão Política no Campo – Rio Grande do Norte 1946 – 1988, para fazer-se um amplo levantamento da questão da repressão no campo potiguar nessa época.
PROGRAMAÇÃO
15:00 – Abertura dos Trabalhos
15:20 – Gilney Viana, O Livro João Sem Terra
16:00 – A Questão Camponesa no RN, do Sindicato do Garrancho a Ditadura Militar de 1964(Professora Brasilia Carlos Ferreira UFRN)
16:30 – José Rodrigues (Sindicalismo Rural)
16:45 – Floriano Bezerra de Araújo (Ligas Camponesas no RN)
17:00 – Ferreira (CENTRU-RN)
17:15 – Valmir (INCRA-RN)
17:30 – Flávio Felipe ( Terra Mar/Comitê pela Verdade RN) – O Projeto RN:Nunca Mais no Campo
17:45 – Debate
18:00 - Encerramento
Contamos com sua presença e divulgação mais ampla

Maiores Informações:                                                                                                       Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do RN                                                                               Fones: 9977.8702 e 3211.5428(Roberto Monte) e 9807.5101(Flávio Felipe) Email:enviardados@gmail.com e flafreud@hotmail.com                                           Home Page: www.dhnet.org.br                                                                             Facebook: www.facebook.com/dhnetdh
João Sem Terra - Veredas de uma luta
Autoria: Marcia Camarano 
Edição: NEAD/ MDA, SDH e Museu Nacional/URFJ, 2012 
Primeiro volume da Coleção “Camponeses e o Regime Militar”, o livro conta a trajetória de João Machado dos Santos, o João Sem Terra, e sua luta na organização de trabalhadores rurais e resistência à ditadura do regime militar.
 
Direitos e Desejos Humanos no Ciberespaço!!!       
Portal DHnet: www.dhnet.org.br       
Skype: direitoshumanos
Telefones 084 3211.5428 (DHnet) e 9977.8702 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

            DAS SECAS -- A CRUZADA
         Ciro José Tavares
A Presidente da República e os Governadores do Nordeste estiveram reunidos nesse dia 02 de abril, em  Fortaleza, Capital do Ceará, para analisar e discutir o flagelo da seca que assola a região. O encontro, como todos que aconteceram no passado, foi de muitas promessas, distribuição de recursos financeiros e planos mirabolantes para resguardar o Nordeste da repetição dos prejuízos danosos. Nenhuma voz pediu a solução definitiva. E não pediu porque o sofrimento do povo interessa à classe política, habituada ao clientelismo eleitoral, num ano que antecede as eleições de 2014, quando serão renovados os mandatos da Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.
Resolvi, em razão disso, montar no meu Rocinante e sair pelas páginas das redes sociais, blogs e outros meios disponíveis na internet numa cruzada convocatória para, de uma vez, acabar com o martírio de milhares de irmãos. Há muito tempo técnicos do Departamento Nacional de Obras Contra As Secas ofereceram um plano que não só terminaria com o problema, mas transformaria o Nordeste num celeiro magnífico de grãos. A proposta era perenizar os rios da região, interligando-os não com o Rio São Francisco, assoreado e possível de extinção, mas com os volumosos mananciais da Amazônia. A água viria do Rio Tocantins para o Rio Parnaíba e desse para o Rio Jaguaribe. A primeira dificuldade arguida foi como resolver a travessia da Chapada do Araripe, um planalto localizado na divisa dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. A chapada abriga uma floresta nacional, uma área de proteção ambiental e um geoparque. Não sei informar se estudos foram feitos para superar a dificuldade. Soube da sugestão de recalcar a água pelo lado cearense, que cairia por gravidade no serão pernambucano. Parece que os custos operacionais assustaram e o projeto exequível foi dormir no fundo das gavetas.
Tome o mapa e visualize o trajeto planejado. Quanto aos obstáculos, tenho certeza de que a engenharia brasileira teria competência para vencê-los. No que respeita aos custos cabem as perguntas: Quanto já se gastou com o problema? Quanto está custando a farra da construção de estádios de futebol, que depois de alguns jogos serão verdadeiros elefantes brancos. Enquanto isso, na base de cisternas, cacimbas e açudes, o povo e os rebanhos continuarão morrendo e o atraso regional servindo á camarilha política. .

quarta-feira, 3 de abril de 2013


DENÚNCIA GRAVE


JORNALISTA SE ENTREGA ÀS AUTORIDADES
Por Franklin Jorge
O jornalista Roberto Guedes da Fonseca escreveu às mais altas
e conspícuas autoridades do estado, pedindo-lhes garantias
de vida, pois está ameaçado e correndo risco de morte: quer,
fulminá-lo, um sargento arbitrário e à serviço da política,
ostensivamente custodiado por uma juíza que tem negócios
no município de Caiçara do Rio do Vento e age a bel-prazer
e segundo suas comodidades.
Ora, tal absurdo deixa patente que o Tribunal de Justiça
do RN tem sido pouco exigente quanto a conduta de seus
 integrantes. Não admira que goze de tão baixo conceito
perante a opinião pública, que sabe por experiência que no
Brasil a lei é para pobres ou para quem não tem
apadrinhamento de políticos fichas sujas.
Estarrece a promiscuidade dessa juíza com a política local
 e sua ingerência abusiva sobre a segurança no
município, já denunciada desde o ano passado. Além
disso, a juíza Gabriela de Oliveira é casada com o cirurgião
dentista Wedena Oliveira, que tem contrato de trabalho
irregular com a prefeitura de Caiçara do Rio do Vento,
um lugar que nunca antes da nomeação dessa juíza
havia aparecido em noticiários que mostram que o Rio
Grande do Norte vive, hoje, à margem da lei.
A conduta da juíza que acoberta bandidos, como esse
sargento que ameaça e põe em risco a vida do
jornalista Roberto Guedes, compromete a
credibilidade do TJRN, já desgastado pelo conhecido
episódio dos precatórios que levou uma funcionária
a prisão, acusada de operar um esquema criminoso
que resultou no roubo de 14 milhões, a prova cabal
de que a coisa corria frouxa no TJRN, como se fora
uma espécie de “casa de mãe de Joana”. Afinal, não
passa pela cabeça de nenhuma pessoa sensata que
Carla Ubarana tenha feito tudo sem o conhecimento
de seus superiores, os desembargadores Osvaldo
Cruz e Rafael Godeiro, este, premiado com a
aposentadoria integral e gordos benefícios, viverão
o resto de suas vidas como as representações
locais do juiz Lalau, que desviou recursos em São
Paulo e foi execrado em todo o Brasil.
Ora, muito antes de estourar tal escândalo,
em 2006, veraneando em Touros, a fama do
desembargador Osvaldo Cruz, como um magistrado
que fazia negócios com a lei, já era pública e
notória. Certa vez, voltando para Carnaubinha,
ao passar diante de uma casa cujo morador
ignorava, disse-me o mototaxista: “Veraneia nessa
casa um desembargador corrupto”. Quis saber
detalhes. Era a casa de Osvaldo Cruz… Também a
fama corrente de Godeiro não era melhor. Porém,
apesar disso, nenhum esforço foi feito para verificar
a pertinência de tais boatos.
Sem dúvida, O TJRN deve-nos uma explicação:
por que essa juíza, cujo marido desfruta de um
contrato irregular, não é removida da comarca e
investigada pelo Conselho Nacional de Justiça?
Mas, voltemos à carta do jornalista, que está na
Internet e pode ser lida por todos, pois
trata-se de um documento endereçado às
autoridades do estado, a começar pela
governadora Rosalba Ciarlini – que não foi
nada feliz nem prudente -, apoiando essa juíza
 acima da lei. Sabemos todos, porém, que ainda
 há magistrados honestos e a esses cabe a
responsabilidade de resguardar a credibilidade
e a honra do TJRN, fiscalizando e punindo
os que extrapolam suas competências.
Em 15 de Setembro do ano passado, Roberto
Guedes já sofrera um atentado e escapou por
pouco. Isto prova que a sua condição de vítima
 está caracterizada e não pode ser ignorada
elas autoridades do estado mergulhado em trevas.
Agora, só fico imaginando uma coisa, no 
caso de ocorrer o pior, que explicações essas 
autoridades darão ao povo do Rio Grande do Norte?

terça-feira, 2 de abril de 2013


UFRN realiza Congresso Internacional de Publicidade e Propaganda

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A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) promove o I Congresso Internacional de Publicidade e Propaganda e o III Encontro da Rede Latino-americana de Pesquisadores em Publicidade (RELAIP). O evento tem como tema central “Perspectivas da Publicidade na Ibero-América” e será realizado nos dias 3, 4 e 5 de abril, no Auditório da Reitoria.
Na quarta-feira, 3, às 19h, acontece a abertura do congresso com a presença da presidente da RELAIP, Mónica Baquero Gaitán, e da reitora da UFRN Ângela Paiva Cruz. Na solenidade, será feita a entrega do prêmio Mandacaru à melhor peça publicitária. A proposta é contemplar as melhores peças e cases dos estudantes e das agências do mercado natalense.
Entre os convidados do evento estão os professores Eneus Tridade Barreto Filho, do Departamento de Relacões Públicas, Propaganda e Turismo da Universidade de São Paulo (USP); Isabel Cristina Torres Estrada, da Universidad Pontificia Bolivariana Medellín (Colômbia); a reitora da Universidad Central Bogotá, Ingrid Zacipa Infante; o professor Ivan Coelho, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e o analista de sistemas Thiago Garcia, da Universidade Potiguar (UnP).

segunda-feira, 1 de abril de 2013


A PROPÓSITO DA SECA NO RN
Nesta ocasião em vivemos uma das maiores secas da história do sertão
potiguar, e brasileiro, - as últimas chuvas regulares ocorreram há 24
meses, ou seja, já são dois anos -, se faz oportuno compartilhar deste
momento de muito sofrimento, com mais ênfase para o rebanho de animais, fonte de renda e tradição econômica da região que gira em torno do gado, o blog reproduz, a exemplo de outras postagens, este texto, enviado pelo jornalista Luiz Gonzaga Cortez, também com postagem em sua página. Cortez Pereira faleceu em Natal em 2004:
Cortez Pereira e a seca no Nordeste
Por considerar oportuno, publicamos hoje um depoimento escrito do
ex-governador Cortez Pereira, na década de 80, para uma reportagem que o extinto O POTI, de Natal, publicou sobre a sêca no Rio Grande do Norte. Não me lembro da data que ele me entregou quatro folhas de papel almaço contendo as suas opiniões e idéias sobre o semi-árido potiguar, a pouca inteligência dos governantes do Rio Sem Sorte, desde o período colonial, para enfrentar os nossos problemas. As quatro folhas, manuscritas com caneta esferográfica, com tinta azul e sem assinaturas, estão comigo.
Recentemente, um artigo de Albimar Furtado, publicado no NOVO JORNAL, de Natal, fez-me lembrar um trecho da entrevista do sábio Cortez Pereira, há uns 30 anos: "Digo que sêca não é a nossa terra, mas a inteligência dos que nos governam desde a era colonial".
Abaixo, a transcrição do texto de Cortez Pereira, filho de Olindina Cortez
Pereira e Vivaldo Pereira, neto Manoel Pegado Cortez e Maria Senhorinha
Dantas Pegado Cortez - Marica Pegado.
José Cortez Pereira de Araújo*
-Nossa pobreza não decorre das secas, nem da escassez de terras férteis,
muito menos do clima. Ela se origina nas múltiplas atividades econômicas que formam nossa agricultura, inadequada às condições e circunstâncias do Nordeste. Nossas atividades agrícolas são contrárias à natureza, são anti-ecológicas, as chuvas irregulares, a alta temperatura, o excesso de luz tudo aqui cultiva culturas arbóreas, perenes e nós fazemos, no Nordeste, exatamente o contrário.
-O Seridó é a maior demonstração do acerto contido na expressão que tenho repetido várias vezes: nós não temos fatores adversos e sim atividades adversárias dos fatores.
Não há, em todo o Nordeste, uma região mais árida do que o Seridó (vértice de aridez 3.3), nem mais quente (até 60°nos afloramentos da rocha), nem com maior luminosidade (quase 3.000 horas/sol/ano), cujos solos sejam tão rasos, secos e erodidos e, no entanto, o nível de vida povo é muito superior ao das populações do fértil e chuvoso Maranhão.
-Tudo começou, como começam sempre a história de todas as gentes, pelas atividades primárias, pelo que se faz o homem sobre a terra. Foi a
atividade compatível com a natureza que ajudou o homem melhorar a sua
vida.O Seridó começou com os currais, as fazendas de gado, as barragens submersas, as vazantes nos leitos dos rios, os açudes médios e pequenos.
Guimarães Duque escreveu que era o seridoense quem sabia melhor aproveitar a pouca e irregular água que caía Nordeste. E foi assim que a pecuária se tornou suporte econômico e alimentar com carne, leite e queijo o homem do seridó.
-O clima tornou saudável a pecuária do Seridó ea imaginação do homem criou os meios para se conviver coma seca.
A outra grande atividade econômica da região não precisou, sequer, de
ajuda, porque ela já era a própria natureza, no xerofilismo do algodão
mocó. Cultura arbórea, perene, o nosso algodão casava com o clima seco para melhorara sua fibra longa. O solo semi-árido era sua condição ótima para vegetar e produzir. Plantasse o algodão seridó nas terras férteis dos vales úmidos, que a rejeição o faria amarelar, amofinar, com saudade da terra seca, da quentura infernal do meio-dia e das noites sem orvalhos.
-Nos sertões do Nordeste, em nenhum outro lugar, elevou-se tanto o nível
social do povo, quando no Seridó. Um dos sintomas dessa realidade foi a
liderança da Região em relação ao Estado, desde o primeiro Presidente da Província Tomás de Araújo Pereira. Para se sentir a força dessa influência, basta lembrar os nomes de Brito Guerra, José Bernardo, Juvenal Lamartine, Pe. João Maria, Dinarte Mariz e Monsenhor Walfredo Gurgel.
-O nível social alcançado explica a projeção dos seus homens e ambos os
fenômenos são explicados pelo desenvolvimento econômico da Região. Esse desenvolvimento econômico só foi possível porque as duas históricas atividades primárias, harmonizavam-se com a natureza, apoiavam-se nela.
-Agora, outro aspecto interessante do assunto: o binômio algodão X boi se complementa, se integra e, assim, potencializam-se reciprocamente. Os
campos de algodão, depois da colheita, viram cercados de solta ea praga
remanescente é destruída pelo gado, que muito deixa nos roçados. Tem mais, a cultura do algodão produziu, também, a torta, ou simplesmente o caroço que era o rico alimento protéico dos meses secos e dos anos mais secos.
O Seridó era uma harmonia de trabalho produtivo!
Um outro fato econômico que ocorreu no velho Seridó, eu acho sensacional.
Em nenhum outro lugar do Brasil, com a mesma intensidade, aconteceu coisa parecida. Foi como que um planejamento “espontâneo”, nascido da intuição, que desenvolveu a atividade agrícola na complementação industrial, com a industria rudimentar situada na própria areada produção da matéria prima.
Refiro-me aos descaroçadores de algodão, às tradicionais “bulandeiros” que se situavam nos sítios e nas fazendas, criando , naquele tempo, a
agro-industria-rural, que os mais modernos planejadores do Terceiro Mundo apontam, hoje, como a grande solução de quase todos os nossos problemas.
-A agro-indústria-rural integra os dois grandes setores de produção e
transformação econômicas, com a grande vantagem de, situando-se no campo, permitir o natural êxodo agrícola, evitando o êxodo rural. Só assim, supera-se o grande, o imenso problema do alto custo social das cidades “inchadas”. Pois bem, tudo isso já existiu no Seridó do passado. Certa vez, em encontro de políticos importantes e até Ministros, eu destaquei esta originalidade genial, quando um deputado federal do Seridó, sem entender o sentido da coisa, condenou o fenômeno sob a crítica de que o meu pai teria sido – como foi – um desses agro-industriais...
- Este pedaço do Brasil chamado Seridó, precisa um estudo sociológico
profundo para se tentar conhecer as raízes da sua vida, do seu
comportamento e reações. Contam que o primeiro, ou um dos primeiros açudes do Nordeste teria sido feito em Caicó. Um preto patriarca, responsável pelo grande feito, pedira ao missionário alemão que pregava missões na “Vila do Príncipe” para abençoar a novidade, o açude. Quando o frade viu que se tratava de contrariar a vontade de Deus que fizera os rios para devolver ao mar as águas que sobravam da terra, amaldiçoou o velho Terencio (que se suicidou) e sua família, até a 3ª geração. Agora, a grande lição: desde então Caicó não deixou mais de fazer açudes e nenhum outro município do Nordeste tem mais açudes do que lá.
-O Seridó tem projeção no Brasil, na época da guerra, pelo grande produção de tugstenio e outros minérios. Do sub-solo da Região tiram-se muitas matérias primas com as quais é feito o desenvolvimento dos países avançados: capacitores eletrônicos, turbinas de aviões a jato, naves espaciais, reatores nucleares, etc.
-Agora mesmo é o ouro eo ferro que reaparecem na nossa pauta de produção, mostrando a riqueza diversificada do Seridó.
- Uma vez, pelo menos, eu não fui bem entendido, quando responsabilizo o governo como o grande “vilão” na história sem lógica da pobreza do
Nordeste. Digo que seca não é a nossa terra, mas a inteligência dos que nos governam. Isto desde a era colonial, quando os portugueses nos ensinaram a cultivar o que faziam na Europa e que não podia dar certo aqui, no Nordeste, que não tem nada parecido com Europa. E o pior, de lá para cá, os que nos governam não foram sensíveis a fazer uma reformulação de nossas atividades econômicas e, mais grave ainda, não souberam siquer conservar o que se fazia acertadamente, aqui. Exemplo: o algodão mocó. O “bicudo”, apenas deu o tiro de misericórdia. O velho algodão mocó começou a morrer quando o crédito oficial (o Governo) chegou por aqui, aplicando suas normas feitas para o algodão anual de S. Paulo e Paraná.
O financiamento teria de ser pago no mesmo ano eo seridoense, para escapar, plantava entre as fileiras do algodão arbóreo o outro algodão anual, o “rasga letra”, que daria condição de pagamento anual, mas que foi hibridando, misturando-se geneticamente, até fazer desaparecer o patrimônio fantástico do velho algodão mocó.
*José Cortez Pereira de Araújo foi político, professor e ex-governador do
Rio Grande do Norte (1970-1974)
_________________________
--
Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em
3/30/2013 04:38:00 PM

domingo, 31 de março de 2013


CARTA DE PVBLIVS LENTVLVS

Emmanuel

ENTRE OS DEPOIMENTOS sobre Jesus, os do Ciclo de Pilatos. parecem
os mais curiosos e interessantes, objectos de intensa piedade popular ao
longo dos tempos. Um dos textos deste Ciclo é a Carta de Públio Lêntulo,
que descreve Jesus. Foi produzida por um certo Lentulus, romano, sendo
''oficial de Roma na província da Judeia no tempo de Tiberius Cæsar'', ou,
como no preâmbulo original em Latim, "Lentulus habens officium in
partibus Iudeae herodis ad senatores romanos hane epistolam deferre iussit"
(Goodspeed).
ESTA personagem não pôde ser identificada; o mais perto que podemos
chegar é à menção de um ''Volusiano, familiar de Tibério'' (suo familiari
nomine Volusiano), pois os Volusiani surgiram do casamento entre Lúcio
Volúsio Saturnino (cônsul sufeta em 3 EC, e já bastante idoso) e Cornelia
Scipionum Gentis, filha de Lúcio Cornélio Lêntulo (cônsul em 3 AEC). No
Ciclo de Pilatos, este Volusiano tem papel de relevo no afastamento e morte
de Pilatos, cf. Otero, Los Evangelios Apocrifos pag. 496: ''Muerte de
Pilatos, el que condenó a Jesus''. Veja Volusiano.
O CICLO de Pilatos tem muitas outras coisas a mais do que a Carta (uma
parte apenas mínima do conjunto) e o Ciclo de Pilatos é, de longe, o mais
bem referido dos textos relativos a Jesus, melhor atestado do que os 4
evangelhos Normativos não em quantidade de manuscritos mas em termos
de confiabilidade extra-NT porque citado desde o séc. II, e atestado com
mais antiguidade. Ademais o Ciclo de Pilatos baseou todo o cristianismo
medieval, o que significa: a Igreja foi ''pilatiana'' por mais tempo do que
rejeitou o Ciclo de Pilatos. E o rejeita hoje porque apela ao fabuloso, o
maravilhoso, o sobrenatural, ao elogio fácil de Jesus.
PARTES importantes do credo e da via-sacra, contudo, ainda baseiam-se no
Ciclo de Pilatos. Não precisamos, ademais, supor que seja mesmo elogio o
que parece elogioso, seja nas 2 cartas (de N.Calixto, e de P.Lentulus), seja
em Josefo. Quando dizem que Jesus fazia milagres e curava pela palavra,
isso, no contexto romano, era medonho e monstruoso. O Ciclo de Pilatos
não precisa ser rejeitado automaticamente por causa de sua linguagem
mitologizante porque no tribunal romano a fábula seria prova de crime, a
rigor nao há nada de essencialmente implausível no Ciclo de Pilatos em si e
sim, os documentos originais [meros artigos judiciais] teriam sido
pesadamente manipulados para deixar a esfera de literatura judicial pura e
simples e passar a literatura sapiencial e milagrosa.
O NOME Públio Lêntulo faz pensar no ramo lentuliano principal; [Públio?
Lúcio?] Volusiano Torquato [Cornélio] Lêntulo estaria num parentesco de
segundo ou terceiro grau: um primo meio-afastado.
CIRCULA a Carta há bom tempo, pela cristandade. Seria original?
Autorizada? Autêntica? Parece ter sido publicada por Tischendorf em
Evangelia Apocrypha, sic, em latim, no sec. XIX.
DESTA carta existem 2 versões [rescritas]. Uma delas, achada em Aquileia
(perto de Roma e Tibur) com outros documentos. A outra tem origem
incerta. O núcleo essencial do documento é esse: ''apareceu na Judeia (...)
Jesus (...), um homem alto, (...) cabelo da cor do vinho, desce ondulado
sobre os ombros; dividido ao meio, ao estilo nazareno. (...) Barba
abundante, da mesma cor do cabelo; [... ] as mãos, finas e compridas; olhos
claros, [plácidos e brilhantes]. (...) Afirma publicamente que os reis e
escravos são iguais perante Deus'' (do ciclo de Pilatos, achado em Aquileia
em 1280).
TERTULIANO discutiu esta Carta, no sec. III. Pormenores depois
esquecidos revelam, vem de tempos mui remotos, e.g., os pensadores da
Escola de Cinos (séc. I) andavam sem as alpercatas, coisa ignorada no fim
da Antiguidade mas que a carta confirma: ''Caminha descalço...''
QUASE certo, pois, existir um senador Publius Lentulus no tempo do
segundo Imperador, que viu Jesus e o descreveu em papiro epistolar oficial
(interpolado, por vezes, com o estilo de Hegesipo, sec. II).
AS 2 rescritas indicam que talvez tenham sido tiradas(?) diversas cópias: ao
imperador reinante, ao Procurador, ao rei galileu, ao Tribunal Sinedrita. O
rei Abgar, de Edessa (hoje Turquia) simpatizante de Jesus, pode ter(?)
solicitado algum transcrito: das interpolações, algumas levam o seu estilo.
MAIS tarde, a parentela de Jesus deve ter tido acesso ao papiro, seja por
Abgar, seja pelos arquivos oficiais [isto explicaria o estilo de Hegesipo].
Depois, todo o material pode ter passado(?) por Antioquia [a Igreja que
valorizava informes factuais] e foi parar em Constantinopla(?). Mas com
certeza sofreu descontinuidade historial em 1204 durante o saque desta
cidade. Aquileia era particularmente ligada a Constantinopla.
O CRONISTA nos mostra o alto-relevo dos Corneli Lentuli (Coulanges).
Basta ver (segundo consta) que parece ter sido factor decisivo, para Roma
cristianizar-se, estes nobres ilustres converterem-se, nos anos 300. A casa
imperial nunca teve nobreza tão antiga quanto seus primos Cornelios, dos
quais dependiam na escala de valores da hierarquia romana.
A FIGURA obscura e desconhecida de Lentulus oferece bom exemplo da
mentalidade vigente no seio da aristocracia romana: tem nome individual,
coisa que falta ao imperador reinante, um oitavo caio julio cesar tiberio de
tal, tudo substantivo comum (tiberio claudio nero= o coxo negro que nasceu
no Tibre).
PUBLIUS Lentulus, conhecido apenas no fragmento de sua Carta, era o
segundo homem mais preeminente do Estado, logo abaixo do imperador. Se
desapareceu dos registros foi por nunca ter feito nada em favor de pessoa
alguma. Parasita social, instala-se e acomoda-se no seu patriciado, do qual
pode gritar, "Ele [Jesus] afirma publicamente que os reis e escravos são
iguais".
LENTULUS deve ter nascido pela aurora do sec. I EC pois seria preciso ter
ao menos 30 anos para exercer cargo senatorial, de que (a julgar pela carta)
era incumbido por volta dos anos 26-30. Largos anos mais novo do que
Tibério, mesmo assim a Cornelia Lentulia tem a relevante tarefa de
assessorar o imperador, cf. Coulanges, logo, se foi aos judeus, representava
entre estes o César, seu assessorado. Ainda em 68 encontramos um
Lentulus Publius no Senado: o mesmo? Confirmaria seu nascimento por
volta dos primeiros anos do sec. I.
DIVULGOU-SE a Carta sob o patrocínio de Innocêncio IV, Papa (1454).
Outros nomes atribuídos ao autor seriam, Publeus Lentulus, ou,
FABRICIUS PUBLIUS LENTULUS, ou, Publius Lucius [Lucius Publius
Lentulus], dito também ''procônsul romano na Judeia'' ou mesmo ''regente
em Judeia para o senado e o povo romanos''. No Veredicto, há um Públio ou
Público - [VER].
OS primeiros achamentos foram descobertos ou descritos numa cópia de
manuscrito dos textos de Anselmo de Canterbury: ''nunca foi visto a sorrir,
mas chora muitas vezes'' (ridere do est do visus do numquam, saepe do
autem do flere).
OUTRA descrição encontra-se nos trabalhos do teólogo grego João de
Damasco, séc. VIII (Epist. anúncio Theoph. Imp. de venerandis Imag,
spurious), e similar à História da Igreja de Nicephorus (I. 40), do séc. I.
Representam Jesus como assemelhado a sua mãe, e atribuem-lhe aspecto
ligeiramente inclinado, olhos bonitos, cabelo louro-castanho (castanho
claro), longo, rosto alongado, pálido, barba (mais escura) cor de oliva, os
dedos longos, olhar expressivo; nobreza, sabedoria, paciência.
LENTULUS, o nome de uma família do patriciado romano, da gens
corneliana, deriva dos lentes (''lentilis''), que seus membros mais antigos
cultivavam (lentilhas, de acordo com Plinius, Hist. nat. xviii. 3, 10). A
palavra Lentulitas (''Lentulismus'' cf. Appietas) foi inventado por Cícero
(anúncio Fam. iii. 7, 5) para expressar os atributos de um aristocrata
preeminente. O três primeiros possuidores do nome foram L. Cornelius
Lentulus (cônsul 327 AEC), Servius Cornelius Lentulus (cônsul 303) e L.
Cornelius Lentulus Caudinus (cônsul 275). A conexão dos Lentuli de
Augusto com os Lentuli mais antigos (em especial aqueles do período
Ciceroniano) é muito obscura e difícil de estabelecer. Há uma outra forma
deste nome, Lentilentulus, que sobrevivia ainda na Inglaterra medieval,
como Lentall.
A CARTA de Pvblivs Lentvlvs pode ser remontada ao tempo de Tertuliano
(155-220). Este Pai da Igreja a menciona; dizem alguns que sobre a base de
um Transmitido oral. Alguns a remontam ao tempo de Diocleciano, ca. 212.
E' de origem grega, talvez, foi traduzida em latim como foi dito, esteve em
Constantinopla e foi achada ca. 1240-80, por um preeminente homem da
Igreja, num arquivo romano antigo, enviado de Constantinopla a Roma;.
divulgada ca. séc. XIII-XIV, parece que em 1421.
A CARTA concorda com o Mandilion, antiga pintura de Jesus existente no
Oriente (ao lado); com S.Jo.Damasceno (último Pai da Igreja), com
Nicéforo Calixto (Carta a Roma: ''sobrancelhas negras e um pouco
arqueadas. Seus olhos, da cor da azeitona, brilhavam de modo admirável.
Os cabelos eram bem longos: navalha nem mão jamais tocaram-lhe a
cabeça. Nunca apresentava ar de arrogância. A seriedade, a prudência e a
serenidade irmanavam-se e resplandeciam em seu semblante''), bem, todos
esses elementos são antigos, ca. séc. V; a seguir, durante o Renascimento, a
Carta recebeu sua forma final.
O NOME do autor oscila, cf. acima, temos de Publius Lentulus a Publius
Tertullus, passando por Fabricius Publius Lentulus, Publius Lucius e outros
menos votados. O preàmbulo original do documento diz apenas que ele era
''encarregado de negócios romanos'', latim, OFFICIUM HABENS: tinha
uma secretaria ou algo do tipo. O termo exacto é de difícil traduzido e foi
mudado para ''presidente'', ''governador'', etc., etc. etc. O documento tem
diversas variedades, 2 principais, a partir de um original antigo em grego,
depois em latim; foi guardada em Constantinopla.
Se a Carta concorda com J.Damasceno e o Mandilion e Calixto, fontes
independentes entre si, temos uma Carta original; escrita em grego, vertida
ao latim, manipulada depois, terminada no Renascimento, mas, sobre um
fundo histórico inegável.
O NUCLEO é auténtico, a saber, essencialmente isso: ''homem de estatura
mediana, usa barba, cabelo repartido ao meio, de cor castanha, nazareno,
olhos claros, mãos longas, ensina que reis e escravos são iguais diante de
Deus''. O autor desse núcleo histórico é ''Publius Lentulus'', um ''oficial''
romano; o dono imediato foi o rei Abgar de Edessa, que mandou pintar o
Mandilion, a carta por algum motivo ficou nos seus arquivos; foi para
Constantiniopla; remetida a Roma; traduzida em latim, revisada pela Cúria
e pelos humanistas do Renascimento. Publius Lentulus em si é tido como
uma pessoa ''fictícia'' e o conjunto de textos do qual a Carta faz parte ainda
hoje traz o título grego de ''Recordando Nosso Senhor Jesus Cristo por meio
de Pontius Pilatus''.
OS diferentes manuscritos variam em diversos detalhes: ''os fragmentos que
nos chegaram são apenas refundidos posteriores'' (Otero) se bem que sua
origem deva situar-se ''em época mui remota, talvez em fins do sec. I ou
início do II'' (idem). Dobschutz em ''Christusbilder'' (Leipzig, 1899)
enumera os manuscritos com aparato crítico. Foi impressa pela primeira vez
em Colónia, 1474, na "Vida de Cristo" de Ludolph o Carthusiano [Cartuxo?
Capuchinho?], e na ''Introdução aos trabalhos de S. Anselmo'' (Nuremberg,
1491), sem ser, no entanto, obra de um ou outro.
SEGUNDO o manuscrito de Iena, um determinado Giacomo Colonna
[cardeal, um dos homens mais preeminentes da Igreja em seu tempo]
encontrou a Carta em 1241 [morreu em 1278] em um original romano
antigo emitido de Constantinopla a Roma. Outras datas de achamento,
1280, 1580, séc. XVII... ''Deve ser de origem grega'', foi dito; traduzido ao
latim ca. sécs. XIII-XIV. Recebeu sua forma actual nas mãos dos
humanistas dos sécs. XV-XVI: alguns falam em Petrarca.
ALEM de concordar com Nicéforo e J.Damasceno, concorda com o
''Retrato de Abgar'' [de Hanan] e o Livro dos Pintores do monte Atos, obras
cujo estilo muito antigo remontam ao período pré-bizantino da arte, a bem
dizer - romano (sécs. I-III).
EM 1825 Munter ("o der de Kunstvorstellungen do und de Sinnbilder dado
alten christen", Altona 1825, p. 9) acreditava poder remontar a Carta ao
tempo de Diocleciano; mas isto não é admitido em geral. Alguns objectores
dizem ser a Carta certamente apócrifa com base em nunca ter havido um
regente de Jerusalem; nenhum Procurador Lentulus da Judeia conhecido,
ademais, um ''regente'' romano não se dirigiria ao senado, mas ao
imperador, nenhum escritor romano usaria as frases tipicamente hebraicas
''profeta da verdade" e "filhos dos homens", ou o título "Jesus Cristo" tipal
dos evangelhos. Como dito antes, isto se deu por que a transmissão do
documento foi fragmentada e diversos autores lhe impuseram seu estilo, cf.
acima, e a piedade cristã. Fontes primitivas, VON-DOBSCHUTZ,
Christusbilder no und Untersuchungen de Texte, XVIII, (Leipzig, 1899);
suplemento, 308-29; KRAUS, der Real-Encyklopadie christlichen
Alterhumer, s. v.; HARNACK em HERZOG, Realencyklopadie, VIII
(1881), 548; Vig., Dict. de la Bible.
ALGUNS arriscam datas: escrita em 26 EC por Publius Tertullus ''dirigente
da Judéia'' (Roar Skolmen). Talvez inspirados em Tertuliano (lat.
Tertullianus), que parece dizer, talvez um eco da Carta, segundo o qual o
imperador Tibério haveria um dia sonhado colocar Jesus no Panteão
(conjunto das divindades), e teria mesmo pedido isso ao Senado. Esta
fábula tem, talvez, um fundo de verdade...
COLONNA [Columna], o descobridor, vinha de uma família com
importante papel na Itália medieval e do Renascimento, com ramos em
Roma e em Nápoles. Se supõe ter sido original de Tusculum, derivando o
nome de família do castelo de Colonna, nos montes de Alban [Monte
Albano, Montalvão], a ca. 5 milhas de Tusculum. O primeiro do nome foi
Petrus de Columna, proprietário de Colonna, Monte Porzio, e Zagarolo, e
reivindicador de Palestrina, cujos castelos foram tomados pelo Papa Paschal
II em 1101, em castigo por pilhagens. Com a destruição de Tusculum pelos
Romanos (1191), o nome dos Colonna se adianta. Estiveram envolvidos no
conflito Papa X Gibelinos X Imperador, a ampla liberdade com que se
conduziam em matéria civil e criminal lhes valeu a excomunhão anunciada
na encíclica "en Coena Domini". Inobstante, muitas vezes elevados a cargos
importantes da Igreja e do Estado. Reconduziram a Igreja, de Avinhão,
novamente a Roma.
A LONGA linhagem de cardeais inicia em 1192 (Giovanni Colonnese,
cardeal de S. Prisca, sob Celestino III); bispo de Sabina (sob Inocêncio III),
e importante legado papal. Era o amigo poderoso de S. Francisco, lutou
para obter do papa a aprovação da Regra franciscana. Ainda recordado em
Amalfi. Morreu em Roma, 1209. Os Colonese depois disso serviram a
Gregório IX, estiveram de novo em conflito no tempo de Frederico II,
imperador, e de novo, anistiados pelo Papa Orsini, Nicolau III, elevando
Giacomo Rosso Colonna a Cardeal-Diácono de S. Maria.. Novos conflitos
com Bonifácio VIII, restabelecido em suas dignidades e possessões por
Clemente V em 1305; morre em Avignon, em 1318. A irmã de Giacomo é a
Beata Margarita, freira; seus restos repousam no convento franciscano de S.
Silvestro em Capite. Ainda em 1803 os Colonna assistiam diante do trono
pontifical.
LENTULUS NO CICLO DE PILATOS
A CARTA de P.Lentulus faz parte do Ciclo de Pilatos, de facto, conservado
primeiro em grego, citado por Tertuliano que menciona por alto ter Tibério
se informado acerca de Jesus. Justino, no sec. II, já conhecia este
documento (Apologia I).
O CICLO de Pilatos foi um lote de documentos romanos antigos, de
extrema antiguidade, citado no tempo de Diocleciano e de Maximino (secs.
II-III), citado no tempo de Justino (100), de Tertuliano (200), de Eusebio
(400), conforme dito acima. Citado também em 376. Citado no sec. V; no
sec. VI; enfim, antigo e original (muito embora adulterou-se ao longo do
tempo).
ESTE Ciclo compunha-se originalmente de fragmentos dos documentos
jurídicos do processo romano de Jesus, e foi usado primeiro (por Roma)
para combater o cristianismo, mostrando Jesus como criminoso. Mudou
depois de caracter, passando a depoimento sobre Jesus, na medida em que
novos fragmentos se difundiam.
AS datas de achamento deste Ciclo confundem-se. Houve um primeiro
achamento em 1241; a partir de 1420 difundem-se em Vidas de Cristo
medievais; outros documentos se acham em 1580, enfim, no sec. XVII e
outros, perdidos em arquivos antigos. Um lote foi enviado de
Constantinopla a Roma em data incerta, encontrado por volta de 1241 num
arquivo antigo por um dos homens mais preeminantes da Igreja no sec.
XIII. O fundo original era grego, mais tarde, traduzidos em latim e
actualizados no Renascimento pela colagem de diversos fragmentos de
modo a compor textos narrativos.
DIVERSOS pesquisadores os difundiram: Fabricius (1719), Tischendorf,
Harnack, entre outros. A Carta em si se compõe de fragmentos que podem
ser identificados: a parte sobre Maria vem de Gamaliel (mestre de Paulo); a
parte das ''virtudes'' de Jesus, milagres, etc. vem de João Damasceno, no
sec. VIII, o núcleo histórico descrevendo a figura de Jesus vem do arquivo
de Abgar (sec. I), o documento é apenas ''atribuído'' a Publius Lentulus ou
Lucius ou Fabricius (outro Fabricius) que teria sido um ''oficial'' sem
maiores especificações.
RETRATO DE JESUS
ESTA ''carta de Públio Lêntulus'' [''legado na Galiléia, do Imperador
romano, Tibério Cesar''], passa por ter sido achada em Roma, no arquivo do
Duque de Cesarini.
OS Sforza-Cesarini descendiam de Ludovico Sforza, Luiz Sforza ou,
Ludovico il Moro (''O Mouro''), vivo de 1452 a 1508. Foi um membro da
família Sforza de Milão, Itália, cidade que governou. Foi o segundo filho de
Francesco Sforza, e era famoso como protetor de Leonardo da Vinci e
outros artistas. Os Cesarini procediam de Gensano (Gentiano, Genciano,
Genzano), (1) cidadezinha a 29 km ao sul de Roma, o antigo ''Fundus
Gentianus'' do tempo imperial.
ESTIVERAM ali os monges de S. Anastácio, e a vila foi conquistada por
Juliano Cesarini em 1520; entre os Cesarini destaca-se o cardeal Cesarini,
Juliano (1398-1444), (2) de longa e produtiva contribuição ao papado e seu
restabelecimento em Roma após o Cisma do Ocidente, legado papal na
Boémia de 1419 durante o movimento hussita [Jan Hus].
LIVIA Sforza-Cesarini e o duque Juliano II edificaram o palácio ducal
ainda existente em estilo barroco; provavelmente durante esta obra foi
achada uma das rescritas do documento, talvez a mais longa, que devia
andar esquecida desde muitas gerações, ou pode ter vindo pelos monges que
ali habitavam.
ENFIM, ainda uma vez a tese: este depoimento é antigo, autêntico e
autorizado, foi produzido uma vez no séc. I como documento oficial, e
neste caracter, dele foram expedidas cópias que, umas permaneceram na
Itália, outras em Constantinopla; depois, remanejadas em tempos modernos,
adulteradas, enfim.
DEVE provir de um P.Lentulus Volusiano ou Cipionino ou Getuliano que,
por algum motivo, foi legado de Tibério na Judeia. Sob o nome de
Volusiano, é citado em evangelhos apócrifos do Ciclo de Pilatos,
justamente ligado a um retrato do Cristo, que ele busca penosamente; cita
feita especificamente em 2 textos: Mors Pilati; Vindicta.
NO Mors Pilati qui Iesum condemnavit, ele busca Jesus para curar Tib.
doente, investiga Pilatos por ter condenado Jesus, leva-o a Roma por causa
disso; no entremeio, encontra Verónica que tem um retrato de Jesus, e levaa
a Roma.
O VINDICTA é um texto que deve remontar ao tempo do imperador
Cláudio, 41-54 (foi remanejado no sec. XVII); inspirou numerosas lendas;
foi particularmente importante para evangelizar a Aquitânia. Nesta obra,
Volusiano (personagem central) é amigo de Vespasiano e Tito, que tinha o
olho desfigurado por um câncer, ao passo que Tib. estava ''ulcerado''; Volus.
vai à Judeia em resposta a um pedido anti-Pilatos emitido por causa da
morte de Jesus; Tito sitia Jerusalém para punir esse crime; em sendo
impossível trazer Jesus morto a Tib., Volusiano, constituído legado, busca
Verónica e seu retrato, e providencia uma ''diligente investigação sobre o
que havia sido feito a Jesus'', incluindo os Alunos e a doutrina.
CABE RESSALTAR que o Ciclo de Pilatos sempre nomeia os romanos
apenas com 01 nome e não os 3 habituais.
TEMOS pelo menos 4 rescritas da mesma Carta; em todas, o prólogo
habitual das cartas romanas desapareceu. Uma delas tem o preâmbulo atual,
algo como ''Públio Lêntulo era oficial romano na Judeia sob Pôncio
Pilatos'':
RESCRITAS DA CARTA DE PUBLIO LENTULO
1. - ''Existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente, de
grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado profeta da
verdade e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da
Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em
verdade, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os
mortos, cura os enfermos; em uma só palavra: é um homem de justa
estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade no rosto, que aqueles
que o vêem são forçados a amá-lo ou a teme-lo. Tem os cabelos da cor da
amêndoa bem madura, distendidos até às orelhas e das orelhas até às
espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua
fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o
seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê
em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A
barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas
separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos
graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como
os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque
quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é
alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes,
chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito,
mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é
muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa
imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza; não se
tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela...
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as
ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na
cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando
com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido
por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus não se
ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus;
muitos judeus o tem como Divino e muitos me querelam, afirmando que é
contra a lei de tua Majestade.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao
contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter
dele recebido grandes benefícios e saúde.
2. - ''SABENDO que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos
nossos tempos um homem, que vive atualmente, de grandes virtudes,
chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade; e os seus
discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas
coisas que nela se acham ou, que nela tenham estado; em verdade, ó César,
cada dia se ouvem coisas maravilhosas deste Jesus: ressuscita os mortos,
cura os enfermos, numa palavra, - é um homem de justa estatura e muito
belo no aspecto e, há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são
forçados a temê-lo ou amá-lo. Tem os olhos da cor da amêndoa bem
madura, são distendidos até a orelha e, da orelha até os ombros, são da cor
da terra, porém, mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha
separando o cabelo, na forma de uso entre os Nazarenos. O seu rosto é
cheio, o aspecto é muito sereno, [...] [muito parecido com sua mãe, que é de
peregrina beleza, uma das belas mulheres da Palestina]
''A BARBA é espessa, semelhante ao cabelo, não muito longa, mas,
separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos
expressivos e claros, [o que surpreende é que resplandecem no seu rosto
como os raios do sol ...] [porém ninguém pode olhar fixamente o seu
semblante porque, quando resplende, apavora, quando ameniza, chora; fazse
amar e é alegre com gravidade].
''DIZEM que nunca ninguém o viu rir [em público], mas, antes, chorar. [...]
Na palestra, contenta muito, mas, o faz raramente e, quando dele nos
aproximamos, verificamos que é muito modesto na presença e na pessoa. Se
a majestade tua, ó César, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste,
dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível. [... ]
[tenho sido grandemente molestado por estes judeus] Caminha descalço e
sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, mas, em sua
presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem
nunca fora ouvido por estas regiões. Em verdade, segundo me dizem os
hebreus, não se ouviram jamais tais conselhos, de grande doutrina, como
ensina este Jesus; muitos judeus o têm como divino, mas, outros me
querelam, afirmando que é contra a lei da tua majestade [...] Dizem que este
Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário: aqueles que o
conhecem e que com ele têm praticado afirmam ter dele recebido grandes
benefícios e saúde, porém, à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que
tua majestade ordenar será cumprido. Salve. Da tua majestade, fidelíssimo e
obrigadíssimo. Publius Lentulus, presidente da Judeaia. Indicção sétima, lua
segunda.''
2. - ''LENTULUS, presidente de Jerusalém, ao Senado e ao povo romano,
cumprimentos. Apareceu em nossa época, e ainda vive, um homem de
grande poder, chamado Jesus Cristo. Os povos chamam-no profeta da
verdade; seus alunos, filho de Deus. Levanta os mortos, e cura
enfermidades. E' um homem de estatura mediana (procerus, mediocris et
spectabilis de statura); tem um aspecto venerável, e quem o olha, tem medo
ou amor. Seu cabelo é da cor da amêndoa madura, reto às orelhas, mas
abaixo das orelhas ondulados e cacheados, com um reflexo brilhante,
caindo sobre seus ombros. É partido em dois no alto da cabeça, no uso dos
nazarenos. Sua testa é lisa, rosto sem rugas, alongado. Seus nariz e boca
sem falha. Barba abundante, da cor do cabelo, não longa, mas dividida no
queixo. Seu aspecto é simples e digno, seus olhos refulgem. É terrível em
suas reprimendas, doce e amigável em suas admoestações, gracioso sem
perda da gravidade. E' conhecido por nunca sorrir, mas chora
freqüentemente. Corpo bem proporcionado, mãos e braços bonitos. Sua
conversação é sábia, infrequüente [fala pouco], e modesta. E' o mais bonito
entre os filhos dos homens.''
3. - ''[...] ULTIMAMENTE, apareceu na Judeia um homem de estranho
poder, cujo verdadeiro nome é Jesus [Cristo], mas, a quem o povo chama
''O Grande Profeta'' e seus discípulos, ''O Filho de Deus''. Diariamente
contam-se dele grandes prodígios: ressuscita os mortos, cura todas as
enfermidades e traz assombrada toda Jerusalém com sua extraordinária
doutrina. É um homem alto e de majestosa aparência [...]; cabelo da cor do
vinho, desce ondulado sobre os ombros; dividido ao meio, ao estilo
nazareno. [...] Barba abundante, da mesma cor do cabelo; [...] as mãos, finas
e compridas; olhos claros, [plácidos e brilhantes]. É grave, comedido e
sóbrio em seus discursos. Repreendendo e condenando, é terrível;
instruindo e exortando, sua palavra é doce a acariciadora. Ninguém o viu
rir, mas, muitos o viram chorar. Caminha com os pés descalços e a cabeça
descoberta. Vendo-o à distância, há quem o despreze, porém, em sua
presença não há quem não estremeça com profundo respeito. Quantos se
acerquem dele, afirmam haver recebido enormes benefícios, mas há quem o
acuse de ser um perigo para a tua majestade, porque afirma publicamente
que os reis e escravos são iguais perante Deus'' (do ciclo de Pilatos, achado
em Aquileia em 1580).
RELEMBRANDO ser composta de diversos fragmentos com origens
diferentes.
GAMALIEL: O seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, [...] [muito
parecido com sua mãe, que é de peregrina beleza, uma das belas mulheres
da Palestina].
S. JOÃO Damasceno: Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da
verdade; e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da
terra e de todas coisas que nela se acham ou, que nela tenham estado; em
verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas deste Jesus:
ressuscita os mortos, cura os enfermos... [editou, Paulo Dias].
Fim