segunda-feira, 8 de setembro de 2014

GUGA



O país dos Sassás Mutemas
Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil


            Encontro meu guru Paulus Goy Abhat calado em um recanto na Praça Augusto Leite. Sempre muito calmo e não gostando de discutir Paulus é muito calado e recatado. Aproximo-me do Grande Mestre e o saúdo com boa noite.  Sentado em sua cadeira, olha-me meio tristonho e com seu jeito angelical, falando bem baixinho, convida-me para sentar. Aceito o convite, ele diz.

            - Você notou como o nosso país está cheio de Sassás Mutemas? São os salvadores da pátria. Todos vão acabar com a miséria, vão acabar com a pobreza. A saúde da população vai melhorar 1000%. A segurança pública vai ser a melhor do mundo. Por falar em segurança, você tem lido e acompanhado os acontecimentos no RN, pelos jornais falados e escritos?

            - Meu bom Mestre, tenho.  Preocupo-me muito com isso.  A minha família já foi vítima mais de uma vez desses marginais, e não vimos nenhum resultado tanto da polícia civil ou militar. Eu acho que as nossas polícias são mal preparadas, mal aparelhadas, mal pagas e com número de pessoal reduzido, e ainda me espanta mais, saber que a nossa sociedade aceita tudo pacatamente, sem reação nenhuma, sem cobrar das autoridades “competentes” que tomem atitudes mais enérgicas. Não podemos continuar passando por isto. Olha, na época de Coronel Bento de Medeiros, Hernani Hugo, Maurílio Pinto, são se via tanta impunidade porque eles iam para a linha de frente, amavam a sua profissão, por isto se tornaram dignos dela. Hoje posso até está errado, mas não vejo estas autoridades trabalhando dessa maneira. A criminalidade se alastrando de maneira insuportável e a população aceitando tudo calada. Sei não, todos nós somos culpados, e pela omissão de muitos, pessoas inocentes estão sento atingidas. Já passou da hora do povo reagir;

- Olha filho, eu faço as minhas orações, é minha maneira de fazer alguma coisa, mas estou receoso e admirado com a cara de pau dos nossos políticos. Repito, todos falam que vão melhorar em muito o nosso Brasil, todos falam que vão melhorar o nosso Estado. Responda-me uma coisa, será que eles pensam que todos somos idiotas? Falar em renovação, quando já participaram de uma maneira ou de outra de governos passados, e o que eles fizeram? Para os homens honestos, isto é muito triste, e desanimador. Político geralmente mente muito e o povo acredita demais.

- Meu bom Mestre, compreendo a sua angústia, a sua inquietação, a sua impaciência, mas acho e continuo dizendo, que nós somos os maiores culpados. Vamos votar nas mesmas pessoas, senão neles? Mas nos filhos deles, com se ficássemos reféns de todos. Aceito que tudo isto é insuportável para algumas pessoas, mas suportável para a maioria. A nossa política ficou tão descrente que existem poucos homens de bem ou do bem que queiram participar desta situação. Os filhos dos menos favorecidos, maridos e até mulheres estão sendo exterminados, mas basta chegar um político, um carro de som para que seja feita uma festa. Veja como o poeta Jessier Quirino analisa a  relação ente os políticos brasileiros e povo em seu poema matuto “Comício em Beco Estreito”

Pra se fazer um comício/ Em tempo de eleição/ Não carece de arrodei/ Nem dinheiro muito não/ Basta um F-4000/ Ou qualquer mei caminhão/ Entalado em beco estreito/ E um bandeirado má feito/ Cruzando em dez posição. Um locutor tabacudo/ De converseiro comprido/ Uns alto-falante rouco/ Que espalhe o alarido/ Microfone com flanela/ Ou vermelha ou amarela/ Conforme a cor do partido/ Uma gambiarra véa/ Banguela no acender/ E terminada a campanha/ Faturada a votação/ F#da-se povo, pistom/ F#da-se caminhão/ Promessa, meta e programa/ É só mergulhar na Brahma/ E curtir a posição/ Sendo um cabra despachudo/ De politiquice quente/ Batedorzão de carteira/ Vigaristão competente/É só mandar pros otário/ A foto num calendário/ Bem família, bem decente/ Ele, um diabo sério, honrado/ Ela, uma diaba influente/ Bem vestido e bem posado/ Até parecendo gente/ Carregando a tiracolo/ Sem pose, sem protocolo/ Um diabozinho inocente”.

- O nosso poeta descreve meu Grande Mestre, a situação do nosso povo, diante do nosso quadro político atual. Somos marionetes nas mãos desses políticos, que nos manipulam e não vejo como reagir. Para mudarmos faltam duas coisas, educação e vontade.

- Meu filho, só nos resta rezar, e rezar muito. Reza pouca não vai resolver.

 

           

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