sexta-feira, 14 de março de 2014

SAUDADE DE DOSINHO
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Conheci Dosinho em 1950, quando fazia parte da SAE – Sociedade Artística Estudantil e acompanhava as caravanas artísticas com vários companheiros da vida musical – Haroldo e Hianto de Almeida, os meninos que viriam a formar o Trio Irakitan, Paulo e Pedro Dieb e outros, capitaneados por Francisco Sales, então funcionário Civil da Base Aérea de Natal e empresário artístico.
Naquela época eu atuava na radiofonia potiguar, mais precisamente na Rádio Poti de Natal, em seus programas de auditório de fim de semana.
Para aperfeiçoar a minha arte eu recebi permissão para ensaiar com a banda de música da Aeronáutica, para onde me deslocava em ônibus da Base no início da manhã, tendo o privilégio de encontrar na paisagem do trajeto a névoa circundando algumas dunas do caminho (pista de Parnamirim). Ficava naquela unidade militar até o final do expediente, pois o meu arranjador era um sargento, cujo nome já não lembro e Dosinho atuava na referida banda, na condição de soldado da unidade.
Sabendo das minhas aptidões nos aproximamos e ele levou-me ao seu alojamento e me entregou uma música para eu colocar entre outras do meu repertório – era uma bela canção, que pretendia gravar, denominada Ponta Negra.
Sua letra assim dizia: “Ponta Negra, praia linda e bem tristonha. Quem dorme contigo sonha, vendo os encantos que tens. Tuas ondas, portadoras de saudade, saudade de quem tem amizade de um alguém muito além. Os teus coqueiros que crescem bastante querendo o céu alcançar, mas os teus frutos que descem constante, querendo ficar com o mar. Mas se não fosse a tristeza que em Ponta Negra tem, a filha da natureza a todos seria um bem.”
Nunca cheguei a gravá-la, mas ainda espero fazê-lo antes da viagem final. Contudo fez parte do meu repertório durante todo o período em que atuei no rádio – 1950 a 1955.
Nossos encontros eram espaçados, mas sempre fomos bons amigos.      Na Academia Macaibense de Letras indiquei o seu nome para receber um título juntamente com Ademilde Fonseca (ainda viva) e, posteriormente apoiei a sua escolha para uma cadeira na Academia. Ele não chegou a tomar posse e agora só nos resta torná-lo Patrono.
Tive a alegria de ser professor e depois colega do seu filho na UFRN, a quem transmito as minhas condolências.
Velho Amigo, você deixa uma lacuna e uma imensa saudade por tudo o que você foi e fez pelo nosso Estado. Fique em Paz com Deus na Eternidade.    

quinta-feira, 13 de março de 2014


Morre Dosinho, um dos principais carnavalescos do RN

Ele estava internado há quase 30 dias no hospital Promater, com quadro de infecção generalizada.

Gerlane Lima,
Morreu na manhã de hoje (13), Claudomiro Batista de Oliveira – Dosinho, um dos principais carnavalescos do Rio Grande do Norte.
Dosinho estava internado há quase 30 dias no hospital Promater. Ele estava em coma, com quadro de infecção generalizada. A família ainda não definiu o horário, nem local do velório.
Claudionor Batista de Oliveira nasceu na cidade de Campo Grande no Rio grande do Norte. Iniciou sua carreira fazendo composições para campanhas publicitárias e políticas. Foi assistente de orquestra da Rádio Nacional no Rio de Janeiro. Trabalhou na Gravadora Copacabana como agente e na Mocambo como representante. Em Natal, nos anos 60, produziu e apresentou um programa na Rádio Trairy, aos domingos, denominado Fábrica de Melodias, onde tocava os últimos sucessos da gravadora Mocambo, que ele recebia com exclusividade.
Começou a compor nos anos 40, mas suas primeiras composições gravadas, datam de 1952: o samba choro "Há sinceridade nisso" e o baião "Se tocá eu danço" feitos em parceria com Manezinho Araújo e Carvalhinho e gravados por César de Alencar. No mesmo ano e com a mesma dupla fez o baião "Jica-jica" gravado em dueto por Cesar de Alencar e Heleninha Costa. Por essa época  compôs a música de carnaval "Marta Rocha" em homenagem a então miss Brasil, que visitava a cidade de Natal - essa música permaneceu inédita.
Em 1962  suas composições falavam da uma paixão maior do povo natalense - o Futebol. Compôs "O mais querido" - hino do ABC Futebol Clube sucesso até hoje entre a galera do "frasqueirão". Compôs ainda o hino do Alecrim Futebol Clube e um segundo Hino do América Futebol Clube de Natal, já que o primeiro era o mesmo do América Futebol Clube do Rio de Janeiro.
Ainda esse ano, Gilberto Fernandes gravou o samba-canção "Maltrapilha" e os Cancioneiros o samba "Sofredor". Em seguida foi a vez do lançamento do LP "Primeiro Ensaio", com o qual obteve grande sucesso e  elogios de Câmara Cascudo.
Entre seus LPs destaca-se "Carnaval de norte a sul" com 12 composições em parceria com Waldir Minone, interpretadas por Claudionor Germano. Albertinho Fortuna, Expedito Baracho, que cantou solo e como integrante do conjunto Os Cancioneiros e Carminha Mascarenhas.
Dosinho é considerado um dos grandes nomes do Carnaval ao lado de Capiba e Nelson Ferreira. Depois de atuar no Rio de Janeiro e no Recife, voltou pra Natal onde permaneceu até hoje.
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FONTE: Portal nominuto.com

Dozinho

Claudomiro Batista de Oliveira
24/12/1927 Augusto Severo, RN

morte: 13/3/2014

Dados Artísticos

Embora ficasse conhecido como compositor de frevos, sua carreira teve início com composições para campanhas publicitárias como também políticas. Compôs também sambas-enredo. Foi assistente de orquestra da Rádio Nacional no Rio de Janeiro. Trabalhou na Gravadora Copacabana como agente e na Mocambo como representante. Começou a compor na década de 1940. Em 1952, teve suas primeiras composições gravadas, o samba-choro "Há sinceridade nisso?", e o baião "Se tocá eu danço", feitos em parceria com Manezinho Araújo e Carvalhinho e gravados por César de Alencar, dois de seus maiores sucessos. No mesmo ano e com a mesma dupla fez o baião "Jica-jica", gravado em dueto por César de Alencar e Heleninha Costa. Por essa época compôs a música de carnaval "Marta Rocha", em homenagem à então miss Brasil, que visitava a cidade de Natal e que permaneceu inédita. Em 1955, Os Cancioneiros gravaram, de sua parceria com Genival Macedo, o baião "Menino de pobre". No mesmo, ano Déa Soares gravou o samba "Peço a Deus", parceria com Sebastião Rosendo. Em 1956, o Trio Puraci gravou dele e Hilário Marcelino a marcha "Vou de reboque" e Expedito Baracho o samba-canção "Beco da maldição". Em 1957, Os Cancioneiros gravaram os frevo-canções "Tempero de pobre" e "Fantasia de capim", que também figuram entre seus maiores sucessos. Em 1959, Gilberto Fernandes gravou o samba-canção "Trapo", parceria com Zito Limeira, e o samba "Só depende de você". Em 1962, Gilberto Fernandes gravou o samba-canção "Maltrapilha" e Os Cancioneiros o samba "Sofredor". Nesse mesmo ano, obteve grande êxito no lançamento do LP "Primeiro ensaio", que recebeu as seguintes palavras elogiosas do historiador Câmara Cascudo: "Dosinho tem a linguagem musical. Diz todas as suas emoções na linha melódica, doce, clara, fácil, com uma naturalidade de fonte. E uma grandeza espontânea de predestinado". Ainda no mesmo ano compôs "O mais querido", hino do ABC Futebol Clube, popular clube de futebol de Natal. Compôs ainda o hino do Alecrim Futebol Clube e um segundo hino do América Futebol Clube de Natal. Em 1963, Roberto Bozzam gravou o bolero "Se alguém me perguntar" e o frevo-canção "Só presta quente". Em 1964, Meves Gomes gravou o frevo-canção "Eu quero mais..." e José Alves "Me deixa em paz". Entre seus LPs destaca-se "Carnaval de Norte a sul", com 12 composições em parceria com Waldir Minone, interpretadas por Claudionor Germano, Albertinho Fortuna, Expedito Baracho, que cantou solo e como integrinte do conjunto Os Cancioneiros e Carminha Mascarenhas. Em 1965 lançou o compacto simples "A vez do morro" e "Ponta negra", como parte da campanha Pró-Frente de trabalho João XXIII. No mesmo ano Gilberto Ferandes gravou "Baião". Teve músicas gravadas, entre outros, por Claudionor Germano, Blecaute, Expedito Baracho, Trio Guarany com Orquestra Tamandaré e Paulo Marquez. É um considerado um dos grandes do carnaval ao lado de nomes como Capiba e Nelson Ferreira. Depois de atuar no Rio de Janeiro e no Recife, retornou para a cidade de Natal.
Memória da MPB
Fonte: 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Rinaldo Barros 

Violência e desigualdade brutal

 
“Algo está muito mal quando as pessoas de  boa vontade consideram que, para viver em paz, é preciso estar armado.”

 (Sen. Cristovam Buarque)
(*) Rinaldo Barros
 
O cenário de terror que circunda esta reflexão é a invasão de comunidades pobres pelas forças de segurança, produzindo, dia após dia, civis e policiais feridos e mortos; ônibus, carros e motos incendiados, milhares de disparos de fuzis e pistolas, explosões, e centenas de corpos estendidos no chão, a cada dia.
A conversa de hoje é, em verdade, um olhar sobre a brutalidade da desigualdade, da pobreza, da miséria espiritual, e da violência intrínseca, cotidiana. Não falo da violência dos criminosos, que são o principal foco das ações policiais, mas da pobreza persistente da maioria da população, como causa e produto da desigualdade brutal.  
A pobreza, violenta em si, mata silenciosamente pela fome, pela desnutrição, pela ausência de cuidados básicos, pelos transtornos mentais, pela água contaminada, pelas endemias e pela epidemia de drogas, ilícitas ou não.
Mas é necessário reforçar que a desigualdade é a fonte de alimentação do caldo de violência que agride o país, com destaque para a epidemia do crack alterando a química do cérebro de milhões de crianças e jovens brasileiros.
Será que, além da construção dos estádios maravilhosos, ainda é possível reconhecer as feridas abertas, e exigir que as Políticas sociais se traduzam em investimentos prioritários em Segurança pública, lato sensu?
Entendo que os pobres são as primeiras vítimas da violência. A desigualdade lhes impõe uma situação de desamparo tamanho que, para além da violência latente na condição de carência, confrontada com o esbanjamento de recursos dos mais ricos e poderosos, ficam sem defesa alguma, e são impotentes contra a violência do seu dia-a-dia.
Na periferia, dominada por redes criminosas em razão da omissão do Estado, famílias inteiras convivem com o risco de desconstituição familiar, ameaças de morte de crianças e adolescentes, restrições no direito de ir e vir, parentes desaparecidos, entre outras violências inimagináveis e invisíveis aos olhos menos atentos.
A Segurança, como bem público, deveria ser garantida a todos os cidadãos. No entanto, historicamente, os pobres sempre foram (e continuam sendo) alijados desse direito, dentre outros tantos tão elementares para a constituição da cidadania. Hoje, com a luz amarela acesa, o medo é geral, porque ninguém se sente seguro.
As bolsas e cotas do PT governo não foram capazes de mudar o Brasil real para melhor, mas perpetuaram a desigualdade brutal, com a manutenção da dominação ideológica e do consumismo, via manipulação e propaganda mentirosa, em que pese a crescente banalização da vida. Só não ver quem não quer.
Ao PT governo, fiel preposto do agronegócio e dos bancos, e sem ter feito nenhuma reforma necessária à sociedade brasileira, só interessa as alianças que garantam vencer as próximas eleições; o Brasil que se exploda.
A cultura da violência, a certeza da impunidade e a indiferença da maioria da sociedade atestam que, no patropi, “a vida humana vale muito pouco”. Senão, vejamos.
Toda noite, centenas de milhares de brasileiros não conseguem dormir por falta de espaço. Eles sobrevivem em celas superlotadas, projetadas para três ou quatro pessoas, mas ocupadas por mais de 20. A maioria está doente e sofre de distúrbios mentais. São mal alimentados, violentados, e subjugados por organizações criminosas.
São jovens favelados, miseráveis, a maioria negros, (de 15 a 24 anos), muitos deles traficantes ou viciados.  
E, pasmem, estão sob a tutela do Estado.
Todo dia, centenas de brasileiros, presos ou sequestrados, são torturados asfixiados em sacos plásticos, submetidos a choques elétricos e espancados até a morte (vide Mapa da Violência - http://www.mapadaviolencia.org.br/; filmes “Tropa de elite 1 e 2” e Manual Prático do Ódio - Ferréz. ed. Objetiva).
Em 2012, de acordo com as estatísticas oficiais, em todo o Brasil, houve 50.108 casos de homicídios. A maioria deles com sinais inequívocos de execução. E esse número é crescente e preocupante.
Este é realmente o caminho para a solução?
O narcotráfico terá seu poder reduzido matando-se jovens pobres nas favelas?
O fato é que a pobreza foi enquadrada nas favelas e confinada nos chamados bairros periféricos das metrópoles (cerca de 50% da população do Rio de Janeiro e São Paulo moram em favelas ou em loteamentos ilegais; e mais de 10% da população de Natal - umas 100 mil pessoas - sobrevivem em favelas ou submoradias.  
O detalhe curioso é que os chefes do narcotráfico, milionários, não moram em favelas.
Pra concluir, desconfio que existe um forte componente cultural associado ao controle da violência e que este controle funciona melhor onde existe uma ética social; o que – lamentavelmente – não é o caso do Brasil.
Se esse raciocínio está correto, o problema da violência urbana, no patropi, tem um forte componente cultural e está associado ao fato de não termos uma tradição de respeito aos direitos e às liberdades individuais, e a nossa grande tolerância com a corrupção, com a transgressão, o tal “jeitinho brasileiro” visando “levar vantagem em tudo”.
Não há dúvida de que urge uma profunda reforma no nosso sistema prisional, e de controle mais rigoroso na execução penal (com a introdução do trabalho forçado como parte da pena); notadamente em relação aos chefes das organizações criminosas. O trabalho forçado para condenados, talvez, seja um caminho, uma solução.
Resumo da ópera: as feridas abertas pela desigualdade brutal nos alerta que Segurança pública não pode ser um projeto de governo nem de partido, mas do conjunto da sociedade, um projeto de Nação.
 
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

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Uma dúzia de mulheres acabam de ingressar na Escola Naval, integrando o primeiro grupo feminino a pisar, como Aspirantes, o solo sagrado de Villegagnon.
Ao ver a foto da jovem Aspirante já com o uniforme branco, uma delas
escreveu um dos textos mais belos e atuais que li ultimamente. Ele não é
apenas sobre Marinha, mas sim sobre o Brasil e os dias que vivemos.
Parabéns Primeira Turma Feminina da Escola Naval de 2014. Vocês são a dúzia que vale muito mais que milhares!
Com a devida permissão da autora, Carla Andrade, encaminho o texto para apreciação.


                 A carta
De todas as transformações que o nosso país enfrenta, não tenho dúvida que a pior delas é inversão de valores.Não estou falando dos atores, mas da plateia.Quem determina o sucesso de um espetáculo é o público. Por melhor que sejam os atores e o enredo, se o público não aplaudir, a turnê acaba.Nós somos a sociedade, nós somos a plateia, nós dizemos qual o espetáculo deve acabar e qual precisa continuar.
Se nós estamos aplaudindo coisas erradas, se damos ibope a pessoas erradas,de que estamos reclamando afinal?
Somos nós que continuamos consumindo notícias de bandidos presos e
condenados.
Somos nós que consumimos notícias de arruaceiros que ganham mesada para depredar o nosso patrimônio.
Somos nós que damos trela para beijaços, toplessaços, marcha de vadiaças,dos maconheiraços, dos super-heróis que batem ponto em “manifestações” (eque gostam de cozinhar-se dentro de uma fantasia num sol de 45 graus), e todos os tipos de histéricos performáticos que querem seus 15 minutos de fama.
Quando fazemos isso, estamos dando-lhes valores que não têm. Estamos
dando-lhes atenção. Estamos dedicando-lhes o nosso precioso tempo.
Passou da hora de dar um basta nisso!
Por que os nossos jornais estão recheados de funkeiros ao invés de
medalhistas olímpicos do conhecimento?
Por que vende-se mais jornal com notícia de um funkeiro que largou a escola por já estar milionário, do que de um aluno brilhante que supera até seus professores?
Por que sabemos os nomes dos BBBs e não sabemos os nomes dos nossos cientistas que palestraram no TED?
Por que muitos não sabem nem o que é o TED? Ou Campus Party?
Por que um evento histórico para o Brasil como o ingresso da primeira turma feminina da Escola Naval não é noticiado?
Por que um monte de alienadas com peitos de fora, merecem mais as manchetes do que as brilhantes alunas, que conquistaram as primeiras 12 vagas, da mais antiga instituição de ensino superior do Brasil?
Por que nós continuamos aplaudindo a barbárie, se ainda temos valores?
O país não mudará se nós não mudarmos o foco!
Os políticos não mudarão se nós não refletirmos a sociedade que queremos!
Já passou da hora de nos posicionarmos!
Ostracismo a quem não merece a nossa atenção e aplausos para quem faz por merecer.
Merecer! Precisamos devolver essa palavra para o nosso dicionário cotidiano.
Meu coração ao olhar essa foto hoje, se divide em vários sentimentos
distintos.
Muito orgulho de ser mulher e me ver representada por essas guerreiras.
Elas não estão fazendo arruaça pleiteando igualdade. Elas conquistaram a
igualdade estudando e ralando muito.
Elas tiveram que carregar na mão as suas malas pesadas no dia que entraram na Escola Naval. Não puderam puxar na rodinha não! Tiveram que carregar na mão igual aos aspirantes masculinos.
Elas foram e fizeram.
Mas ao contrário das feministas de toddynho, não estarão nas manchetes dos jornais de hoje. E isso me evoca outros sentimentos.
Sentimentos de revolta, de vergonha, e de constrangimento frente a essas
mulheres, que não serão chamadas de heroínas por apresentadores de
televisão. Mas estão dispostas morrer como heroínas por nosso país.

                                                       Carla Andrade
__________
Colaboração do leitor Roberto Paiva, de Olinda-Pe 

segunda-feira, 10 de março de 2014

O PRESIDENTE DA UBE/RN

 - ROBERTO LIMA DE SOUZA - 

CONVIDA PARA O 

LANÇAMENTO DE MAIS UM LIVRO DE 

DIULINDA GARCIA, DIA 12-03-2014.






POETISA DIULINDA GARCIA




SERVIÇO:

DATA: 12-03-2912
HORA: 19HS

LOCAL BUFFET DE RENATA MOTTA

domingo, 9 de março de 2014

    

FIM DE CARNAVAL, COMEÇO DE QUARESMA
Por: MARCELO NAVARRO, escritor

Cinzas
À moda dos carnavais de antigamente


Numa triste manhã de quarta-feira,
Ressaca de esperanças mascaradas,
Girava - mestre-sala sem parceria -
Um bisonho Pierrô pelas calçadas.

Nos cantos dos seus olhos, serpentinas
De lágrimas derramam pela rua
Confetes de lembranças bailarinas
Que dançam, mas sem música nem lua.

A fantasia de felicidade
Está em trapos ao romper do dia,
Em seu lança-perfume, só saudade;
Evaporou-se, é morta a alegria.

Pois o amor - bloco do eu-sozinho -,
Já que ilusão é passista cansada,
Recolhe os estandartes, de mansinho,
Dos dias de verdade embriagada.

Nos braços do Arlequim, a Colombina
Sequer olhou pra trás ou acenou;
Sumiu: foi como estrela pequenina
Que cintilou no céu e se apagou.

-Mergulha em tuas cinzas, ó Pierrô!
Das brasas restam cinzas, menos mal...
Em brasas essas cinzas de tua dor
Vão se tornar, num novo carnaval.