sábado, 3 de maio de 2014

Rua


Uma moradora de rua

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br



Noite da última quarta-feira, Av. Rio Branco, no bairro da Cidade Alta, área central de Natal. Debaixo da marquise de uma loja, um grupo de moradores de rua se abancava na calçada. Sobre colchonetes comidos por traças, lençóis rasgados ou simples folhas de papelão e jornal, várias crianças, adultos e idosos se amontoam procurando dormir, a despeito do transito pesado de veículos.
Nem o barulho dos ônibus parece incomodar-lhes. Enquanto alguns procuram repousar, outros consomem “crack”, ou mantém garrafas plásticas com cola de sapateiro perto do nariz. Muitos deles tiveram suas vidas devastadas pelas drogas. Não possuem mais família e perderam até a própria identidade.
O lugar fresquinho nas noites de verão é terrivelmente frio e insalubre no inverno. As caixas de papelão protegem aqueles moradores de rua dos olhares indiscretos dos motoristas que circulam.
Uma das moradoras dormia num canto com a filha recém-nascida – uma criança pequena, pálida, franzina que mal chorava. E olhem que motivo para chorar não faltava, nem faltaria durante certo tempo de sua vida.
Quando a criança tinha fome, a mãe adolescente encolhia-se atrás de um pedaço de plástico, tirava o minguado seio para fora, e punha a filha para mamar.
Amamentar para ela era uma dor, pois quase não tinha leite, e, ao mesmo tempo, dava-lhe alegria pela sensação de fazer o que a vida lhe incumbiu no dever de mãe. Seu corpo franzino, feito de pele e ossos, quase não tinha leite para oferecer. A criança com fome chorava. “Tão pequena e já sofrendo”, disse uma senhora que passava na ocasião.
Para aquela mãe, a vida sempre fora assim – fome e frio. Todas as manhãs, ela ia até uma padaria nas proximidades, onde os funcionários davam-lhe um ou dois pãezinhos franceses. Depois, andava pelas calçadas das ruas centrais, mendigando de um e de outro.
Perambulava pelo centro da cidade, com a filha no colo e uma sacolinha pendurada ao lado. Esmolava sem cessar, apesar das inúmeras negativas. Vez ou outra recebia uma moedinha, raramente uma nota de papel.
Juntava as moedas e depois ia até uma das lanchonetes, onde pedia um copo de leite para a filha. Finalmente, sentava no chão, à sombra de alguma árvore da Rua Princesa Isabel, para dar de comer à sua filha. Às vezes, recebia uma ou outra fruta dos vendedores ambulantes por trás da agência do Banco do Brasil.
Quando chovia, a sua vida complicava. Procurava abrigo nas marquises das lojas, pois não podia entrar nas galerias, sob os olhares atentos dos vigilantes.
Na hora do almoço, apelava para restos de comida nas portas dos restaurantes. Às vezes, até ganhava uma quentinha de alguma alma caridosa.
E assim passava todos os dias. À noite, depois que o comércio fechava, voltava para Av. Rio Branco – ao mesmo local – para evitar que outro morador de rua tomasse o seu ponto de dormida. Então, tratava de catar novas caixas de papelão para forrar o cimento frio e deitar-se com a filha.
Durante a noite, ela quase não dormia, vigilante, para evitar ser molestada ou que carregassem a sua filha. A vida dela era uma penitência constante, sem promessas de melhoras.

Assejuris



EM DEFESA DAS ASSESSORIAS JURÍDICAS

Valério Mesquita*

O professor de Direito Carlos Roberto de Miranda Gomes, ressaltando a importância da Assessoria Jurídica do Estado pontuou que a sua criação foi “uma conquista da classe, liderada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Potiguar, de cujo esforço resultou a inserção do artigo 88 na Constituição do Rio Grande do Norte”. Ao longo de mais uma década, a categoria procurou com tenacidade assumir o seu papel com a edição da lei nº 5.991 de 03 de abril de 1990, com alterações posteriores, mas sem atingir a fiel execução. Nenhum progresso foi efetivado e hoje vive uma defasagem salarial expressiva se comparada com a situação de órgãos congêneres.
Ano passado, a Sexagésima Comarca de Natal, instaurou Inquérito Civil Público, “a fim de apurar possível ilegalidade do Estado do Rio Grande do Norte em utilizar-se de agentes não integrantes da carreira de assessor jurídico para exercerem a função de assessoramento jurídico auxiliar dos órgãos da administração estadual”. A peça informativa pede e requisita que cada um dos órgãos da gestão pública, tanto da administração direta como indireta informem se a emissão de pareceres obedecem o critério legal da prévia distribuição dos processos entre os assessores jurídicos de cada quadro setorial. Nesse caminho revitaliza-se o ensinamento do professor Celso Ribeiro Bastos, citado através do mestre Carlos Gomes “que tudo aquilo que não estiver proibido em decorrência de disposição legal, na seara do Direito Administrativo, a prática de um ato não previsto em lei é um ato ilegal. Pois a administração pública não tem fins próprios, mas há de buscá-los na lei. Em regra, não desfruta de liberdade escrava que é da ordem jurídica”.
A Associação dos Assessores Jurídicos do Estado do Rio Grande do Norte foi fundada em 08 de março de 1991. Celebrou 23 anos de atividades sem que tivesse até hoje merecido de alguns governantes o reconhecimento do seu importante papel. Na ordem jurídica da administração estadual ela representa uma força viva que defende e protege a lisura dos atos do gestor, escoimando-os das imperfeições e vícios comuns da máquina burocrática. Esse trabalho precisa ser enxergado e maximizado pelas autoridades.
Ignorar a sua performance e preterir as justas reivindicações que postula significa enfraquecer o próprio organismo estatal. A categoria dos assessores, já tão agredida pela usurpação das funções dos paraquedistas dos cargos públicos, precisa receber o apoio incessante das demais instituições jurídicas. A orientação opinativa das assessorias, sem dúvidas, reveste-se de importância a fim que as decisões do governador, - a maioria das vezes, relevantes – sejam escoimadas de qualquer responsabilidade de dano. Repito, comparada com a de outras classes que hoje, a defasagem salarial dos assessores jurídicos do Estado do Rio Grande do Norte, com outras classes do arcabouço jurídico, é desconcertante. Que o governo que tanto sente a ação interna do órgão no acerto de sua conduta, se sensibilize, também, em fazer justiça à categoria, na construção do novo Rio Grande do Norte. Como disse o mestre Gabriel Garcia Marques: “Tudo é questão de despertar a alma”.

(*) Escritor.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Machadão


Equívoco do jornalista Everaldo Lopes.
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
Na sua coluna de hoje, na TN, o jornalista Everaldo Lopes fala de encontro casual que teve com o meu irmão Moacyr Gomes da Costa, que lhe teria dito que "em suas viagens pelo velho mundo viu os mais bonitos estádios do planeta e ainda não tinha opinião formada sobre a Arena das Dunas". O encontro foi na saída de uma missa e eu estava com Moacyr e o que ele falou foi que conhecia os estádios de todo o mundo, mas se referindo a revistas e fotografias, pois jamais saiu do Brasil.
Portanto, não é exata a interpretação do jornalista, que em outra oportunidade, de um vídeo gravado para a TV Assembleia, já havia afirmado equivocadamente, que o nosso arquiteto foi à Alemanha se inspirar para o projeto do Machadão.  
Estou concluindo um livro intitulado "O Menino do Poema de Concreto" e posso afirmar que a concepção de um estádio para Natal surgiu no Rio de Janeiro, quando do término do Curso de Arquitetura e apresentado como trabalho de final do referido curso, ainda nos anos 50 e é completamente original.
Farei uma sinopse sobre este assunto e darei publicidade para acabar com essa insistência de achar que o que se faz de bom aqui é copiado.

CANTINFLAS IMORTAL
E VERDADEIRO.

quinta-feira, 1 de maio de 2014



AMÉRICA FUTEBOL CLUBE 
CAMPEÃO POTIGUAR DE 2014

Em noite memorável o MECÃO sagrou-se campeão potiguar de 2014, o ano da Copa do Mundo e o primeiro vencedor do novo estádio Arena das Dunas, empatando com o Globo de Ceará Mirim, que embora "benjamim" no futebol, já chegou com pinta de bravura, merecendo também os parabéns da população.
Na cronologia da sua história, a sua vitória corresponde ao 34º título estadual.
O jogo conseguiu registrar um bom público, na ordem de 19.440 torcedores, o maior já recebido na Arena das Dunas.
O troféu foi erguido pelo capitão Edson Rocha e a galera vibrou, mesmo com a chuva que caiu sobre a cidade e o estádio, incompreensivelmente, não protegeu os torcedores.
Nossa família esteve representada com a presença de Rocco José e Raphael. PARABÉNS!!!!!!!!!
Dia do trabalho
História do Dia do Trabalho
História do Dia do Trabalho, comemoração, 1º de maio, criação da data, origem, eventos, protestos,
 reivindicações, direito dos trabalhadores, bibliografia
História do Dia do Trabalho - Manifestantes em Chicago - 1886
Manifestações e conflitos em Chicago (1886): origem da data

História do Dia do Trabalho
O Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios. 
A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.

Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.

Aqui no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes.

Fatos importantes relacionados ao 1º de maio no Brasil:

- Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer)

- Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

jc



            Influência dos Anos 50 - II
Juarez Chagas/Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

                       One, two, three o'clock, four o'clock rock,
                         Five, six, seven o'clock, eight o'clock rock.
                                Nine, ten, eleven o'clock, twelve o'clock rock,
                            We're gonna rock around the clock tonight.
                       Put your glad rags on and join me hon',
                                    We'll have some fun when the clock strikes one.
                            We're gonna rock around the clock tonight,
                                    We're gonna rock, rock, rock, 'till broad daylight,
                                                        We're gonna rock we're gonna rock around the clock tonight.
                                                                                   -Bill Halley & His Comets, 1954

          Não se pode negar que, apesar de Chuck Berry e depois do garoto Elvis, nos meados dos anos 50, a voz de Bill Halley and his Comets, foi uma das que mais cantou e incendiou o Rock and Roll, nos quatro cantos do mundo! A banda esteve duas vezes no Brasil, a primeira em 1958 e a segunda em 1975, ambas apoteóticas.
          A chegada dos primeiros astros do rock no Brasil, Bill Halley e seus Cometas (1958) e Neil Sedaka (1959) sedimentaria de vez a explosão musical da juventude e, a partir daí, a juventude brasileira teria, além de seus ídolos americanos, seus próprios cantores e representantes musicais.
         Quando veio ao Brasil pela primeira vez, Halley teve a oportunidade de ver e sentir também a força pujante do Rock na América do Sul, inclusive com sua dança que virou febre nacional. Surge assim uma simples pergunta a nível local e potiguar: de onde vieram nossos “Assustados?” seria mais que pertinente, uma vez que antes do Rock n Roll e do Twist, terem invadido o Brasil e, especialmente Natal pós-guerra, a juventude de sua época correspondente, não dançava assim, solto no meio do salão, dancing ou onde fosse dançar juntinho, embora bem comportado fosse o habitual e da moda.
          A resposta é simples e verdadeira: veio das “Festas Americanas” que, em Natal foram impulsionadas pela SCBEU que realizava (além de sua programação cultural, shows, bailes, festividades nacionais, etc) os happy hours e as “festas americanas”, onde os jovens se reuniam em suas próprias casas, geralmente nas áreas ou organizavam as salas para adequar o espaço e ali, sob o som do Rock, bebiam caipirinha, batida,  “Leite-de-Onça”, Rum com Coca-Cola e refrigerantes e, dançavam “soltos” freneticamente. Estava, portanto, inventado o “Assustado”.
          O fenômeno “Jovem Guarda”, só botou mais lenha na fogueira e, conseguiu, com bom gosto, sensibilidade e capacidade, tirar do rock e jogar no “som pop rock” vertentes que atendiam aos anseios musicais e comportamentais da juventude. E, por isso, esses anos foram, muito felizmente, chamados de Anos Dourados...
          Não é pertinente, nem oportuno no momento, discorrer sobre a origem do Rock com suas raízes no Jazz, Country, Rythhm e Blues, porém o irrefutável e importante papel que este teve na revolução jovem social dos tempos pós-guerra e que, posteriormente, nortearia e influenciaria os vários estilos musicais, em todo o mundo, é incontestável.
          Paul Friedlander (Rock and Roll, uma História Social, 2002), hoje um professor universitário de música, que viveu o auge do Rock and Roll, com sua própria banda, mostra o valor dessa fantástica revolução social que foi o Rock, para o mundo, não apenas em termos musicais, mas, sobretudo comportamental, principalmente nos meios de comunicação de massa.
          Ele diz, didaticamente, como o rock “viaja” na pessoa provocando as mais variadas emoções, ou seja, primeiro atingindo o cérebro, em suas diversas áreas importantes. Daí seguindo para o coração, onde para muitos se atribui o emocional, descendo para a genitália, onde as manifestações sexuais afloram e, por último, chegando aos pés, traduzindo em dança. Friedlander foi feliz em sua afirmação, admitamos, porque na verdade o rock and roll, “balança e rola” a pessoa com seu ritmo inconfundível!
          Evidentemente que, sabemos haver muito mais conteúdos do que os descritos por Friedlander e que todos eles juntos resultam nas mais variadas manifestações que o Rock causava (e ainda causa) na juventude que só precisava de um “reagente” e um vetor para a explosão social jovem que seria inevitável, acontecer.
          Com algum esquecimento sem obedecer a uma cronologia rigorosa, é fácil hoje rebuscar a trajetória do Rock and Roll puramente americano, de Chuck Berry a Elvis Presley, até a inevitável e rica invasão das três maiores bandas inglesa: Beatles, Rolling Stone e The Who.
          Portanto, pra quem ainda duvida da força do velho Rock and Roll, ainda não conseguiram derrubar (e nem vão conseguir) o velho e imbatível Rock que, como diz a estrofe “Rebole e Role” ou “Mexa-se e Role” around the clock tonight!...ou quem sabe, around the clock forever! (Continua no próximo artigo).