sábado, 12 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - DIA 12 DE JULHO
DISPUTA DO TERCEIRO LUGAR


BRASIL 0  X  3 HOLANDA

4º lugar
3º lugar
No momento resta apenas


Mas, O SONHO NÃO ACABOU.
Assunto: Lucidez

 
 
“O general Golbery do Couto e Silva dizia que dentro de cada vitória há uma derrota. E que dentro de cada derrota há outra derrota. O dito do mago da ditadura não era para ser levado a sério, apesar de ter o seu sal de verdade. Tomar de sete a um é chato. Mas não é uma tragédia. Outras derrotas virão, quem sabe até maiores. É do jogo.
O futebol é o mais internacional dos esportes, centenas de milhões de pessoas no mundo todo torcem, sofrem e discutem interminavelmente partidas e campeonatos. Ele pertence ao domínio do entretenimento, existe para divertir, no seu âmago está o prazer. Na Copa do Mundo, boa parte da espécie humana acompanha os jogos, dando origem a uma narrativa global que envolve bilhões de espectadores. Há uma tensão planetária que não redunda em violência. É uma beleza.
Tudo isso em nada altera a realidade material da vida e o rumo da história. O juiz apita o final do jogo, as luzes se apagam e em poucos dias tudo volta ao que era dantes na arena de Abrantes. Salvo para os diretamente envolvidos, os jogadores. Pagos a peso de ouro, eles são profissionais no topo da carreira, astros adulados em centenas de países. Na Copa, pelo que se percebeu, a maioria deles se comportou a contento. Trabalharam com diligência e seriedade, deram o melhor de si. Com emoção, também — vibrando na vitória e sofrendo na derrota.
Talvez porque se preste mais atenção nela, a seleção destoou um pouco. Havia uma estranha infantilização do time. Adotou-se o termo “família” para designá-lo, e nela os jogadores faziam o papel de filhos. Adultos experientes, versados em contratos milionários, com casa, família e trabalho no exterior, entravam em campo numa ordem unida de quadra de escola, com a mão no ombro do amiguinho da frente. O técnico era chamado de “professor” e se comportava como tal. Cantavam o hino nacional com o civismo de meninos. Usavam bonés virados para o lado como se tivessem 14 anos.
O misticismo também os apartava da maioria dos jogadores de outros países. Fazia-se o sinal da cruz para entrar e sair do campo. Beijavam-se medalhinhas no pescoço. Prostrado de joelhos e com os olhos fechados, quem fazia gol apontava para o céu e agradecia a graça recebida. Promoviam-se rezas coletivas. Repetiu-se várias vezes que era preciso ter fé. Thiago Silva juntou crença e criancice e referiu-se a “papai do céu” numa entrevista. Quando Neymar teve de se afastar do torneio, passou-se a falar com insistência em milagre.
Nada disso é novo, exceto os excessos. No Brasil, o fervor futebolístico tem ânimo religioso. Já na Copa de 1970, Jairzinho marcou um gol na final contra a Itália, se ajoelhou e fez o sinal da cruz. Salvo engano, foi o único lance religioso do time nacional. Os tempos eram outros e a reação ao gesto foi diferente da adesão de agora. Os tricampeões responderam depois da partida a perguntas de personalidades variadas. Na enquete, publicada no Brasil pela revista “Manchete”, Pasolini perguntou a Jairzinho se não achava que o seu gesto poderia ser “apropriado pelos reacionários”.
A definição de um processo é determinada pelo seu desenlace. Se a seleção fosse hexacampeã, sua infantilização seria considerada um lance de gênio, a estratégia definitiva da autoajuda. Ficaria provado que a fé move montanhas e marca gols. Talvez até papai do céu desse a volta olímpica no Maracanã.
Mas não houve milagre. A Alemanha jogou melhor e a seleção desmoronou. Os jogadores se comportaram em campo como vinham fazendo — como crianças, parte delas mimadas. Ainda bem que cirurgiões ou pilotos de avião não agem como eles nas adversidades.
A seleção não representa o Brasil. Se o Congresso e os políticos, que são eleitos, não o representam, por que uma equipe de jogadores poderia fazê-lo? O raciocínio é absoluto e vale quando invertido: também nas grandes vitórias o time brasileiro não encarnava, nem virá a encarnar, a nação. Essa história de que a seleção é a pátria de chuteiras é balela, uma metáfora mal-ajambrada.
A derrota de quarta-feira — a hecatombe, a catástrofe, o vexame, a vergonha, o massacre, qualquer que seja a designação estentórea que se lhe dê — é uma humilhação apenas para os que nela estavam implicados. Sendo o futebol o que é, não parece razoável esperar que ela produza grandes modificações na organização do esporte. Alguns nomes serão trocados e, como eles mesmos dizem, bola pra frente.
Para os outros, para nós, restarão as palavras. O espantoso jogo contra a Alemanha será analisado, interpretado, discutido e dissecado como um cadáver. Ao contrário do piripaque de Ronaldo na final da Copa de 1998, não haverá o que revelar do episódio. A queda se deu à vista de todos. Mas é com palavras que se fazem os mitos.”
Anônimo, porém lúcido.
___________________
Enviado pelo Amigo Roberto (Bob) Furtado

sexta-feira, 11 de julho de 2014

MENDICÂNCIA SOCIAL E CULTURAL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

            Não podia ser mais lamentável, depois do desânimo pela acachapante derrota do Brasil para 
Alemanha = A Casa do Bem vai fechar as suas portas.
       Li no JH o desabafo de Flávio Rezende: "Nós não temos carência de fazer o bem. Temos carência financeira. Estou desistindo porque já me sinto fragilizado".
          Esse jovem jornalista, há muitos anos, deu-se ao trabalho meritório de ajudar a sua comunidade carente de Mãe Luíza e vinha mantendo esse seu ministério social às custas da ajuda da população, fazendo promoções, convocando intelectuais, desportistas e outras pessoas abnegadas para conseguir manter as diversas atividades desenvolvidas pela Casa do Bem. Fui um dos mais modestos colaboradores, mas não me omiti aos apelos do Amigo Flávio, dentro das minhas possibilidades.
        Contudo, esse gesto está a merecer uma meditação de todos - até quando vamos aceitar que a atividade social, como igualmente a de natureza cultural, continuem à mercê da mendicância!
         Tenho sofrido algo semelhante na minha atividade junto ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, onde vivemos, também, de verdadeira mendicância, formalizando apelos, pedindo ajudas constantes aos associados e às pessoas de boa vontade, pois esta nossa centenária Instituição pertence ao povo e à história do Rio Grande do Norte, como maior fonte documental dos últimos três séculos.
        No Instituto, além da falta de recursos, contamos com a inveja de algumas pessoas frustradas na vida, que veiculam notícias mentirosas e tendenciosas somente para diminuir os abnegados dirigentes, que ali trabalham sem remuneração e, muitas vezes, tirando de suas economias pessoais para não deixar perecer tão rico e importante acervo, sob o comando dedicado do Presidente Valério Alfredo Mesquita.
       Recentemente, uma colunista informou que "conhecido pesquisador" alertara o Ministério Público para fiscalizar os mais de 1 milhão de reais recebidos pelo Instituto em 2013. E penso eu, que qualidade de pesquisador é essa, a merecer credibilidade de uma jornalista, quando em verdade a única ajuda financeira pública recebida no ano passado pelo IHGRN, foi de R$ 5.000,00, da Prefeitura de Natal, a qual já foi feita a prestação de contas.
          Este ano, após desesperados apelos aos Parlamentares do Estado, conseguimos a liberação de R$ 200.000,00 do Governo do Estado, através da Fundação José Augusto, com o que estamos restaurando o prédio, comprando mobiliário e preparando o levantamento do acervo, unicamente para melhor servir aos pesquisadores e estudantes, observando o devido processo legal. 
         Todavia, não possuímos receita ordinária suficiente para o custeio da manutenção básica, temos que batalhar muito, registrando, por inteira justiça, a ajuda mais permanente das entidades Fecomércio e outras que compõem o complexo da Federação da Indústria.
          É preciso uma conscientização para a importância de se dar maior atenção a esses organismos que primam pela melhoria da qualidade de vida do povo, evitando a delinquência e pela cultura histórica do nosso Estado, sem o que perderemos a identidade. 
            Há momentos de desânimo, somente superada pela união dos nossos poucos colaboradores e pela admiração das pessoas que se valem do nosso acervo para realizar suas pesquisas e estudos e que nos presenteiam com exemplares de suas obras, dando continuidade à difusão das coisas importantes do nosso Rio Grande do Norte.
              Com muito sacrifício e com um amor ainda maior, estaremos em agosto, possivelmente, reabrindo a Casa da Memória para desenvolvermos uma programação marcante neste final de ano e dando posse a novos sócios, verdadeiras sementes para a continuidade do nosso desiderato.

quinta-feira, 10 de julho de 2014



 
Do alpendre de Cotovelo  
 Augusto Coelho Leal, engenheiro civil

                A vista é muito bonita, dele vejo a pequena baía, desde a falésia da Barreira do Inferno, até o inicio do Condomínio Porto Brasil.
A orquestra da natureza, com a sinfonia das ondas do mar e harmonia dos ventos nas palhas dos coqueiros, me traz certa paz e me leva ao entendimento das coisas belas e tristes do nosso viver.
           Na linha do horizonte observo certas nuvens negras carregadas como quem avisa que vão cair pesadas chuvas. Um pouco adiante o céu esta claro, poucas nuvens e um sol brilhante, talvez querendo me mostrar que na nossa vida temos momentos de tristezas e alegria. Eu pensava em pessoas queridas, que ali já se sentaram várias vezes para visitar minha família ou papear e tomar umas e outras, alegrar aquele meu pedacinho de chão, mas que só estarão ali presentes em nossas lembranças.
              Maurício Coelho Maia, meu primo, meu irmão de fé, foi o último a partir. Tenho certeza absoluta que hoje tirando a esposa, filhos, netos e genros, as duas pessoas mais ligadas a ele, sem dúvida eu estava incluso.
         Era apaixonado por Isolda, fazia tudo por ela. Muitas vezes era motivo para umas boas doses de uísque, pois eu dizia para ele que na juventude minha esposa era uma das moças mais bonita de Caicó. Ele se arruma na cadeira, dava uma tragada no cigarro, dava uma risada, olhava para mim e dizia. – Guguinha Você não conheceu Isolda e por aí ia defendendo a sua tese que eu forçava com réplicas e tréplicas para que o litro de uísque fosse todo consumido.
                Maurício foi por vários anos diretor da Sumov, depois Semov e agora Semopi. Engenheiro competente conhecia Natal na palma da mão. Fui seu colega na administração Vauban Bezerra de Faria, e vi de perto a sua capacidade de trabalho. Honesto de nascença e criação.
O projeto do prolongamento da Avenida Prudente de Morais começou na nossa administração. Eu ele e Clovis Veloso Freire - que era nosso superintendente- éramos grandes amigos, tanto na vida familiar como na vida profissional. Certo dia, um dos três, não recordo qual, teve a idéia de ver o preço dos imóveis na área que ia ser prolongada para comprarmos, depois fazer a revenda com lucro, já que sabíamos que a área ia ser super valorizada.
                Pois bem, fomos até o local. Chegando lá começamos a fazer o nosso inventário. Eram pessoas pobres. Depois de certo tempo, Maurício nos chama em um canto da rua e nos pergunta.
            - Será que estamos agindo certo? Tirando dinheiro dessas pobres pessoas?
                Olhamos um para o outro, juntamos as mãos e foi dito.
                - Vamos embora, sabemos que outros vão fazer o que íamos fazer, mas sairemos daqui com nossas consciência tranquilas. Não compramos nada.
              Maurício era um homem bom, e assim terá com certeza lugar entre os justos no Reino do Céu.
             João Faustino Ferreira Neto, meu grande amigo. Partiu muito rápido. Meu vizinho de praia, nós nem sabíamos que estava doente, pois no sábado antes de sua morte, estava na praia jogando futebol. No domingo logo cedo batemos um animado papo na padaria do Pium. Uma terça ou quarta feira, soubemos da morte de João, e abismados paramos nosso carro na Via Costeira, olhamos um para o outro (eu e minha esposa) e ficamos sem palavras por certo tempo. Tristeza, mas... São os desígnios Deus.
                João era um bom homem, sem dúvida nenhuma. Bom esposo, bom pai de família, bom amigo. Mas o destino nos prega umas peças que não sabemos explicar.
      João de todos os meus amigos foi o mais injustiçado, mas como bom católico empregou bem como filosofia de vida, os escritos da Bíblia; “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” Acho que Deus talvez o tenha levado tão repentinamente para livrar-lhe de mais sofrimentos.
            Tentaram lhe humilhar de maneira covarde e mesquinha, mas ele suportou tudo isso com grandeza e deu uma lição de humildade e honradez a todos que lhe conheciam, a todos que tentaram lhe desonrar, a toda maldade humana. Que a sua lição em vida sirva de exemplo aqueles que ocupam cargos públicos para viverem debaixo dos holofotes da vida.
                No seu velório, tive o depoimento de Geraldo Melo, seu adversário político, mas sempre seu amigo, falando e contando da sua lealdade, da sua dignidade. – Nunca fomos inimigos, sempre fomos amigos.
                Às vezes penso que meu alpendre com passar do tempo fica mais triste. Mas Deus com sua sabedoria me enche de netos, dos amigos das minhas filhas, de outros bons amigos, aí vejo que a velhice não é tão ruim assim. Por enquanto ele está vivo e é lá que converso com Deus.
                
N O T A S   E X I S T E N C I A I S

POR: GILENO GUANABARA, do IHGRN


     Tenho recebido manifestações de leitores acerca das matérias que público nas quartas-feiras no JH. Certo dia, uma delas revelou-se grata com a informação de que D. Pedro II fora favorável à abolição da escravatura, no Brasil. Os fatos da nossa historiografia são intencionalmente mal difundidos, com prejuízo da memória nacional.

      Com frequência encontramos em nossa História fatos e personagens que em nada são diferentes na História da Humanidade. Guardadas as proporções de tempo e de latitude, o mundo é uma aldeia, cujos habitantes interagem em torno de si e à distância, desenvoltos, às vezes com traumas, com aventuras e negócios. Se para uns a História não se repete, para outros a repetição é uma tragédia, só passível de ser remediada pela lógica da cultura acumulada. Acredito que as pessoas têm a clarividência instintiva para se rebelarem contra fórmulas arcaicas, repetidas e já superadas algures e alhures. Enquanto isso, a vida continua.

     A ciência econômica do século XVIII, pela intensificação dos estudos inovadores da economia, revelou um modus novo, segundo o qual a realidade se antepõe a práxis do meramente penso, logo existo. Assim, a ideia em si se submeteria à determinação prévia e natural das necessidades sentidas e satisfeitas através do trabalho, decorrência da carência que é motivadora e a razão de ser da sobrevivência da espécie humana. Tal dicotomia especulativa é também pragmática e não se esgota automaticamente, nem é excludente entre si.
            
       À determinada verdade um dos postulados se sobrepõe ao outro, cabendo à intervenção investigativa definir qual deles é temporal ou permanente. Brotam as teorias, ora contra, ora a favor de um dos conteúdos divergentes, independente das certezas ou incertezas que se revelem, ou que se esgotam no estágio vestibular.
            
     Ás vezes, semelhantemente a duas linhas paralelas vistas a partir de um mesmo ponto, casos ocorrem em que os conteúdos diferenciados, embora tenham a aparência divergente, quando postos ao rigor do exame, convergem e se revelam, ao final, como se uma unidade. Assim, não havendo propriamente uma exclusão, observa-se com facilidade a confusão de conceitos que eram só divergentes na aparência, pois se tratam de versões assemelhadas, servindo apenas de pretexto para confundir a realidade. 
          
Ocorrem mudanças significativas de definições ou de comportamentos, em face de novas especulações, de novas influências, ou de novos utensílios tecnológicos. O progresso que daí se verifica contribui para a revolução dos conceitos. É fatível que surjam experimentos novos, fórmulas experimentais diferenciadas, capazes de se insurgirem contra as verdades até então estabelecidas. Nada se descarta. Dá-se um acúmulo permanente de conhecimento, cujo acervo se torna um fato cultural a mais que se armazena e é disponibilizado em DNA futuro.
           
      Sem muito esforço, é possível admitir-se uma estreita ligação, mesmo que cartesiana, das conclusões a que chegou Adams Smith, acerca do valor e da acumulação capitalista, até chegar-se às formulações de Carl Marx; ou dos postulados filosóficos individualistas de Emmanuel Kant até as formulações sociológicas de Engels. A partir do século XVIII as concepções do pensamento aristotélico foram alvo de profundas reviravoltas, com repercussão na vida, na arte, na política e sua representatividade. A era dos governos despóticos, teatralizados no centralismo aristocrático, deu lugar aos embates parlamentares próprios da múltipla representação republicano/burguesa, no que se consolidou o ente nacional, consequência da Revolução Francesa. Portanto ciência, política, religião e economia andam juntas, a par de contradições inerentes.
            
        Eis a Era das Revoluções - 1789/1848, no dizer de Eric Hobsbawn, um período da História, de conflitos contundentes entre o modus econômico novo a se insurgir contra o velho modelo, com reflexo na ciência, na religião, na literatura, nas artes e na gerência da representação política. Mudanças que se deram não pelo triunfo da liberdade e igualdade em si, uma utopia, mas pela emergência do que se chamou “middle class”, a classe intermediária, e, por isso, a contradição, espremida entre, de um lado, a monarquia, a nobreza e a igreja; e, de outro, os camponeses, os artífices, os burgueses e os pequenos/burgueses. O idealismo, como fórmula que promoveu a ação produtiva, submeteu-se à produção para satisfazer o mercado, a “indústria capitalista”, a sociedade burguesa e liberal, mais precisamente com sede na Grã-Bretanha e França, Estados de onde o modus se consolidou e se disseminou pelo mundo.
      
      Portanto, a sociedade burguesa individualista destacou o aparecimento de forças sociais novas, sua estratificação, complexidade e necessidades. O nascimento do parque fabril de Lancashire, os princípios da revolução burguesa, as primeiras ferrovias e a publicação do Manifesto Comunista, foram o sintoma das verdadeiras contradições que o mundo pariu e assistiu a partir daquele momento. O mundo continuou a crescer.

     Afinal, agora torço para que os recursos infinitos da internet, a mídia e os eventos a que se propõem, não se destinem a alienar, como ocorreu a partir das fábricas ou das igrejas. Temo que, no vazio da ópera, a intolerância desnature a dialética da realidade: o trabalho, a solidariedade, a propriedade, a ética e as instituições políticas não sejam descaracterizados. O altar musicalizado dos hinos e letras grandiloquentes, em louvor de conquistas de menor significado, difundidos a cabo e a cores, podem contaminar o bom senso. A gravidade estará na difusão de contradições menores, que subutiliza o pensamento e subestima a inteligência. Adams Smith e Carl Marx sonharam diferentemente. Pode até o comitê dos negócios e o poder político reprimirem para não se falar em o ópio do povo. Mas a verdade nos espera na esquina mais próxima.

            

quarta-feira, 9 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - DIA 09 DE JULHO
SEMIFINAL

ARGENTINA 4 (0)   X 0 (2)  HOLANDA


Serjão Pinheiro

PRAIA DE BÚZIOS, MUNICÍPIO DE NÍSIA FLORESTA - SEGURANÇA ZERO!

...E a Praia de Búzios bem aqui ao lado de Natal
transformou-se de um paraíso tropical,
de águas belas, areia limpíssima, dunas, lagoas, vegetação exuberante,
barracas onde se podia saborear caranguejos, peixes, camarões e outros frutos do mar com tranquilidade...
No paraíso dos ladrões.
São arrastões, assaltos a mão armada, arrobamentos, furtos, tiros durante os dias e nas madrugadas.
Os veranistas, moradores, nativos, turistas, visitantes todos relegados à própria sorte...
Simplesmente as pessoas não podem caminhar à beira mar...
Deitar numa rede num alpedre, numa área...
Não se pode mais comemorar nada.
Qualquer aglomeração das pessoas em suas casas é motivo para a "visita" dos canalhas, covardes e larápios.
São mulheres e homens violentíssimos que não titubeiam em violentar crianças, jovens, adultos e idosos totalmente indefesos.
Os covardes levam das pessoas os mais variados bens: celulares, jóias, dinheiro, computadores, TVs, automóveis sob a mira de armas de fogo de potência letal.
Nada escapa da sanha dos bandidos.
O pior de tudo é a capacidade que ele têm em transmitir para os que são lesados física e moralmente que aquelas ações são e ficarão impunes.
Deixam a seguinte mensagem: "Comprem novos objetos e aguardem a nossa próxima visita".
Tenho certeza que essa situação não é um "privilégio" somente dos cidadãos que teimam em permanecer na Praia de Búzios.
Isso, desgraçadamente, é uma realidade nacional.
Até quando???

terça-feira, 8 de julho de 2014

Copa do Mundo 2014


Futebol, Carnaval e Cinzas
Por CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

            Foi uma tarde sombria, uma derrota drástica para um pentacampeão do mundo. Mas amanhã será outro dia.
            Futebol é um esporte que nos fornece alegrias ilusórias, pois depende de muitos fatores: preparo físico, conhecimento dos fundamentos, amor à camisa e desempenho dos adversários.
            Tive o privilégio de acompanhar o Brasil na Copa do Mundo, desde 1950, onde os craques foram Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico e que perderam na última etapa para o Uruguai.
            No jogo de hoje contra a Alemanha foi demais, mas não culpo ninguém em particular. Tivemos torcida, conforto, apoio, promoção, carnaval, mas o adversário foi mais valoroso, sério, eficiente e soube respeitar a nossa seleção jogando cuidadosamente e com integral responsabilidade.
            A derrota não é o fim, mas pode ser um começo para todos – governantes, dirigentes e desportistas. O futebol de hoje é mercenário, diminuindo aquele amor que existia nos atletas, que até levavam as camisas para lavar em casa diante da precariedade financeira dos clubes. Hoje, já no intervalo, a roupa do atleta é descartada, pois por trás disso existem os patrocinadores que ganham muito dinheiro, como igualmente os jogadores, que dividem a sua tarefa com propaganda lucrativa.
            Quando se tornam craques são cobiçados pelos times tradicionais do País, como mercadoria de grande valor e vão logo para o estrangeiro, criando um espaço entre o seu interesse e o do seu País de origem.
            Enfim, são as coisas dos tempos atuais, de difícil compreensão e recuperação.
            Vamos aprender uma lição com esse resultado – primeiro mostrando aos nossos governantes que existem prioridades para a qualidade de vida do povo e o excessivo gasto com estádios ou arenas bem que poderia ser dividido com inúmeros outros equipamentos urbanos de primeira necessidade. Terminou a Copa e o legado foi muito menor do que deveria ser. A FIFA não perdeu nada, e certas categorias do comércio e da indústria, também. Mas o povo continua mal servido de hospitais, escolas, mobilidade urbana, segurança.
            Em segundo lugar, os times precisam olhar com mais carinho para o elemento humano das suas equipes, dando-lhe condições materiais de vida e capacidade profissional, deixando em segundo plano o lucro com a negociação dos jogadores.
            Terceiro, uma boa parcela da imprensa carece de mais profissionalismo e deixar de tanto besteirol, escalando time, comentando bobagens e enchendo o saco.
            A Alemanha desenvolveu um trabalho com sua equipe por anos seguidos, enquanto o Brasil só faz convocação às vésperas.
            Não sejamos hipócritas, desde os primeiros jogos já sentíamos a má qualidade da seleção, mas o “oba-oba” era mais forte. Agora o resultado foi Futebol, Carnaval e Cinzas.
            Aprendemos muito, principalmente com o belo comportamento do torcedor do Brasil, que em verdade foi só quem acertou. Vamos dar a volta por cima, encarar com mais seriedade esse negócio de futebol e já podemos começar sábado, com uma demonstração de mais amor ao Brasil.
Tenho esperança de assistir, ainda, a próxima Copa e continuo firme na torcida: SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO E MUITO AMOR.


Mossoró e Tibau em Versos


Por Thiago Gonzaga

A literatura do Rio Grande do Norte esteve carente durante anos de antologias poéticas. Nossa história literária comprova que poucos livros foram publicados com esta característica, destacando-se as antologias de Ezequiel e Rômulo Wanderley, todavia elas se sobressaem mais pela condição de registro histórico do que pela qualidade literária. No final dos anos noventa vieram as antologias de Assis Brasil e Constância Lima Duarte e Diva Cunha dando um panorama do que se tinha publicado no Estado até então, com rigor mais critico. Veio também uma antologia temática – Poesia Viva de Natal – organizada por Manoel Onofre Jr.
No inicio do século XXI junto com um número expressivo de editoras e uma nova geração de escritores no Estado surgiu a necessidade de novos trabalhos, neste aspecto, pois além da importância histórico-literária, antologias são fontes de referências e consultas por pesquisadores e estudantes. Eis que, em momento oportuno, os escritores David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo publicam uma antologia, que, embora enfoque apenas poetas que versaram sobre Mossoró e Tibau , tem todos os méritos pela importância histórica e significativa qualidade literária.
Na obra, os organizadores se preocuparam não apenas em reunir poetas das duas cidades homenageadas, mas uma boa parcela de escritores do Estado que versaram sobre elas. Versos variados de poetas que cantaram as cidades, desde a época da abolição em Mossoró como Paulo de Albuquerque, passando pelos celebres Othoniel Menezes, Martins de Vasconcelos, e outros importantes nomes da nossa literatura como Homero Homem, Deifilo Gurgel, Rizolete Fernandes e Paulo de Tarso Correia de Melo, dentre outros que adotaram e foram adotados pela cidade de Mossoró como Clauder Arcanjo e Aécio Cândido. Destacamos também a poesia de caráter mais popular como a de Zé Saldanha, Crispiniano Neto e Antônio Francisco. A nova geração também está presente em bons momentos com Josselene Marques, José de Paiva Rebouças e Leonam Cunha , todos os três com poemas bastante contemporâneos.
É evidente que algum leitor mais exigente ache que entre muitos poemas bons, alguns outros não mereciam figurar numa antologia. Mas precisamos compreender pontos importantes, como , por exemplo, o fato de se contextualizar o poema na época em que foi escrito, além da necessidade do próprio registro e homenagem ao poeta incluso. Ademais, há poemas com estilo mais artístico e outros mais populares; e por bem é sempre bom lembrar a famosa frase de Manuel Bandeira segundo a qual, querendo ou não, uma antologia é feita por escolhas pessoais. Para compreender trabalhos como este precisamos , além dos devidos cuidados citados, estarmos também sensíveis à causa.
Esta antologia poética constitui mais uma amostra de que estamos também com o pensamento e a preocupação na revalorização da nossa história literária. É uma iniciativa louvável e que merece ser imitada por outras cidades e outros Estados.