sábado, 18 de outubro de 2014

MOMENTOS DE BOAS LEMBRANÇAS

Quem recebeu a comenda ‘Fernando de Miranda Gomes’ da Procuradoria Geral do Estado


A Procuradoria Geral do Estado (PGE) homenageou 50 personalidades com a comenda ‘Fernando de Miranda Gomes’, honra máxima do órgão destinada a agraciar juristas, autoridades e personalidades nacionais que tenham se destacado por suas atividades em prol da sociedade potiguar e brasileira.
Foram agraciados com a comenda, a governadora Rosalba Ciarlini, o comandante geral da Polícia Militar,  Coronel Francisco Canindé de Araújo; o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Elizeu Lisboa Dantas; a secretária de Estado da Educação, Betânia Ramalho; o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves; o presidente do Tribunal de Justiça, Aderson Silvino; o procurador geral de Justiça, Rinaldo Reis; o presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Motta; além de desembargadores federais e estaduais; deputados federais, entre outras personalidades.
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 15.4.2014

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


O poder político e a cultura no Rio Grande do Norte

Lívio Oliveira – livioliveira@yahoo.com.br

Não há como negar, caros leitores, o fato de que temos experimentado várias e históricas perdas acumuladas no campo cultural e artístico do Rio Grande do Norte e de Natal. Os governos, nesse setor imprescindível ao povo, há tempos não se sensibilizam para a sua real importância (e não falo aqui, frise-se, de nenhum governo em especial, mas de quase todos, com honrosas exceções no âmbito de um retrospecto histórico).
Perdem-se, assim, oportunidades valiosas de colaboração institucional com a construção de uma obra cultural consistente e de relevo em nosso Estado. E não vou nem falar aqui que outros Estados têm nos dado às vezes melhores exemplos, como os vizinhos Ceará, Pernambuco e Paraíba.
A cultura vem sofrendo toda sorte de humilhação no decorrer de vários governos do RN. Os artistas e pessoas que operam em benefício do nosso crescimento cultural, esses não tiveram, ainda, a vez merecida e os incentivos reais para a realização de suas obras.
E os exemplos são muitos: o abandono, por falta de visão, de inúmeros projetos que poderiam ser vitoriosos e frutíferos; a falta de um planejamento sólido (a execução, ih!, nem se fala!), a perda de diversas oportunidades; a falta de criatividade; o desprezo ao artista; o blá-blá-blá infinito, num monótono monólogo.
Não quero parecer crítico além da conta, mas acredito que merecíamos algo melhor no futuro próximo. Os que produzem arte e cultura e os que as consomem, todos merecemos. E é por isso que quero firmar aqui a minha convicção de que precisamos escolher, no segundo turno das eleições, um governante que tenha compromisso de verdade com a cultura de nosso povo e tenha a sensibilidade mínima para entender que a arte é essencial à existência digna das pessoas. A arte é, também, saúde mental e física. A arte é ecologia. A arte é educação. A arte empreende e constrói. A arte recupera e socializa. A arte é anti-violência. A arte é vida.
E eu tenho certeza de que governantes que possuírem essa concepção das coisas, tenderão a executar bons governos em todos os campos. Mirarão na profundidade das coisas e vislumbrarão projetos a realizar. Não se perderão no “achismo”, na politicalha e num falso pragmatismo que impede a visão do sensível e do essencial.
Há muita coisa a ser feita. E urgentemente: As nossas bibliotecas merecem ser redimensionadas e revitalizadas, além de modernizadas, vez que a biblioteca dos nossos dias deve ser um espaço plural e que contenha novas alternativas de entretenimento e distribuição de conhecimentos. A nossa orquestra precisa de melhores salários e melhores condições de trabalho, progressivamente. O nosso teatro precisa de mais incremento. Por sinal, precisamos de pelo menos um novo e maior teatro público, urgentemente. A literatura precisa voltar a ter mais vez, com critérios aperfeiçoados para muitas outras publicações de qualidade e premiações literárias e a divulgação de nossos autores e a distribuição de nossos livros além-fronteiras. Há urgência na atenção ao nosso patrimônio museológico, inclusive com mais incentivos ao IHGRN e outras entidades que resgatam e cuidam de nossa memória. A nossa arquitetura tem que ser estudada e recuperada, naquilo que houver de importante e valioso.  A cultura precisa, também, de um casamento forte com todas as artes visuais, com a história, com o turismo.
Precisamos, sim, de obras e eventos culturais e artísticos que marquem e permaneçam, em todos os setores e em todas as esferas estatais e sociais. E muito mais, o que não caberia aqui neste espaço. Aguardo – por isso e (re)animado – que nos chegue um tempo de verdadeira renovação. Espero que venha por aí “o tempo da delicadeza”, como diria o nosso formidável Chico Buarque. E que, com esse tempo, o jardim da cultura e da arte possa ser muito melhor cuidado. Como Voltaire dizia através de Cândido: “Tudo isso está bem dito…mas devemos cultivar nosso jardim.” E que esse tempo e esse jardim sejam logo vislumbrados, que apareçam no horizonte e se materializem diante de nós com o próximo (e os próximos) governos e legisladores deste Estado.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

ALEJURN E NOVOS SÓCIOS.


 DR. JOSÉ ADALBERTO TARGINO

C O N V I T E



 O Presidente da Academia de Letras J
urídicas do 
Rio Grande do Norte - ALEJURN, Procurador 
do 
Estado Adalberto Targino, tem a honra de 
convidar Vossa Excelência e Excelentíssima 
Família para a Sessão Solene de Posse dos 
novos Acadêmicos deste sodalício, o 
Advogado e Professor Antenor Pereira 
Madruga Filho que ocupará a cadeira 
nº 35 - Patrono Jurista Otto de Britto 
Guerra (último ocupante Acadêmico 
Luciano Alves da Nóbrega), e o 
Procurador da República e Professor 
Marcelo Alves Dias de Souza que 
ocupará a cadeira nº 28 - Patrono 
Jurista Hélio Galvão (último ocupante 
Acadêmico José Arno Galvão). 

Os novos Acadêmicos serão saudados
 pelo Acadêmico e Ministro do Superior 
Tribunal de Justiça Luiz Alberto Gurgel de
Faria. 

Data: 17 de outubro de 2014
 Hora: 20 horas 
Local: Academia Norte-Rio-Grandense 
de Letras
 Rua Mipibu, 443 - Petrópolis, Natal/RN. 

Após a solenidade, será servido um coquetel. 

Roga-se confirmar a presença através: 
(84) 3232-2890
 ou e-mail: alejurn2007@gmail.com

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A festa da democracia tem preço?

Luciano RamosPresidente do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público de Contas (CNPGC)

“Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem. Apenas sei de diversas harmonias bonitas. Possíveis sem juízo final...

Alguma coisa está fora da ordem. Fora da nova ordem Mundial...” (Fora de ordem, Caetano Veloso).

Às vezes, saímos às ruas e algo parece fora do lugar. Não sabemos bem ao certo, mas não é crível que sigamos vendo os problemas se avolumando, o monstro a se criar, e nada possa ser feito para estancar a sangria, como se estivéssemos dentro do livro “Crônica de uma morte anunciada”, de Gabriel García Marquez.

Há uma semana, aproximadamente 130 milhões de brasileiros estavam aptos a votar. Destas, 100 milhões de pessoas deslocaram-se até o local do cumprimento de seu dever cívico.

Felizmente, afora algumas esperas pouco convidativas de até 2h, tudo transcorreu em uma paz democrática quase sem percalços, com a celebração de um feito raro na nossa história, representado pelos 30 anos de democracia ininterrupta a serem completados em 2015.

Porém, pairava no ar um desalinho intrigante, uma insistente água sempre a estragar o chope desta festa. O problema estava lá, disponível para quem tem olhos para ver. Mesmo que enxerguemos apenas uma pálida sombra, ele flutuava sobre os locais de votação em profusão igual ao dos santinhos espalhados pelo chão - e mais além.

Enquanto ia para o espaço a mim reservado nesta festa, indagava-me como é possível à sociedade brasileira gastar dezenas de bilhões de reais a cada dois anos com campanhas políticas, com uma cachoeira de dinheiro mais volumosa e extensa do que qualquer outro país - até mesmo os Estados Unidos, maior economia do planeta. E isso tomando como base só os gastos contabilizados.   

Terminantemente, algo está fora de ordem. Não se pode sugar tantos recursos para uma finalidade apenas, por mais nobre que seja, repetidas vezes e crescendo descontroladamente, sem afetar nossa capacidade de desenvolvimento - isto enquanto não alcancemos o ponto de ruptura. 

Mas, apenas aceitamos a vida como ela é, dando ares de normalidade ao absurdo. Não raro, ouvimos o raciocínio matemático: fulano teve tantos votos, logo gastou tais e quais cifras em sua campanha. Como se a aceitação de ideias e o convencimento do eleitor - que é o que em teoria deveria tratar uma eleição -, compusesse uma equação em que estes resultados estão diretamente relacionados com o quanto gasto. A normalidade fática deste raciocínio embute em si um absurdo jurídico e uma armadilha econômica. 

Do ponto de vista da Constituição Federal, a soberania do voto deveria ser a estrela da eleição, mas ela vem sendo peneirada pelo poder econômico, notadamente com a ilimitada possibilidade de doação de campanha por empresas, inclusive as que têm contratos com o Poder Público.

E o imbróglio econômico vem do fato de que não há perspectiva de este voraz buraco negro de recursos diminuir o seu apetite, com multiplicações desordenadas há anos, em detrimento de tantas outras áreas essenciais que requerem investimentos da sociedade, mas que são indefinidamente adiados.

E eis que estes 30 anos de democracia nos colocam em uma encruzilhada, sobretudo para que ela seja sustentável por anos a fio, pois a alternativa a ela seria infinitamente pior. Simplesmente, não há mais como convivermos com a irracionalidade dos gastos de campanha, comprometendo diversos setores da economia.

Felizmente, a proximidade do ponto de ruptura também é força bastante para quebrar inércias alimentadas pelo medo. Oxalá, caminharemos além da mera sensação de que a conta hoje já não fecha, para atitudes mais profundas como a vedação de doação de empresas para as campanhas – já em análise pelo Supremo Tribunal Federal por provocação da OAB –, bem como a reforma política ganhar efetivamente a ordem do dia.

Por enquanto, nossa festa da soberania popular continuará sendo pela metade. Por mais saborosa que seja esta metade!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

IHGRN


 
CONVOCAÇÃO PARA SESSÃO DE ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA.
 
EDITAL
 
 
O Presidente do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN, na conformidade das disposições combinadas dos artigos 10, parágrafo único e 15, letra “d” do Estatuto vigente, convoca os seus sócios que estejam em pleno gozo de seus direitos sociais estabelecidos no referido Estatuto, para se reunirem em Sessão de Assembleia Geral Ordinária, que se realizará no dia 15 de outubro (quarta-feira) de 2014, no auditório da Instituição, à Rua da Conceição, 622 – Cidade Alta, nesta Capital, às 15,30h (quinze horas e trinta minutos) em primeira convocação, com presença da maioria absoluta dos sócios; trinta minutos após, em segunda convocação, com qualquer número dos sócios, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte Ordem do Dia:

A) Apreciação do Relatório de Gestão e Demonstração de Resultado da Diretoria do IHGRN – período de 15 de março a 31 de dezembro de 2013;
B) Apreciação da Resolução nº 01/2014, de 04 de julho de 2014, de aumento da anuidade para o exercício de 2015;
C) Outros assuntos correlatos.
Natal/RN, 29 de setembro de 2014
 
Valério Alfredo Mesquita
Presidente
 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

                                               Deus é brasileiro?

Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil

                Não acho que Deus seja brasileiro, nem tão pouco francês, inglês ou de outra parte deste mundo. Canta Jorge Ben Jor. “Moro num país tropical/Abençoado por Deus/E bonito por natureza.”
                É verdade, moramos em um país tropical de belas paisagens topográficas, mas de um povo subserviente, acomodado com as mazelas e acostumado a viver levando chicotadas – na verdade não são todos, mas na sua maioria.
                Alguém deve se lembrar que escrevi aqui neste jornal que Natal não ia mudar “nadicas de nada” com as tão faladas obras da Copa do Mundo. Fui criticado por alguns “jesuítas” que não sabem o que falam, e por sinal falam mais do que devem.
                Pois bem, qual a obra Copa do Mundo que melhorou Natal? Poucas, apenas no entorno do Arenas das Dunas, que melhoraram o trânsito naquele local.
                E o novo Aeroporto Aluízio Alves? Tínhamos um aeroporto que funcionava quase normalmente – tirando a refrigeração tudo era dentro da normalidade – mesmo pequeno foi escolhido um dos melhores do Brasil e com área suficiente para uma grande ampliação. Acontece, como o nosso povo vive de “holofotes,” corremos e inauguramos uma obra inacabada, que além de desconforto nos traz insegurança no seu trajeto.
                Estou lendo na edição de 07/10/2014 de O Jornal de Hoje, que o restaurante do aeroporto fechou. Vejam bem, quantos meses de inaugurado? Leio ainda, que a Inframérica tem dificuldades para administrar e manter os serviços. Beleza não? E acessibilidade? Olha gente é uma vergonha. A BR 406 além de estreita, está com mais buracos do que a superfície lunar e haja perigo e paciência para dirigir veículos automotores, já que é possível dirigir veículos de tração animal. Os acessos não concluídos, estreitos, mal conservados. Como diz Boris Casoy – Isto é uma vergonha. Resumo da ópera. O Aeroporto Aluízio Alves está inacabado, funcionando precariamente, acessos perigosos e mal iluminados e o povo pagando o pato ou o ganso se for são-paulino.
                Mas voltemos as “obras copa do mundo.” Em Natal, ou Rio Grande do Norte ou no Brasil, melhorou o quê? Vamos começar aqui na nossa cidade, pelo trânsito. Melhorou alguma coisas? Semáforos velhos, alguns tão apagados que para enxergar de certa distância, precisa (o motorista) usar um binóculo. Faltam arruamentos (largura e sentido único do trânsito) para os veículos transitarem. A equipe da SEMOB na sua maioria não atua e não sabe como atuar. Segurança. Na época da Copa era uma beleza ou quase isto, depois virou um inferno pior do que o de Dante. Não é nenhuma comédia nem tão pouco divina, é um verdadeiro absurdo o que está ocorrendo aqui, e neste país. O homem de bem ou do bem, aprisionado em sua moradia, e mesmo assim ainda ameaçado. Não se pode andar com tranquilidade nas ruas das nossas cidades. Saúde, outro absurdo, verdadeira calamidade pública. Leio e vejo a luta da diretora do Walfredo Gurgel, tentando diminuir o caos dentro desse hospital, mas sem apoio dos governos. Parece está sozinha em uma luta desigual. Faltam leitos, faltam medicamentos, faltam UTI, faltam macas e o principal, falta vergonha dos que se atrevem a governar. Está faltando GOVERNABILIDADE. Qual seria mais útil para o povo? O Arena das Dunas ou dois bons hospitais na grande Natal? Vamos Continuar vendo cemitérios de obras inacabadas por esse Brasil.
Educação? Escuto de alguns “Manés” dizerem que o Estado nunca teve tão bem, pois aqui aumentou muito o número de escolas para o ensino técnico. Verdade “verdadeira” não resta dúvida, melhorou. Mas a educação melhorou? Piorou e muito. A educação básica (nome já diz) e a base de toda educação, compreende desde a educação infantil, ensino fundamental e o médio. Leio em uma revista que fala sobre o assunto: “O aluno médio de 15 anos no Brasil tem conhecimentos de ciências e matemática de um chinês pré-adolescente (10 anos) e também fica atrás dos jovens de outros países. Não à toa, todos esses países (China, Canadá, Turquia, Chile, México e Tailândia) têm produtividade do trabalhador maior que a do Brasil.
                Ouvi e vi a presidenta falar que vai estimular em muito as escolas técnicas, pois elas são o futuro do país, que aí está à base para o desenvolvimento. Mas será que é verdade? Não acho. Temos que melhorar e muito, desde a pré-escola, e isto não está sendo feito no Brasil. Temos que começar por baixo, não adianta criar cotas e criar maus doutores, pois muitos jovens chegam as universidades sem conhecimentos básicos e sem condições financeiras para melhorarem esses conhecimentos. Este negócio de cota para universidade por raça, para mim é populismo barato, deveria haver sim, cotas pela condição financeira de cada aluno. Negro não é melhor do que branco, nem branco melhor do que negro, somos iguais.
Vamos ter eleições, existe um partido que está no governo há quase doze anos. A propaganda do partido é que tudo andou bem durante esses anos. Sabem o que prega está candidata, MUDANÇAS. Ora se o Brasil precisa urgentemente de mudanças o que está bem? E haja promessas dos políticos. Você acredita?  Os Manés continuam acreditando que sim.
                Mas deixa pra lá. Olha quero avisar que no dia 26 de outubro eu volto para Maracangalha, e quem quiser ir comigo tem que fazer reservas nos hotéis de imediato, pois, no último dia 05/10 tinham mais de oitocentos e cinquenta mil pessoas de fora por lá.

 E aí? Você acha que Deus é brasileiro?

domingo, 12 de outubro de 2014



A CRIANÇA QUE AINDA VIVE EM MIM

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

            A frase de efeito literário – “vai longe o tempo da minha infância”, não cabe em mim, pois preservo as emoções daquele período lúdico, do qual recordo todos os seus instantes até os dias presentes.

            Lembro-me na condição de criança desde o tempo da 2ª guerra, quando morávamos na Rua Felipe Camarão, assistindo o passar dos caminhões pesados dos Exércitos Americano e Brasileiro, vindos da Ribeira. Depois, na Otávio Lamartine, defronte a uma unidade militar, onde guardava armamentos (em frente à Igreja de São Judas Tadeu). De lá, fui para o interior, acompanhando papai, então Juiz de Direito, daqueles que moravam na Comarca.

            Na paisagem bucólica do interior alarguei a minha infância – Angicos, Penha e Macaíba, onde conheci os folguedos (festa de padroeiro do lugar); os costumes populares (audições dos Circos, onde levávamos as cadeiras de casa); as cantigas de roda, as sessões do Boi de Reis, das Lapinhas, Pastoril, as peladas de futebol, os quais marcaram, em definitivo, a minha lembrança mais rica.

            As festas de igreja, as novenas e procissões, os bailes, o povo ordeiro, onde aprendi que a solidariedade - é maior e mais verdadeira - entre os que não amealham maior condição financeira.

            Ao retornar à cidade grande, em 1948, o mundo reservou surpresas para mim, em especial a vida escolar regular e o pendor para a vida artística – fui artista na Rádio Poti e estudei na Escola de Música, sem deixar de frequentar o velho (86 anos agora) Estádio Juvenal Lamartine.

            Poucos, mas bons amigos dividiram comigo as aventuras da infância até que me tornei adolescente, convivendo com os sobrinhos que iam nascendo e então me tornei adulto e logo casei, vindo os filhos em espaço médio de dois anos e meio, num total de quatro e com eles revivi a infância.

            O correr da vida me deu, até agora, sete netos e neles eu continuo criança. É o mistério do tempo e logo mais estarei convivendo com os bisnetos, se Deus permitir.

            As crianças mantêm em mim a gostosura da infância, vibro com seus desempenhos nas apresentações culturais e com elas me emociono até às lágrimas. Nada me toca mais do que a situação dos infantes, sua vida, seu futuro.

            Hoje acordei com um único pensamento – a abertura da Cidade da Criança e logo me vêm à memória as tradicionais tertúlias, pic-nic’s e quermesses que frequentei ao logo da vida.

            Não tenho saudades da aurora da minha vida, da minha infância querida, porque tenho a criança que ainda vive em mim.