sábado, 15 de novembro de 2014

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


Dentre os motivos que levaram à Proclamação da República e, portanto, ao fim do Império, podemos citar: a crise econômica causada pelas despesas do governo com a Guerra da Tríplice Aliança (ou Guerra do Paraguai), fato que obrigou o Governo Brasileiro a realizar grandes empréstimos (algo próximo a três milhões de libras esterlinas); a proibição, imposta pela monarquia, ao manifesto dos militares na imprensa; o descontentamento das elites agrárias (principalmente os cafeicultores), que se sentiram prejudicadas pela lei Áurea (libertação dos escravos); e o crescimento nas cidades da classe média (constituída por jornalistas, comerciantes, artistas, funcionários públicos, etc.), que desejava e apoiava a república porque almejava maior liberdade, bem como participação na política nacional.

O movimento que ajudou a derrubar a monarquia contou com a ajuda de alguns personagens republicanos, dentre os quais podemos destacar: Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva, Francisco Glicério (chefe do Partido Republicano Paulista, fundado em 1873, que defendia as idéias republicanas e os ideais federativos), Rui Barbosa (jornalista e deputado) e o professor, estadista e militar Benjamin Constant.
Em novembro de 1889, um levante militar dirigido pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca obrigou D. Pedro II a abdicar. Foi assim que, no dia 15 de novembro daquele ano, foi proclamada a república do Brasil, no Rio de Janeiro, no Quartel General do Exército. Em seguida, uma série de reformas de inspiração republicana foi decretada, entre elas, a separação do Estado e da Igreja. A redação de uma nova constituição foi finalizada em junho de 1890. Inspirada na Constituição dos Estados Unidos foi adotada em fevereiro de 1891 (Primeira Constituição Republicana), fazendo do Brasil uma República Federal, sob o título de Estados Unidos do Brasil. Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente do Brasil.
Desde 1891, a política e os métodos arbitrários do Marechal Deodoro causaram uma grande oposição do congresso. No início de novembro de 1891, Fonseca dissolveu a Assembléia e impôs um poder ditatorial. Mas foi obrigado a renunciar devido a um levante da Marinha, assim, cedeu o poder a seu vice-presidente Marechal Floriano Peixoto. Este estabeleceu um governo tão ditatorial quanto seu predecessor, Floriano fez crescer a repressão aqueles que davam apóio à monarquia
.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014


Do custo das azeitonas

Luciano Ramos
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do RN

De tempos em tempos, empresas e governos são chamados a equilibrar receitas e despesas, de maneira a não afetar as suas atividades essenciais e prosseguir na busca de suas finalidades. Porém, dentro de máquinas administrativas pesadas – como normalmente é a Administração Pública – nem sempre é fácil localizar o ponto exato onde fazer corte eficiente de custos.

No âmbito empresarial, um exemplo notório de eliminação de gastos supérfluos foi a economia de grande cifra realizada por uma empresa aérea ao retirar as azeitonas das milhões de saladas servidas aos seus passageiros por ano – de fato, não era e nem é incomum as pessoas deixarem intocadas estas iguarias de sabor peculiar no canto do prato, antes de encaminhá-las para o lixo. Ou seja, o gasto era desnecessário e não agregava valor para a relação com o cliente.

Obviamente, não basta um corte tão frugal para que o equilíbrio financeiro seja encontrado, mas ele é ilustrativo de que é preciso uma soma de medidas, das mais simples às mais complexas, para que seja recuperado um déficit acentuado.

E esta é a realidade em que ora se encontra o Estado do Rio Grande do Norte, em meio à transição para um novo governo. Estamos às voltas com sistemáticas dificuldades para pagamento das despesas ordinárias, sentidas por servidores e fornecedores no momento em que seus créditos deveriam ser honrados, noticiadas aos quatro ventos.

Assim, a tendência natural é buscar onde poderão ser feitos cortes mais profundos, de preferência com resultados amplos e significativos. Sem dúvida, esta é uma meta que deverá ser perseguida pelos novos gestores públicos, diante do grau de comprometimento atual das nossas finanças públicas. Mas, elas demandam tempo até que os seus efeitos sejam sentidos, notadamente pelos embates que antecederão sua efetiva concretização, como seria o caso de uma reforma administrativa ampla.

No entanto, paralelamente a esta medida mais abrangente, seria possível diminuir o tamanho do problema buscando as azeitonas da Administração Pública, identificando as despesas indevidas ou desnecessárias que oneram as finanças públicas em virtude de sua repetição em múltiplos casos. Por exemplo, uma varredura criteriosa nos casos de acumulação irregular de cargos – ou aposentadorias -, inclusive com o apoio do Tribunal de Contas do Estado, para catalogar as informações obtidas em diversas fontes da Administração Pública federal, estadual e municipal.

De fato, não são poucas as hipóteses em que o TCE/RN já começou a detectar irregularidades em acumulações desta natureza. Mas, o problema ainda está sendo atacado no varejo pela Administração Pública, caso a caso, quando o filtro deveria ser sistemático e constantemente atualizado.

Da mesma forma, muito há para se enxugar no âmbito dos contratos administrativos. Para tanto, necessário verificar-se nos ajustes firmados se há correspondência entre o quanto efetivamente demandado pelo Estado e a fatura que lhe é apresentada para pagamento. Obviamente, este objetivo demandaria uma fiscalização mais criteriosa e rígida da execução dos contratos.

Para se ter o alcance desta soma de medidas, basta ver os valores questionados em cautelares deferidas pelo TCE/RN só neste ano, em face de potencial sobrepreço no quanto cobrado do Poder Público, que vão desde contratações corriqueiras em áreas essenciais até os contratos acessórios à realização da Copa do Mundo – inclusive, há pouco mais de uma semana, a Corte de Contas suspendeu parcialmente o pagamento de dois contratos ligados à Copa, pois encontrou indícios de sobrepreço de mais de R$ 6 milhões. O que é bem mais do que singelas azeitonas, convenhamos! Enfim, cortes cirúrgicos podem não ter o mesmo glamour de soluções mais mirabolantes, mas a soma de pequenas medidas pode acabar por ser ainda mais eficiente do que marcar passo aguardando uma resposta mais complexa e definitiva.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

As velas do Mucuripe e as pedras de Ponta Negra

Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil, sócio efetivo do IHGRN

                Canta Raimundo Fagner: “As velas do Mucuripe/Vão sair para pescar/Vou levar as minhas mágoas/Pras águas fundo do mar.”
                 Eu poderia fazer uma paródia e cantar: As pedras de Ponta Negra/Vão cair e vão rolar/Vou levar a minha raiva/Pras águas funda do mar.
                Por que cantar e fazer esta paródia. É que meus instintos animalescos são aguçados quando vejo certos casos que acontecem por “esses Brasis,” conseqüentemente, aqui na terrinha.
                Estava eu deitado “tranquilo e calmo,” vento na televisão um noticiário local sobre a obra de enrocamento na praia de Ponta Negra. Com espanto, notei que existiam balanças gigantes pesando as pedras e várias pessoas por perto no maior auê – é assim que se escreve? Se não for azar, já está escrito. Ainda aumentou o meu espanto quando vi as “autoridades competentes” dando entrevistas dizendo que por ali existem pedras de pesos e tamanhos variados. Aí eu disse lentamente para mim mesmo – Meu Deus como eu sou burro.  Fui engenheiro rodoviário por mais de vinte e cinco anos, fiz vários obras de enrocamento em cabeceiras de pontes, e contenções de barreiras em rios e lagoas, nunca tinha visto aquilo, muita gente metendo o “bedelho” onde não devia e com isso, se passa a imagem para a população que os engenheiros da SEMOP são incompetentes ou ladrões - não vi, nem ouvi ninguém falar isto, mas para os meus conceitos fica esta impressão.
                Para meu desalento, não vi nem um dos órgãos que representa a classe dos engenheiros partir em defesa dos absurdos que se cometem, desvalorizando a categoria.
                Para quem entende uma coisinha do assunto, sabe que uma obra dessa natureza não tem só pedras do mesmo tamanho, conseqüentemente do mesmo peso. Se as pedras tiverem o mesmo processo de formação. Essa estrutura deve funcionar como uma estrutura flexível e não rígida e as pedras menores ajudam a fazer esse trabalho de flexibilidade além de preencherem os vazios que ficam. Agora eu pergunto: se as pedras têm a mesma origem de formação, não seria mais facil pesar uma menor, medir o seu volume, e comparar com o volume das maiores fazendo uma simples regra de três? Acharíamos o peso aproximado (não precisa ser exato) das maiores sem precisar deslocar aquelas balanças imensas, não é?
                Notei a indignação do meu amigo e colega Tomaz Neto, em entrevista dada, para um jornal falado em uma emissora de televisão desta capital. Para mim ele está coberto de razão. Concordo que toda obra pública deve ser fiscalizada com rigor pelos órgãos a quem se delega essas atribuições, pois o dinheiro público é mais fácil de ser desviado ou roubado. Mas, sou contra a maneira festiva que essas investigações são feitas e muitas vezes de maneira equivocada. Acho que sem holofotes e alarde as coisas fluem melhor.
                Mas já que estamos falando em obras – no bom sentido da palavra, pois no mau sentido estamos cheio de “obra,.” não vejo ninguém se incomodar com os acessos ao novo aeroporto. Isto sim um absurdo, pois além do risco de acidentes, existem os riscos de assaltos já que a buraqueira é grande e a ausência de policiamento – é novidade? É um fato constante.
                Existem obras que merecem conclusão com urgência, como: viaduto do Baldo, prolongamento da Avenida Prudente de Morais, saneamento das praias de Cotovelo e Pirangi há mais de cinco anos começada e não concluída, a urbanização das praias do Meio e dos Artistas. E por falar em Praia do Meio, vão ficar uma beleza, aqueles quiosques tirando a visão do mar – que falta de imaginação, digna de fazer Niemeyer remexer dentro do túmulo. Só vão servir para muita bebida e apreciarmos shows funk da galera. Ainda lembro que no final dos anos setenta aconteceu fato semelhante ao que aconteceu agora em Mãe Luíza. Resolvemos o problema em menos de quarenta dias, era prefeito Vauban Bezerra. Quanto meses aquilo está rolando? Por que não fazemos essas investigações em silêncio e com maior eficácia e melhores resultados?
                É isso gente, estamos sem rumo, onde a incompetência domina o serviço público, pior, não podemos colocar competência, pois os salários de determinadas categorias, não são atrativos.
Só nos resta rezar e pedir “ao bispo” que as coisas melhorem.

                

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

  
METODOLOGIA DE ENSINO À DISTÂNCIA : estamos fazendo a coisa certa?
Por: Geniberto Campos, médico
1.INTRODUÇÃO  -  As formas  atuais de aquisição de conhecimentos, utilizando os recursos tecnológicos  de comunicação disponíveis, caracterizam-se pela ausência de um padrão didático definido e por sua constante mutação.
Com a introdução ampla da  Tecnologia de Informação/TI no processo didático do chamado Ensino à Distância/EAD foram criados novos  métodos de ensino - aprendizado. Permanecendo, no entanto, alguns padrões tradicionais.
 A aula presencial, baseada na interação professor/aluno  em sala de aula, foi substituída pela emissão eletrônica de conteúdos, que traz a vantagem da sua repetição e fixação dos temas mais relevantes da exposição. O uso  intensivo de gráficos e outros recursos didáticos  colocou possibilidades quase infinitas de informação e conhecimentos pertinentes ao tema abordado.
Mas, em essência, o processo ensino/aprendizado segue o seu padrão clássico : emissão>> recepção de conteúdos >> avaliação. Com a vantagem da utilização plena de novos recursos didáticos disponíveis na forma eletrônica.
 Caberia a questão, fundamental sob todos os aspectos: qual o formato a ser desenvolvido pelos novos métodos de ensino/aprendizado num universo multiconectado? Como harmonizar novas tecnologias de informação com padrões pedagógicos ainda resistentes à Modernidade? E que tem na “aula teórica”, ainda que com nova roupagem, o seu principal meio de transmissão  de conteúdos?
Como atuar didaticamente neste Novo Mundo em que a Informação e a Comunicação já integram o processo  educacional?
Como será o processo educacional do Futuro? E será que o Futuro já chegou?
Quem tiver a resposta a essas questões sairá na frente, e com enorme vantagem em relação aos competidores, na direção da busca de um método didático moderno, capaz de colocar em sintonia a infinita carga de informações disponíveis com o desafio do aprendizado moderno. Um contexto no qual os “alunos” não mais aceitam serem receptores passivos de informações e pretendem ser atores do seu processo de aquisição de conhecimentos, cada vez mais amplos e universais. Tendendo para o Infinito.
2. ALTERNATIVAS - Em meados do século passado, um ainda desconhecido professor universitário pernambucano, procurava um ”método” de alfabetização rápido, eficiente e de baixo custo, que resgatasse das “trevas do analfabetismo” milhões brasileiros marginalizados do ponto de vista econômico, social e cultural.
O professor Paulo Freire defendia com insistência que a cartilha de alfabetização, de uso corrente, adotada há décadas  em todas as escolas, e nunca questionada, não tinha mais serventia didática. Uma heresia para a época. Ousando mais ainda, o professor procurava um método de ensino, que em poucas aulas – que ele denominava “círculos de cultura” – tornasse o aluno capaz de formar sílabas, identificar palavras. E, enfim se tornasse capaz de, juntando as palavras, identificar o texto e ousadia das ousadias,  interpretar o texto e o seu contexto. Isso foi a perdição e a glória do professor Paulo Freire. Preso, exilado, veio a se tornar um orgulho para os educadores de todo mundo. Uma história que boa parte dos brasileiros sabem de cor. A alfabetização em mágicas 40 horas.
O desafio, hoje, é encontrar um novo método de transmissão de conhecimentos, potencialmente capaz de fazer os novos alunos se ligarem efetivamente - e afetivamente-  ao conteúdo proposto, utilizando as novas estratégias  didáticas disponíveis atualmente. Mas utilizadas de forma equivocada. E, na maioria das tentativas, de baixa eficiência.
Presume-se que esta será uma construção coletiva. Ninguém, sozinho, dispõe do fio de Ariadne capaz de mostrar a saída para o labirinto.
3. O DESAFIO – Talvez se possa começar pelas  “aulas teóricas”, o terror dos mais jovens. Impacientes com as longas exposições, os longos textos das tenebrosas, e infalíveis, apostilas.
Situação que levou o professor Pedro Demo, da Universidade de Brasília, a iniciar uma palestra com a seguinte heresia: “Vão adotar as escolas de tempo integral. Se for para oferecer mais aulas teóricas, seria melhor deixar as crianças com seu tempo livre e seus modernos equipamentos de  informática...”
Mas como transmitir conhecimentos sólidos e bem estabelecidos, mesmo em sua forma e roupagem eletrônicas, sem utilizar o velho e confiável método das “aulas teóricas” e das apostilas? Eis o desafio.
4.  UM RÉQUIEM PARA A AULA TEÓRICA - A aula teórica, tal como há décadas ministrada, de forma prioritária ou mesmo única, para transmitir conhecimentos está com a sua sobrevivência comprometida. Por rejeição absoluta por parte dos alunos, mais interessados em novas formas de “aula”. E vivendo a expectativa de novas interações com os seus mestres.
As propostas alternativas à sua substituição são várias. Dentre estas, uma das mais atraentes é a Metodologia  de Pesquisa Aplicada Ensino, 1) que  coloca o aluno  como pesquisador  e produtor de conhecimentos, portanto, familiarizado, precocemente, com o método científico e 2) o professor como  orientador permanente do aprendizado e animador cultural, avaliando o conhecimento adquirido em grupo, mas expresso individualmente pelos seus alunos. Respeitando , em seus relatos, os cânones científicos vigentes. Dessa forma, a aquisição do conhecimento  se dará de forma ativa e a sua  comunicação obedecerá as normas  e o rigor da forma científica usual.  Os ganhos obtidos com esse método serão naturalmente incorporados à  vida futura dos alunos em sua graduação e pós graduação, e, não menos importante, em sua vivência profissional.  
Dessa forma, as aulas teóricas seriam substituídas, com vantagem, pelo novo método de “pesquisa” de temas relevantes para aquisição de conhecimentos e formação dos alunos. Ao invés da exposição teórica do tema por parte do professor, o aluno receberia o tema/conteúdo a ser pesquisado pela classe, dividida em grupos de trabalho.
Esse forma de trabalho implica numa nova organização espacial da “sala de aula”, presencial ou virtual. Não mais colocando o professor em seu estrado diante dos alunos, mas orientando e animando os grupos de trabalho. De forma individual e coletiva. Esse o formato para a  aula presencial. Em sua modalidade virtual,  o professor distribui  os textos para os alunos; são formuladas algumas perguntas relacionadas ao conteúdo, para que estes escolham duas ou três  para serem respondidas; os colegas trocam as suas respostas entre si, o que dá início ao processo de avaliação. As respostas às questões, em sua versão definitiva, são avaliadas pelo professor.
5. A NOVA RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO  -   A drástica redução da carga de aulas teóricas, ou a sua abolição gradativa, seria a condição suficiente para a implementação dessa nova metodologia  didática, aplicada aos cursos presenciais ou virtuais? É uma pergunta ainda sem uma resposta precisa.
Mas há uma certeza: a de que atualização das funções do novo professor e do papel do novo aluno irá resultar numa profunda mudança nos padrões educacionais vigentes, inserindo, finalmente, a escola no mundo moderno. Trazendo alunos e professores para o enfrentamento dos desafios contemporâneos, nos campos científico, tecnológico, social e econômico.
É possível que a nova relação professor x aluno, alicerçada em bases científicas perfeitamente inteligíveis e de aplicação prática imediata, seja um passo fundamental para a continuidade de uma reforma educacional inserida como prioridade na pauta das organizações sociais e políticas que atuam na área da Educação.
Finalmente, cada vez mais se evidencia a urgente necessidade da inserção plena de metodologias didáticas atualizadas no sistema de ensino.

Talvez, a reforma a se iniciar pela sala de aula – presencial ou virtual – venha a se tornar a  “mãe  de todas as reformas”.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

SENTADO EM CINZA
  Públio José – jornalista
 
 
 
                        Uma dos aspectos mais marcantes e conhecidos na vida de Jó, do ponto de vista popular, diz respeito à sua paciência. Tanto é assim que virou ditado corrente a expressão que diz “fulano tem a paciência de Jó”. Outra faceta também realçada é a que aponta para a sua pobreza. Daí que, popularmente, é costume também se dizer “mais pobre do que Jó”. Logicamente, muitas pessoas usam a citação por ouvir falar, sem atentar nem conhecer a história real do personagem. Em primeiro lugar, Jó não era pobre. Ao contrário. Era riquíssimo para os parâmetros da época. A comprovação está na Bíblia, no livro que leva seu nome, conforme registrado no capítulo primeiro, versículo terceiro: “Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal a seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente”. Como se vê...
                        Acontece que um dia Jó ficou pobre. Não somente pobre como miserável. Extremamente miserável. O capítulo 2, versículo 8, diz: “Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se”. Era tudo que lhe restara: cinzas e cacos. Os bens já perdera; a família também (a morte levara os dez filhos), com exceção da esposa; a condição de líder; o status de pessoa admirada e acreditada como bom empresário, além da saúde. Esta, de maneira inexplicável, colocara-o em estado lastimável e estabelecera-lhe uma rotina extremamente dolorosa. Um manto de tumores malignos tomara conta do seu corpo “da planta do pé até o alto da cabeça”. A solução para descansar, diante da impossibilidade de usar cama convencional, foi acomodar-se em cinzas. Os amigos sumiram, o horizonte encurtou-se – a ponto de não vislumbrar mais nenhuma solução para a vida – e a mulher passou a jogá-lo na direção do suicídio.
                       Além dessas, outras conclusões podem ser tiradas da leitura de sua saga. O “sentado em cinzas” revela, primeiramente, a vergonha social que sobre ele se abateu, e, em segundo lugar, o raquitismo empresarial e material a que chegou. As cinzas não representavam apenas um lenitivo para seu corpo coberto de tumores, mas a realidade que se instalara em sua vida. Afinal, o que são cinzas senão o resultado da queima de objetos sólidos, palpáveis, concretos, transformados em pó pela combustão da vida? Em Jó tudo virou cinzas. Seu patrimônio, dignidade, condição social, sonhos – e o pior: a saúde. A solidão também lhe pesava bastante. E, como empresário, concluíra: sentado em cinzas era o mesmo que sentado em nada. De tudo que perdeu só não perdeu a fé. Esta permaneceu firme. Segurar-se à fé foi a ponte que construiu, apesar de tudo, para atravessar seus dias de homem doente, falido e abandonado.
                       Como Jó, atualmente, tem muita gente sentada em cinzas. Vida sem sentido, oprimida, tornada pó. Rotina angustiante e vazia. A saída? Voltar-se para Deus. É o que se conclui da história de Jó. Dos amigos só recebeu acusações; da esposa exortação para amaldiçoar a Deus e, em seguida, abraçar a morte. A única ponte a segurar Jó em vida foi a ponte da fé. Em Deus – seu Redentor. O capítulo 19, versículo 25, registra o seu brado: “Porque eu sei que o meu Redentor vive...”. Esta confissão levou-o a vencer o desejo de morte e o manteve convicto de que outros dias lhe estavam reservados. Tempos depois, família restaurada, saúde restabelecida, teve de volta, dobrado, o seu patrimônio. “Porque veio a ter quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas”, segundo o capítulo 42, versículo 12. Eis o verdadeiro Jó e sua plenitude. Alçado a ela somente pela fé. Pela fé. Somente.
 
 
 
 
  

domingo, 9 de novembro de 2014

O JARDIM DA MINHA CASA

O permanente desvelo da minha esposa Therezinha, 
faz do jardim da minha casa um oásis permanente, 
verdadeiro pulmão 
que ameniza as intempéries do tempo.


A dona do meu jardim... só?...e da minha vida.
a bela visita
 o branco pendão
 arranjo 
 outro arranjo
 este tal ... é o Tel
 cores entrelaçadas
 do deserto
 se aproveita tudo
 ambientes diversos
 a menina da sombra
 em casa de avó, tudo pode!
sombra e água fresca