sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Roberto Guedes da Fonseca
Roberto Guedes da Fonseca
Tente ser perfeito como Deus. 
Você conseguirá 
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Aos olhos de muitos que se consideram entendidos em fé e religião, parece presunção alguém, ou mais precisamente um Cristão, proclamar e procurar demonstrar que tenta atingir a perfeição para a qual Deus nos criou, afirmando mesmo que haverá de se tornar tão perfeito quanto o próprio Criador. No entanto, foi alguém muito credenciado quem nos recomendou nos esforçarmos, sempre, visando atingir a meta da perfeição divina. 
Para refrescar a memória dos que conhecem o texto e oferecê-lo para um primeiro contato aos demais, apresento o texto bíblico em questão:
“Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam. — Porque, se somente amardes os que vos amam que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? — Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? — Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial” (Mateus, capítulo. V, versículos 44, 46 a 48).
O autor da exortação acima é ninguém menos do que Jesus Cristo, e antes que alguém se meta a besta passando a dizer que já está se nivelando em perfeição a Deus, saliento que, é claro, nem o Filho do Homem, na sua grandeza espiritual, ousaria dizer-se neste patamar. Ou, pelo menos, não estava falando na perfeição absoluta do Pai quando dirigiu sua recomendação aos doze apóstolos. 
Se ainda hoje somos ignorantes para que muitos de nós pudessem ler a incitação crística ao pé da letra e entornar o caldo da sapiência em drástica mistura com orgulho inaceitável, imaginemos que há mais de dois mil anos Jesus sabia que não poderia explicar mais sua recomendação, porquanto os habitantes da terra não tinham desenvolvido sua consciência, sua inteligência e seus conhecimentos ao ponto de compreender sua figuração alegórica. 
A perfeição que o Nazareno esgrimiu então foi uma perfeição relativa. 
Inteligência Suprema que nos criou para o Bem, Espírito Perfeitíssimo, eterno, criador do céu e da terra, no catecismo católico apostólico romano, e causa primeira de todas as coisas, e ainda imutável, imaterial, único, todo-poderoso, onipotente e onipresente, e soberanamente justo e bom, Deus, nosso Deus de amor, é infinito em suas perfeições. 
Só Ele possui a perfeição infinita em todas as coisas. 
Diante desta certeza, a proposição “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial” jamais poderia ser tomada ao pé da letra. Assimilar seu sentido literal pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. Mas, os homens a quem Jesus falava não compreenderiam essa nuança, pelo que ele se limitou a lhes apresentar um modelo e a dizer-lhes que se esforçassem pelo alcançar. Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. 
A perfeição que devemos almejar pode ser imaginada como um ponto do horizonte em que os dois trilhos de uma ferrovia se encontram aos nossos olhos distantes. Na medida em que dele nos aproximamos, este ponto vai se adiantando à nossa frente, de sorte que provavelmente jamais o alcancemos, mas sempre o teremos como a meta a ser conquistada. Por isto, para mim, atingir a perfeição espiritual não é chegar a um patamar, é atingir o início de um patamar em que continuarei a me empenhar na busca da perfeição. Ou seja: de substantivo, a perfeição passará a ser um gerúndio, uma agradável conjugação de verbos edificantes, tipo construir, fazer, desenvolver, pois, chegando lá, continuarei meu processo de aprimoramento moral, sempre estarei conduzindo minha reforma íntima. Sempre estarei tentando alcançar a perfeição relativamente semelhante à do Nosso Pai. 
Em que consiste, então, essa perfeição, a perfeição disponível às criaturas?
Consiste em se tornar um homem cada vez melhor, o homem de bem por excelência. 
Teremos chegado a seu campo quando tivermos aprendido a amar nossos inimigos, a fazer o bem aos que nos odeiam, orarmos pelos que nos perseguem, como pregou o Cristo Redentor, apontando a caridade, em sua mais completa e abrangente acepção, como a essência da perfeição, porque implica a prática de todas as virtudes.
Ciente disto e partindo de um levantamento que me mostra riquíssimo em imperfeições, digo-me reiteradamente que chegarei à perfeição esgrimida por Jesus Cristo. Meu intelecto e a aquisição de novas posturas, a prática incipiente de providências salutares à minha progressiva transformação no homem de Bem, no Homem Novo também arquitetado por Deus e descrito por Jesus, me encaminham no sentido de subir a escada do aprimoramento moral e espiritual. 
Posso então dizer-me, sem soberba, porém com certeza, que almejo e me esforço para passar a ser um homem perfeito, melhor dizendo, um espírito perfeito, porque esta construção foge aos parâmetros da carne e transcende aos anos de expectativa de vida numa encarnação, por mais que esta tenha sido expandida pela ciência dos últimos dois séculos. 
Quero ser Perfeito como Deus Pai. Digo-me imperativamente isto, sem nenhuma soberba que enferrujasse os mecanismos de minha reedificação. Digo-o sem nenhuma exaltação. Mas o digo com absoluta certeza de que chegarei lá, mais dia, menos dia, dependendo apenas do quanto me empenhar em avançar nos degraus acima e diante de mim.
Convicto de que Ele nos criou para sermos perfeitos a seu exemplo, como nos recomendou Jesus, e ao me exortar neste sentido, volto-me sempre para o que o Filho do Homem nos recomendou, ciente de que o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza, longe de praticar o mal, depositando toda fé em Deus, confiando em sua imensa bondade, em sua justiça e em sua sabedoria. Baseado nesta convicção, tendo ser bom, amorável, humano, benevolente, indulgente, evitando distinguir entre raças e crenças, vendo irmãos em todos os seres humanos e lutando comigo mesmo para sepultar os resquícios de ódio que eventualmente ainda mostram subsistir em minha alma. 
É pensando em construir este novo homem em mim que afirmo o valor deste empenho também no seu caso, partindo da mesma necessidade que me impulsiona. 
Por isto, ao desejar-lhe uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana, quero fazer-lhe aqui um apelo: também procure melhorar-se continuada e crescentemente, encontrando mais satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, nas lágrimas que enxugar em rostos alheios, nas consolações que cada vez mais distribuir, matando o egoísmo que ainda se manifesta em você e substituindo-o pelo amor fraternal mais capaz de situá-lo como grande partícipe da melhora de toda a humanidade. 
Estarei falando em utopia? Perseguir a perfeição espiritual é, porém, o melhor combustível para me tornar melhor a cada novo momento. O mesmo se aplica a você. Quer ver? Tente começar. 
Assim seja. 
Em Nova Parnamirim, Parnamirim (RN), 27 de fevereiro de 2015.
Roberto Guedes da Fonseca. 
PS. Não escrevi na madrugada de quarta-feira para ontem devido a um problema de saúde que chegou a me levar a um pronto-socorro e felizmente parece estar sendo eliminado. Mantenho o propósito de toda madrugada brindá-los com uma mensagem capaz de ajudar os amigos internautas de fé a se guiarem nos passos de Jesus.

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