domingo, 8 de março de 2015


Nova publicação em WE LOVE THE BEATLES FOREVER


Listas foram feitas para serem contestadas, isso desde que Moisés cunhou as Tábuas da Lei.
Nenhuma lista, seja dos melhores ou dos piores, é completa, mas elas servem de parâmetro para se avaliar melhor o tema pelo qual se gerou tal amostragem.
O movimento Jovem Guarda foi o que melhor traduziu o pop internacional da época e que inseriu a instrumentação básica do rock na música jovem brasileira, expandindo o universo da juventude com canções românticas, mas também repletas de gírias e de toques juvenis. Muitas dessas canções ainda hoje soam modernas e atualíssimas.
As listas representam um guia daquilo que se propõe analisar e conhecer melhor. Por isso, não foi tarefa fácil elaborar esta dos melhores álbuns da Jovem Guarda, pois muitos outros grandes discos acabaram ficando de fora, mas acredito que estes 50 álbuns, uns mais outros menos, representam bem o que foi o movimento Jovem Guarda, cuja expressão ultrapassou os limites de um programa de TV, generalizando o termo "Jovem Guarda" já naquele momento em que ocorriam os fatos.
Foi baseado no movimento como um todo, e não apenas no programa Jovem Guarda, que elaborei esta lista como uma forma de homenagear estes 50 anos de música e curtição.
Alguns álbuns fundamentais que não entraram na lista, como o primeiro da Martinha, o primeiro da Elizabeth, o álbum do grupo The Sunshines e também o LP do grande Rossini Pinto, gravado com os Blue Caps em 1964, estes discos pretendo resenhá-los e apresentá-los como "álbuns-bônus" à lista, em breve.
A Jovem Guarda foi também responsável pela inserção do humor na música pop brasileira e avançou os sinais da sexualidade e da liberdade juvenil.
Viva os 50 anos da Jovem Guarda!
Montagem por Rubens Stone
Montagem por Rubens Stone
Álbum Nº 50
LP
"Verdadeiro Amor"
Ed Wilson
(CBS – 1966)
O garoto Edson Vieira de Barros começou sua carreira no final dos anos 50, juntamente com os irmãos Renato e Paulo Cesar Barros, no conjunto Renato e Seus Blue Caps. A banda em seu início, gravou dois 78 rotação no minúsculo selo Ciclone, acompanhando respectivamente o grupo vocal Os Adolescentes e o cantor Tony Billy, como eles, artistas lutando por um lugar ao sol.
Na TV, o grupo fez algumas apresentações no “Hoje é dia de rock”, programa de Jair de Taumaturgo, na Rádio Mayrink Veiga, até que chegaram à TV Continental, onde se apresentaram no programa do Carlos Imperial, que achou o conjunto interessante e os convidou para voltar mais vezes. Além disso, conseguiu que participassem de“Twist”, LP que Cleide Alves e Reinaldo Rayol dividiam, sob a produção de Imperial. O ano era 1962. Foi neste mesmo ano, depois de um tempo convivendo com o grupo, que Imperial sugeriu que Edson se lançasse em carreia solo, enquanto os Blue Caps continuariam suas atividades.
O garoto, que na época tinha apenas 16 anos, aceitou a proposta. Mas, segundo Imperial, para seguir carreira solo, o jovem Edson precisava ganhar um nome artístico. E o nome escolhido pelo gordo apresentado e agitador cultural, foi Ed Wilson. Na época, Imperial estava ouvindo bastante o cantor americano Jack Wilson, e ele acabou sendo a fonte inspiradora para o nome artístico do novo pupilo de Imperial.
Em seguida, Imperial conseguiu um contrato para Ed Wilson na Odeon, por onde lançou seu primeiro compacto, em 1963. Em 1964, mudou-se para a RCA e lançou “O Carro do Papai”, um rock-twist composto pelo irmão Renato Barros. A música fez relativo sucesso nas rádios, e em seguida, Ed Wilson emplacou outro sucesso, a balada “Como Te Adoro Menina”, versão de Renato Barros para o sucesso “Quiereme Mucho”, da cantora argentina Violeta Rivas.
Em 1966, foi contratado pela CBS, onde gravou em março daquele ano, seu primeiro LP, “Verdadeiro Amor”, disco que teve o acompanhamento da banda dos irmãos e do tecladista Lafayette. O disco emplacou os sucessos “Sandra” (versão de Leno para “Sorrow”, do grupo inglês The Merseys), “Pode Ir Para O seu Novo Amor” (composição de Leno) e a belíssima faixa-título, uma versão do “negro gato” Getulio Cortes para “It’s Only Make Believe”, sucesso de 1958 do cantor Conway Twitty.
Este foi o único LP de Ed Wilson na CBS, nos anos seguintes, o artista seguiria lançando compactos de sucesso, além da efetiva participação na série As 14 Mais. Mesmo sem ter uma grande discografia no período, Ed Wilson foi um dos principais nomes da Jovem Guarda. Sua importância para a música jovem da época foi devidamente registrada por Erasmo Carlos na música “Festa de Arromba”, nos versos em que o Tremendão dispara: “Lá fora um corre-corre/Dos brotos do lugar/Era o Ed Wilson que acabava de chegar/Hey, hey, que onda/Que festa de arromba”. (rstone)
Álbum 50 Ed Wilson
Álbum Nº 49
LP
"Leno"
Leno
(CBS – 1968)
Os dois primeiros álbuns solos do cantor Leno merecem constar de qualquer galeria dos grandes discos do movimento jovem guarda, porém, como tínhamos que escolher apenas um deles para essa pesquisa, dei preferência ao primeiro, por um simples motivo: “Leno” foi lançado em estéreo genuíno, enquanto o segundo, “A Festa dos Seus 15 Anos” é totalmente em mono, o que, na minha opinião, prejudicou em muito a sonoridade do álbum.
Canções como “Quando você me deixou”, “Na saída da escola”, “Chorando no parque” e a própria “A festa dos seus 15 anos” jamais deveriam ter sido lançadas somente em mono.
Após o encerramento da dupla Leno e Lilian – uma das mais importantes da Jovem Guarda – , o cantor e compositor Leno seguiu em carreira solo, e no início de 1968, lançou o compacto-simples CBS-33543 que trazia no lado A, a balada “A Pobreza”, composição de Renato Barros, dos Blue Caps, e no lado B, o rock “Me Deixa em Paz”.
“A Pobreza” tornou-se um grande hit nas rádios, e em outubro daquele ano, chegou às lojas “Leno”, seu primeiro LP solo, um disco repleto de baladas e rocks flamejantes. Ainda embalado pela sonoridade da jovem guarda, Leno concebeu um dos mais belos álbuns dos anos 60, cujo repertório, apontava inclusive, para os novos caminhos que sua música iria seguir dali para a frente, ao gravar temas diversos como a versão de “Fever”, sucesso de Elvis no início dos anos 60, assim como a gravação de “Um minuto a mais”, versão assinada pelo amigo Raul Seixas, com o qual iria desenvolver uma excelente e obscura parceria nos anos seguintes.
“Leno” Abre com “Papel picado”, composição de Renato Barros e um dos sucessos do disco, segue com “Eu tenho febre” (“fever”) e “sozinho sou feliz”, versão de Leno para “Wait for me baby”, de G. Stevens. O grande hit “A pobreza” é a quarta faixa, e logo em seguida vem a balada “Um minuto a mais”, uma das primeiras versões assinadas por Raul Seixas, que buscou esta incrível canção, “I Will”, no repertório do roqueiro inglês Billy Fury.
Outras canções de destaque neste primeiro álbum de Leno: “Garotinha”, de Getulio Cortes; “Tudo que pedi a Deus”, do próprio, e a estupenda regravação de “Eu não existo sem você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
“Leno” traz no acompanhamento os grupos Renato e Seus Blue Caps e Golden Boys, além do tecladista Lafayette e o cantor Pedro Paulo, e conta também com a participação de alguns membros do grupo Os Panteras (de Raulzito Seixas). (rstone)
Álbum 49 Leno
Álbum Nº 48
LP
"Antonio Marcos"
Antonio Marcos
(RCA-Victor – 1969)
Antonio Marcos Pensamento da Silva nasceu em São Paulo, em 8/11/1945. Antes de se tornar artista, trabalhou como office-boy, vendedor de lojas de calçados e passou por diversos programas de calouros. No início dos anos 60, atuou como rádio-ator, destacando-se também como cantor, violinista e humorista. Em 1966, fundou, ao lado do irmão, Mário Marcos, o conjunto Os Iguais, banda cuja sonoridade típica da jovem guarda, lançou alguns compactos e o LP “Juventude”, em fevereiro de 1967, pela RCA.
Em meados de 1967, Antonio Marcos deixou Os Iguais para se tornar artista solo da RCA. Seu primeiro compacto, lançado em julho de 67, trazia as canções “Perdi você” e “A história de alguém que amou uma flor”, ambas de sua autoria em parceria com o irmão, Mário Marcos. Mas foi somente em março de 1968, quando lançou o compacto “Tenho um amor melhor que o seu”, uma composição de Roberto Carlos (o lado B trazia a balada “Pra que fingir”), que Antonio Marcos tornou-se conhecido em todo o Brasil, devido ao enorme sucesso da canção, que tocou em todas as rádios do país.
Em 1969, já um dos maiores ídolos da música brasileira, lançou seu primeiro álbum, “Antonio Marcos”. O disco vendeu cerca de 300 mil cópias somente naquele ano, consagrando definitivamente o artista, que passou também a atuar no cinema, nos filmes “Pais Quadrados, Filhos Avançados (1969) e “Som, Amor e Curtição” (1970).
Neste primeiro LP, Antonio Marcos mostra sua forte influência do rock, da Jovem Guarda e da música romântica, com canções que se tornaram clássicos do pop pós-jovem guardista, como “Você pediu e eu já vou daqui”, “Sou eu”, “Quando lembro você”, “Não fico mais sem o teu carinho” e “Por Que?”, todas estas canções foram sucesso radiofônico, consagrando definitivamente o artista, que a partir de então, desenvolveria uma das mais brilhantes carreiras da música brasileira.
Falecido em 5 de abril de 1992, aos 47 anos, Antonio Marcos é hoje um mito da música romântica do Brasil, seus discos são cultuados e sua obra tem sido aos poucos resgatada por fãs, artistas e pesquisadores. (rstone)
Álbum 48 Antonio Marcos
Álbum Nº 47
LP
"Edição Extra Vol. 1"
The Jordans
(Copacabana – 1967)
Na virada para os anos 60, surgiu nos Estados Unidos e na Inglaterra uma nova vertente do rock, a dos grupos instrumentais, dos quais, os maiores representantes foram The Ventures (EUA) e The Shadows (Inglaterra), estilo que depois ficou conhecido como surf rock, a partir do surgimento de novos expoentes, como Dick Dale & His Del-Tones, The Tornados e Duane Eddy.
No Brasil, um dos conjuntos mais expressivos da cena instrumental foi o The Jordans, que apareceu na TV pela primeira vez em 1958, no programa de Tony e Celly Campello (“Crush em Hi-Fi”, da TV Record). Estrearam em LP em 1962, com “A Vida Sorri Assim!...”, disco considerado um dos principais marcos do rock instrumental brasileiro, este álbum ajudou a introduzir o gênero das “guitarras que cantam” no país.
O segundo álbum, “Suspense”, de 1963, trazia versões convincentes de clássicos como “Peter Gunn”, “Apache” e “Walk Don’t Run”, além da regravação extasiante do sucesso “Blue Star”, do grupo inglês The Shadows. Com esta canção, os Jordans, liderados pelos guitarristas Aladdin e Sinval, conseguiram permanecer por diversas semanas nas paradas de todo o Brasil.
Depois, viria a Jovem Guarda e o grupo se tornou um dos mais requisitados no programa de Roberto Carlos. Inseridos no novo movimento, continuaram gravando excelentes discos instrumentais, como o álbum “Studio 17” (Copacabana, 1966), no qual lançaram uma versão do “Tema de Lara” com enorme sucesso, e este “Edição Extra Nº 1”, de 1967 (primeiro de uma série de cinco álbuns), cujo repertório era pura jovem guarda, com versões instrumentais de canções como “Last Train to Clarksville”, dos Monkees; “Namoradinha de Um Amigo Meu” (Roberto Carlos); “Born Free” (Matt Monro); “Vem Quente Que Estou fervendo” (Sucesso do momento com Erasmo Carlos); e mais um tema inspirado na música russa: “Midnight in Moscow”. (rstone)
Álbum 48 The Jordans 1
Álbum 48 The Jordans 2
Álbum Nº 46
LP
"A Onda É Boogaloo"
Eduardo Araújo
(Odeon – 1968)
Em 1968, a Jovem Guarda já era, e Eduardo Araújo, um dos ídolos do movimento, percebendo que a música jovem soprava para novos rumos, se despiu das vestes de cantor de iê-iê-iê para trilhar o caminho da black music, para isso, juntou-se a um cara que entendia do assunto: Tim Maia.
E como a coisa ainda estava muito imberbe, nem se usava ainda o termo soul music, Eduardo achou de intitular seu novo disco de “A Onda É Boogaloo”, talvez referindo-se a uma espécie de dança africana, algo do tipo, mas a verdade é que o disco veio repleto de versões de músicas da Motown e da Staxx, selos norte-americanos que estavam exportando para o mundo inteiro o melhor da música negra americana, e tome-lhe versões de James Brown “Cold Sweat”), Wilson Pickett (“Got To Have a Hundred”), Ray Charles (“Come Back Baby”) e Aretha Franklin (“Since You’ve Been Gone”), todas vertidas pelo síndico Tim Maia. É desse disco a primeira gravação da balada entorta coração “Você”, que se transformaria em sucesso estrondoso alguns anos depois, quando o próprio Tim Maia a lançou no seu segundo LP.
"A Onda É Boogaloo" foi mal recebido, tanto pelos fãs de Eduardo Araújo quanto pela crítica, na época do seu lançamento. A exemplo do álbum psicodélico de Ronnie Von, lançado no mesmo ano, este disco também estava à frente do seu tempo, hoje é um clássico do soul brasileiro, um dos primeiros a apontar um novo horizonte para o cenário da música pop brasileira, prenunciando o trabalho de artistas como o próprio Tim Maia, Cassiano e Hyldon, entre outros. (rstone)
Álbum 47 Eduardo Araujo 2
Álbum 46 Eduardo Araujo 1
Álbum Nº 45
LP
"George Freedman"
George Freedman
(RCA-Victor – 1967)
Nascido na Alemanha, George Freedman veio para o Brasil ainda muito criança. Fã de Elvis e do rock’n’roll dos anos 50, Freedman iniciou sua carreira por volta de 1959, quando lançou pela gravadora California seu primeiro disco, interpretando, de sua autoria, o rock balada "Leninha", e de Steve Rowlands, em versão de Fred Jorge, o rock-calipso "Hey, little baby". Nessa época, Freedman se apresentava com frequência na TV Tupi de São Paulo.
Em 1960, obteve seu primeiro sucesso com "Olhos cor do céu", versão de "Pretty blue eyes", belíssima balada que fizera sucesso com o cantor Steve Lawrence. Em 1961, gravou pela Continental, os rocks "Advinhão" e "Inveja", ambos da autoria de Baby Santiago. Em 1962, lançou um excelente compacto duplo com "O jato", "Canção do casamento", "Good luck charm" e "Um beijinho só". Nesse mesmo ano chegaria às lojas seu primeiro LP, "Multiplication", cuja faixa-título, um original do cantor Bobby Darin, fez grande sucesso nas rádios do Rio e São Paulo.
Depois de um tempo afastado da música, George Freedman retornou em 1966 com tudo, quando gravou a música "Coisinha estúpida", versão do cantor Leno para o hit “Something Stupid”, que na época fazia sucesso mundial com Frank Sinatra e sua filha Nancy. O sucesso de “Coisinha estúpida” inseriu George Freedman no movimento Jovem Guarda, e em 1967, o artista gravou um belíssimo álbum, intitulado “George Freedman”, que incluía, além de “Coisinha Estúpida”, outras canções ao estilo jovem da época, como “Uma Dúzia de Rosas”, de Carlos Imperial, também gravada por Ronnie Von no seu terceiro LP; “Meu Tipo de Garota”, “Vá Embora” e “O Autógrafo”.
Um dos grandes destaques deste disco é a regravação que Freedman fez do clássico “Beijinho doce”, a faixa de abertura do álbum. Com sua voz poderosa, Freedman resgatou com sentimento e graça este “standard” do cancioneiro brasileiro, esta é uma das melhores regravações dentre as dezenas que já foram feitas de “Beijinho doce”. (rstone)
Álbum 45 George Freedman
Álbum Nº 44
LP
"Rosemary"
Rosemary
(RCA – 1967)
Musa da jovem guarda, fada loira do iê-iê-iê. Muitos são os títulos que deram à cantora Rosemary, apesar de há muitos anos ela se recusar a falar do movimento que a propagou para todo o Brasil. Desde o final dos anos 70, nas poucas entrevistas que deu, evitou falar sobre sua participação na jovem guarda. Em uma destas, nos anos 80, a cantora afirmou que, se falasse toda a verdade sobre a Jovem Guarda, iria magoar muita gente. Que segredos guarda a “fada loira do iê-iê-iê”?
Rosemary Pereira Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de dezembro de 1947. Começou a cantar aos 14 anos, e em 1963 gravou seu primeiro compacto pela RCA-Victor. Neste mesmo ano lançou o primeiro LP, “Igual A Ti Não Há Ninguém”. Em 1967, lançou o álbum “Rosemary”, no qual, emplacou vários sucessos, com destaque para os iê-iê-iês “Feitiço de Broto” e “Não Te Quero Mais”. Muitos consideram este o melhor álbum de toda sua carreira.
Após o fim da Jovem Guarda, Rosemary enveredou por outros estilos musicais, gravando sambas e canções românticas. Seu próximo LP só seria lançado em 1974, 




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