quarta-feira, 27 de maio de 2015

   
Marcelo Alves
25 de maio às 12:07
 


Minhas livrarias em Madrid (III) 

Na semana passada, no finalzinho da nossa conversa aqui, eu prometi escrever sobre as livrarias jurídicas de Madrid. Embora o Direito, via de regra, seja assunto “chatíssimo”, pago agora minha promessa. 

Na capital da Espanha, conheço três livrarias jurídicas, todas situadas na chamada “Madrid dos Bourbon”, região da cidade assim denominada para se contrapor a chamada “Madrid Antiga” (região por onde perambulamos nos nossos dois artigos anteriores). É na “Madrid dos Bourbon” que estão sediados os principais órgãos do aparelho “judicial” espanhol, tais como o “Consejo General del Poder Judicial”, o “Tribunal Supremo”, a “Fiscalia General del Estado” (nome dado ao Ministério Público espanhol), o “Tribunal Superior de Justicia de Madrid”, a “Audiencia Nacional” e o “Colegio de Abogados de Madrid”, todos muitos próximos quando não vizinhos. Pelo que sei, dos órgãos importantes para o amante do Direito, apenas o “Tribunal Constitucional” fica em outra região de Madrid, lá para as bandas da Universidade Complutense (sobre essa famosa universidade, vide o artigo “A Casa do Brasil”). 

Na “Madrid dos Bourbon”, registre-se, também estão situadas muitas das melhores atrações de Madrid: os famosos museus do Prado, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza, avenidas como o Paseo del Prado, o Paseo de Recoletos e a Calle de Serrano, as praças de Colón e de Cibeles, a Puerta de Alcalá, o Parque del Retiro e por aí vai. A “Madrid dos Bourbon”, portanto, merece uma ou muitas visitas, com ou sem livrarias jurídicas, podem ter certeza. 

Bom, a primeira das três livrarias jurídicas que posso sugerir é a “Librería Jurídica Intercodex”, que fica no número 4 da Calle Gil de Santivañes (se for tomar o metrô, sugiro descer na estação Colón ou na estação Retiro). Trata-se de uma livraria pequena, mas com um acervo variado entre clássicos e assuntos mais recentes do Direito (bioética, comércio eletrônico, direito da internet, globalização e outras coisas mais). Fica aberta durante a semana até às 20 horas, funcionando também aos sábados pela manhã. Como ponto de referência, fica quase ao lado da maravilhosa “Biblioteca Nacional de España”, sobre a qual falaremos mais adiante. 

A segunda livraria é a “Librería Jurídica Lex Nova”, que fica na Calle Marqués de la Ensenada, número 4 (as estações de metrô Colón e Alonso Martínez servem bem a esse endereço). Para o profissional do Direito, sua localização é fantástica, bem no miolo da “Madrid Jurídica”, a dois passos do “Tribunal Supremo”, do “Consejo General del Poder Judicial”, do “Tribunal Superior de Justicia de Madrid” e da “Audiencia Nacional”, como vocês poderão constatar indo lá. Com dois andares, seu acervo, de livros nacionais (falo aqui de livros espanhóis, obviamente) e estrangeiros, na minha opinião, é excelente. Está aberta durante a semana até às 20 horas e aos sábados pela manhã. Recomendo uma ida lá, seguramente. 

Na mesmíssima área, está a mais badalada das livrarias jurídicas espanholas, a “Martial Pons”, muito conhecida dos estudantes de Direito no mundo todo, incluindo o Brasil. Pelo que sei, a “Martial Pons”, que também é uma editora de livros jurídicos, possui quatro lojas na Espanha, duas em Madrid e duas em Barcelona (na capital da Catalunha, a loja que fica na Calle Provença, 242, bem pertinho do belíssimo Passeig de Gràcia, é excelente). Em Madrid, a livraria jurídica tem um novo endereço: está hoje situada na Calle Bárbara de Braganza, número 11, pertinho de tudo (que diz respeito ao mundo jurídico) e muito bem atendida pela estação de metrô Colón. Com um acervo maravilhoso, aberta durante a semana até às 20 e aos sábados pela manhã, é uma programação nota 9,87 para qualquer amante do Direito. 

Mas antes de encerramos esse nosso papo, tenho mais duas sugestões “livrescas” na “Madrid dos Bourbon”. Por lá, não deixe de visitar a sede principal da tricentenária “Biblioteca Nacional de España”, que fica no Paseo de Recoletos, 20-22, sendo muito bem servida pelas estações de metrô Colón e Serrano. É depósito legal de todos os livros publicados na Espanha, além possuir riquíssima coleção de livros raros, manuscritos, jornais, desenhos, fotografias, partituras, gravações sonoras etc. O museu da Biblioteca Nacional, antigo “Museo del Libro”, à semelhança dos museus de outras grandes bibliotecas (o exemplo que logo me vem à memória é o da British Library), é fantástico. Vale a pena passear, vagarosamente, por cada uma de suas salas, sobretudo as denominadas “La Biblioteca a través de la historia”, “La escritura y sus soportes” e “La memoria del saber”. A BNE está aberta de segunda a sábado até às 20 horas e também aos domingos pela manhã. E o melhor: a entrada é gratuita. 

Por fim, se ainda sobrar alguma energia, sugiro uma caminhada (partindo da “Biblioteca Nacional de España”) pelo Paseo de Recoletos e pelo Paseo del Prado (passando, portanto, pelos museus Thyssen-Bornemisz e do Prado) em direção a Calle Claudio Moyano, que, margeando o Real Jardim Botânico, liga o Paseo del Prado ao Parque do Retiro. Essa rua/ladeira, também conhecida como “La Cuesta de Moyano”, está cheia de bancas vendendo livros novos e, sobretudo, usados, à semelhança daquelas que encontramos às margens do Sena em Paris. Quem sabe ali você não faz uma última extravagância e enche sua sacola muitos “libros de viejo”? 

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

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