sexta-feira, 15 de maio de 2015

   
Marcelo Alves

 

Minhas livrarias em Madrid (I)

Na semana passada, escrevi aqui sobre a “Casa do Brasil” em Madrid. Pois vou aproveitar a deixa para continuar escrevendo sobre a capital do Reino da Espanha (onde morei/estudei faz alguns anos), desta feita, assim como já fiz com Londres e Paris, tratando das livrarias (de algumas delas, evidentemente) daquela maravilhosa cidade. 

Como de estilo, serão três crônicas sobre “minhas livrarias em Madrid” e outras coisitas mais, porque, já disse outras vezes, “turistar” apenas em sebos e livrarias “ninguém merece”. 

Com uma população de mais de 3 milhões de habitantes, Madrid possui muitas livrarias (não tanto quanto Paris, entretanto), como conferi quando lá estive, em rápida passagem de estudos, faz pouco mais de um mês, sempre com papel e caneta à mão, tudo anotando para escrever este “roteiro” de turismo cultural, direcionado para os que amam ou têm interesse em livros. 

Aliás, é bom que se diga: sobre livros e livrarias em Madrid, há muitos guias e mesmo livros disponíveis no mercado. Eu mesmo adquiri alguns títulos que, para escrever este texto, diletantemente consultei: “Um mundo de libros” (organizado/editado por Yolanda Morató, publicado pelo Secretariado de Publicaciones de la Universidad de Sevilla, 2010), “Libros, buquinistas y Bibliotecas. Crónicas de transeúnte: Madrid-París” (de José Martínez Ruiz, dito “Azorín”, publicado pela Fórcola Ediciones, 2014) e “La Cripta de Los Libros: Libreros de Viejo de Madrid” (de Peter Besas, publicado por Ediciones La Librería, 2012). 

Para tornar nosso roteiro literário exequível, vou restringir minhas “dicas” de livrarias a duas ou três regiões de Madrid, propositalmente as mais turísticas da cidade, facilitando ainda mais as coisas tanto para mim como para o leitor. 

Começo pela região que fica nas imediações das estações de metrô Callao e Puerta del Sol, nas beiradas da Gran Vía e muito próximo da Plaza Mayor. É talvez a região mais turística da cidade, muito animada, onde tudo funciona, com as ruas cheias de gente, até tarde da noite (o que, como sabemos, não é comum no resto da Europa). 

Ali estão duas lojas da mais famosa rede de livrarias da Espanha, a “Casa del Libro”. Pelo que sei, essa rede tem 34 livrarias espalhadas pela Espanha. Em Madrid, conheço bem duas lojas: a da Calle Maestro Victoria (no número 3) e a da Gran Vía (número 29), as mais centrais, pelo menos para nós turistas (para ambas as lojas, se for usar o metrô, recomendo descer na estação de metrô Callao). A Casa del Libro da Gran Vía, que recomendo em primeiro lugar, até porque é facílima de achar, funciona os sete dias da semana, até tarde da noite, para além das 21 horas, se não estou enganado. Em estilo tradicional, enorme, com alguns andares, vende de tudo, incluindo livros de direito (se é que alguém, passeando em Madrid, está interessado em assunto tão enfadonho). É excelente, palavra de escoteiro. 

Nessa mesmíssima área fica a livraria “La Central”, mais precisamente no número 8 da Calle del Postigo de San Martín, logo na primeira quadra dessa rua, quando se vem da estação de metrô Callao (que, portanto, é a estação de metrô recomendada no caso). Trata-se, também, de uma rede de livrarias, com origem em Barcelona. Essa loja é charmosíssima. Tem um ambiente para eventos (lançamentos de livros, palestras etc.), chamado “El Garito”. Tem uma papelaria excelente, sobretudo para quem gosta de utensílios para leitura e estudo. Tem até um restaurante, que serve também um bom cafezinho: o aconchegante “El Bistró de La Central”, que fica no andar térreo do edifício. Isso sem falar no maravilhoso acervo de livros, distribuído nos andares de cima, que, para quem frequenta livrarias, às vezes é o menos importante. 

E não só de livrarias tradicionais e charmosas vive a região da Gran Via/Callao/Puerta del Sol: ali estão também alguns estabelecimentos que misturam a venda de livros com outros produtos de interesse do consumidor/turista típico. Tem-se a gigantesca FENAC, a livraria do (ainda mais gigantesco) “El Corte Inglés” e a “Vips”, embora convivendo juntas, cada qual com a sua proposta. 

Mas sobre elas conversaremos na próxima semana. Antes tomemos um café. Ou, melhor ainda, muitas “copas de vino con tapas”. E pode até ser no “El Bistró de La Central”. 

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário