domingo, 12 de julho de 2015

O MAESTRO QUE PARTIU

Morre em Natal o pianista e maestro Waldemar Ernesto Hetzel - Tribuna ...


MINHA HOMENAGEM AO MAESTRO WALDEMAR ERNESTO HETZEL
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

            Com imensa saudade registros o encantamento do Maestro WALDEMAR ERNESTO HETZEL, que durante muitos anos militou na orquestra da Rádio Poti de Natal e alegrou as grandes festas da cidade de Natal.
            O meu relacionamento com o pranteado músico aconteceu na década de 1950, quando passei a integrar o “cast” da Rádio Poti, inicialmente ele ocupava o lugar de pianista da orquestra de Julio Granados e depois assumiu a maestria.
            De alguma forma ele foi o responsável pelo encerramento da minha carreira artística, pois costumava chegar atrasado para os ensaios, após liberado das aulas do Ginásio Natal, partindo em desenfreada carreira para descer a ladeira da Rio Branco e entrar na Rua do Saneamento, naquela ladeira que liga à Avenida Deodoro.
Um dia ele me chamou e, com a sinceridade paternal me disse que a vida artística era muito dura e, certamente, seria quase impossível conciliar os estudos com a carreira artística. Meditei sobre o assunto e resolvi deixar a carreira artística, num momento em que tinha contrato assinado para uma temporada na Rádio Tamandaré do Recife e, possivelmente, gravar um disco na Rosemblitz (Mocambo). Em meu lugar o empresário Francisco Gomes de Sales convidou Agnaldo Rayol para cumprir esse compromisso.
Realmente passei a dedicar todo o meu tempo no estudo e me saí vitorioso. No baile de formatura da Turma 1968 do Curso de Direito, realizado no América, entramos todos com uma rosa na lapela para após a valsa presenteá-la a alguém. Não tive dúvidas, coloquei a minha rosa na lapela do Maestro Waldemar Ernesto, como gratidão por ter me alertado e conduzido à minha efetiva vocação.
Depois disso, poucas vezes nos encontramos, mas sempre ficou em mim aquele homem calado, competente e de visão de futuro.
Com ele gravei duas faixas no disco comemorativo do aniversário da Rádio Poti, cujas cópias não as tenho.  Lembro-me que gravei  a canção italiana “Incantesimo” e o passodoble espanhol “Novilhero”.
Foi-se aos 91 anos e deixou saudades neste seu discípulo que já está chegando aos 76. Que Deus o receba em sua mansão celestial, como é do seu merecimento. A cidade de Natal, que não é a sua de nascimento, chora a sua perda.

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