quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O MOMENTO DIFÍCIL DO BRASIL

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

            Nos meus 76 anos de existência não lembro de situação mais grave do que a que o Brasil está atravessando.
            Fui contemporâneo de algumas crises, de golpes de Estado e de Governo, mas em todos esses momentos a economia deixava perspectivas de possibilidade de recuperação.
           Presentemente assisto, preocupado, a situação econômica recessiva, beirando a depressão, com as dívidas interna e externa superando qualquer expectativa, mercê das informações inverídicas até as vésperas da última eleição e logo depois, a proclamação da realidade, passando de um anúncio de superávit pífio para um déficit espantoso, indicando queda drástica das finanças públicas e privadas, numa cascata inusitada.
            A par disso, constatamos uma fragilidade do Parlamento brasileiro, num despreparo aflitivo, com o funcionamento desordenado, agressivo e autoritário, deixando sem esperança o povo brasileiro.
            Tenho acompanhado o noticiário e assistido as sessões e fico descrente de que tenhamos, a curto prazo, condições de recuperação, mas certo de que 2016 será mais difícil ainda, com desemprego, inflação e incerteza política; com possibilidade de retrocesso em alguns aspectos, como o de retorno ao tempo do mapismo eleitoral, e degradação salarial, com perspectiva de redução dos lucros da atividade industrial e comercial capaz de fechamento de muitas empresas, atraso de salários e não pagamento de compromissos, em contraste com o aumento da carga tributária tripudiando sobre os mais frágeis economicamente.
            Não acredito que a simples aprovação do impeachment da Presidenta Dilma seja solução, até porque são quase nulas as possibilidades da assunção por quem preencha condições ideais de continuidade do restante do mandato presidencial. Teremos que antecipar a eleição e os custos ainda mais agravarão as finanças públicas.
            O Estado do Rio Grande do Norte vai enfrentar tempestades em razão da confluência: redução da arrecadação e aumento de despesas, entre elas, as remanescentes da falta de sensibilidade do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas, permitindo o pagamento de um “auxílio moradia”, eticamente ilegítimo e ainda com efeito retroativo; o uso precipitado dos fundos previdenciário e financeiro e a situação de uma seca persistente.
            Por outro lado, se concretiza a despesa desmedida com pagamentos milionários aos construtores da Arena das Dunas e o risco de ser acionada a execução do Fundo Garantidor, com irremediável prejuízo ao patrimônio público.
            Cantei esses perigos em meus artigos na rede virtual e até em publicações na imprensa, enquanto mereci algum espaço.
            Vamos nos preparar para uma economia de guerra e repensar essas extravagantes festas carnavalescas que oneram, mais e mais, as já combalidas finanças do povo.

            Mais do que nunca é preciso muita cautela, patriotismo, honestidade e perseverança, sem golpes nem contragolpes, pondo as coisas em seus devidos lugares. Porém nada será possível sem que o povo assuma consciência da situação e tome atitudes na escolha dos seus mandatários.

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