domingo, 25 de setembro de 2016


Foto do perfil de Lívio Oliveira
Visitarei a casa materna
(Lívio Oliveira)
Irmãos, mesmo que o caminho seja pó
e eu seja só sobre a terra entre espinhos
guardarei a lembrança plena de nossa casa
o telhado e alicerces e os quartos assimétricos
e terei entre as mãos a água do açude que escorre
no bolso uma pedrinha de mármore em cubo polido
 
que deixarei sobre a porteira vigiada pelo concriz.
Irmãos, ainda que não ouçam mais meu grito
e que a distância entre nós seja de léguas tortas
 
guardarei, sim, a lembrança plena de nossa casa
plantarei os meus pés no barro vermelho e areias
e mirarei longe o milharal por que nossa avó passou
as brincadeiras e um velocípede vermelho e quebrado
me serão peças na consciência de um mundo puro e são.
Irmãos, quando o meu corpo evaporar sobre os olhos do tempo
e só uma leve brisa simbolizar minha presença nas mentes
terei ainda guardada a lembrança de nossa casa plena
e do café quente e leite em volumes misturados e o pão
 
nas manhãs de frio ou calor na antevéspera do sonho
mirarei sorrindo de cima da mangueira em festa no quintal
 
o arco-íris que cruza outras nuvens e colherei aí nova fé.

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