sábado, 17 de dezembro de 2016

H O J E - DIA 17





Gê Macedo
Gê Macedo
CONVITE
FLIN - Festival Literário de Natal
Seminário das Academias de Letras Potiguares
Sábado (dia 17), às 10 horas.

Programação:

> 10:00 horas - Abertura;
> 10:20 horas - O Papel das Academias, pronunciamento do escritor Diógenes da Cunha Lima, Academia Norte-riograndense de Letras;
> 10:40 horas - Planos de Incentivo à Leitura, exercícios de cidadania;
> 11:00 horas - Criação da Federação das Academias de Letras do RN, por Carlos Gomes;
> 11:20 horas - Palavra das Academias Presentes;
> 11:50 horas - Encerramento.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

DIA 19


EM DIA COM A ACADEMIA Nº 32 DE 2/12/2016
Cuidando da Memória Acadêmica
“Ad  Lucem Versus – Rumo à Luz”

Aniversariantes do mês de dezembro:
Parabéns aos aniversariantes!!!

                             Dezembro

DIVA CUNHA -  Cadeira 30
10/12
PAULO MACEDO -  Cadeira 10
VICE - PRESIDENTE
29/12

AGENDA   
19 de dezembro de 2016 (segunda-feira)
16h
Necrológio - Saudação de Louvor
Necrológio - Saudação de Louvor à Carlos Ernani Rosado Soares, será proferida pelo Acadêmico Cláudio Emerenciano.

17h
ELEIÇÕES PARA A VAGA DA CADEIRA nº15
Candidatos:
Ormuz  Simonetti
Lívio Oliveira
Naide Gouveia



19 de dezembro de 2016 (segunda-feira)

18h
LANÇAMENTO DA REVISTA DA ANRL nº 49
ACADÊMICA LEIDE CÂMARA
SECRETÁRIA GERAL
      



Academia Norte-rio-grandense de  Letras
                          Ad  Lucem Versus – Rumo á Luz
                                           1936-2016

CONVITE
Sessão In Memoriam
O Presidente da a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras - ANRL convida V.Sa. e Exma. Família para a Sessão, em homenagem ao Imortal  Ernani Rosado terceiro sucessor da cadeira 2, que tem  como patrona Nísia Floresta,   fundador Henrique Castriciano, primeiro sucessor  Hélio Galvão, segundo sucessor Grácio Barbalho, e Ernani Rosado seu último ocupante. 
 Necrológio - Saudação de Louvor, ao imortal Carlos Ernani Rosado Soares será proferida pelo Acadêmico Cáudio Emerenciano.
   19 de Dezembro de 2016  (segunda-feira) às 16 horas
Na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – Térreo
Diogenes da Cunha Lima
Presidente

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016


COMITÊ DE SALVAÇÃO PÚBLICA

Valério Mesquita*

A crise na saúde transformou os hospitais da rede oficial em verdadeiros cadafalsos. Faz-me lembrar o regime de terror instaurado por Robespierre durante a revolução francesa do século dezoito. O Walfredo Gurgel é o hospital dos mártires. Sobre o caos, os leitores já conhecem porque o assunto é bastante debatido, discutido, na imprensa, na televisão, nos gabinetes das secretarias de governo, mas nunca aparece a sonhada solução. Ninguém se entende e todos se acusam. O paciente pobre para ser cirurgiado tem que apelar na justiça comum. A saúde no Rio Grande do Norte virou caso de polícia e de justiça. Veja a situação deplorável do hospital Giselda Trigueiro. Mas, projetos turísticos megalomaníacos são sugeridos numa capital que não tem saúde e segurança. Parte do funcionalismo público mendiga o décimo terceiro e a maioria protesta nas ruas pelo atraso de dois meses.
As autoridades e as instituições envolvidas na grave e controvertida ruptura da saúde pública me fazem lembrar o “comitê de salvação pública” criado por Robespierre, naquele tempo, que fez jorrar sangue para resguardar o estado. O ser humano coisificado era considerado alma morta dentro de corpo inutilmente vivo. Assim vejo o paciente dos hospitais públicos, submissos a dor, ao flagelo do corpo, tal e qual o servo Jó na terra de Uz, no Antigo Testamento. Somente Deus era a sua esperança. E o foi, realmente, reabilitando-o depois. E o “comitê de salvação pública” da saúde do Rio Grande do Norte? Bom, ele já está formado. Instituiu-se sem precisar de Robespierre, o baixinho perverso e ensandecido que está na pele de algumas autoridades não inscritas no SUS.
Vejam quantos poderes foram chamados a intervir no problema da saúde pública, como responsáveis, co-responsáveis, etc.: Governo do Estado, Prefeitura Municipal, Ministério Público, Universidade Federal, Assembléia Legislativa, Câmara Municipal e sindicatos. Verdadeiro “comitê de salvação pública”. Mas, até agora, muito blá, blá, blá. A crise tornou-se emblemática e semelhante a eterna questão palestina. Enquanto o comitê não decidir investir pesado na saúde, construindo hospitais, melhorando a remuneração dos profissionais da medicina e elegendo como prioridade a pobreza e depois o turista, não haverá salvação pública. O povo continuará a ser tratado como na época do império romano: com “pão e circo”. E o doente volta a terra porque é da terra. Por fim, cabe lembrar aos políticos, num apelo dramático e persuasório, que eles já não liderem o país. Perderam a credibilidade por colocarem os seus interesses pessoais acima das necessidades do povo. E no Rio Grande do Norte, aquele que abrir hospitais e cuidar da saúde dos despossuídos não será esquecido no dia da justiça eleitoral. E também no Juízo Final.

(*) Escritor.


H O J E



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Colaboração do meu leitor e amigo ODULIO BOTELHO



 
 
CINCO LIÇÕES SOBRE A VIDA E O DIREITO
 
Patrono da turma de 2014 da faculdade de Direito da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, proferiu emocionante discurso com reflexões essenciais relacionadas à vida e ao Direito.
Confira a íntegra do texto.
 
A vida e o Direito: breve manual de instruções
É lugar comum dizer-se que a vida vem sem manual de instruções. Porém, não resisti à tentação – mais que isso, à ilimitada pretensão – de sanar essa omissão. Relevem a insensatez. Ela é fruto do meu afeto. Por certo, ninguém vive a vida dos outros. Cada um descobre, ao longo do caminho, as suas próprias verdades. Vai aqui, ainda assim, no curto espaço de tempo que me impus, um guia breve com ideias essenciais ligadas à vida e ao Direito.
 
A regra nº 1
No nosso primeiro dia de aula eu lhes narrei o multicitado "caso do arremesso de anão". Como se lembrarão, em uma localidade próxima a Paris, uma casa noturna realizava um evento, um torneio no qual os participantes procuravam atirar um anão, um deficiente físico de baixa altura, à maior distância possível. O vencedor levava o grande prêmio da noite. Compreensivelmente horrorizado com a prática, o Prefeito Municipal interditou a atividade.
Após recursos, idas e vindas, o Conselho de Estado francês confirmou a proibição. Na ocasião, dizia-lhes eu, o Conselho afirmou que se aquele pobre homem abria mão de sua dignidade humana, deixando-se arremessar como se fora um objeto e não um sujeito de direitos, cabia ao Estado intervir para restabelecer a sua dignidade perdida. Em meio ao assentimento geral, eu observava que a história não havia terminado ainda.
E em seguida, contava que o anão recorrera em todas as instâncias possíveis, chegando até mesmo à Comissão de Direitos Humanos da ONU, procurando reverter a proibição. Sustentava ele que não se sentia – o trocadilho é inevitável – diminuído com aquela prática. Pelo contrário.
Pela primeira vez em toda a sua vida ele se sentia realizado. Tinha um emprego, amigos, ganhava salário e gorjetas, e nunca fora tão feliz. A decisão do Conselho o obrigava a voltar para o mundo onde vivia esquecido e invisível.
Após eu narrar a segunda parte da história, todos nos sentíamos divididos em relação a qual seria a solução correta. E ali, naquele primeiro encontro, nós estabelecemos que para quem escolhia viver no mundo do Direito esta era a regra nº 1:
Nunca forme uma opinião sem antes ouvir os dois lados.
 
A regra nº 2
Nós vivemos em um mundo complexo e plural. Como bem ilustra o nosso exemplo anterior, cada um é feliz à sua maneira. A vida pode ser vista de múltiplos pontos de observação. Narro-lhes uma história que li recentemente e que considero uma boa alegoria. Dois amigos estão sentados em um bar no Alaska, tomando uma cerveja. Começam, como previsível, conversando sobre mulheres. Depois falam de esportes diversos. E na medida em que a cerveja acumulava, passam a falar sobre religião. Um deles é ateu. O outro é um homem religioso.
Passam a discutir sobre a existência de Deus. O ateu fala: "Não é que eu nunca tenha tentado acreditar, não. Eu tentei. Ainda recentemente. Eu havia me perdido em uma tempestade de neve em um lugar ermo, comecei a congelar, percebi que ia morrer ali. Aí, me ajoelhei no chão e disse, bem alto: Deus, se você existe, me tire dessa situação, salve a minha vida".
Diante de tal depoimento, o religioso disse: “Bom, mas você foi salvo, você está aqui, deveria ter passado a acreditar". E o ateu responde: "Nada disso! Deus não deu nem sinal. A sorte que eu tive é que vinha passando um casal de esquimós. Eles me resgataram, me aqueceram e me mostraram o caminho de volta. É a eles que eu devo a minha vida".
Note-se que não há aqui qualquer dúvida quanto aos fatos, apenas sobre como interpretá-los.
Quem está certo? Onde está a verdade? Na frase feliz da escritora Anais Nin, “nós não vemos as coisas como elas são; nós as vemos como nós somos”. Para viver uma vida boa, uma vida completa, cada um deve procurar o bem, o correto e o justo. Mas sem presunção ou arrogância. Sem desconsiderar o outro.
Aqui a nossa regra nº 2: a verdade não tem dono.
 
A regra nº 3
Uma vez, um sultão poderoso sonhou que havia perdido todos os dentes. Intrigado, mandou chamar um sábio que o ajudasse a interpretar o sonho. O sábio fez um ar sombrio e exclamou: "Uma desgraça, Majestade. Os dentes perdidos significam que Vossa Alteza irá assistir a morte de todos os seus parentes". Extremamente contrariado, o Sultão mandou aplicar cem chibatadas no sábio agourento.
Em seguida, mandou chamar outro sábio. Este, ao ouvir o sonho, falou com voz excitada: "Vejo uma grande felicidade, Majestade. Vossa Alteza irá viver mais do que todos os seus parentes". Exultante com a revelação, o Sultão mandou pagar ao sábio cem moedas de ouro. Um cortesão que assistira a ambas as cenas vira-se para o segundo sábio e lhe diz: "Não consigo entender. Sua resposta foi exatamente igual à do primeiro sábio. O outro foi castigado e você foi premiado". Ao que o segundo sábio respondeu: "a diferença não está no que eu falei, mas em como falei".
Pois assim é. Na vida, não basta ter razão: é preciso saber levar. É possível embrulhar os nossos pontos de vista em papel áspero e com espinhos, revelando indiferença aos sentimentos alheios. Mas, sem qualquer sacrifício do seu conteúdo, é possível, também, embalá-los em papel suave, que revele consideração pelo outro.
Esta a nossa regra nº 3: o modo como se fala faz toda a diferença.
 
A regra nº 4
Nós vivemos tempos difíceis. É impossível esconder a sensação de que há espaços na vida brasileira em que o mal venceu. Domínios em que não parecem fazer sentido noções como patriotismo, idealismo ou respeito ao próximo. Mas a história da humanidade demonstra o contrário. O processo civilizatório segue o seu curso como um rio subterrâneo, impulsionado pela energia positiva que vem desde o início dos tempos. Uma história que nos trouxe de um mundo primitivo de aspereza e brutalidade à era dos direitos humanos. É o bem que vence no final. Se não acabou bem, é porque não chegou ao fim.
O fato de acontecerem tantas coisas tristes e erradas não nos dispensa de procurarmos agir com integridade e correção. Estes não são valores instrumentais, mas fins em si mesmos. São requisitos para uma vida boa. Portanto, independentemente do que estiver acontecendo à sua volta, faça o melhor papel que puder. A virtude não precisa de plateia, de aplauso ou de reconhecimento. A virtude é a sua própria recompensa.
Eis a nossa regra nº 4: seja bom e correto mesmo quando ninguém estiver olhando.
 
A regra nº 5
Em uma de suas fábulas, Esopo conta a história de um galo que após intensa disputa derrotou o oponente, tornando-se o rei do galinheiro. O galo vencido, dignamente, preparou-se para deixar o terreiro. O vencedor, vaidoso, subiu ao ponto mais alto do telhado e pôs-se a cantar aos ventos a sua vitória. Chamou a atenção de uma águia, que o arrebatou em voo rasante, pondo fim ao seu triunfo e à sua vida. E, assim, o galo aparentemente vencido reinou discretamente, por muito tempo.
A moral dessa história, como próprio das fábulas, é bem simples: devemos ser altivos na derrota e humildes na vitória. Humildade não significa pedir licença para viver a própria vida, mas tão somente abster-se de se exibir e de ostentar.
Ao lado da humildade, há outra virtude que eleva o espírito e traz felicidade: é a gratidão. Mas, atenção: a gratidão é presa fácil do tempo; tem memória curta (Benjamin Constant) e envelhece depressa (Aristóteles). Portanto, nessa matéria, sejam rápidos no gatilho. Agradecer, de coração, enriquece quem oferece e quem recebe.
Em quase todos os meus discursos de formatura, desde que a vida começou a me oferecer este presente, eu incluo a passagem que se segue, e que é pertinente aqui:
As coisas não caem do céu. É preciso ir buscá-las. Correr atrás, mergulhar fundo, voar alto. Muitas vezes, será necessário voltar ao ponto de partida e começar tudo de novo. As coisas, eu repito, não caem do céu.
Mas quando, após haverem empenhado cérebro, nervos e coração, chegarem à vitória final, saboreiem o sucesso gota a gota. Sem medo, sem culpa e em paz. É uma delícia. Sem esquecer, no entanto, que ninguém é bom demais. Que ninguém é bom sozinho. E que, no fundo no fundo, por paradoxal que pareça, as coisas caem mesmo é do céu, e é preciso agradecer.
Esta a nossa regra nº 5: ninguém é bom demais, ninguém é bom sozinho e é preciso agradecer.
 
Conclusão
Eis, então, as cláusulas do nosso pacto, nosso pequeno manual de instruções:
1. Nunca forme uma opinião sem ouvir os dois lados;
2. A verdade não tem dono;
3. O modo como se fala faz toda a diferença;
4. Seja bom e correto mesmo quando ninguém estiver olhando;
5. Ninguém é bom demais, ninguém é bom sozinho, e é preciso agradecer.

dia 15 - IMPERDÍVEL (AGENDE-SE)








segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


SITUAÇÃO DO BRASIL.
Amigos leitores, tenho evitado tratar de assuntos que envolvem a situação política do País. Contudo, a grande quantidade de artigos, comentários que tenho recebido na rede social me obriga a dizer alguma coisa. 
Mesmo sem tomar partido, tenho sentido a retração de alguns costumeiros leitores em participar da minha rede de amizade, quanto mais se eu estivesse, também, fazendo críticas ao Governo atual ou ao decaído.
Primeiro, vamos acabar com esta besteira de "Governo ilegítimo", pois tudo decorreu de um processo previsto na Constituição. Segundo, não vamos tratar o governo deposto como "coitadinho". Será que a falta de discernimento chega ao ponto de inocentar o governo eleito e deposto? E este rombo gigantesco que está levando o Brasil para a recessão é culpa do acaso?
Vamos deixar à margem esses assuntos politiqueiros e nos concentremos nas viabilidades de recuperação econômica do Brasil, a médio prazo, com a reabertura da produção, diminuição do desemprego e traçarmos, unidos, um programa de esforço de guerra para que possamos ter algum alento para melhores dias futuros. 
A renúncia de Temer não resolve nada, pois eleições diretas agora seria arriscar os destinos da democracia porquanto vivemos a falência moral das instituições e das pessoas. Hoje já é possível dizer: a honestidade está em coma e restam pouquíssimos ainda capazes de assumir um novo tempo. Quem? É preciso algum tempo para procurar. JAMAIS A VOLTA AO PASSADO! Temos que pensar algo novo, sem os vícios da ditadura e da corrupção. Certamente uma ampla reforma política para que o cidadão de bem, sem ostentação financeira, tenha possibilidade de eleição e não os políticos de carreira. 
Vamos procurar entre empresários honestos, professores comprometidos com o País, sem os riscos do acaso, do se colar colou. Desculpem os que só sabem postar, diariamente, comentários políticos. Vamos pensar grande, pois o Brasil é de todos nós e não de um rebanho de pelegos, paus mandados.

domingo, 11 de dezembro de 2016

PARA UM BOM DOMINGO





Homenagem que presto à memória do querido amigo Dom Nivaldo Monte, neste aniversário de dez anos de seu falecimento. O artigo, o fiz "um mês" após sua morte - daí o título; o poema é mais recente.

Abração, Horácio.


 HOMENAGEM A DOM NIVALDO MONTE  -  Artigo e poema

Artigo escrito em dezembro de 2006:

                            UM MÊS
                                               -  Horácio Paiva  -

                   Um mês sem a presença física de D. Nivaldo Monte entre nós e nesta Natal que amou. Um mês deste tempo que inventamos e que aprendemos a repartir e contar. Mas que, sem retorno, não o devolve. Porque o seu tempo  -  como, de resto, o nosso tempo  -  é o da eternidade.
                   Li certa vez que perguntaram a Galileu Galilei quantos anos ele tinha, ao que respondeu: “Cinco, dez ou quinze anos. Talvez mais, ou talvez menos. Talvez alguns dias, ou somente um dia. Sim, porque o tempo passado já não me pertence e apenas posso contar com o futuro. Mas este eu não sei precisar”.
                   Sobre esse tema, o tempo é o que dele nos cabe em vida, diz Marco Aurélio em suas “Meditações” (Livro II, 14):
                   “Ainda que os anos de tua vida sejam três mil ou dez vezes três mil, lembra-te que ninguém perde outra vida, senão a que vive agora, nem vive outra senão a que perde. O prazo mais longo e o mais breve são, portanto, iguais. O presente é de todos: morrer é perder o presente, que é um tempo brevíssimo. Ninguém perde o passado nem o futuro, pois a ninguém podem tirar o que não tem”.
                   A matéria do presente seria, então, o próprio tempo. E administrariam melhor o seu tempo existencial aqueles que tivessem o seu olhar mais amplo, universal, holístico: os visionários.
                   Tenho que, na arte de viver, expressam sabedoria aqueles que sabem distinguir o principal e o secundário, mantendo, assim, donos deste conhecimento, a serenidade e a tranquilidade de espírito, mesmo diante das adversidades  -  comuns a todos  -, e estando, dessa forma, mais próximos também da felicidade.
                   A esse propósito, Dom Nivaldo Monte não foi apenas um sacerdote, mas um sábio, um visionário, alguém que soube aliar o espírito contemplativo à ação.
                   Sêneca, um dos mais expressivos pensadores do estoicismo romano  -  filosofia, aliás, tão presente em nossa religião cristã  -  recomendava alternar o recolhimento e a vida social: “Misturemos as duas coisas: alternemos a solidão e o mundo” (in “Da tranquilidade da alma”  -  XVII, 3).
                   A meu ver, portanto, o perfil existencial de D. Nivaldo continha esses dois aspectos: o contemplativo e o ativo.
                   Nesse último sentido, é inegável a sua profunda contribuição ao desenvolvimento educativo, político e social de nossa gente.
                   Entregue ao pensamento, à literatura e às reflexões, não se pode negar que foi, igualmente, um vigoroso homem de ação. Aliado ao seu grande amigo e também proeminente figura da Igreja, Dom Eugênio de Araújo Sales, é realizador de inúmeros feitos exemplares, essenciais ao progresso e ao crescimento moral e espiritual de nosso povo. Assim, criou a Rádio Rural (Emissora de Educação Rural), utilizando-a como importante e pioneiro instrumento de alfabetização e educação em nosso Estado. Outra ação pioneira de sua lavra foi a instalação da Escola de Serviço Social (hoje integrada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte), primeira entidade de nível superior, na espécie, em Natal.
                  Nos anos difíceis do período ditatorial, quando um grupo de humanistas e democratas (entre estes, Padre Pio, Dermi Azevedo, Elias Cabral Maciel, Rivaldo Fernandes e eu) lutavam contra a opressão, pela democracia e pela criação de um comitê de defesa dos direitos humanos, encampou a ideia e deu-lhe forma com a fundação da Comissão Pontifícia Justiça e Paz, da qual fui presidente, primeira entidade estadual (mas vinculada ao Vaticano  -  daí “Pontifícia”) destinada à defesa dos direitos humanos. Movimento idealista e agregador, a ele somaram-se outros nomes, tornando-o ainda mais forte: Carlos Antônio Varela Barca, Padre Vilela (Pastoral Carcerária), Adílson Gurgel de Castro (primeiro presidente), Marcondes Assis da Silva (Pastoral da Juventude), Marlúcia Paiva, Francisco Gomes, Oswaldo e Roberto Monte e outros.
                   Era meu amigo e em várias ocasiões conversamos muito. Sobretudo sobre filosofia, política, religião e poesia. Havia entre nós um grande elo de simpatia, a identificação espiritual que tanto aproxima as pessoas. Mostrou-me originais seus antes de torná-los livros. Certa vez, falando-me sobre a coragem, definia o corajoso não como aquele despojado do medo, mas aquele que o dominava. Tema e concepção, aliás, que aborda em seu livro “Toda palavra é uma semente”, quando diz: “O problema, o verdadeiro problema não é ter ou não ter medo, mas, quando necessário agir, deixar-se levar pelo temor”.
                   Dediquei-lhe uma tradução que fiz do “Noche Obscura”, do místico e grande poeta espanhol San Juan de la Cruz, para mim expressão das mais altas (senão a mais alta) da poesia em língua castelhana, que trata do encontro da alma com Deus e cuja primeira estrofe (transcrita no original) associo agora à sua própria partida, após concluída sua obra, estando em paz com Deus e com os homens:
“En una noche obscura/ con ansias en amores inflamada,/ oh dichosa ventura!/ salí sin ser notada,/ estando ya mi casa sossegada”.
                   Em memória do amigo, em meio ao mistério e às ilusões do mundo, revela-me a poesia, de observação e confiança cósmicas:
A realidade
é a opção
do provável.
O real
É Deus.
.................................................................................................

Poema escrito recentemente:

TEMPO E ETERNIDADE

                        A D. Nivaldo Monte, in memoriam



Já não tenho tempo.

Compreendo
como Santo Agostinho
que o tempo é uma invenção do homem
para contagem de seus dias.

Mas tenho, Senhor, a Vossa eternidade
onde, perene, caminho.

                               (Horácio Paiva)
 



(TEXTO CORRIGIDO POR SOLICITAÇÃO DE HORÁCIO PAIVA)

CONTUDO, MANTENHO O OUTRO POEMA QUE FOI PUBLICADO EQUIVOCADAMENTE, MAS MERECEDOR DO CONHECIMENTO DOS MEUS LEITORES:

Assunto: Re: POEMA TRADUZIDO - COM CORREÇÃO PENÚLTIMO VERSO
Fiz uma correção na tradução do penúltimo verso desse belo poema do francês e luterano Jean-Paul de Daldesen (1913-1957), que ficou assim:
BACH NO OUTONO
            Jean-Paul de Dadelsen
Anjo da melancolia
Que posso eu contra ti?
Tu me conheces melhor do que eu mesmo
Nesta hora
A mais escura
Antes da aurora
Que posso eu
Cego e disperso
Senão
Pelo meu próprio vazio
Medir ainda
A ausência do Senhor
E longe de meu verão perdido
Como o cão de Ulisses
Escutar a noite
Escutar o vento
Para neles reconhecer
Os passos de Seu retorno
                        (Tradução de Horácio Paiva)